blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Estado em que se encontra este blogue

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Niki tis Samothrakis e Audrey Hepburn.

Que o ano de 2006 seja excelente! Até já!
Alexandre O'Neill sobre um "Modo de vida"

Fala a sério e fala no gozo
fá-la pela calada e fala claro
fala deveras saboroso
fala barato e fala caro

Fala ao ouvido fala ao coração
falinhas mansas ou palavrão

Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe

Fala franciú fala béu-béu

Fala fininho e fala grosso
desentulha a garganta levanta o pescoço

Fala como se falar fosse andar
fala com elegância muita e devagar.

Poesias Completas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 133.
Alexandre O'Neill sobre "Ninho de cucos"

"Ela pensava que os gatos eram almofadados por dentro."

Poesias Completas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 450.
The sound of bomba: já disse aqui que gosto muito da Des'ree? Talvez sem rimar? Bom, agora já disse. No leitor de CD do bomba, toca You Gotta Be!
Uma quase-mais-que-santa mulher


How evil are you?

Via Diário.
Eu hoje acordei assim...

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Grace Kelly

... por vezes, penso no soldado que descobriu Saddam Hussein naquele buraco em Ti Ki e nas angústias que deve ter sentido por não poder resolver o assunto logo ali. Agora temos um doido varrido a gritar com as testemunhas porque não o tratam por Presidente do Iraque. É nestas alturas que penso como a loucura está associada à maldade. Não, com certeza, nem sempre, mas falo, sobretudo, da psicopatia ou da sociopatia. Porque, por exemplo, Monk é um obsessivo-compulsivo que não faz mal a ninguém. Pelo contrário, resolve casos estranhos e difíceis, porque está tão anormalmente atento a pormenores que escapam ao comum dos mortais. Também House tem ali um problema qualquer, além daquela perna, que o obriga a tomar analgésicos a toda a hora. Bom, será mais misantropia do que propriamente uma doença mental. Já Allison DuBois, para qualquer pessoa "normal" é uma verdadeira freak. Mas resolve tudo, às vezes, antes mesmo de acontecer. São loucos que resolvem problemas aparentemente insolúveis, que salvam vidas, que descobrem as coisas mais inacreditáveis. Mas, enfim, Saddam é um psicopata. Um psicopata é diferente de um obsessivo-compulsivo. A loucura e a maldade... A estupidez e a maldade... Nem sempre virão juntas. A vida não é assim tão simples. Embora, em certos casos, seja tão absolutamente clara.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Cenas da vida conjugal
[A ver Saraband, seis]

- Ele disse Benfica!
- Não disse nada. Lá estás tu!
- A sério que disse. Vou pôr para trás.
- [Johan e Karin, no escritório dele, ambos olham para a fotografia de Anna. Johan fala.] Tak yay elske dai, várias palavras com ø, Saab, Volvo, Nobel, fiorde, Benfica.
- Pois disse!
Blockbomba: Saraband (um filme espantoso. Agora, sim. Agora percebo).
Uma santa mulher

You Were Nice This Year!
You're an uberperfect person who is on the top of Santa's list. You probably didn't even *think* any naughty thoughts this year. Unless you're a Mormon, you've probably been a little too good. Is that extra candy cane worth being a sweetheart for 365 days straight?
Eu hoje acordei assim...

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Michelle Pfeiffer aka Catwoman

... Ricardo, today is as good a day as any. Ou seja, rinhau prr miu miau rr nhau miu brrr. E isto é uma transformação, não uma metamorfose.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Blockbomba: Land of the Dead (um filme de terror intelectual, que é como quem diz uma bela seca com mortos-vivos que recuperam a consciência e a capacidade de aprendizagem e que se sentem injustiçados pelos vivos - os maus - e com um grupo de esquerda subversiva à mistura, liderado por um irlandês, que tem como objectivo derrubar o Donald Trump lá do sítio. Chatíssimo). Mr. & Mrs. Smith (gostei deste filme por causa dos pormenores absurdos, da cena de pancadaria entre ambos, que é de antologia, e de diálogos como este:

Mr. Smith: It's the second time you try to kill me!
Mrs. Smith: Come on! It was just a little bomb.).
Cenas da vida conjugal

- Vamos à Missa do Galo?
- E a gripe das aves?

sábado, dezembro 24, 2005

O segredo

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Keith Haring

Não sei quando deixei de acreditar no Pai Natal, por isso não deve ter sido nenhuma experiência traumática. Talvez desconfiasse de que seriam os pais a colocar os presentes na cozinha, fazendo de conta que havia alguém que descia pela chaminé. Lembro-me de pedir pormenores sobre a descida e de ficar impressionada com a dificuldade da tarefa: havia alguém que se sujava, que sofria para nos dar qualquer coisa. Porque na minha cabeça o senhor descia mesmo, com o saco às costas e tudo. Não era como agora se vê nos jogos de computador, em que atira os presentes de qualquer maneira pela chaminé abaixo e já está. Havia ali um cuidado, qualquer coisa de muito pessoal.

À medida que os anos passam, gosto cada vez mais do Natal. Quando era criança, adorava. Esse tempo nunca mais se repetirá. A diferença é que há já uns bons anos que não faz mal que não se repita. Cada coisa tem o seu lugar no tempo. O Natal na infância vive em todos os natais, embora estes sejam vividos de outra maneira. Mas há algo que se mantém: o secretismo em torno dos presentes.

A coisa começa mais ou menos no início do mês de Dezembro, com insinuações do género: "No outro dia, vi uma coisa giríssima para te dar". Durante todo o santo mês, a pessoa é massacrada com frasezinhas e sms a despropósito do estilo: "Não sei se já te disse que já comprei uma coisa que vais adorar..." É muito enervante, suscita a curiosidade, alimenta as expectativas e é divertido. Trata-se de um exercício de manipulação amorosa, de diversão no seu estado mais puro; enfim, um acto de cuidado, atenção e amor. A pior coisa que pode acontecer durante esse mês é alguém saber o segredo e, inadvertidamente, contá-lo. Estraga o jogo, arruina a piada, põe-me doente. Toda a preparação até ao dia em que o segredo é desembrulhado é o que realmente tem graça nesta história de darmos coisas uns aos outros. O elemento da surpresa, mais do que não dever ser esquecido, tem de ser estimulado. Na verdade, trata-se de espicaçar o próximo, de o levar a que entre no jogo, ou a um estado de loucura tal, que vamos dar com ele a remexer os armários. Mas os profissionais não guardam surpresas nos armários. As coisas têm sempre de estar noutro sítio. Um bom segredo não se fecha numa gaveta qualquer e pronto. Tem de se levar, buscar, trazer, dá uma carga de trabalhos e é por isso que dar um presente a alguém é um acto de amor. Não é dar simplesmente. É massacrar o próximo com uma informação de que não dispõe e fazer com que acredite na verdade: sim, trata-se de qualquer coisa magnífica de que o outro gostará muitíssimo. Quando chega o dia - ou seja, hoje - ninguém se decepciona.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal

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Keith Haring
The sound of bomba: no gira-discos do bomba, toca uma versão de Santa Baby, cantada por Madonna. Merry Xmas!
Agradecimento: ao Almocreve das Petas, que inclui o bomba na lista de blogues da sua preferência!
De repente: eu sonhei ou ontem à noite dancei ao som do Ninguém, Ninguém, do Marco Paulo? Uns minutos depois: eis a resposta que mais temia. No fundo, estava a pedi-la.
Eu hoje acordei assim...

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Madonna, por Steven Meisel, em Sex.

... tenho de me deixar desta vida de festividade intensa. Entretanto, da gripe ainda nada.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Bomba de Ouro: "Dicionário - blogue (n.) - feminino, singular", da gold.
Miguel Esteves Cardoso sobre "Eros"

"O amor começa pelo amor."

Explicações de Português, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p. 151.
Eu hoje acordei assim...

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Madonna, por Steven Meisel, em Sex.

... sinto que estou a um passo de me constipar. Pode mesmo ser uma questão de minutos.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Última hora!

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Em mais uma patética tentativa de conseguirem falar com raparigas, Zé Diogo Quintela e Nuno Miguel Guedes transformam-se em 2DJs DO *******!! (música para dançar). On da mix, dia 22 de Dezembro, no Naperon (Rua da Barroca, ao Bairro Alto, antigo Três Pastorinhos). Façam o favor de aparecer.
Miguel Esteves Cardoso sobre "Estado em que se encontra este blogue"

"Conversar é um grande erro. Comunicar não é trocar unicidades - é partilhá-las. 'Eu também' é a resposta mais bonita a tudo o que se possa dizer. Pergunta-se 'Porque é que me sinto sozinho?' e a resposta certa é 'Eu também me sinto sozinho'. Não é 'Foi porque fizeste ou não fizeste isto ou aquilo e é isso que tens de fazer'."

Explicações de Português, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p. 211.
Machado de Assis sobre um "Modo de vida"

"Espantem-se à vontade; podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir."

"O Espelho: Esboço de uma Nova Teoria da Alma Humana", Um Homem Célebre - Antologia de Contos, selecção e apresentação de Abel Barros Baptista, Lisboa, Edições Cotovia, 2005, p. 20.
Modo de vida: não me interessam os que confundem assertividade com arrogância, firmeza com imodéstia, alegria com futilidade e saúde mental com surdez.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Adenda: note-se que não tenho nada contra o anonimato. Tenho na minha lista vários blogues anónimos, que leio diariamente e cujos autores não faço a mais pequena ideia de quem sejam. A autoria é independente do nome da pessoa e esse é um dos aspectos interessantes da blogosfera. No que diz respeito aos insultos, discordo em parte da opinião de Bettencourt Resendes, que ao alegar "coragem" para assinar os insultos, de certa forma desculpabiliza os insultos anónimos. Mas entendo o seu ponto de vista. Sou da opinião que não se pode responder, como expliquei aqui. Quando o insulto é assinado, pelo contrário, posso tentar perceber porque é que a pessoa o faz - nunca lhe liguei nenhuma (há pessoas que precisam de muita atenção), ou vinguei-me de alguma coisa e o ressentimento faz com que continue a chamar-me nomes. Também os atentados não reivindicados não são menos graves do que os atentados reivindicados. Mas as possibilidades do anonimato são infinitas. A verdade é que pessoas que assinam com o nome completo em blogues podem estar depois noutros a insultar anonimamente. Podem participar em blogues colectivos, assinando com o nome e com um pseudónimo. Tudo, mas tudo, é possível, daí que seja fundamental manter a calma e gerir a indiferença.

E mais e mais: a ler, "A revolta dos anónimos", da lolita.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

O anonimato*

Receber uma carta anónima e ameaçadora, sem que nos seja oferecida possibilidade de resposta, não tem piada nenhuma. Sei disso por experiência alheia e própria. Mas se pensarmos bem - e com distância, tudo se consegue - tem o seu interesse. Vejamos: há alguém no mundo que segue atentamente todos os nossos passos (banda sonora: «Every breath you take», Police), que odeia a sua própria existência (banda sonora: «Don't let me get me», Pink) - e, consequentemente, a de toda a gente -, que tem o ânimo suficiente para debitar todas as suas angústias num papel e deitar no marco do correio o envelope sem remetente.

Hoje em dia, com «chats», fóruns virtuais, blogues e caixas de comentários, os anónimos reproduzem-se como coelhos. São mais que as mães! Basta ter um computador com ligação à Internet. Com a proliferação de anónimos surge, naturalmente, a multiplicação dos insultos. Mas qual é o valor de um insulto anónimo? Nenhum. O insulto boçal não tem valor, e menos ainda quando não é assinado. O insulto disfarçado de «crítica», uma vez que demonstra um maior empenhamento por parte do seu autor, pode ser perdoado (ou lido) numa única circunstância: tem de ter graça. O grande problema talvez seja mesmo esse: a falta de piada no insulto-crítica, usualmente dito com um tom rasteiro. De intenções obscuras está o mundo cheio e não sabemos o que move um completo estranho, sozinho em casa ou mal acompanhado.

O anónimo que insulta é como uma pessoa que pede ajuda no meio da rua. Sem perceber que está a pedir ajuda. Sem que a vejamos. Bom, não estará bem no meio da rua. O insultado está no meio da rua - assim é que é - e o insultador num beco sem saída. Literal e metaforicamente. Mas quando reincide é apanhado. Imaginemos o anónimo «chiquinho», que na vida real tem mais de 40 anos e é uma mulher. Ou é um homem que gosta de usar o seu vestidinho de vez em quando. O incómodo que sente no anonimato leva-o a participar activamente em discussões públicas sobre pessoas que não conhece. O chiquinho, que se desdobra em insultos ao próximo, reincidindo em fóruns ou caixas de comentários próprias ou alheias, está a querer dizer: «Eu não sou anónimo nenhum! Sou filho da minha mãe, neto do meu avô e vizinho do meu vizinho. Tenho toda a autoridade do mundo para te insultar!» Ou seja, pretende ser descoberto e, sobretudo, reconhecido naquela identidade de que tanto se orgulha. Sim, porque cuidado com o chiquinho, que é filho da sua mãe etc. Ui.

Responder a um anónimo que insulta é uma perda de tempo, bem com um sinal de perda de discernimento. Não se pode exigir de quem insulta que, ainda por cima, compreenda o ponto de vista de quem responde e se defende (atacando ou não). Não é possível ter os dois mundos numa só pessoa. Não se pode exigir boa educação a uma pessoa mal-educada, decência a uma pessoa indigna; delicadeza a uma pessoa invejosa. Tentar convencer alguém que insulta de que está errado é tarefa para gente optimista e, eventualmente, desocupada. Quando isso acontece, tudo se confunde e as coisas deixam de estar nos seus devidos lugares.

* Texto publicado a 10-06-05, na Única.
Eu hoje acordei assim...

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Imagem de Drew Barrymore gentilmente enviada pelo Diogo.

... bom, bom mesmo, era se fizessem uma sauna. Nunca mais seriam os mesmos. Ou seriam, finalmente, aquilo que são.

sábado, dezembro 17, 2005

Estado em que se encontra este blogue

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The sound of bomba: no gira-discos do bomba, toca uma versão diferente do clássico Sexual Healing, de Marvin Gaye. Canta Anita Lane.
Oh my God!

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Entre a festa e a ress... cof... recuperação física (e, em certa medida, psicológica, dado que houve um rapaz alto, que me abordou de uma maneira desagradável, um pouco pesada, demonstrando que sofria de mau álcool), ora dizia que entre a festa e a... coiso... o Contra-Indicado, na 1.ª Edição dos Prémios Contra-indicados, atribuiu o Prémio para o Blogue Com Mais Pinta ao bomba inteligente. Enquanto me arrastava pela casa com umas dores de pescoço horrorosas (é o meu lado de rocker, abanar a cabeça, ai... tenho de me dedicar à Antiguidade e pronto), consegui, muito torta, enviar um e-mail ao JN a agradecer, com o atestado médico em attachment, a justificar a minha ausência da sessão divertida de agradecimentos nos comentários. Muito obrigada pela distinta distinção!

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Eu hoje acordei assim...

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Imagem de Marylin Monroe queridamente enviada pela Sam.

... primeiras, depois da megafesta d' O Acidental. Pronto, agora vou deitar-me.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Festa d' O Acidental

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Hoje, pelas 23 horas, no Frágil, no Bairro Alto!
Dos Antigos

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Brad Pitt, em Troy.

Do que gosto mesmo na Ilíada é daquela interrupção entre o primeiro canto e o décimo sexto. Na verdade, não gosto muito. Trata-se de uma parte mais aborrecida do poema. Pouca coisa se passa: Aquiles retirou-se de cena, amuado, e a batalha é sangrenta. O amuo de Aquiles é um dos aspectos fascinantes desta história. Depois da ira, o amuo, a retirada. A Grécia que se lixe. E quando volta, finalmente, à batalha, para vingar a morte de Pátroclo, volta porque há valores mais altos, que merecem a interrupção do amuo: a amizade e a lealdade. Mais uma vez, a Grécia que se lixe.
Eu hoje acordei assim...

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Drew Barrymore

... se soubessem; se percebessem; se lessem; se estivessem apaixonados; se casassem; se tivessem filhos, amigos; se viajassem; se saíssem de casa; se gostassem de pessoas; se fossem curiosos, educados, amáveis; se, ao menos, à falta de melhor, respondessem àquele senhor que insiste em aumentar-lhes o pénis...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

The sound of bomba

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Toca no gira-discos do bomba, Ich will, dos Rammstein.
Ninho de cucos (37)

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O gato Varandas, muito desagradado, a miar: "Ou o sapo Jamba ou eu".

terça-feira, dezembro 13, 2005

Jorge Luis Borges sobre um "Dos Antigos"

"O nosso eu é o que para nós tem menos importância. Que significa sentirmo-nos eu? Que diferença pode haver entre eu me sentir Borges e vocês se sentirem A, B ou C? Nenhuma, absolutamente nenhuma. Esse eu é o que temos em comum, é aquilo que está presente, de uma forma ou de outra, em todas as criaturas. Poderíamos então dizer que a imortalidade é necessária, não a pessoal, mas essa outra imortalidade."

Obras Completas, "A Imortalidade", vol. IV, tradução de Rafael Gomes Filipe, Lisboa, Editorial Teorema, 1999, p. 186.
Ninho de cucos (36)

O gato Varandas manifestou ontem o seu profundo desagrado com a presença do sapo Jamba na casa que julga pertencer-lhe. Aproximei a minha cara do focinho dele, sussurrando: "Gostas pouco, gostas." Hoje parece-me muito mais tranquilo.
Eu hoje acordei assim...

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Imagem de Marylin Monroe muito gentilmente enviada pela Sam.

... por Zeus! As pessoas decentes veneram Séneca, mas no fundo, bem lá no fundo, desconfiam daquilo tudo, porque dizer que se deve viver no despojamento absoluto sendo riquíssimo não cola; não joga a bota da teoria da pobreza com a perdigota da evidência da riqueza. Mas isso ainda é o menos, sinceramente. E Nero? Como explicar aquele aluno, senhores? Houve ali qualquer coisa que não funcionou. Desculpemos o Mestre. Teve azar, pronto. Ensinar um psicopata como deve controlar a ira é quase como ensinar o gato Varandas a falar. O que me leva ao quido sapo Jamba. As pessoas decentes, minha querida, apreciam o sapo Jamba, aceitam-no como ele é, coitadinho, com aquele coletezinho e sem calças, ding ding. Se continuas a dizer mal do meu novo amiguinho, vou ter de ir . Lolita: está perdoada.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Julio Cortázar sobre "Conversas deliciosas"

"León y cronopio

Un cronopio que anda por el desierto se encuentra con un león, y tiene lugar el diálogo siguiente:
León. - Te como.
Cronopio (afligidíssimo pero con dignidad). - Y bueno."

Cuentos completos/1, Buenos Aires, Alfaguara, 1998, p. 500.

sábado, dezembro 10, 2005

Estado em que se encontra este blogue

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Adenda: minha querida Vieira, não tem. As associações de pais britânicas ganharam, o moralismo venceu, o politicamente correcto ganhou a batalha contra a "pelezita a badalar ou lá o que é aquilo", como tão sabiamente lhe chamas. O pobre sapo tem este aspecto quando é retirado da caixa:

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lamentável.
Caprichos*

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Ding ding

* ou mesmo Indispensáveis©
Marco Aurélio sobre "Eu hoje acordei assim"

"De manhã, quando te custa a acordar, que este pensamento esteja presente: é para fazer obra de homem que acordo. Irei pois estar ainda de mau humor, porque vou realizar aquilo para o que fui feito, para que fui colocado no mundo? Acaso terei nascido para este fim, permanecer deitado e apegar-me ao calor sob os meus cobertores? É mais agradável!"

Pensamentos para mim próprio, V, 1, tradução de José Botelho, Lisboa, Editorial Estampa, 2005, p. 55.
Dos Antigos: o grande problema de Aquiles não foi o de ter morrido jovem, mas de lhe ter sido assim negada a possibilidade de memória. A sua glória permanece, tornando Aquiles imortal, embora tenha sido impedido de chegar a velho e de poder recordar e contar aos netos aquela vez em que andou com o corpo morto de Heitor, atrelado à quadriga, às voltas, sem parar, durante uma série de dias. A ira é uma coisa tremenda e, como tal, não pode ser subestimada. A Íliada é um poema sobre a ira. Se Séneca existisse, naquele primeiro canto, de nada valeria a Aquiles ler os seus conselhos.
Homero contrário a um "The sound of bomba"

"Sentado no meio dos pretendentes a pensar estas coisas,
avista Atena e a ela se dirige, julgando em seu espírito
ser vergonhoso para um hóspede ficar parado à entrada.
Acercando-se dela, dá-lhe a mão e dela recebe a brônzea lança.
E falando-lhe, palavras profere apetrechadas de asas.
'Salve, estrangeiro! Serás estimado em nossa casa;
e depois de teres comido me dirás de que tens necessidade.'"

Odisseia, I, 118-124, tradução de Frederico Lourenço, Lisboa, Livros Cotovia, 2003, p. 28.
The sound of bomba: no gira-discos do bomba toca Se eu soubesse que tu vinhas, cantado pela magnífica Simone.

Se eu soubesse que tu vinhas
de Martinho da Vila e Elton Medeiros
canta Simone

Se eu soubese que tu vinhas
Eu ia me preparar
Pra contar velhas histórias
Que eu preciso te contar
Se eu soubesse que tu vinhas
Eu ia me renovar
Atirava o lenço fora
Sem motivo pra chorar

Ai, meu bem, se tu soubesses
Que a surpresa da presença
Me maltrata mais que a dor
Que eu sofri com a descrença
Ai, meu bem, se tu soubesses
Que chegando de repente
Perturbaste quem te ama
E nem mais sabe o que sente

Usarias teus encantos
Pra fazer-me acreditar
Me curar dos desencantos
E novamente me apaixonar

Se eu soubesse que tu vinhas...

Regressaste pra descompensar
E fazer minha doida cabeça rodar
Sem sorrir e nem lacrimejar
Eu fiquei sem cantar
Meu larararará

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Estado em que se encontra este blogue

"Ao constante varão, justo e firme,
nem a fúria dos cidadãos a ordenar torpezas,
nem do tirano o vulto minaz
abalam a sólida mente, nem o Austro

do irrequieto Adriático chefe turbulento,
nem a força ingente de Jove fulminante:
e se o mundo cair em pedaços,
impávido o ferem as ruínas."

Horácio (Odes, III.3. 1-8), Romana: Antologia da Cultura Latina, tradução e organização de Maria Helena da Rocha Pereira, Porto, Edições Asa, 2005, p. 199.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Borges sobre a "Influência"

"I have felt my stories so deeply that I have told them, well, using strange symbols so that people might not find out that they were all more or less autobiographical. The stories were about myself, my personal experiences."

Jorge Luis Borges, entrevista a Ronald Christ no Paris Review. Excerto incluído no prefácio da biografia, Borges: A Life, escrita por Edwin Williamson.
Do conhecimento

You are as cool as Miles Thirst
You ARE as cool as Miles Thirst!

How well do you know your Hip Hop lingo?
brought to you by Quizilla
Eu hoje acordei assim...

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Grace Kelly

... a pensar no comentário de Brigitte Bardot sobre o uso da pele das focas em afrodisíacos vendidos na China: "Les Chinois ne bande pas? Je m'en fous". É lepenista, mas tem muita graça. Ou será "e tem muita graça"? Bom, hoje acordei mais moderada. Por hoje, será "mas". Também acordei a pensar que sou a única pessoa adulta que gosta genuinamente do sapo Jamba e que a Mariah Carey está doida naquele último vídeo. Ah, e não quero ouvir lamentos de que está frio e mais não-sei-o-quê. Está um dia lindo!

terça-feira, dezembro 06, 2005

Os meus blogues favoritos

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Ronaldinho Gaúcho ou "Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro"

À semelhança do que fez o Ricardo Gross, escolho agora os meus blogues preferidos de 2005. Tenho como superpreferidos dois blogues que nasceram e desapareceram neste ano: Malapata e Mal Amada. Saudações bloguísticas para ambos!

Os blogues que leio diariamente são aqueles que vêem na minha lista. Desses destaco alguns de que não prescindo. Mas prefiro cantar a apresentar os nomes numa lista. No gira-discos do bomba, a maravilhosa Alcione canta E vamos à luta, de Gonzaguinha. E eu canto com ela!

E vamos à luta
de Gonzaguinha
canta Alcione

Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão.
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão.

Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada.
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói, a manhã desejada.

Aquele que sabe o que é mesmo o couro da gente
E segura a batida da vida, o ano inteiro.
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro.

Aquele que sai da batalha e entra num botequim, pede uma cerva gelada,
E agita na mesa uma batucada.
Aquele que manda um pagode e sacode a poeira suada da luta
E faz a brincadeira, pois o resto é besteira.

domingo, dezembro 04, 2005

Cenas da vida conjugal

O casal luso-argentino ouve na TVI...

- ... você não vai querer perder os últimos episódios da novela "Ninguém como tu".
- (em uníssono) Vamos querer, vamos...

sábado, dezembro 03, 2005

Ilustração

Desde as nove

Meia-noite e meia. O tempo passou depressa
desde as nove, quando acendi a luz,
e me sentei aqui. Sentei-me sem ler
e sem falar. Com quem poderia falar
completamente sozinho nesta casa.

A visão do meu corpo jovem,
desde as nove, quando acendi a luz,
veio e encontrou-me e lembrou-me
de quartos fechados perfumados,
e do prazer passado há muito - que prazer ousado!
E também me trouxe perante os meus olhos
caminhos que agora se tornaram irreconhecíveis,
centros cheios de movimento que acabaram,
e teatros e cafés que foram uma vez.

A visão do meu corpo jovem
veio e trouxe-me também as tristezas;
pesares de família, separações,
sentimentos de entes queridos, sentimentos
dos mortos tão pouco estimados.

Meia-noite e meia. Como passou o tempo.
Meia-noite e meia. Como passaram os anos.

Konstandinos Kavafis, 1918
Tradução de Carla Hilário Quevedo

O prazer da memória recuperada em imagens pouco definidas parece importar mais do que a memória em si. Os episódios vividos deixaram de existir, restando deles apenas uma ilusão. Neste sentido, não é a memória que parece ser o mais importante, mas a ilusão das recordações; ou seja, uma construção artificial que serve de material à poesia, à arte. Desde as nove até à meia-noite e meia, numa casa, na mais completa solidão as lembranças muito ténues do passado sucedem-se com dificuldade. O lamento da brevidade da passagem do tempo não parece simplesmente servir de queixume pela perda da juventude. O lamento é possível através de uma ligação entre o passado e o presente, fornecida pela memória, mas existente por causa do eros, o elemento que, na verdade, liga os dois tempos e que permite a ilusão desejada do passado.
The sound of bomba

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Adriana Varela

Só há pouco tempo ouvi Volver, cantado por Adriana Varela. A interpretação é muito diferente da de Carlos Gardel, que já passou pelo bomba. Talvez seja o tango que melhor ilustra a passagem do tempo.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Estado em que se encontra este blogue: a fazer umas bolhas grandes e a saltar.
Por falar em Natal, querida Vieira: para ti, A Christmas Story, em 30 segundos.
Blockbomba: Christmas with the Kranks (os últimos dez segundos são fatais. Aquela fala final de Tim Allen estraga o filme).
Cenas da vida conjugal

- Amor, já viste a notícia do gato perdido nos Estados Unidos e encontrado em França?
- Nadou imenso.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Eu hoje acordei assim...

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Marilyn Monroe

... preparada para ir à festa dos dois anos do blogue da Rititi. Beijinhos, Rititas e muitos, muitos parabéns!

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