blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

terça-feira, janeiro 31, 2006

Já começo mal: logo no meu primeiro texto na Atlântico faço um elogio rasgado ao blogue do meu amigo pessoal maradona, com quem falo com frequência e bebo gins tónicos na varanda. Para compensar esta minha falha moral, recomendo que se linque sempre o blogue do Alexandre Soares Silva, um escritor brasileiro que nunca me ligou nenhuma, nem me tem na lista de linques dele. George? Pacheco Pereira? Anybody home?
Já saiu!

Image Hosting by PictureTrail.com
Uns sobre outros: "When I first met Joyce, I didn't intend to be a writer. That only came later when I found out I was no good at all at teaching. When I found I simply couldn't teach. But I do remember speaking about Joyce's heroic achievement. I had a great admiration for him. That's what it was: epic, heroic, what he achieved. I realized that I couldn't go down that same road." Samuel Beckett ao editor James Knowlson, fundador do JOBS (Journal of Beckett Studies), sobre James Joyce.
A minha citação é melhor que a tua

"Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxando e tragar-me."

Machado de Assis, Dom Casmurro, Capítulo XXXII.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Grace Kelly

... com novas do Kuwait trazidas pelo Bruno Cardoso Reis, publicadas no NYT. Conta que numa BD islâmica, haverá a seguinte personagem: "Mumita a bombshell from Portugal with unparalleled agility and a degree of bloodlust". Cambada de copiões! Não podem ver nada. Mas se não consta que seja inteligente... Agora que já nevou, podia chegar o Verão. Morro de saudades da areia, das toalhas, dos bronzeadores, dos sumos de frutas e até, vejam bem, das alforrecas.
Caracóis, Sandálias e Traições*

Image Hosting by PictureTrail.com

Tremi quando vi, no genérico, a ficha técnica toda escrita em português. Ai, que isto é dobrado. Ando traumatizada com o AXN e a Fox. Mas não. Respirei de alívio quando ouvi o original. Inglês, note-se. Por falar em genérico, caros Cláudia e Luís, não vos parece muito semelhante ao de Carnivàle e ao de Deadwood? Será bom? Mau? Indiferente? Tito Pulo a acabar de ser chicoteado: "Is that it? I was just beginning to enjoy myself". Pompeu, invejoso de César, fala em "Italy". E César diz a Estrabo para não dar nem mais um "penny" a Marco António. E os "blue spaniards" também me pareceram curiosos. Quando na tentativa de recuperar a águia de César, há uma crucificação, fiquei a pensar que o problema pode estar nos pregos, sim, nas pernas dobradas, também, mas sobretudo no peso do corpo, todo posto para baixo, com os braços esticados e as costelas em grande pressão. Morreriam sufocados? Bom casting para o actor que faz de Bruto. E Octávio que sabe tudo e que explica as vantagens de a águia nunca ser encontrada. BilidaQuid, join us!

* Cláudia, como é óbvio, o título das nossas conversas tem de ser este! Sugeri outro por distracção.

Adenda: Cláudia, lá estavam Cícero, o Amigo do Povo (óptimo blogue, parabéns!), e Catão, muito bem, sem túnica e descalço, como protesto contra a corrupção do Senado. Luís, com o I will survive ouvido no episódio de Medium? Óptimo, a acompanhar com Oliveira Martins! BilidaQuid, Átia é magnífica e "cabra à moda antiga" parece-me, por enquanto, uma boa designação. Só uma coisa: César não era careca? Gostei muito de Octávio, que herdará a fortuna do tio-avô - cem milhões de sestércios - e será o Imperador Augusto.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Tonight I'll be mostly watching*

- Medium, às 21h30, no AXN;
- Curb Your Enthusiasm, às 22h30, na RTP 2 (verei a primeira série pela terceira vez, com muito gosto);
- Rome, às 23h00, na RTP 2.

* Adaptado de The Fast Show, série que podiam repetir. Ah, e Family Guy é selvagem e excelente!
Uns sobre outros: "We have met too late. You are too old for me to have any effect on you." James Joyce quando conheceu W. B. Yeats.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Audrey Hepburn

... hmm, capitalistas com muita visão. Já marquei na agenda.

domingo, janeiro 29, 2006

Viva a blogosfera! Vasco Pulido Valente is coming to town!
Cenas da vida conjugal

- Querida, está a nevar outra vez!
- Jingle bells, jingle bells...
Última hora! Está a nevar em Lisboa! (Durou cerca de sete minutos e desfez-se logo.)
Blockbomba: Wedding Crashers (gosto de Owen Wilson, não há nada a fazer). Bewitched (também gosto muito de Will Ferrell, e agora? Parece que a crítica arrasou este filme. Eu adorei).
Por falar em neve (atenção, acaba de trovejar!): lembrei-me de um episódio contado pelo Zé Diogo Quintela, em entrevista à Xis: "Mas acho que foi o Tiago que disse a propósito de ter nevado muito, que ouviu uma senhora dizer: 'já vi isto com mais neve e já vi isto com menos neve, mas nunca vi isto assim'."
Cenas da vida conjugal

- Nunca vi o céu tão escuro!
- Será o Apocalipse?
- Já?
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Brigitte Bardot

... a nevar? Por acaso, vejo ali uma nuvem muito, muito escura, mas de neve ainda nada.

sábado, janeiro 28, 2006

Caros Ana Cláudia e Luís: tenho saudades das nossas conversas. A partir de segunda-feira temos Rome. E podíamos também ter About Rome. Ou Roma Num Dia. Combinado!
Coisas* que melhoram algumas vidas (37)

A primeira série de Little Britain (à especial atenção da gold, "yeah, but no, but yeah, but..."); a segunda série de Curb Your Enthusiasm (com a tradução portuguesa ao estilo Parque Mayer, A Louca Vida de Larry); e, só para fãs (ou seja, para mim, porque mais ninguém gosta disto), os singles e o DVD com os vídeos dos Basement Jaxx.

* Em grego, pragmata. Que é como quem diz, coisas literalmente.
Estado em que se encontra este blogue: a canja de galinha, pêra cozida, maçã assada e água. Muita água.
Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I don't see any reason for marriage when there is divorce." A frase de Catherine Deneuve (dita ou escrita talvez em francês) é uma das mais conservadoras que li até hoje sobre o tema.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Momento de humor em Davos: António Guterres a falar de Angelina Jolie. "É uma pessoa que..."
The sound of bomba: como não há duas sem três, na grafonola do bomba toca agora Invitango, cantado, sussurrado ou miado, como preferirem, por Brigitte Bardot. Não tenho a letra e, desta vez, não tenho tempo para a tirar de ouvido. Mas chamo a vossa atenção para o verso Je t'argentinerai. Não há dúvidas de que seja um verso.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Audrey Hepburn

... Paulo, tenho tantas ideias que a revista vai ter de ser semanal.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Coisas que melhoram algumas vidas (36)

No meio de uma chuva de meteoritos de trabalho e indisposições, ler isto: "Modern psychology's disdain for the teachings of the great moral traditions is an example of intelectual hubris. The diatribes against religion and morality that one encounters in psychological circles reflect a superficial understanding of sin, vice, and virtue and other concepts in the moral vocabulary of the past. The deadly sins are not arbitrary, irrational restrictions on human behavior, imposed by a remote deity indifferent to human needs. On the contrary, most sins or vices, and the seven deadly ones in particular, concern the core of what we are, of what we can become, and most importantly, of what we should aspire to be."

Solomon Schimmel, The Seven Deadly Sins: Jewish, Christian, and Classical Reflections on Human Nature, New York, The Free Press, 1992, p. 5.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Catherine Deneuve

... nem me digam nada...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

Aging gracefully is supposed to mean trying not to hide time passing and just looking a wreck. Don't worry girls, look like a wreck, that's the way it goes." Jeanne Moreau (muito provavelmente em francês)
Insiste, insiste...

"Envy is pain at the sight of such good fortune as consists of the good things already mentioned; we feel it towards our equals; not with the idea of getting something for ourselves, but because the other people have it. (...) And small-minded men are envious, for everything seems great to them."

Aristotle, Rethorics, II, 10.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Última hora!

Image Hosting by PictureTrail.com

Deprimido? Triste com as eleições? Cansado da vida em geral? Óptimo, porque assim é garantido que irá estar presente na segunda aparição dos 2 DJS DO C******! (agora com camisas iguais) Os únicos DJs que conseguem colocar «Franz Ferdinand», «Madonna» e «Gemini» na mesma frase e mesmo assim safarem-se em grande estilo.

QUINTA-FEIRA, DIA 26, NO NAPRON (antigos Três Pastorinhos) na Rua da Barroca, a partir da meia-noite.

Dê bom nome à ressaca na sexta-feira!

Os 2 Djs do C****** são Nuno Miguel Guedes e Zé Diogo Quintela (nomes registados).
The sound of bomba: Brigitte Bardot desta vez canta Tu veux ou tu veux pas. Adoro este tema!

Tu veux ou tu veux pas
letra de Pierre Cour
música de C. Impérial
canta BB

Tu veux ou tu veux pas
Tu veux c'est bien
Si tu veux pas tant pis
Si tu veux pas
J'en f'rais pas une maladie

Oui mais voilà réponds-moi
Non ou bien oui
C'est comme ci ou comme ça
Ou tu veux ou tu veux pas

Tu veux ou tu veux pas
Toi tu dis noir et après tu dis blanc
C'est noir c'est noir
Oui mais si c'est blanc c'est blanc
C'est noir ou blanc
Mais ce n'est pas noir et blanc
C'est comme ci ou comme ça
Ou tu veux ou tu veux pas

La vie, oui c'est une gymnastique
Et c'est comme la musique
Y a du mauvais et du bon
La vie, pour moi elle est magnifique
Faut pas que tu la compliques
Par tes hésitations

La vie, elle peut être très douce
A condition que tu la pousses
Dans la bonne direction
La vie, elle est là elle nous appelle
Avec toi elle sera belle
Si tu viens à la maison
Bom dia, Francisco: passada a euforia, adorava ver as fotos com bandeirinha, com argentino e com amigos queridos, no almoço reflectório-decisivo em plena escola. Mas na caixa de correio electrónico, please! Obrigada.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Sophia Loren

... a lembrar-me das palavras de Jorge Sampaio, ontem, já tarde, aos jornalistas: "Os Portugueses sempre foram afectuosos comigo. Nunca ouvi nenhum insulto." Ficámos a saber que Jorge Sampaio nunca leu blogues.

domingo, janeiro 22, 2006

Perante as evidências: Augusto Santos Silva diz, na TVI, que Soares não teve uma derrota pessoal; Bernardino Soares, na sede de candidatura do PC, manifesta-se exultante com os resultados de Jerónimo de Sousa e Miguel Portas, na sede de candidatura do BE, numa atitude preocupante de negação, diz que Cavaco, se calhar, não ganha à primeira volta. Denial!
Não quero deixar o assunto em paz e sossego

"This can be seen in the most distressing, foolish Envy of our time - anti-Americanism in Western Europe. To me European anti-Americanism is plain silly because it is suicidal, but there are, after all, not only Communist but tolerably argued neutralist views about this, and at times American policy inclines one to sympathize with such views. There are grievances against America which deserve consideration from everyone. But anti-Americanism is quite another thing; it is an impotent Envy which does nothing but disgrace the speaker. (...) Envy is impotent, numbed with fear, yet never ceasing in its appetite; and it knows no gratification save endless self-torment. It has the ugliness of a trapped rat that has gnawed its own foot in its effort to escape."

Angus Wilson, The Seven Deadly Sins, "Envy", New York, Quill, 1962, pp. 10-11.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Carole Lombard

... já totalmente refeita do momento horroroso por que passei a ver o último episódio de House dobrado na língua de Zapatero. Ontem, em inglês, foi excelente. Um grande episódio com um pequeno erro. Numa cena inicial, em que estão presentes Stacy, o marido e Cameron, esta última comenta que percebe que o marido de Stacy sinta algum desconforto por estar a ser tratado pelo ex-namorado da mulher. Isso é coisa que se diga? Aquilo pareceu-me forçado. E ciúmes? Nããã... Chamemos-lhe amuo, coisa típica de menina pequenina. E depois do extraordinário almoço reflectivo-decisório, acordei vestida para votar. Por falar em almoço, maradona, só uma observação: as ausências, Castanheira de Pêra e o diabo a sete já parecem caprichos típicos de diva. Aviso que não há lugar para duas. Vê lá isso.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

My kinda thing: Ricardo, não consigo pôr no blogue, mas dá para ver o vídeo de Find A Way (de 2003 e em pequeno) aqui. Muito bom! Vídeo novo do CD novo só a 6 de Fevereiro. Maçada.
Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I haven't read any of the autobiographies about me." Elizabeth Taylor
Conservadora Neo-Liberal?

Image Hosting by PictureTrail.com

Your Score
Your scored 0.5 on the Moral Order axis and -5.5 on the Moral Rules axis.
Matches
The following items best match your score:
System: Conservatism
Variation: Economic Conservatism
Ideologies: Conservative NeoLiberalism
US Parties: Republican Party
Presidents: Ronald Reagan (93.01%)
2004 Election Candidates: George W. Bush (79.99%), John Kerry (78.12%), Ralph Nader (59.38%)

Via A Arte da Fuga.
Bomba de Ouro: para o post "Guia do voto táctico a duas voltas", do João Miranda.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Claudia Cardinale

... a pensar no que será feito de Bin Laden. Terá morrido e ninguém diz nada? Se tinha uma insuficiência renal, precisava de hemodiálise. Onde? Como? No meio das montanhas? Num buraco em Kuku? Quanto ao presidente do Irão, uma espécie de maluquinho de Al-Arroios perigosíssimo, estranho que tenham sido as facções mais moderadas que o tenham levado ao poder. Que coisa mais exótica. Com certeza conheciam aquele "pormenor" dos reféns na embaixada. Quando, há pouco tempo, desejou publicamente a morte a Sharon, fiquei com o estômago às voltas. Tanto ódio, tantos xiitas no Irão e tantos xiitas no Iraque, todos juntos. Enfim, ontem conheci um egípcio que me falou de Alexandria. Contou-me que a cidade fundada por Alexandre e celebrada por Kavafis é, hoje em dia, uma coisa miserável, cheia de betão, mulheres de burka e muçulmanos fanáticos. Uma tristeza pegada. Por cá, sou capaz de votar no candidato mais giro ou no candidato mais alto, ainda não sei. Talvez depois do almoço no dia de reflexão me consiga decidir. Entretanto, tive uma ideia para um nome de um blogue para uma rapariga: Jovem Agente da Mossad.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Cenas da vida conjugal

- Querida, quem foi Isócrates?
- Professor de Retórica, escreveu discursos, mas já não me lembro.
- Que azar de nome. É como alguém se chamar Isaramago, Ipessoa, Icamões...
Dos Antigos

Hoje ao almoço, falou-se do amigo de Séneca, Plínio, o Velho, que assistiu à erupção do Vesúvio, que destruiu Pompeia em 79 e o matou. Nunca tinha lido a descrição do desastre. As cartas de Plínio, o Novo, relatam como tudo se passou. Absolutamente extraordinário.
Modo de vida: ver o que lá está.
Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"Everything you see I owe to spaghetti." Sophia Loren
Metabloggers do it better (10)

O blogue é um laboratório de experiências.
Ibsen sobre um "Metabloggers do it better"

"[Hedda listens at the door for a moment. Then she goes to the desk and takes out the packet with the manuscript, peeps inside the wrappers for a moment, takes some of the leaves half way out and looks at them. Then she takes it all over to the armchair by the stove and sits down. After a while she oopens the stove door, and unwraps the packet.]

Hedda [throws one of the folded sheets into the fire and whispers to herself]. Now I'm burning your child, Thea! With your curly hair! [Throws a few more sheets into the stove.] Your child and Ejlert Lövborg's [Throws in the rest.] I'm burning... burning your child."

Four Major Plays: Hedda Gabler, translated by James McFralane e Jens Arup, Oxford University Press, 1998, Act III, p. 246.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Audrey Hepburn

... mais magra e a pensar que sou miúda para votar no candidato mais giro nestas eleições, que, ainda por cima, tem uma mulher gira. Também sou rapariga para pôr uma cruz em todos. Menos no Louçã. No Louçã é que não. Até uma rapariga magra tem os seus limites. E sonhei com a Hedda Gabler! Mas não correspondia à descrição de Ibsen, de maneira nenhuma. Até porque era um homem! Credo.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Stream of Consciousness

Image Hosting by PictureTrail.com

Li A Doll's House e Hedda Gabler, de Ibsen, há pouco tempo. A personagem Nora Helmer impressionou-me. Casada com um egocêntrico, faz tudo para que o casamento sobreviva e quando se apercebe de que está sozinha, desprotegida, Nora bate com a porta. Aquilo faz tudo muito sentido para a personagem: Nora Helmer é coerente. Hedda Gabler é mais complicada, cheia de ódio e inveja (redundâncias, só repetições). Casada com um completo totó, tem um perverso como admirador e um chato como ideal frívolo de homem. Como Nora Helmer, Hedda Gabler está rodeada de imbecis. O final não podia ser bom.

Isto para falar de Nora Barnacle, mulher de James Joyce. Por causa de A Doll's House, lembrei-me de um registo biográfico de Joyce, em que o escritor admitia que ficara fascinado com o nome de Nora, por ser o mesmo da personagem de Ibsen (se era esse tipo de mulher - se é que podemos falar da personagem de Ibsen como um tipo de mulher - que Joyce queria, parece-me que lhe terá saído o tiro pela culatra). Não encontrei nada a esse respeito na biografia nem nas cartas, nem sequer na biografia de Nora Barnacle (talvez tenha sonhado), mas dei de caras com o bilhete* que Joyce enviou a Nora, quando esta faltou ao primeiro encontro entre ambos, imediatamente antes do célebre 16 de Junho de 1904. Passo a reproduzi-lo.

15 June 1904
60 Shelbourne Road


To Nora Barnacle

I may be blind. I looked for a long time at a head of reddish-brown hair and decided it was not yours. I went home quite dejected. I would like to make an appointment but it might not suit you. I hope you will be kind enough to make one with me - if you have not forgotten me!

James A Joyce

"I may be blind", tudo porque há uma ligeiríssima dúvida, tão ligeira que não existe, de Nora ter estado lá. Mas depois de "a long time" a olhar para as cabeleiras ruivas, Joyce "decided" que nenhuma lhe pertencia. "I went home quite dejected." Foi para casa deprimido, entristecido, porque não ela não veio. E depois o irresistível: "I would like to make an appointment but it might not suit you." Com cuidado. Nem demasiado insistente, nem demasiado descontraído. A medida certa, deixando a decisão para Nora, sempre com a esperança de que ela não o tenha esquecido. Dentro do género aflito charmoso é do melhor que tenho lido.

* Selected Letters of James Joyce, edited by Richard Ellmann, London, Faber and Faber, 1992, p. 21.
Modo de vida: "Imagination is memory." James Joyce
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Brigitte Bardot

... ainda mal refeita do choque de ter visto o último episódio de House dobrado em espanhol. Não se admite! Fico à espera de na repetição, no sábado, o episódio estar normal, em inglês, digo. De qualquer forma, vi-o até ao fim, sem interromper. Como me escreveu a leitora Helena (mais uma reclamação), "fã que é fã aguenta tudo". Sim, mas de lágrimas nos olhos.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I stared at her hungrily. I found her sublime. She was always for me what every woman, not only me, must dream to be. She was gorgeous, charming, fragile." Brigitte Bardot (provavelmente em francês, mas não importa) sobre Marilyn Monroe.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

The sound of bomba: há mais de uma semana, descobri um CD com temas cantados por Brigitte Bardot. Desde então, não ouço outra coisa. Começo por colocar na grafonola do bomba o tema Je manque d'adjectifs, cuja letra, infelizmente, não consegui encontrar em lado nenhum. Resultado: tirei de ouvido. Uma vez que o meu francês está muito longe de ser decente, faltam algumas palavras que não consigo perceber. Se alguma alma simpática conseguir preencher os espaços em branco, com as palavras certas, ou vir algum erro, por favor, escreva-me. Dedico este tema superfeminino à Tati. Agradecimento: ao leitor Miguel, que muito gentilmente me enviou as palavras que faltavam. Agora sim!

Je manque d'adjectifs
letra e música de de J. C. Massoulier e A. Popp
canta Brigitte Bardot

Il est merveilleux
Prodigieux
Prestigieux
Il est délicieux
Il est agréable
Incroyable
Indomptable
Il est formidable
Il est élégant
Caressant
Amusant
Il est étonnant
Il est dynamique
Athlétique
Magnifique
Il est fantastique
Il est
Il est
C'est insensé
Je manque d'adjectifs

Il est très normal
Très banal
Aux total
Pas phénoménal
Il est sympathique
Apathique
Délassant
Ni beaux ni méchant
Il est travailleur
Bon mangeur
Trop buveur
Il est sans saveur
Il est anodin
Quotidien
Comme on dit
Il est bien gentil
Il est
Il est
C'est insensé
Je manque d'adjectifs

Il est ennuyeux
Vaniteux
Prétentieux
Il est fastidieux
Il est embêtant
Fatigant
Obsédant
Il est énervent
Il est imbuvable, invivable, exécrable
Il n'est pas pensable
Il est périmé, dépassé, congédié
Il est oublié
Il est
Il est
C'est insensé

Il est remplacé
Par un garçon
Qui est merveilleux
Prodigieux
Prestigieux
Qui est délicieux
Qui est agréable
Incroyable
Indomptable
Qui est formidable
Qui est élégant
Caressant
Amusant
Qui est étonnant
Qui est dynamique
Athlétique
Magnifique
Qui est fantastique
Qui est
Qui est
C'est insensé
Je manque d'adjectifs
You are Bugs Bunny!

Image Hosting by PictureTrail.com

You are fun, friendly, and popular. You are a real crowd pleaser. You have probably been out on the town your share of times, yet you come home with the values that your mother taught you. Marriage and children are important to you, but only after you have fun. Don't let the people you please influence you to stray.

Which Cartoon Character Are You Like?

Via Tweety.
Do primo-avô em décimo grau por afinidade

Ouvir, ver e calar remédio era
nesse tempo em que os olhos e o ouvido
e a língua puderam ser sentido
e não delito que ofender pudera.
Surdos, hoje, os remeiros com a cera,
um mar navegarei que (encanecido
de ossos, mas não de espumas) com bramido
sepulta quem ouviu voz insincera.
Sem ser ouvido e sem ouvir, ociosos
olhos e orelhas, serei olvidado
pelo cenho dos homens poderosos.
Se é delito saber quem é culpado,
o vício que o indaguem os curiosos
e viva eu ignorante e ignorado.

Francisco Quevedo, Antologia Poética, tradução de José Bento, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 91.
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- A Luna atribuiu uma Luna de Ouro ao bomba inteligente, com o título: "Sou a única mulher adulta de bom gosto que sinceramente não deseja uma morte violenta ao sapo Jamba". Roger! Obrigada e beijinhos!
- O besugo levanta uma suspeita terrível a meu respeito. Afirma que sou do Sporting. Assim, sem mais. Isso é coisa para desestabilizar um casamento com um portista doente (malditas redundâncias!). Em matéria de futebol, sou uma mulher à antiga e sigo à risca a Lei das Doze Tábuas. A mulher primeiro pertencia ao pai e depois casava e pertencia ao marido. Assim estou eu no que diz respeito às preferências futebolísticas: primeiro era do Sporting, agora sou do Porto e nem um pio! Quanto a ser irritante, discordo. Começo por achar que não há pessoas irritantes, mas apenas gente que se irrita. Não sou a melhor pessoa para verificar níveis de irritação. A irritação é qualquer coisa de muito mesquinha, pequenina. Prefiro oscilar entre a ira de Aquiles e a profunda indiferença. Parece-me mais digno. Acho que tenho uma teoria sofisticadíssima (nada menos que isso, claro) sobre a irritação. Um dia destes.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Brigitte Bardot

... com a confirmação (via French Kissin') de que George Clooney é um tonto misógino (mais redundâncias). Oh, well, I guess we just can't win them all.

domingo, janeiro 15, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I don't understand people who like to work and talk about it like it was some sort of goddamn duty. Doing nothing feels like floating on warm water to me. Delightful, perfect." Ava Gardner
Essa personagem, a candidata judia dos sapatos verdes, devia ter entrado na série. Espero que volte a aparecer mais tarde.
Continuando...

"We learn to envy not only those who have got to the top, whatever the reasons for their success, and not only those who are more able than us, but even those who are more virtuous. We even envy someone who is good! We will not believe that they are good, or that they are as good as they seem, or that they are good for the right reasons. If they are not simply hypocritical, there must be an ulterior motive, or some psychological complex. The good man must be bad inside. The good marriage must be subject to strains that are hidden from us. The good worker must be psychologically submissive. The good shepherd must have transferred his capacity to love human beings to his sheep. Goodness is painted as bad."

Henry Fairlie, The Seven Deadly Sins Today, Indiana, University of Notre Dame Press, 1995, p. 79.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"Ava Gardner was the most beautiful woman in the world, and it's wonderful that she didn't cut up her face. She addressed aging by picking up her chin and receiving the light in a better way. And she looked like a woman. She never tried to look like a girl." Sharon Stone
Coisas que melhoram algumas vidas (35)

Ler estas coisas logo pela manhã: "Envy cannot bear to think that mere accident or fortune - or perhaps some unknowable power, fate or destiny, or perhaps even God - has conferred a good on someone else. There has to be a reason, and if only it could find that reason, it persuades itself from day to day, it could also enjoy that good."

Henry Fairlie, The Seven Deadly Sins Today, Indiana, University of Notre Dame Press, 1995, p. 66.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Marilyn Monroe

... cedo e a perceber que faltam miúdas na blogosfera. Alexandra? Triciclo?

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Brad Pitt

... caro João Gonçalves, este sim, seria um acordar difícil. Quanto à minha afirmação, não arredo o pé. É exactamente isso que penso. Sei que não desenvolvi, nem justifiquei, nem sequer expliquei e as afirmações das pessoas valem o que valem: umas valem mais, outras valem menos. A minha, pelos vistos, valeu o suficiente para suscitar reacções. Mas falemos de qual seria para si, o melhor escritor português vivo. José Saramago? Dear Lord! António Lobo Antunes? Talvez, para quem gosta de ler em voz alta. Mário Cláudio? Boring logo na primeira frase e, para isso, se calhar, é preciso ter talento. Hm, Agustina Bessa-Luís é uma fortíssima candidata ao título, mas tenhamos em atenção que se trata de um estilo completamente diferente, além de haver uma diferença fundamental: o Miguel Esteves Cardoso influenciou a maneira de escrever e de pensar de muitas pessoas que presentemente ganham a sua vida a escrever. Muitas vezes nem sequer sabem que estão a referir-se a qualquer coisa que já foi imaginada, escrita, dita e desenvolvida por ele e isso é a influência a funcionar. Poderá gostar, não gostar, adorar, detestar, negar, mas não poderá convencer-me do contrário (percebo que não tentou, mas estou a antecipar qualquer tentativa, ainda que mínima). Aquilo que penso a este respeito não é negociável. Mas, pelo que já percebi, temos outros pontos em comum: Kavafis e Desperate Housewives parece-me mais que suficiente para que continuemos a conversar. Adenda: vejo que temos mais um ponto em comum: o gosto pela poesia de Joaquim Manuel Magalhães, um Professor inesquecível. Um beijinho.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"There are certain shades of limelight that can wreck a girl's complexion." Audrey Hepburn
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- O André Carvalho revela que tem medo das mulheres na blogosfera. Receia vir um dia a ser mordido numa caixa de comentários de alguma blogueadorix. É querido. Eu acho bem.
- Luís, tão novos, tão giros e tão magros eram os nossos Sopranos. Ainda não consegui ver um único episódio de Deadwood, coisa que me aborrece. Adoro House!
- Última hora! O Alberto actualizou o blogue. O casal leva o maradona e a celulite dele. Talvez não caibamos todos. Qual é o número do assessor? Ah, modernices.

terça-feira, janeiro 10, 2006

The sound of bomba: Lauren, your wish is my command. Na grafonola do bomba, podem ouvir um tema de Leslie Bricusse, My Kind of Girl, cantado por Frank Sinatra, acompanhado por Count Basie, julgo que uma única vez. Gosto muito deste tema.

My kind of girl
letra e música de Leslie Bricusse
canta Frank Sinatra

She walks like an angel walks
She talks like an angel talks
And her hair has a kind of curl
To my mind, she's my kind of girl

She's wise, like an angel's wise
With eyes like an angel's eyes
And her smile like a kind of pearl
To my mind, she's my kind of girl

Pretty little face
That face just knocks me off my feet
Pretty little feet
She's really sweet enough to eat

She looks like an angel looks
She cooks like an angel cooks
And my mind's in a kind of whirl
To my mind, she's my kind of girl

She looks like an angel looks
She cooks like an angel cooks
And my mind's in a kind of whirl
To my mind, she's my kind of girl

My poor heart's in a whirl
She's just my kind
She's a girl
And I'm glad
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Grace Kelly

... sem palavras para agradecer a generosidade do Francisco Mendes da Silva. O Miguel Esteves Cardoso é o maior escritor português vivo, com uma influência extraordinária e sem precedentes nas novas gerações de escritores. O Miguel é um génio e não digo isto apenas por causa dos seus livros e das suas crónicas, mas porque tenho o privilégio de o conhecer, de ouvir o que diz e de saber, na medida do possível, como pensa. Trabalhei com o Miguel n'O Independente e na Best Of. Quando o conheci - tinha 28 anos -, sempre que estava na sua presença, não conseguia dizer uma palavra (bons tempos, Miguel!). Estive muda durante dois anos. Só conseguia comunicar por e-mail. Além do grande amigo em que se tornou, é uma pessoa excepcional, em todos os sentidos da palavra. Comparar-me, sequer vaga e metaforicamente, com o Miguel é como comparar-me com a Grace Kelly. Talvez de perfil...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Notícias muito tristes: o início de ano tem sido triste. As pessoas vão desaparecendo e essa realidade, por muito natural que seja, é sempre perturbadora. A última notícia que me entristeceu foi a da morte de Artur Ramos. O Artur Ramos era o meu bom vizinho, sempre carinhoso, distinto, amável. Que Deus o tenha.
Machado de Assis sobre um "Metabloggers do it better"

"(...) desde os mais tenros anos, [Nicolau] manifestou por atos reiterados que há nele algum vício interior, alguma falha orgânica. Não se pode explicar de outro modo a obstinação com que ele corre a destruir os brinquedos dos outros meninos, não digo os que são iguais aos dele, ou ainda inferiores, mas os que são melhores ou mais ricos. Menos ainda se compreende que, nos casos em que o brinquedo é único, ou somente raro, o jovem Nicolau console a vítima com dois ou três pontapés; nunca menos de um. Tudo isso é obscuro."

"Os amigos eram os rapazes mais antipáticos da cidade, vulgares e ínfimos. Nicolau escolhera-os de propósito. Viver segregado dos principais era para ele um grande sacrifício; mas, como teria de padecer muito mais vivendo com eles, tragava a situação. Isto prova que ele tinha um certo conhecimento empírico do mal e do paliativo. A verdade é que, com esses companheiros, desapareciam todas as perturbações fisiológicas do Nicolau. Ele fitava-os sem lividez, sem olhos vesgos, sem cambalear, sem nada."

"Os últimos anos foram crudelíssimos. Quase se pode jurar que ele viveu continuamente verde, irritado, olhos vesgos, padecendo consigo ainda muito mais do que fazia padecer aos outros. A menor ou maior coisa triturava-lhe os nervos: um bom discurso, um artista hábil, uma sege, uma gravata, um soneto, um dito, um sonho interessante, tudo dava de si uma crise."

"Verba Testamentária", Um Homem Célebre - Antologia de Contos, selecção e apresentação de Abel Barros Baptista, Lisboa, Edições Cotovia, 2005, pp. 85-95.

domingo, janeiro 08, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I wish Frank Sinatra would just shut up and sing." Lauren Bacall
Caprichos

Image Hosting by PictureTrail.com
Marc Jacobs, Blush

À especial atenção da Miss Pearls.
Casaco de malha

Ivan, não sei o que é a "inveja boa" nem o que é a "inveja com consciência de si". Julgo que a definição que apresentas está universalizada, resolve muitas situações desagradáveis e permite que aceitemos coisas inaceitáveis, como é o caso, mas não é disso que falo. Aquilo que dizes neste post não é inveja. Reconhecer qualidades nos outros parece-me excelente, e é, infelizmente, raro. Para isso é preciso ser generoso. Não lamento afirmar com toda a certeza que não é inveja o que te alimenta. Admiração não é sinónimo de inveja nem nunca será. Por que razão queremos aproximar palavras diferentes?

Quando alguém pensa ou diz "quem me dera ser como ele", isso não é inveja. Será uma falta de originalidade, mas sem consequências. Não chega para que a qualifiquemos como um pecado capital (ou mortal, como quiseres). A inveja é invasora, destruidora do próximo, auto-destrutiva. Receio bem, no entanto, que a palavra "inveja" já não signifique nada nos nossos dias. Até parece uma coisa normal. Não é. A inveja tem como único objectivo a destruição da outra pessoa e é particularmente corrosiva; um desvio grave, um erro, talvez uma doença (Séneca fala da ira como uma doença), que, aliás, associo à paranóia (o invejoso acha sempre que o invejado vive em função dele, quando, na verdade, o desgraçado do invejado nem sequer sabe da sua existência). Ao invejado, coitado, resta manter-se à tona.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Brigitte Bardot

... frio? Qual frio?

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Diva dixit

Image Hosting by PictureTrail.com

"I'm twenty degrees cooler than you think." Lana Turner
Metabloggers do it better (9)

O blogue é de quem o segue.
Excelente entrevistado: assisti ontem à entrevista ao presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro, na SIC Notícias. Sempre certeiro e adequado nas respostas, João Salgueiro, por vezes, ficou em silêncio, a pensar na resposta que tinha de dar, obrigando o jornalista a falar, reformulando a pergunta ou repetindo-a, para preencher o vazio. Apreciei muito aquela espécie de pausa para pensar primeiro e dizer depois. Ora isto é raríssimo ver em entrevistas a políticos ou ex-ministros. João Salgueiro estava interessado em dar as respostas certas.
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Marilyn Monroe

... pois já eu acordo sempre muito bem disposta. Chamemos-lhe optimismo temporário, síndrome de tábua rasa, esperança matinal. A coisa ao longo do dia vai mudando, algumas vezes piorando. Depende, claro. Por vezes, acabo os meus dias com vontade de bombardear a Síria. Ou o Irão. Por isso, tento não sair de casa e selecciono muito bem os programas que vejo na televisão. Todo o cuidado é pouco. Desperate Housewives só em Março? Acho mal. Muito mal.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

[Antes que o maradona apague o post que deu origem a esta reacção, aqui fica o que lá está ou estava: "Breaking news: tenho celulite".]
Resposta a uma dúvida metafísica: caro sobrinho, de fonte fidedigna, se está a falar da nova aquisição do Sporting, a resposta é sim, joga. Até mais do que alguma coisa. Diz a fonte.
Agradecimentos: ao Espumante (tchin, tchin!), ao Walter Rodrigues, cujo estilo de escrita aprecio, ao Hugo, e ao Luís Aguiar-Conraria, o único de nós que chegou, de facto, a Ítaca, pelas referências e pelos destaques feitos ao bomba inteligente.
The sound of bomba: parece impossível, mas só há muito pouco tempo ouvi, pela primeira vez, Françoise Hardy a cantar Tous les garçons et les filles. Antes tarde que nunca. Podem ouvir no gira-discos do bomba. Uma maravilha.

Tous les garçons et les filles
letra de Françoise Hardy
música de Françoise Hardy, Roger Samyn
canta Françoise Hardy

Tous les garçons et les filles de mon âge
Se promènent dans la rue deux par deux
Tous les garçons et les filles de mon âge
Savent bien ce que c'est qu'être heureux

Et les yeux dans les yeux et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux sans peur du lendemain
Oui mais moi, je vais seule par les rues, l'âme en peine
Oui mais moi, je vais seule, car personne ne m'aime

Mes jours comme mes nuits
Sont en tout point pareils
Sans joies et plein d'ennui
Personne ne murmure "je t'aime" à mon oreille

Tous les garçons et les filles de mon âge
Font ensemble des projets d'avenir
Tous les garçons et les filles de mon âge
Savent très bien ce qu'aimer veut dire

Et les yeux dans les yeux et la main dans la main
Ils s'en vont amoureux sans peur du lendemain
Oui mais moi, je vais seule par les rues, l'âme en peine
Oui mais moi, je vais seule, car personne ne m'aime

Mes jours comme mes nuits
Sont en tout point pareils
Sans joies et plein d'ennuis
Oh! quand donc pour moi brillera le soleil?

Comme les garçons et les filles de mon âge
Connaîtrai-je bientôt ce qu'est l'amour?
Comme les garçons et les filles de mon âge
Je me demande quand viendra le jour

Où les yeux dans ses yeux et la main dans sa main
J'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain
Le jour où je n'aurai plus du tout l'âme en peine
Le jour où moi aussi j'aurai quelqu'un qui m'aime
Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Raquel Welsh

... ah, agora sim, num belo banhinho.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Metabloggers do it better (8)

"Spiritually it is a disease of deprivation, what today we might call a deficiency disease. It is also a wasting one. There is a wealth of meaning in the saying 'I was consumed with envy', (though, of course, it can be used casually enough not to mean what it says). Serious envy is consuming, consuming of our spiritual and mental energies, and somewhat swiftly of our happiness. The deeply envious person is never happy: envy's itch drives him mad."

Kenneth Slack, The Seven Deadly Sins, London, SCM Press, 1985, p. 57.

Na blogosfera, o tipo de lixo descrito na citação vê-se muito. O castigo é subtil e tremendo: o tempo simplesmente passa...
William Shakespeare sobre uma "Verdade absoluta"

"Iago: (...) He hath a daily beauty in his life
That makes me ugly (...)"

Othello, V, 1.
Verdades absolutas: a inveja é um pecado capital.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Grace Kelly

... I object! Sim, sou contra qualquer tipo de mudança no blogue O Acidental, embora esteja giríssimo, diria mesmo, uma grande pinta. Sou particularmente contra - e isto é mesmo sério - a retirada do Paulo Pinto Mascarenhas. O PPM não é apenas o fundador do blogue, mas a alma d'O Acidental. Sem o Paulo Pinto Mascarenhas, O Acidental passa a ser um blogue colectivo - sem dúvida muito interessante, mas desalmado - e não um blogue individual com convidados. Gostava da ideia. Acordei amuadinha e resmungona. Já passa.
Happy birthday, Mr. Eduardo Pitta & Friends: não pude ir à festa do primeiro aniversário de um dos meus blogues favoritos de sempre: o Da Literatura. No dia 1, o dia DL, estava entre o campo e a cidade e ontem acordei como Gregor Samsa, com "uma ligeira indisposição". Mas hoje, sim. Hoje tenho a música certa. Marilyn Monroe pode não ter estado , mas está agora na grafonola do bomba. Muitos parabéns!
Clarinho, clarinho como a água em Elafonissos: eu, não sei: mas, caríssimo Impertinente, uma bomba inteligente naquele dia, naquele buraco em Ti Ki, tinha resolvido muitas maçadas. Quanto à análise das minhas palavras, elaborada por outro self, defendo apenas que nada ali é oculto, nem reprimido, embora não tenha nada contra o segredo e menos ainda contra o controlo.
Estado em que se encontra este blogue

"Ai é? Então ide procurar outro Messias. Deslargai-me!"

Gato Fedorento, "Jesus chateia-se com os Apóstolos", Série Barbosa.
Os insultos e eu

Image Hosting by PictureTrail.com
Madonna fotografada para a revista Ladies Home Journal, por Lorenzo Agius.

Há uma prática de insulto fácil na blogosfera. Esta é uma das principais razões por que não é levada a sério. Além da inveja e do ressabiamento em muitos blogues, anónimos ou assinados, e em caixas de comentários, ainda temos o problema dos insultos. Julgo que o assunto merece alguma atenção, embora a resposta a esse tipo de abordagem tenha de ser - insisto - o silêncio e a indiferença, em todas as circunstâncias, sem excepção.

Não, não vou falar sobre a famosa frase de Wittgenstein: «Acerca daquilo de que se não pode falar, tem de se ficar em silêncio» (Tractatus, 6.54). Muitos a citam, erradamente, como um exemplo de incentivo à prudência na utilização das palavras. Wittgenstein não aconselhava nada a ninguém.

O silêncio como resposta a um insulto tem um significado muito concreto. Qualquer pessoa decente percebe-o. Mas aqui reside o erro de que falo neste último parágrafo: as criaturas - anónimas ou não - que insultam o próximo não são decentes e por isso não compreendem o silêncio como resposta. Se não compreendem as palavras, como hão-de compreender o silêncio? Aquele abaixo dos níveis mínimos de dignidade chega a confundi-lo com vergonha ou cobardia e considera-o uma espécie de sinal verde para continuar a sua prática difamatória. Tenho tentado perceber a confusão e concluí o seguinte: quem insulta quer falar, conversar, resolver qualquer coisa lá sua com um completo estranho, tagarelando, dizendo coisas, usando as palavras como se fossem tijolos. Quando se depara com o silêncio absoluto, fica sem saber o que fazer. Atira os tijolos contra uma parede e, olhando para os cacos, recusa-se a aceitar que se partiram. A questão é apenas afectiva. Vieram bater à porta errada. Não sou a pessoa indicada para tratar os afectos mal resolvidos de estranhos.

Há, nos dias de hoje, um excesso de palavreado. Ora a overdose de vocábulos cria uma ilusão estranha nas pessoas: elas julgam que, de facto, estão a dizer alguma coisa. Eu não acho. As diferenças ficam estabelecidas à partida. A partir daí, não há nada a fazer. Falar é, nos dias de hoje, um acto estimulado ao máximo. Não faltam meios para falar - telefones fixos e móveis, chats, e-mail, msn, google talk, blogues. Alguns, no entanto, no meio do caos verborreico, fazem uma selecção do que querem ouvir. É o meu caso. Eu, por princípio, não dou ouvidos nem olhos a insultos e raramente registo. Não é bom que registe, por razões que só a mim dizem respeito. É também verdade que não sou das pessoas mais faladoras do mundo.

O bomba inteligente é um blogue de boa disposição, de boa vida e de alegria, feito com o meu gosto, que vai desde Borges ao sapo Jamba (um gosto recente, mas nem por isso menos intenso), passando por tango, Juliette Gréco, Kavafis, linguística grega, Madonna, acordar assim e assado, estar num estado cozido e frito, entre outros. Se os gostos definissem as pessoas, estava tramada. Não por gostar de coisas, que, para alguns, são consideradas menores, mas por causa da variedade, que dificulta a etiquetagem e confunde as suas pobres cabeças. A ideia «se gostas de x é porque és y» sempre me soou a psicologia estulta (gosto desta redundância, pronto) e não me interessa para nada. Digo isto porque há gente que me insulta, que parece interessada em saber o que sou (uma contradição?); ou melhor, interessada em que eu corresponda a uma ideia que têm de mim; a qual, infelizmente, é sempre muito desagradável, o que me parece um desperdício para quem se dá ao trabalho de imaginar.

Por vezes, deparo-me com posts e comentários, em blogues alheios e respectivas caixas, que me parecem dignos do mais imundo dos caixotes do lixo. Nunca processei ninguém também porque acredito profunda e seriamente na liberdade de expressão. Houve gente que deu a vida por ela, que diabo! O facto de não responder é ainda uma prova de respeito por essa liberdade, que, acredito, deve ter cada vez menos restrições. Cada um diz o que quer e o que pode e há uns quantos que não dão para mais, senhores. Uma coisa é certa: somos os únicos responsáveis por aquilo que dizemos. Se alguém me calunia, essa pessoa é responsável pelas suas palavras. A melhor coisa que lhe pode acontecer é ser ignorada e esquecida, porque no dia em que decida que é grave o que diz, não resolvo a questão no blogue.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Eu hoje acordei assim...

Image Hosting by PictureTrail.com
Sharon Stone

... alguma vez me viram a comentar grunhidos de cangalheiros ressabiados que não têm o mínimo de piada? Tenham lá paciência. Mas sempre que ouço um grunho a fazer psicologia estulta (uma redundância, as minhas desculpas) e com a conversa da bomba inteligente para cá e a bomba inteligente para lá, penso: "Ui, ui, o que tu queres sei eu..."

Seguidores

Arquivo do blogue