Etimologia hebdomadária
A palavra para hoje é oportunidade. Há ali "porto" algures ou estarei a ser influenciada pelos festejos futebolísticos mais recentes? (Neste parêntesis, está fechado o momento em que me levanto e tiro da estante três dicionários: o de etimologia de José Pedro Machado, o de latim-português - julgo que a origem é latina - da Porto Editora e o de grego-inglês da da Oxford, porque quero ver o que diz sobre a palavra correspondente em grego: eukairía. Volto a sentar-me.) Cá está! Opportunitas, atis, de opportunus, a, um; mais concretamente, de ob + portus: "que impele para o porto, que conduz ao porto". Os ventos oportunos seriam os favoráveis, vantajosos, apropriados, propícios para uma boa chegada. Parece-me interessante que no vocábulo haja já uma ideia de chegada, de conclusão, qualquer coisa de definitivo. Uma oportunidade não é apenas um momento temporário, sem grandes consequências se não for bem aproveitado. Se pensarmos bem, uma vez que é oportuno não apenas aquilo que é em si favorável, mas o que resulta bem, o bom final, a boa conclusão, não existem oportunidades perdidas. A boa chegada, resultado natural do bom caminho, não é coisa que se possa perder. Sempre que se perde qualquer coisa que se julgava ser uma oportunidade, é porque não o era de facto. Como se soubéssemos que chegámos bem, quando lá chegámos; nunca antes, jamais depois, caso não tenhamos chegado. Julgo que trago boas notícias. A palavra em grego eukairía é muito bela, mas de certa forma, incompleta. Aquele eu- quer dizer bom. O curioso kairia vem do mais familiar kairós, que significa tempo. Juntamos o prefixo ao substantivo e temos "bom tempo". Em grego, falta aquela noção de caminho favorável com consequente (e implícita) boa chegada, que observamos em oportunidade. Apesar da beleza do momento certo (outra maneira de dizer bom), prefiro a esperança da nossa palavra latina.
A palavra para hoje é oportunidade. Há ali "porto" algures ou estarei a ser influenciada pelos festejos futebolísticos mais recentes? (Neste parêntesis, está fechado o momento em que me levanto e tiro da estante três dicionários: o de etimologia de José Pedro Machado, o de latim-português - julgo que a origem é latina - da Porto Editora e o de grego-inglês da da Oxford, porque quero ver o que diz sobre a palavra correspondente em grego: eukairía. Volto a sentar-me.) Cá está! Opportunitas, atis, de opportunus, a, um; mais concretamente, de ob + portus: "que impele para o porto, que conduz ao porto". Os ventos oportunos seriam os favoráveis, vantajosos, apropriados, propícios para uma boa chegada. Parece-me interessante que no vocábulo haja já uma ideia de chegada, de conclusão, qualquer coisa de definitivo. Uma oportunidade não é apenas um momento temporário, sem grandes consequências se não for bem aproveitado. Se pensarmos bem, uma vez que é oportuno não apenas aquilo que é em si favorável, mas o que resulta bem, o bom final, a boa conclusão, não existem oportunidades perdidas. A boa chegada, resultado natural do bom caminho, não é coisa que se possa perder. Sempre que se perde qualquer coisa que se julgava ser uma oportunidade, é porque não o era de facto. Como se soubéssemos que chegámos bem, quando lá chegámos; nunca antes, jamais depois, caso não tenhamos chegado. Julgo que trago boas notícias. A palavra em grego eukairía é muito bela, mas de certa forma, incompleta. Aquele eu- quer dizer bom. O curioso kairia vem do mais familiar kairós, que significa tempo. Juntamos o prefixo ao substantivo e temos "bom tempo". Em grego, falta aquela noção de caminho favorável com consequente (e implícita) boa chegada, que observamos em oportunidade. Apesar da beleza do momento certo (outra maneira de dizer bom), prefiro a esperança da nossa palavra latina.