Tu hoje acordaste grávida
Eu, Charlotte Maria Quevedo, aceito honrada o convite que me foi dirigido. Esteja certa, Papoila Maria Baptista, de que cumprirei as funções de Conselheira Pré-Natal com determinação e brio durante os meses que se seguem. Qualquer desvio à norma papoliana será severamente castigado com jejuns, noitadas e t-shirts do Mickey. Sob o mandamento "dormir bem e comer melhor é bom para tudo e mesmo para a procriação" acordarei doravante, sempre com o sentido nessa pessoa que agora habita no corpo da Menina. A Papoila tem uma pessoa dentro dela, é verdade. A Papoila pode dizer que tem uma pessoa dentro dela, porque tem mesmo. E se essa pessoa tem fome, a Papoila dá; se a pessoa quer dormir, a Papoila dá. Outra das grandes vantagens da gravidez será a possibilidade de falar na primeira pessoa do plural sem parecer ridículo. A Papoila pode usar frases como: "Nós queremos almoçar no balcão do Gambrinus a partir de hoje, todos os dias", "nós queremos dormir 18 horas seguidinhas e não queremos ouvir nem um pio" e assim por diante. O plural majestático faz finalmente sentido! São essas as tão faladas maravilhas da gravidez. E assim será a labuta da Minha Menina nestes nove meses em que a acompanharei, sempre de olho numa maior lamechada proibitiva (culpa das hormonas doidas, doidas), preparada para lhe atirar com as Críticas kantianas à cabeça ao menor deslize, ao mais ligeiro esboço de pirosada.
Uma palavra para a fiel depositária da catana giratória: usa-me essa merda que tenho os bracinhos cheios de arteriosclerose.
P.S.: a t-shirt segue pelo correio.
blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
quinta-feira, setembro 30, 2004
quarta-feira, setembro 29, 2004
terça-feira, setembro 28, 2004
segunda-feira, setembro 27, 2004
Bomba de Ouro: "A função da crítica é me divertir falando de livros. Não tem problema que esteja errada, se estiver errada divertidamente; mas nunca deveria estar certa, se estiver certa chatamente." Alexandre Soares Silva
sábado, setembro 25, 2004
Stop the Press! O Seta Despedida, mais um dos meus blogues preferidos, fez ontem um ano. Parabéns à Alexandra Barreto!
sexta-feira, setembro 24, 2004
Eu hoje acordei assim...
... embora, lamentavelmente, sem a parede almofadada que tanto jeito me daria agora. Pronto, está bem... não acordei de laço na cabeça. Parece-me é melhor ter a fotografia da Rita Hayworth no ecrã do que um texto a dizer que não tenho tempo para escrever. Pathetic. Até jázinho!
... embora, lamentavelmente, sem a parede almofadada que tanto jeito me daria agora. Pronto, está bem... não acordei de laço na cabeça. Parece-me é melhor ter a fotografia da Rita Hayworth no ecrã do que um texto a dizer que não tenho tempo para escrever. Pathetic. Até jázinho!
quinta-feira, setembro 23, 2004
Confirma-se: já aqui escrevi que não tenho tempo para escrever no blogue, certo? Pois confirma-se! Gostaria, no entanto, de dizer o seguinte: ao contrário daquilo em que durante muito tempo acreditei, o que lemos pode modificar-nos. Não, não. Um momento. É melhor passar isto para a primeira pessoa porque de mim sei eu (saberei mesmo?), já dos outros... Ora, posso agora afirmar que mudei por causa de algumas coisas que li. Essas palavras, além de me terem permitido pensar sobre assuntos de outro modo não me passariam pela cabeça, ajudaram também a que compreendesse outras questões que de facto me atormentavam. Houve alguém que na sua vida, sem saber nada de mim, dedicou o seu tempo a resolver os meus problemas. Deixar que as palavras dos outros (dos que admiro) mudem o que sou é a minha maneira de respeitar profundamente os seus autores. Aprender é isso. O que digo parece vaidoso, mas - read again! - não é. E o sofrimento é do género feminino que nunca leu Séneca.
Ninho de cucos (4)
Pensei, por acaso, talvez por estar cansada, o que teria acontecido se alguém (Alcibíades ou mesmo Críton) tivesse dito fuck off (ou ade gamisou), depois da terceira pergunta de Sócrates. A resposta classe média: Sócrates, ofendido, foi-se embora. A resposta mundana: respondeu com uma piada e mudou de grupo.
Adenda: Platão, depois desse episódio impensável, apanhou uma piela de caixão à cova.
Pensei, por acaso, talvez por estar cansada, o que teria acontecido se alguém (Alcibíades ou mesmo Críton) tivesse dito fuck off (ou ade gamisou), depois da terceira pergunta de Sócrates. A resposta classe média: Sócrates, ofendido, foi-se embora. A resposta mundana: respondeu com uma piada e mudou de grupo.
Adenda: Platão, depois desse episódio impensável, apanhou uma piela de caixão à cova.
quarta-feira, setembro 22, 2004
Apio Verde! Hoje dois dos meus blogues favoritos celebram o seu primeiro aniversário: Impensável e Quartzo, Feldspato & Mica. Hip hip hurray!
terça-feira, setembro 21, 2004
I think I better sing before I turn 51. I mean 29, excuse me!*
You Make Me Feel So Young**
You make me feel so young
You make me feel like spring has sprung
Every time I see you grin
I'm such a happy individual
The moment that you speak
I want to go and play hide-and-seek
I want to go and bounce the moon
Just like a toy balloon
You and I are just like a couple of tots
Running across the meadow
Picking up lots of forget-me-nots
You make me feel so young
You make me feel there are songs to be sung
Bells to be rung, and a wonderful fling to be flung
And even when I'm old and gray
I'm gonna feel the way I do today
Because you make me feel so young
*Frank Sinatra at the Sands, with Count Basie & the Orchestra, arranged and conducted by Quincy Jones.
**Música de Joseph Myrow e letra de Mack Gordon, 1946.
You Make Me Feel So Young**
You make me feel so young
You make me feel like spring has sprung
Every time I see you grin
I'm such a happy individual
The moment that you speak
I want to go and play hide-and-seek
I want to go and bounce the moon
Just like a toy balloon
You and I are just like a couple of tots
Running across the meadow
Picking up lots of forget-me-nots
You make me feel so young
You make me feel there are songs to be sung
Bells to be rung, and a wonderful fling to be flung
And even when I'm old and gray
I'm gonna feel the way I do today
Because you make me feel so young
*Frank Sinatra at the Sands, with Count Basie & the Orchestra, arranged and conducted by Quincy Jones.
**Música de Joseph Myrow e letra de Mack Gordon, 1946.
segunda-feira, setembro 20, 2004
Thank you! Oh thank you, you all is so wonderful!*
(actualizado)
Agradeço aos queridos blogueadores que me enviaram votos de parabéns, tanto por e-mail como por blogue, por ocasião das festividades associadas ao meu aniversário (no sábado foi feriado nacional, repararam?). Uma ganda beijoca para todos e para os outros também: Ana Gomes Ferreira; Ana Rute Cavaco; Ana Albergaria; Ana Roque; Jorge Palinhos; Samuel; Eduardo; Aqua; Universos Desfeitos; Aguarela; A Tasca; PreDatado; Papoilinha; Megabatukada; João Pedro; Maradoninha; Inês; Catarina; Xanel Cinco; Triciclofeliz; Hilda; João; Nuno; Vieira do Mar; Bruno; Os Outros de Nós; Ex-Caloiros; W.; The Dying Animal; Nuno; Zedtee; M.; JPP; JPC; Luís; Américo (que texto comovedor); Helena Digitalis (a foto da Bombe Glacée é divertidíssima!); Ricardo; Impertinente; Impensado; Hugo; Macguffinzinho; Pedro; António; Piano; Cláudia; Alexandra; Rititas; Malícia; Alberto; leitores Telma, Pedro Jaime e Manuela; e Querido Bendito Menino (e o que é que uma deusa está a fazer com uma esfregona na mão? Ai tudo pela rima... Adorei!).
* Missy Elliott, de Pass That Dutch, This Is Not A Test.
(actualizado)
Agradeço aos queridos blogueadores que me enviaram votos de parabéns, tanto por e-mail como por blogue, por ocasião das festividades associadas ao meu aniversário (no sábado foi feriado nacional, repararam?). Uma ganda beijoca para todos e para os outros também: Ana Gomes Ferreira; Ana Rute Cavaco; Ana Albergaria; Ana Roque; Jorge Palinhos; Samuel; Eduardo; Aqua; Universos Desfeitos; Aguarela; A Tasca; PreDatado; Papoilinha; Megabatukada; João Pedro; Maradoninha; Inês; Catarina; Xanel Cinco; Triciclofeliz; Hilda; João; Nuno; Vieira do Mar; Bruno; Os Outros de Nós; Ex-Caloiros; W.; The Dying Animal; Nuno; Zedtee; M.; JPP; JPC; Luís; Américo (que texto comovedor); Helena Digitalis (a foto da Bombe Glacée é divertidíssima!); Ricardo; Impertinente; Impensado; Hugo; Macguffinzinho; Pedro; António; Piano; Cláudia; Alexandra; Rititas; Malícia; Alberto; leitores Telma, Pedro Jaime e Manuela; e Querido Bendito Menino (e o que é que uma deusa está a fazer com uma esfregona na mão? Ai tudo pela rima... Adorei!).
* Missy Elliott, de Pass That Dutch, This Is Not A Test.
domingo, setembro 19, 2004
sábado, setembro 18, 2004
Dia de aniversário: sou asmática como o Proust, míope como a Monroe e Virgem como o Borges. Como se não fosse pouco, faço hoje anos.
Partilham comigo a data de aniversário o Comandante Nuno Mota Pinto e o Samuel Fora-da-Lei. Parabéns a ambos!
Partilham comigo a data de aniversário o Comandante Nuno Mota Pinto e o Samuel Fora-da-Lei. Parabéns a ambos!
sexta-feira, setembro 17, 2004
Para o Impensado.
Eu estou preocupado
e um pouco dorido
ao ver que em várias revistas
adultos, ministros, artistas,
nas entrevistas da TV
demonstram que os jovens são brutos,
boémios, incultos, autistas,
não têm emprego
ou são arrivistas e mal-educados.
São tão depressivos, são tão destrutivos.
Que hei-de fazer?
Com 23 anos já não faço planos.
Para quê fazer?
Eu vivo da esperança na vaga mudança
que nunca vai acontecer.
Eu não tomo drogas.
Não sou alcoólico uuu...
Quinteto Tati, de Rumba dos Inadaptados (ou a Morte do Jovem Contribuinte), Exílio.
Eu estou preocupado
e um pouco dorido
ao ver que em várias revistas
adultos, ministros, artistas,
nas entrevistas da TV
demonstram que os jovens são brutos,
boémios, incultos, autistas,
não têm emprego
ou são arrivistas e mal-educados.
São tão depressivos, são tão destrutivos.
Que hei-de fazer?
Com 23 anos já não faço planos.
Para quê fazer?
Eu vivo da esperança na vaga mudança
que nunca vai acontecer.
Eu não tomo drogas.
Não sou alcoólico uuu...
Quinteto Tati, de Rumba dos Inadaptados (ou a Morte do Jovem Contribuinte), Exílio.
Ainda bem que não me saiu o Enforcado...
You are the Sun card. The light of the Sun reveals
all. The Sun is joyful and bright, without fear
or reservation. The childish nature of the Sun
allows you to play and feel free. Exploration
can truly take place in the light of day when
nothing is hidden. The Sun's rays fill you with
energy so that you may live life to its
fullest, milking pleasure out of each day. Such
joy and energy can bring wealth and physical
pleasure. To shine in the light of day is to
have confidence, to soak up its rays is to feel
the freedom of a child. Image from: Stevee
Postman. http://www.stevee.com/
Which Tarot Card Are You?
(Via O PreDatado.)
You are the Sun card. The light of the Sun reveals
all. The Sun is joyful and bright, without fear
or reservation. The childish nature of the Sun
allows you to play and feel free. Exploration
can truly take place in the light of day when
nothing is hidden. The Sun's rays fill you with
energy so that you may live life to its
fullest, milking pleasure out of each day. Such
joy and energy can bring wealth and physical
pleasure. To shine in the light of day is to
have confidence, to soak up its rays is to feel
the freedom of a child. Image from: Stevee
Postman. http://www.stevee.com/
Which Tarot Card Are You?
(Via O PreDatado.)
quinta-feira, setembro 16, 2004
Conversas deliciosas
- Mas conta lá! O que é que ela cantou do Like A Prayer?
- Só o Express Yourself.
- Hm... e baladas?
- Vê lá tu que cantou o Crazy For You!
- Não acredito...
- É verdade...
- E o Cherish?
- Não...
- E o True Blue?
- Nope...
- E o La Isla Bonita?
- Oh, por amor de Deus! Não.
- E aquela do filme... aquela...
- O Die Another Day! Sim, essa cantou!
- Não... aquela com o Mike Myers...
- O Beautiful Stranger... Não, essa não cantou.
- E o Don't Cry For Me Argentina?
- Olha, desculpa lá, mas agora não tenho tempo para falar contigo.
- Mas conta lá! O que é que ela cantou do Like A Prayer?
- Só o Express Yourself.
- Hm... e baladas?
- Vê lá tu que cantou o Crazy For You!
- Não acredito...
- É verdade...
- E o Cherish?
- Não...
- E o True Blue?
- Nope...
- E o La Isla Bonita?
- Oh, por amor de Deus! Não.
- E aquela do filme... aquela...
- O Die Another Day! Sim, essa cantou!
- Não... aquela com o Mike Myers...
- O Beautiful Stranger... Não, essa não cantou.
- E o Don't Cry For Me Argentina?
- Olha, desculpa lá, mas agora não tenho tempo para falar contigo.
Interruptus ao quadrado: meti as mãos na corda que tenho enrolada no pescoço (calma, meus queridos leitores, trata-se de uma mera imagem), estabilizei o banquito e desci. Só para comer uma das sobremesas da Helena. Rapariga esforçada e trabalhadora sem açúcar não funciona. Os "intervalos de Kavafis" sabem muito melhor com halvás. Obrigada!
quarta-feira, setembro 15, 2004
Anúncio: nunca pensei que pudesse chegar ao ponto de escrever no blogue que não tenho tempo para escrever no blogue. Se não tenho tempo, o que estou neste momento a fazer? Então, é porque é mesmo importante, urgente, vital que o faça. Não é nada... É, É! Nã... Bom, resta-me explicar ao que vim. Não tenho tempo. Mesmo. A sério, sem piadas desta vez. O bomba funcionará até ao fim de Setembro com a sua autora com uma corda ao pescoço já com os pézitos num banquito que balança numa perna só. Get the picture? Desculpem-me, pufavô. São muitas as nobres causas em que me encontro envolvida. A do blogue tem sido menos cuidada. A partir de 1 de Outubro tenho duas possibilidades: ou fico pendurada na corda, ou desço do banco com a elegância possível de uma criatura esforçada e descalça e vou a correr comprar sapatos. Seja qual for o resultado, e por muito estranho que pareça (se ficar pendurada não será cómodo), contá-lo-ei aqui.
Bomba de Ouro: "(...) porque em certas matérias a inteligência está na superfície, e o que surpreende é como se pode ser burro de maneiras tão profundas." Ivan Nunes, em A Praia. (Volta, Ivan, que estás perdoado.)
Caprichos: chegou a época do ano dos copos de leite com chocolate às cinco da tarde. Como diz o meu querido amigo Zé Diogo, é "o regresso às aulas".
terça-feira, setembro 14, 2004
It's so hard to find someone to admire*
Até ontem pensava que a Madonna não existia. Julgava que era apenas uma imagem que, por muitas razões, me acompanhara nos meus últimos quase 20 anos de vida. Apercebi-me disso quando me arrepiei toda ao vê-la a fazer uma magnífica ponte seguida de um belíssimo pino logo no início do espectáculo. Nem sei do que gostei mais, se do tango em Die Another Day; se do segundo tema que cantou sozinha em palco, Nobody Knows Me, de que gosto quase tanto como de Holiday; se da cadeira eléctrica, em que se apresentou com um cabelo e uma maquilhagem irrepreensíveis; se da produção multimédia absolutamente deslumbrante que acompanhou todo o espectáculo; se das bailarinas penduradas em trapézios; se das imensas provocações ao público (disse em português: "obrigado", "como estão?" e "estão contentes?"); se da abertura de pernas a que ninguém, nem a mulher mais heterossexual desta terra, pode ficar indiferente; se do kilt, correctíssimo; se da língua na guitarra assim como quem não quer a coisa... Na roda de raparigas em Papa Don't Preach até me vieram as lágrimas aos olhos. De repente tão infantil, tão simples. Peço desculpa aos que vão ver o espectáculo hoje. Não quero desvendar tudo, mas por muito que conte, nada substitui o que vi. Inesquecível.
*Nobody Knows Me, American Life.
Até ontem pensava que a Madonna não existia. Julgava que era apenas uma imagem que, por muitas razões, me acompanhara nos meus últimos quase 20 anos de vida. Apercebi-me disso quando me arrepiei toda ao vê-la a fazer uma magnífica ponte seguida de um belíssimo pino logo no início do espectáculo. Nem sei do que gostei mais, se do tango em Die Another Day; se do segundo tema que cantou sozinha em palco, Nobody Knows Me, de que gosto quase tanto como de Holiday; se da cadeira eléctrica, em que se apresentou com um cabelo e uma maquilhagem irrepreensíveis; se da produção multimédia absolutamente deslumbrante que acompanhou todo o espectáculo; se das bailarinas penduradas em trapézios; se das imensas provocações ao público (disse em português: "obrigado", "como estão?" e "estão contentes?"); se da abertura de pernas a que ninguém, nem a mulher mais heterossexual desta terra, pode ficar indiferente; se do kilt, correctíssimo; se da língua na guitarra assim como quem não quer a coisa... Na roda de raparigas em Papa Don't Preach até me vieram as lágrimas aos olhos. De repente tão infantil, tão simples. Peço desculpa aos que vão ver o espectáculo hoje. Não quero desvendar tudo, mas por muito que conte, nada substitui o que vi. Inesquecível.
*Nobody Knows Me, American Life.
segunda-feira, setembro 13, 2004
sexta-feira, setembro 10, 2004
quarta-feira, setembro 08, 2004
E o tempo em Agosto? Uma desgraça...
Ontem, num jantar em que participaram mais quatro blogueadores (além da vossa bomba favorita), queixava-me da falta de assunto. Quando o trabalho toma conta da vida própria e a humildade passa a andar pelas ruas da amargura (parece não ter relação nenhuma mas tem) não há blogue que aguente. Nem o do próprio nem os dos que o lêem. Pois é... passado um ano e meio, falar de quê e, sobretudo, como? Do filme Monster, com a Charlize gorda e dentuça? Só se fosse para desancar nos actores, essa espécie de gente estranha que se sujeita às coisas mais incríveis para o bem da arte... ou dos Óscares, enfim. Mas nada contra. Gostei do filme e a uma dada altura até tomei o partido da assassina. Pois é, mas o tema esgota-se aqui. E por falar em arte. Ontem, no jantar, a minha querida Ana disse que a perfeição não existia. Blasfémia! Mas terei andado a gastar o meu grego para nada? Fui obrigada a intervir e a falar nos Jogos Olímpicos, chegando mesmo ameaçar a republicação dos 16 posts como prova da existência da perfeição (podia ser que a repetição funcionasse como argumento por uma vez na vida). Ora depois de afirmarmos com toda a convicção do mundo que, por exemplo, na ginástica a perfeição é atingida e que o perfeito é belo, rapidamente concluímos que não é arte. "Mas aquilo não é arte!" "Pois não!" E não é arte porque é irrepetível. E vale a pena desenvolver o tema? Bem me parecia que não queriam. Next subject, please?
Ontem, num jantar em que participaram mais quatro blogueadores (além da vossa bomba favorita), queixava-me da falta de assunto. Quando o trabalho toma conta da vida própria e a humildade passa a andar pelas ruas da amargura (parece não ter relação nenhuma mas tem) não há blogue que aguente. Nem o do próprio nem os dos que o lêem. Pois é... passado um ano e meio, falar de quê e, sobretudo, como? Do filme Monster, com a Charlize gorda e dentuça? Só se fosse para desancar nos actores, essa espécie de gente estranha que se sujeita às coisas mais incríveis para o bem da arte... ou dos Óscares, enfim. Mas nada contra. Gostei do filme e a uma dada altura até tomei o partido da assassina. Pois é, mas o tema esgota-se aqui. E por falar em arte. Ontem, no jantar, a minha querida Ana disse que a perfeição não existia. Blasfémia! Mas terei andado a gastar o meu grego para nada? Fui obrigada a intervir e a falar nos Jogos Olímpicos, chegando mesmo ameaçar a republicação dos 16 posts como prova da existência da perfeição (podia ser que a repetição funcionasse como argumento por uma vez na vida). Ora depois de afirmarmos com toda a convicção do mundo que, por exemplo, na ginástica a perfeição é atingida e que o perfeito é belo, rapidamente concluímos que não é arte. "Mas aquilo não é arte!" "Pois não!" E não é arte porque é irrepetível. E vale a pena desenvolver o tema? Bem me parecia que não queriam. Next subject, please?
terça-feira, setembro 07, 2004
Welcome back! Como já perceberam, o Bruno Alves regressou à blogosfera. O linque ficará no destaque do bomba durante algum tempo. Toca a actualizar as listas! Ganda beijinho de reboas-vindas.
segunda-feira, setembro 06, 2004
"I'm livin' my life like it's golden"
Jill Scott, desaparecida depois do magnífico Who's Jill Scott? Words and Sounds Vol. 1 (ouvido milhares de vezes pela vossa criada fardada), e de Experience, lança agora Beautifully Human - Words and Sounds, Vol. 2, um disco que tem de ser ouvido com muita atenção (sobretudo por apreciadores de R&B). Porque é muito bom, no sentido em que é bom para mim e para todos, que não se fazem coisas destas por menos.
Jill Scott, desaparecida depois do magnífico Who's Jill Scott? Words and Sounds Vol. 1 (ouvido milhares de vezes pela vossa criada fardada), e de Experience, lança agora Beautifully Human - Words and Sounds, Vol. 2, um disco que tem de ser ouvido com muita atenção (sobretudo por apreciadores de R&B). Porque é muito bom, no sentido em que é bom para mim e para todos, que não se fazem coisas destas por menos.
sábado, setembro 04, 2004
"Quem é o quida da quida, quem é?"
Ando a ler às escondidas (porque estou proibida pelo meu médico-orientador de ler qualquer coisa moderna, que é como quem diz, tudo o que seja posterior ao século I d.C.), Uma Coisa em forma de Assim, de Alexandre O'Neill. Como explica Maria Antónia Oliveira, no posfácio, trata-se de uma recolha de crónicas, "reflexões e devaneios" de O'Neill publicados na imprensa, e já reunidos pelo poeta em 1985 sob o mesmo título. Ora desde o encómio a Jorge Luis Borges, passando pelo conselheiro literário Xaninha, a comunidade portuguesa na Grécia, que ficou famosa aqui na pátria por ser constituída por ex-prostitutas do Cais do Sodré casadas com marinheiros gregos (esta história ouvia-a eu quando vivi na Grécia, imaginem!), a besta célere do best-seller, o-escritor-que-detesta-escrever, "o sabonete com música dentro para os banhos que dou ao meu querido Bicho" até à receita infalível para não ganhar prémios literários, Uma Coisa em forma de Assim é um livro feito para ser apreciado, muito lido, bem manuseado. Longe de mim estar a aconselhá-lo. Eu nem leio estas coisas modernas...
Ando a ler às escondidas (porque estou proibida pelo meu médico-orientador de ler qualquer coisa moderna, que é como quem diz, tudo o que seja posterior ao século I d.C.), Uma Coisa em forma de Assim, de Alexandre O'Neill. Como explica Maria Antónia Oliveira, no posfácio, trata-se de uma recolha de crónicas, "reflexões e devaneios" de O'Neill publicados na imprensa, e já reunidos pelo poeta em 1985 sob o mesmo título. Ora desde o encómio a Jorge Luis Borges, passando pelo conselheiro literário Xaninha, a comunidade portuguesa na Grécia, que ficou famosa aqui na pátria por ser constituída por ex-prostitutas do Cais do Sodré casadas com marinheiros gregos (esta história ouvia-a eu quando vivi na Grécia, imaginem!), a besta célere do best-seller, o-escritor-que-detesta-escrever, "o sabonete com música dentro para os banhos que dou ao meu querido Bicho" até à receita infalível para não ganhar prémios literários, Uma Coisa em forma de Assim é um livro feito para ser apreciado, muito lido, bem manuseado. Longe de mim estar a aconselhá-lo. Eu nem leio estas coisas modernas...
sexta-feira, setembro 03, 2004
We will always have Cambodia
(fotografia de: François Duhamel)
Beyond Borders com Angelina Jolie é, muito provavelmente, um dos piores filmes de sempre. Angelina, ou Sarah Jordan, decide dedicar a sua vida à defesa dos Direitos Humanos, aos refugiados e deslocados. Bom, até aqui parece nobre, mas nada mais enganoso. A miúda está de um chique insuportável na Etiópia (toda de branco, estupenda), deslumbrante no Camboja, de negro e justo vestida, e autêntica capa da Vogue na Chechénia, com um gorro que lhe fica a matar (no pun intended). Além do chique em que se encontra sempre, nos locais de maior miséria e degradação, Sarah envolve-se com o médico e chefe de uma ONG que entretanto, por acaso, também vende armas no meio das caixas de vacinas. Não acho mal, a sério que não. A vida é mesmo assim. O problema é a história de amor no meio de operações de coração aberto, bebés com granadas nas mãos, fome e morte. A paixão entre ambos consuma-se no Camboja, depois de um ataque de guerrilheiros ao acampamento, episódio em que morre o melhor amigo de Nick. Mas não há problema nenhum! Em cerca de seis horas (cálculo feito por alto), o nosso casal de giros está numa espécie de motel cambojano com lençóis branquinhos e tudo. Bloody fantastic! E aquela tesão no meio da miséria não só é imoral como é pecado. Como conseguiram?
(fotografia de: François Duhamel)
Beyond Borders com Angelina Jolie é, muito provavelmente, um dos piores filmes de sempre. Angelina, ou Sarah Jordan, decide dedicar a sua vida à defesa dos Direitos Humanos, aos refugiados e deslocados. Bom, até aqui parece nobre, mas nada mais enganoso. A miúda está de um chique insuportável na Etiópia (toda de branco, estupenda), deslumbrante no Camboja, de negro e justo vestida, e autêntica capa da Vogue na Chechénia, com um gorro que lhe fica a matar (no pun intended). Além do chique em que se encontra sempre, nos locais de maior miséria e degradação, Sarah envolve-se com o médico e chefe de uma ONG que entretanto, por acaso, também vende armas no meio das caixas de vacinas. Não acho mal, a sério que não. A vida é mesmo assim. O problema é a história de amor no meio de operações de coração aberto, bebés com granadas nas mãos, fome e morte. A paixão entre ambos consuma-se no Camboja, depois de um ataque de guerrilheiros ao acampamento, episódio em que morre o melhor amigo de Nick. Mas não há problema nenhum! Em cerca de seis horas (cálculo feito por alto), o nosso casal de giros está numa espécie de motel cambojano com lençóis branquinhos e tudo. Bloody fantastic! E aquela tesão no meio da miséria não só é imoral como é pecado. Como conseguiram?
quinta-feira, setembro 02, 2004
Juro, juro que não manipulei os resultados!
You're going to let it be known that you are a
sexual being. Some people may be offended by
what you do, some will be amused, and some will
be turned on. In the future, you will
mysteriously acquire a British accent.
What band from the 80s are you?
(Via Mood Swing.)
You're going to let it be known that you are a
sexual being. Some people may be offended by
what you do, some will be amused, and some will
be turned on. In the future, you will
mysteriously acquire a British accent.
What band from the 80s are you?
(Via Mood Swing.)
quarta-feira, setembro 01, 2004
Meses do ano: a Diotima, sempre pertinente, lembra a letra de Recordações, do herói português Vitor Espadinha. Sim, eu sei, lai lai lai lai, hm hm hm hm...
Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste a trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar
Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu
Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez
Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste a trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar
Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu
Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez
Ainda sobre os níveis de Eros: ora partir ou "saber partir"... sei lá o que é isso. A expressão "saber partir" já pressupõe uma elegância que julgo perder-se nesse momento. Estou a falar de paixão e amor a sério e não de paixonetas inconsequentes. Partir é outra forma de sofrer, e "y al fin andar sin pensamiento" (os níveis seguintes) funciona depois como a única maneira de não darmos um tiro na cabeça. Isso não significa que a partida não seja encarada com dignidade, mas como a concebo é sempre um momento de violência, de dor. Ficar de cama durante semanas a chorar baba e ranho e emagrecer são duas das imagens que associo à partida. Mas há outra coisa fundamental nesse momento: o silêncio absoluto. Na partida séria não há mais conversas. Simplesmente acabou. Na partida séria não há retorno. O corte é definitivo, por isso é tão sofrido. Esta é, para mim, a única maneira de partir com elegância e sinceridade (tem de haver uma maneira de associar a elegância à sinceridade e a sinceridade no sofrimento é fundamental para não enlouquecermos). O rancor, a raiva, a vontade de vingança etc. são resolvidas depois quando andamos finalmente sem pensamento. É o que nos salva.
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