blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

terça-feira, março 29, 2005

Guilty as charged



Nuno, tenho as colunas do computador sempre desligadas. Parece-me que se trata de um caso de sentar e esperar que o entusiasmo pelo brinquedo novo passe. Pode demorar uma semana, um mês, um ano... e sabe-se lá os danos que entretanto causará. Dedico-te Human Nature, de Michael Jackson. E isso bem alto!

segunda-feira, março 28, 2005

Montanhas mágicas de parabéns ao Luís por dois belíssimos anos (e mais dois dias) na blogosfera!
The sound of bomba: depois do silêncio, veio a música. Junto-me à excelentíssima batukada, ilustrando a sua extraordinária rubrica "Free Michael" com a banda sonora adequada. Começo por Thriller. Bu!
Eu hoje acordei assim...


Valeria Mazza

... segunda-feira molhada, segunda-feira abençoada.

sexta-feira, março 25, 2005

Blockbomba: The Incredibles. (Em The Incredibles, vencedor do Óscar para Melhor Filme de Animação, Mr. Incredible é processado por salvar um homem que só queria suicidar-se em paz e sossego. Mr. Incredible (Robert Parr) casa com Elastic-Girl (Helen Parr). Têm três filhos: Violet, uma menina tímida capaz de se tornar invisível e de criar roxíssimos e úteis campos magnéticos; Dash, um puto sardento e reguila, que corre mais depressa do que uma bala e Jack-Jack, um bebé muito querido, que se transforma numa bola de fogo quando menos se espera. Buddy, outrora o fã número um de Mr. Incredible, magoado com o seu ídolo por este o ter afastado, torna-se o maior inimigo da família. A não perder. Mesmo.)
The sound of bomba: canta agora o extraordinário Roberto Goyeneche. Mano a Mano é um tangaço clássico! E a letra já cá estava, como não podia deixar de ser.
Primeiro de muitos: parabéns ao Pedro Mexia, ao Pedro Lomba e ao Francisco José Viegas por estarem Fora do Mundo e na blogosfera há um ano e um dia!

quinta-feira, março 24, 2005

The sound of bomba: a Vieira do Mar enviou-me Loucura, de Lupicínio Rodrigues, cantado por Maria Bethânia. Estou há uma hora à procura da letra nos arquivos! Adenda: chega a Rititi, olha para o bomba e diz: "tu tinhas isso em Agosto". E pimba. Não é que estava mesmo?
Eu hoje acordei assim...


Natalie Wood

... juro que isto não é o que parece.

terça-feira, março 22, 2005

Coisas que melhoram algumas vidas (15)

Ouvir o poema Ítaca, de Konstandinos Kavafis, no original em grego. A tradução, da minha autoria, está aqui desde o último dia do ano passado.

sábado, março 19, 2005

Coisas que melhoram algumas vidas (14)

A tradução de Frederico Lourenço, da Ilíada, já disponível nas livrarias!
Apio Verde! Ao Macguffin, por dois excelentes anos de Contra a Corrente! Muitos parabéns.
Eu hoje acordei assim...



... o sol desaparece e dá nisto.

sexta-feira, março 18, 2005

Blockbomba: Carne fresca procura-se (um dos filmes que mais gostei de ver nos últimos 23 meses), A Sombra do Samurai.
Eu hoje acordei assim...


Madonna

... com demasiadas pulseiras no braço.

quinta-feira, março 17, 2005

O delírio do dia


Diário de Notícias, 15-03

Ora cá está alguém que percebe o bomba inteligente, que o leu de trás para a frente, que ousou mergulhar na piscina dos seus arquivos.
Eu hoje acordei assim...


Madonna

... num dia fantástico de sol e calor.

quarta-feira, março 16, 2005

Eu hoje acordei assim...


Madonna

... nada como ouvir e perceber Express Yourself aos 18 anos...

terça-feira, março 15, 2005

Eu hoje acordei assim...



... I think I'm gonna sing a song about love...

domingo, março 13, 2005

Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- A triciclofeliz gosta delicadamente da série Absolutely Fabulous.
- O Serendipity e o Homem a Dias passaram a ter música. Mas em ambos temos de carregar no botão de play para ouvirmos o tema escolhido. Não é como neste blogue. No bomba carrega-se no stop.
- And the nominees are... No Origem do Amor já podemos ver a lista de nomeados aos Blóscares 2005. A cerimónia é no dia 1 de Abril e não é mentira. E a Virginia Madsen que nunca mais devolve o vestido...
Eu sabia que isto estava escrito em qualquer sítio (18)

"(...) a delicadeza do gosto deve ser tão desejada e cultivada como a delicadeza de paixão deve ser lamentada, e se possível remediada. Os bons ou maus acidentes da vida estão muito pouco à nossa disposição, mas podemos muito bem decidir quais os livros que vamos ler, quais as diversões a que nos vamos entregar e quais as companhias que vamos escolher."

David Hume, Ensaios Morais, Polítcos e Literários, "Da Delicadeza do Gosto e da Paixão", Lisboa, INCM, 2002, p. 20.
Blockbomba: Envy, Connie and Carla, Suzie Gold (muito querido).

sexta-feira, março 11, 2005

Estado em que se encontra este blogue

E ainda vou a tempo: de dar dois beijos de parabéns à Ana Albergaria por dois anos de Crónicas Matinais.
Discussão sobre o gosto

Há uma discussão interessante a decorrer no Last Tapes, no Seta Despedida e no Indústrias Culturais acerca do gosto. Porque não me parece que se esteja a discutir Tarkovsky nem Eastwood, mas a estranheza de se gostar de ambos. Procuram-se argumentos que justifiquem escolhas tão díspares, numa tentativa quase de desculpabilizar um gosto aparentemente menos digno. Uma espécie de "se tu gostas de Lewis Caroll como podes gostar de Madonna?" E penso nos livros para crianças que a cantora escreveu.

A Alexandra escreve o seguinte: "Gostar de Tarkovsky nunca me impediu de apreciar comédias acéfalas e unidimensionais com a Meg Ryan. As coisas não são assim tão simples." A adjectivação atribuída às comédias com a Meg Ryan indicam uma hierarquia no gosto. Ou seja, "eu gosto, mas sei que aquilo não vale nada". Não será ainda uma espécie de timidez em aceitar que se gosta de alguma coisa menos boa?

A questão do gosto não tem fim nem solução à vista. Podemos passar o resto da vida a tentar compreender, a explicar e pacientemente a justificar os nossos gostos que me parece um excelente projecto de vida. Mas parece-me fundamental perceber que não são os nossos gostos que nos definem. As coisas não são, de facto, assim tão simples.

David Hume, em Of Standard of Taste, começa por admitir a impossibilidade de haver um padrão de gosto: "It is natural for us to seek a standard of taste; a rule by which the various sentiments of men may be reconciled; at least, a decision, afforded, confirming one sentiment and condemning the other. There is a species of philosophy, which cuts off all hopes of success in such an attempt, and represents the impossibility of ever attaining any standard of taste." Segundo Hume, o gosto nivela nos casos gerais, mas rapidamente divide nos casos particulares: "(...) But when critics come to particulars, this seeming unanimity vanishes; and it is found that they had affixed a very different meaning to their expressions." É na passagem dos casos gerais, em que existe uma aparente unanimidade, para os casos particulares, ou para a explicação do que queremos dizer com determinadas palavras, que a separação começa.

Todos podemos apreciar a elegância, mas quando queremos dar exemplos da mesma ou explicá-la, o conceito dificilmente terá o mesmo significado para todos: as controvérsias de gosto não se resolvem com clarificações linguísticas. Mas quando o problema parece resolver-se com o provérbio "gostos não se discutem", Hume introduz a ideia de um senso comum; comum a uns e não a outros: "(...) there is certainly a species of common sense which opposes it, at least serves to modify and restrain it." Todos temos o nosso gosto, mas só o gosto de alguns interessa e é verdadeiro. A natural igualdade dos gostos é absurda para Hume por causa da impossibilidade de igualarmos objectos diferentes. Sempre que o fazemos, o nosso gosto não merece crédito; quase como se não estivéssemos preparados para gostar.

O veredicto dos que têm uma delicadeza do gosto é aquele que realmente interessa e que pode chegar a estabelecer uma espécie de padrão: "A good palate is not tried by strong flavours; but by a mixture of small ingredients, where we are still sensible of each part, notwithstanding its minuteness and its confusion with the rest." Segundo Hume, só podemos distinguir os vários ingredientes através da experiência e da comparação: "So advantageous is practice to the discernment of beauty, that, before we can give judgment of any work of importance, it will even be requisite, that that very individual performance be more than once perused by us and be surveyed in different lights with attention and deliberation." O mundo humeano é constituído por pessoas capazes de sentir prazer ou desprazer, embora só algumas tenham autoridade para emitir juízos de gosto: "Thus, though the principles of taste be universal, and, nearly, if not entirely the same in all men; yet few are qualified to give judgment on any work of art, or establish their own sentiment as a standard of beauty."

Hume chega a descrever o verdadeiro padrão de gosto: "Strong sense, united to delicate sentiment, improved by practice, perfected by comparison, and cleared of all prejudice, can alone entitle critics to this valuable character; and the joint verdict of such, wherever they are to be found, is the true standard of taste and beauty." Mas não existe um padrão de gosto porque não há acordo, embora Hume fale numa autoridade do gosto constituída por críticos desprovidos de preconceitos, isentos, refinados, experientes e conhecedores: "Though men of delicate taste be rare, they are easily to be distinguished in society by the soundness of their understanding and the superiority of their faculties above the rest of mankind." Mas se o gosto é uma questão de escolha, como afirma depois Hume - "We choose our favourite author as we do our friend, from a conformity of humour and disposition" - então pode ser nivelador, no sentido em que o gosto é uma característica da espécie humana e nos aproxima, nos identifica.

Immanuel Kant afasta-se de Hume na definição de juízo de gosto: "(...) não é o prazer, mas a validade universal deste prazer que é percebida como ligada no ânimo ao simples julgamento de um objecto, e que é representada a priori num juízo de gosto como regra universal para a faculdade do juízo e válida para qualquer um. É um juízo empírico o facto que eu perceba e ajuíze um objecto com prazer. É porém um juízo a priori que eu o considere belo, isto é que eu deva postular aquele comprazimento em qualquer um como necessário." Kant afasta-se dos juízos de gosto a posteriori e dependentes da experiência de Hume, para os universalizar e designá-los como juízos sintéticos ou que acrescentam uma informação de prazer ou desprazer, a priori, ou seja, independentes de qualquer experiência. O gosto deixa assim de depender do conhecimento e o tribunal de gosto de Hume deixa de fazer sentido: todos podemos dizer que algo é belo porque os objectos não são independentes de nós. O juízo de gosto é uma maneira de lidarmos com as coisas, de as acolhermos. Ou seja, para Kant, nada acontece sem que o fim sejamos nós próprios: "(...) o juízo de gosto funda-se sobre um conceito (de um fundamento em geral da conformidade a fins subjectiva da natureza para a faculdade do juízo), a partir do qual porém nada pode ser conhecido e provado acerca do objecto, porque esse conceito é em si indeterminável e inapropriado para o conhecimento."

Kant conclui que todo o juízo de gosto depende de supormos que tudo aponta para nós. Ou seja, o que acolhemos é o que somos, não havendo distinção entre sujeito e objecto: "(...) não se trata de saber o que a natureza é, ou tão pouco o que ela é como um fim para nós, mas como a acolhemos."

Eu gosto da explicação de Kant.

Bibliografia: 1 e 2.
Ainda vou a tempo: de destacar a participação de um dos leitores do Abrupto sobre a liberdade de expressão e o modo como é (pouco e mal) vivida no nosso País. José Pedro Pessoa e Costa escreve: "Sempre que nos indignamos com o facto de outrem exprimir uma opinião - o que é diferente de nos indignarmos com as opiniões expressas - restringimos o nosso espaço de liberdade. É a political correcteness que desponta por detrás de bem pensantes opiniões." Clarinho como água.

quinta-feira, março 10, 2005

A experiência que não ajuda

Cair na mesma esparrela enerva qualquer pessoa interessada em melhorar a sua vida. Por que batemos com o joelho sempre naquela esquina da mesa ou todos os dias bebemos o chá a ferver? Lamentavelmente, não é com o joelho cheio de nódoas negras nem com a língua pejada de bolhas que percebemos a necessidade de uma nova decoração e as vantagens dos batidos de frutas.

Não aprender com os erros é comum e coisa triste. Embora a experiência não se resuma às patas metidas nas poças lamacentas da vida, é verdade que quase nunca fixamos as emendas que timidamente fizemos. "Para a próxima, não me apanham às seis da tarde na Av. da República", dizemos um dia, certos de que nunca mais faremos um trajecto de dois - pronto, cinco - minutos numa hora. Na semana seguinte lá estamos de novo porque nos "pareceu estar mais descongestionada".

Ora, se assim é, talvez seja melhor acreditarmos que a aprendizagem é também independente da experiência. Se não preciso de me atirar de uma janela para saber que chego lá abaixo em más condições, também não será imperativo experimentar o sabor de um peixe molarengo para viver um dia de agonia intestinal. Assim como não me parece essencial visitar o Rio de Janeiro em Dezembro para saber que faz calor, não julgo ser fundamental atirar-me para debaixo de um comboio para perceber o desespero de Anna Karenina. Graças à ficção podemos andar à solta a descrever e a compreender situações extremas por que nunca passámos.

Mas nem só de exemplos de enganos vive o homem. Quando Virgílio Expósito, compositor argentino, escreveu a partir de versos do seu irmão, Homero Expósito, "primero hay que saber sufrir, despues amar, despues partir e al fin andar sin pensamiento", parte do belíssimo tango Naranjo en Flor*, tinha 19 anos de idade. E como diabo o sabia?

* O que estão a ouvir é precioso. Trata-se de Virgilio Expósito, com 80 anos de idade, a cantar Naranjo en Flor. A letra completa antes de cá estar, já cá estava.

quarta-feira, março 09, 2005

Adenda para um estudo comparativo: decidi deixar neste post a interpretação de Julio Sosa do tango Cambalache para que possam comparar com a que agora ouvem de Roberto Goyeneche. A indignação raivosa de Sosa é substituída pelo tom "não percebo qual é o espanto, porque toda a gente sabe que foi e sempre será assim", de Goyeneche. Gosto dos dois.

Nota posterior: a música no blogue torna-o mais pesado, razão pela qual retirei este linque.
Blockbomba: The Notebook (muitas vezes lindo).
Caprichos: este blogue passa a ter uma lista internacional de air blogs.

terça-feira, março 08, 2005

"Do you know Professor Anscombe?" (Via The Conservative Philosopher.)
Bomba de Ouro: para o post sequência com laranjas, no favorito Last Tapes.
Agradecimento fundamental: se ouviram e ouvem, neste blogue, a voz de Borges, temas de Lupicínio Rodrigues, tangos clássicos e novos, tudo isso se deve ao génio informático e à infinita paciência da Vieira do Mar. Sem ti, não havia música tão boa no bomba. Muito obrigada, minha querida.
E o que é se faz no dia internacional da Mulher?

Your Penis Name is: The Bald Avenger



Cá está. Obrigada, Papoilinha.
Eu hoje acordei assim...


Lauren Bacall

... com cara de quem está a ouvir Julio Sosa a cantar raivosamente Cambalache. A letra já cá estava.

segunda-feira, março 07, 2005

The sound of bomba: para hoje, mais um tango clássico, desta vez de Manuel Sucher e Roberto Giménez. A interpretação de Que me importa tu pasado é de Jose Basso y su orquesta. A letra é interna.
Blockbomba: 11:14, Man on Fire.

domingo, março 06, 2005

The sound of bomba: ouçamos, neste domingo nublado, o belíssimo tango de 1935, Volver. Assinalei a negrito os versos da minha preferência.

Volver
música de Carlos Gardel
letra de Alfredo le Pera
interpretado por Carlos Gardel

Yo adivino el parpadeo
de las luces que a lo lejos,
van marcando mi retorno.
Son las mismas que alumbraron,
con sus pálidos reflejos,
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso,
siempre se vuelve al primer amor.
La quieta calle donde el eco dijo:
"Tuya es su vida, tuyo es su querer",
bajo el burlón mirar de las estrellas
que con indiferencia hoy me ven volver.

Volver,
con la frente marchita,
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir, que es un soplo la vida,
que veinte años no es nada,
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir,
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo,
que lloro otra vez.

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que, pobladas de recuerdos,
encadenan mi soñar.
Pero el viajero que huye,
tarde o temprano detiene su andar.
Y aunque el olvido que todo destruye,
haya matado mi vieja ilusión,
guarda escondida una esperanza humilde,
que es toda la fortuna de mi corazón.

sábado, março 05, 2005

Sobre a música no bomba: os leitores deste blogue sabem que, entre foie gras de tango e champanhe Frank Sinatra, terão sopa de R&B, frango assado com soul, rap de pressão, mousse de Madonna, brigadeiros de Duran Duran, farófias de Depeche Mode...
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- Podemos continuar a ouvir a voz de Borges no sempre excelente Rua da Judiaria. Mais lágrimas.
- O folhetim do Luís Carmelo, Um Amor Catalão, no Miniscente, avança a velocidade supersónica. Já vai no oitavo episódio! A seguir.
- O Voz do Deserto faz hoje dois anos e um dia! Muitíssimos parabéns, Tiago!
Eu hoje acordei assim...


Valeria Mazza

... com uma vontade imensa de ouvir Mi Buenos Querido. Já está na grafonola. A letra é interna.

sexta-feira, março 04, 2005

The sound of bomba: mas basta de comoção e choremos a sério. A partir de agora, e não sei bem até quando, ouviremos tangos clássicos. Espero que aguentem.

El día que me quieras
música de Carlos Gardel
letra de Alfredo le Pera
interpretado por Carlos Gardel

Acaricia mi ensueño
el suave murmullo
de tu suspirar.
Cómo ríe la vida
si tus ojos negros
me quieren mirar.
Y si es mío el amparo
de tu risa leve
que es como un cantar,
ella aquieta mi herida,
todo todo se olvida.

El día que me quieras
la rosa que engalana
se vestirá de fiesta
con su mejor color.
Y al viento las campanas
dirán que ya eres mía,
y locas las fontanas
se contarán su amor.

La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hará nido en tu pelo,
luciérnaga curiosa que verás
que eres mi consuelo.

El día que me quieras
no habrá más que armonía.
Será clara la aurora
y alegre el manantial.
Traerá quieta la brisa
rumor de melodía.
Y nos darán las fuentes
su canto de cristal.
El día que me quieras
endulzarán sus cuerdas
el pájaro cantor.
Florecerá la vida,
no existirá el dolor.

La noche que me quieras
desde el azul del cielo,
las estrellas celosas
nos mirarán pasar.
Y un rayo misterioso
hará nido en tu pelo.
Luciérnaga curiosa que verás
que eres mi consuelo.
Adenda: depois de ouvirmos Borges a ler Borges, não sei, sinceramente, o que poderá ser melhor. Nada, suponho. Resta-me deixar-vos a voz de Borges neste post. Quando tiverem saudades, bastará clicar no play, encostarem-se na cadeira e comoverem-se à vontade.

quinta-feira, março 03, 2005

Coisas que melhoram algumas vidas (13)

Ouvir Jorge Luis Borges. Borges e yo, de El Hacedor, 1960.

Borges e eu

Ao outro, a Borges, é que acontecem as coisas. Eu caminho por Buenos Aires e demoro-me, talvez já mecanicamente, na contemplação do arco de um saguão e da cancela; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo o seu nome num trio de professores ou num dicionário biográfico. Agradam-me os relógios de areia, os mapas, a tipografia do século XVIII, as etimologias, o sabor do café e a prosa de Stevenson; o outro comunga dessas preferências, mas de um modo vaidoso que as converte em atributos de um actor. Seria exagerado afirmar que a nossa relação é hostil; eu vivo, eu deixo-me viver, para que Borges possa urdir a sua literatura, e essa literatura justifica-me. Não me custa confessar que conseguiu certas páginas válidas, mas essa páginas não me podem salvar, talvez porque o bom já não seja de alguém, nem sequer do outro, mas da linguagem ou da tradição. Quanto ao mais, estou destinado a perder-me definitivamente, e só algum instante de mim poderá sobreviver no outro. Pouco a pouco vou-lhe cedendo tudo, ainda que me conste o seu perverso hábito de falsificar e magnificar. Espinosa entendeu que todas as coisas querem perseverar no seu ser; a pedra eternamente quer ser pedra, e o tigre um tigre. Eu hei-de ficar em Borges, não em mim (se é que sou alguém), mas reconheço-me menos nos seus livros do que em muitos outros ou no laborioso toque de uma viola. Há anos tratei de me livrar dele e passei das mitologias do arrabalde aos jogos com o tempo e com o infinito, mas esses jogos agora são de Borges e terei de imaginar outras coisas. Assim, a minha vida é uma fuga e tudo perco, tudo que é do esquecimento ou do outro. Não sei qual dos dois escreve esta página.

Jorge Luis Borges, Obras Completas, vol. II, O Fazedor, tradução de Fernando Pinto do Amaral, Lisboa, Editoral Teorema, 1998, p. 181.

quarta-feira, março 02, 2005

The sound of bomba: para hoje proponho um último tango bajo de Melingo. Deixei o meu preferido para o fim. Espero que gostem.

Narigón
de Daniel Melingo

Por los pagos de mi barrio,
habia un tipo que se las daba de guapo,
pero su mente estaba revirada.
Le decian el narigón,
por lo mucho que aspiraba.
Salía de noche,
volvia de dia
no tenía paz ese muchacho.
pero todos le decían...
"vas a tener que parar".
Y se piantó nomás intoxicado,
quedó duro como rulo de estatua.
hasta que un buen día,
el mate no le dió para más.
Narigón compadre,
qué hiciste de tu sangre?
Narigón compadre,
malevo de pacotiya.
Narigón compadre,
aprende de una vez a darle.
Narigón compadre...

terça-feira, março 01, 2005

Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- A triciclofeliz analisa à lupa os vestidos exclusivos da passadeira vermelha. Discordar é completamente irrelevante. Yay, triciclo! Yay!
- A Vieira do Mar e a Miss Pearls destacam a Beyoncé e os seus vestidos pretos. É tudo óptimo. Não consigo é esquecer aquele tema que cantou em dialecto... em francês! Espera, foi em francês...
- A Papoila entrou na discussão! A Minha Menina...
- O lado feminino deste blogue explica. Sim, a cor do vestido Swank podia ser outra que tornasse o vestido mais leve, mas... I just love it!
Eu hoje acordei assim...


Vivien Leigh

... confirma-se: está muito frio, demasiado vento e não há sol nem céu azul que nos salve.

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