"The difference is that 60 million is unforgivable" Sarah Silverman
blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Bomba de Ouro: "Acho que o fascinante e ancestral Islão deve ser respeitado, mas não por mim." Alberto Gonçalves, n'O Insurgente.
Pela primeira vez na imprensa portuguesa
Na noite do dia 11 de Fevereiro, os Quevedo sentaram-se em frente à televisão com duas mãos no computador e as outras duas no comando. A agradabilíssima soirée familiar foi acompanhada de Syrah argentino e Coca-Cola light e o resultado está à vista. (A noite do referendo, por Carla Hilário Quevedo e Carlos Quevedo, continua na edição de Março da Atlântico.)
Eu hoje acordei assim...
... Gosto de consultar os arquivos do meu blogue, porque adoro recordar o passado. Após muito pensar sobre o assunto, cheguei à conclusão de que o principal motivo por que mantenho um blogue há quase quatro anos é o de querer preservar a memória de momentos felizes da minha vida. Quero saber quando li um livro, em que dia comecei a aprender uma língua nova, partilhei uma piada com alguém que não conheço, conversei com os amigos, reconheci uma influência, discuti com alguém, discordei de alguém, aplaudi alguém. O meu blogue é um diário público e interactivo. Como tal, não é intimista como seria um diário privado, mas também não é algo desligado do meu quotidiano. Numa das minhas mais recentes visitas aos arquivos, leio o seguinte... (Formas de tratamento continua na Atlântico de Março)
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Bomba de Ouro: "Nunca entendi muito bem quem reclama da arrogância alheia. Nem a de Francis, nem a de Muhammad Ali, nem a de Nabokov ou de qualquer outro. Para quem tem uma dose saudável de arrogância, a arrogância alheia é pelo menos uma garantia de que essa pessoa não vai agarrar você pela lapela, chorando e gritando que não passa de um bosta, um bosta, está ouvindo?, lançando perdigotos nos seus óculos todos." Alexandre Soares Silva
Blogoparabéns! Para O Insurgente e para Os Dedos, muitas felicidades, muitos anos de vida! E para o Blogue dos Marretas, o primeiro (dos que lia na altura) a cruzar a meta dos quatro anos de idade - ao terceiro aniversário somos uns dinossauros; ao quarto, começamos com problemas de saúde, dores nas costas, problemas respiratórios e afins -, parabéns a quadriplicar!
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
And the winner is... (take two)
Ao contrário do que aconteceu em edições passadas (2004, 2005 e 2006), este ano nenhum vestido me entusiasmou. O amarelinho canário da Naomi Watts é bonito mas... Talvez o Balenciaga encarnado de Nicole Kidman tenha sido o único que se destacou no meio do bocejo profundo dos tons pastel com ombros à mostra ou só com uma tira de lado...
... mas também gostei deste Oscar de la Renta cor-de-rosa de Jessica Biel...
... back to you, triciclo.
domingo, fevereiro 25, 2007
Coisas que melhoram algumas vidas (67)
A um amor antigo - The Cambridge Ancient History - junta-se agora um novo amor - The Cambridge History of Judaism.
Quanto ao dress code...
... estou indecisa entre um Burberry Prorsum branco so cute...
... um Emilio Pucci esvoaçante...
... e ainda todos os S/S 2007 Oscar de la Renta.
... estou indecisa entre um Burberry Prorsum branco so cute...
... um Emilio Pucci esvoaçante...
... e ainda todos os S/S 2007 Oscar de la Renta.
Ninho de cucos (85)
... mas, como se pode ver, o bicho não se mostrou receptivo à ideia, olhou para mim e explicou-me que o pior que se pode fazer a um gato é mudá-lo de sítio...
... nem que seja por umas horas e no Ashram haja jardins extraordinários e pátios fabulosos...
... o bichano acabou por amuar quando lhe disse o clássico "o menino não tem querer", miando que odeia ser fotografado, coisa que até compreendo.
Fiquei muito animada com a possiblidade de levar o Varandas ao jantar dos archeiros...
... mas, como se pode ver, o bicho não se mostrou receptivo à ideia, olhou para mim e explicou-me que o pior que se pode fazer a um gato é mudá-lo de sítio...
... nem que seja por umas horas e no Ashram haja jardins extraordinários e pátios fabulosos...
... o bichano acabou por amuar quando lhe disse o clássico "o menino não tem querer", miando que odeia ser fotografado, coisa que até compreendo.
sábado, fevereiro 24, 2007
Blockbomba: The Devil Wears Prada (uma maçada de esquerda com a magnífica Meryl Streep). Cars (uma obra-prima).
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Bom dia, caro Exactor: a propósito do meu desabafo matinal de ontem, o Exactor escreve: "Será a violência a solução para terminar com o totalitarismo? E por outro lado, andará a violência de mãos dadas com o totalitarismo? Pensando assim, será tão mau aquele que é atacado, como aquele, que em nome da humanidade ataca. Ambos serão totalitaristas, porque violentos." Discordo da sua última conclusão: usar da violência não faz de uma democracia um regime totalitário. Mas não sei se a violência é a solução para acabar com o totalitarismo. Até agora, não parece ter dado grandes resultados no Iraque, por exemplo. Dá que pensar se queremos (o Ocidente) mesmo continuar a converter à democracia povos e governos que vivem na Idade Média. Mas tentando responder às suas perguntas, nem todos os regimes democráticos utilizam a violência, mas só porque não se sentem ameaçados (embora estejam; pensemos no terrorismo). A violência, por vezes, não só se justifica como é necessária. A pergunta de difícil resposta talvez seja: quando é que a violência se justifica? No caso do Irão, que se apresenta como o inimigo mais descarado e perigoso de Israel - um estado democrático, que sobrevive entre os vizinhos hostis -, ela deverá ser aplicada, uma vez que se trata da sobrevivência de um Estado e do seu povo. Talvez uma Blitzkrieg comandada por governos democráticos?
Estava tudo a correr muito bem...
... no vídeo do tema Listen, cantado pela fabulosa Beyoncé. Desde Whitney Houston que não aparecia uma voz assim nem tanta beleza associada. Mas aos 3:24, já no final, escapa-lhe o pé para o chinelo naquele movimento de cabeça. Quase estraga tudo. Nestas coisas (e noutras também), o gesto é tudo e é ingrato.
... no vídeo do tema Listen, cantado pela fabulosa Beyoncé. Desde Whitney Houston que não aparecia uma voz assim nem tanta beleza associada. Mas aos 3:24, já no final, escapa-lhe o pé para o chinelo naquele movimento de cabeça. Quase estraga tudo. Nestas coisas (e noutras também), o gesto é tudo e é ingrato.
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Eu sabia que isto estava escrito em qualquer sítio (51)
"(...) tudo o que de algum modo é belo, é belo por si; é completo em si, não tendo o elogio como parte integrante. O objecto que se louva não se torna por isso nem pior nem melhor. E o mesmo digo dos que comummente se qualificam de belos, por exemplos os objectos materiais e os produtos da indústria. O que é essencialmente belo, de que outra coisa necessita além da lei, além da verdade, além da benevolência, do pudor? Qual destas virtudes é bela porque a louvam ou se estraga porque a criticam? Acaso perde a esmeralda o valor por falta de louvor? E o ouro, o marfim, a púrpura, uma lira, uma espada, uma flor, uma árvore?"
Marco Aurélio, Pensamentos para mim próprio, IV, 20, tradução de José Botelho, Editorial Estampa, 2005, p. 44.
Eu hoje acordei assim...
Penélope Cruz
Penélope Cruz
... a pensar naquele alucinado do Presidente do Irão. Talvez não fosse má ideia deixar que fizesse as suas coisinhas nucleares. É que não é só uma questão de ter a bomba: é preciso ter condições to drop it. Assim, ao primeiro indício de utilização, varria-se o Irão do mapa. Afinal de contas, quem deseja essas coisas aos outros, deve sofrê-las na pele. Isto é muito complicado e depois há a Fatah e o Hamas e o Iraque e nós aqui preocupados com a Madeira. Vivemos num paraíso, é o que é. Ainda por cima, está um dia lindo. Nublado, mas lindo à mesma.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Eu hoje acordei assim...
Scarlett Johansson
... ao contrário da maioria das pessoas crescidas e heterossexuais, eu divirto-me sempre no Carnaval. Ora, este ano pensei em levar mais a sério a brincadeira carnavalesca e disfarçar-me a sério, de fato completo e tudo. Chegou o dia e nada. Só tinha uns óculos com lentes de fundo de garrafa oferecidos no convite do Frágil, que prometia um concurso de máscaras com prémios e "júri criterioso". Quando lá cheguei, um amigo propos um disfarce ao meu gosto: minimalista. Com um simples penso rápido no nariz, três pessoas passaram ao grupo da "pós-rinoplastia". Era coisa para ganhar o primeiro prémio! Mas, de repente, puseram-me umas asinhas, inscreveram-me como "o anjo de Charlie" e o penso rápido passou à história. Podia ser um "anjo de Charlie a recuperar de uma rinoplastia", mas não aprecio sobreposição de disfarces. Estava tudo a correr muito bem, quando por volta da uma e meia da manhã, já no concurso estavam 30 inscritos, me deu um sono incontrolável. No número seis ficou escrito "o anjo de Charlie foi dormir".
Scarlett Johansson
... ao contrário da maioria das pessoas crescidas e heterossexuais, eu divirto-me sempre no Carnaval. Ora, este ano pensei em levar mais a sério a brincadeira carnavalesca e disfarçar-me a sério, de fato completo e tudo. Chegou o dia e nada. Só tinha uns óculos com lentes de fundo de garrafa oferecidos no convite do Frágil, que prometia um concurso de máscaras com prémios e "júri criterioso". Quando lá cheguei, um amigo propos um disfarce ao meu gosto: minimalista. Com um simples penso rápido no nariz, três pessoas passaram ao grupo da "pós-rinoplastia". Era coisa para ganhar o primeiro prémio! Mas, de repente, puseram-me umas asinhas, inscreveram-me como "o anjo de Charlie" e o penso rápido passou à história. Podia ser um "anjo de Charlie a recuperar de uma rinoplastia", mas não aprecio sobreposição de disfarces. Estava tudo a correr muito bem, quando por volta da uma e meia da manhã, já no concurso estavam 30 inscritos, me deu um sono incontrolável. No número seis ficou escrito "o anjo de Charlie foi dormir".
terça-feira, fevereiro 20, 2007
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
domingo, fevereiro 18, 2007
Oikeiosis
As duas primeiras palavras estão escritas em grego antigo e as três em baixo, em grego moderno. É curioso que a familiaridade antiga (que a amizade implica e que tem a ver com a conciliação e a união) se tenha transformado num excessivo à-vontade moderno (oikeiótita é hoje em dia utilizado no discurso corrente no sentido de abuso de intimidade, demasiada informalidade, à-vontade invasiva). Mas oikeiosis não significa também "usurpação"? E que belíssima oikos!
sábado, fevereiro 17, 2007
Blockbomba: The Illusionist (uma surpresa: óptimo filme). My Super Ex-Girlfriend (outra surpresa: excelente). Click (a terceira surpresa: muito bom filme, embora passe de comédia a grande drama de um momento para o outro). Nacho Libre (obrigatório).
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Tofu free: "I'm not a vegetarian because I love animals. I'm a vegetarian because I hate plants", de A. Whitney Brown (nascido em Charlotte, where else). Ah, e mais um tema!
Eu hoje acordei assim...
Madonna
Madonna
... qual Bomba Enjaulada, em homenagem ao estimado Misantropo, esperando que regresse em breve à blogosfera.
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Tive outra ideia
Dadas as incompatibilidades gastronómicas do grupo Os Jansenistas, proponho que fique tudo na mesma, à excepção dos menus, diferentes para todos. E sobre tofu - meu Deus! - há tanto para dizer! A reflexão é consoladora, mas prefiro o jantar on-line.
Estimado Impensado
Leitora reciprocamente assídua,
Charlotte
Não só obedeço ao seu pedido como o agradeço. Não há explicação que me salve e os poemas de Alexandre O'Neill (apesar de excelentes e adoráveis, demasiado tristes para este clima de festividade bombística) qualquer dia esgotam-se. Acrescento, aliás, que a rubrica Fim de missão nunca aconteceu. Tratou-se de uma mera ilusão. Fim de missão? No bomba inteligente? Não me lembro, tem graça...
Leitora reciprocamente assídua,
Charlotte
Tive uma ideia
O jantar de archeiros podia acontecer da seguinte forma: escolhíamos todos o mesmo menu, por exemplo, do Gambrinus (que tem serviço de entrega aos domicílios dos clientes habituais), e depois, cada um em sua casa, escrevia, falava, fotografava e filmava e publicava tudo nos respectivos blogues. Assim, seria possível manter o anonimato e ao mesmo tempo conviver. Seria um jantar on-line. Além de um acontecimento sem precedentes.
Há cinco mil anos, mais coisa menos coisa...
... o Abrupto escreveria assim o seu desejo diário à blogosfera e aos leitores (é certo que sem as vogais - os pontinhos - nem a modernice do ponto de exclamação). Bom dia!
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Crianças
Há pratos que podem animar ou arruinar um almoço. Tagliolini al nero di seppie - vulgo massa fresca com tinta de chocos - pode muito bem ser um desses manjares. Imaginemos um jantar de namorados no tal dia 14 de Fevereiro. Ele não resiste à massa fresca e ao potencial humorístico da tinta preta dos chocos. Ela acha muita gracinha a tudo o que o menino faz, mesmo que uma das habilidades masculinas seja sorrir enquanto saboreia a dita massa fresca. Boca preta, dentes pretos e um guardanapo a precisar urgentemente de ser mergulhado num recipiente cheio de Blanka Oxy Action, fazem parte do número amoroso que ele preparou. Simples e irresistível.
Publicado na Única, 18-02-2005.
Há pratos que podem animar ou arruinar um almoço. Tagliolini al nero di seppie - vulgo massa fresca com tinta de chocos - pode muito bem ser um desses manjares. Imaginemos um jantar de namorados no tal dia 14 de Fevereiro. Ele não resiste à massa fresca e ao potencial humorístico da tinta preta dos chocos. Ela acha muita gracinha a tudo o que o menino faz, mesmo que uma das habilidades masculinas seja sorrir enquanto saboreia a dita massa fresca. Boca preta, dentes pretos e um guardanapo a precisar urgentemente de ser mergulhado num recipiente cheio de Blanka Oxy Action, fazem parte do número amoroso que ele preparou. Simples e irresistível.
Publicado na Única, 18-02-2005.
A competição amorosa
O programa Dismissed (em português, "Estás dispensado!"), no canal MTV, consiste numa breve disputa entre dois rapazes pelo afecto de uma rapariga ou entre duas raparigas pelo carinho de um rapaz. No final, a rapariga ou o rapaz escolhem o ou a concorrente que mais lhes agradaram. O programa não vale um tostão furado, não pretendo criar ilusões; mas, no passado domingo, assisti a um duelo curioso. Desta vez, num Globally Dismissed (em português, "Estás dispensado no mundo inteiro!"), a suíça Christel tinha de escolher entre o israelita Ben e o argentino Facundo. A rapariga, com uma carita redonda, divertiu-se com o espirituoso israelita, que não hesitou em explicar que tinha de ser escolhido por causa do seu dedo grande do pé, que era único e especial. Christel riu-se e estava tudo bem encaminhado. Depois foi a vez do argentino Facundo mostrar as suas habilidades, que incluíram umas massagens especiais e uma piada irresistível: "Sabes que estou a ouvir o teu coração?", provoca o argentino. "A sério? E o que diz?", pergunta a boneca suíça. "Fa-cun-do. Fa-cun-do." Não é difícil adivinhar quem foi escolhido.
O programa Dismissed (em português, "Estás dispensado!"), no canal MTV, consiste numa breve disputa entre dois rapazes pelo afecto de uma rapariga ou entre duas raparigas pelo carinho de um rapaz. No final, a rapariga ou o rapaz escolhem o ou a concorrente que mais lhes agradaram. O programa não vale um tostão furado, não pretendo criar ilusões; mas, no passado domingo, assisti a um duelo curioso. Desta vez, num Globally Dismissed (em português, "Estás dispensado no mundo inteiro!"), a suíça Christel tinha de escolher entre o israelita Ben e o argentino Facundo. A rapariga, com uma carita redonda, divertiu-se com o espirituoso israelita, que não hesitou em explicar que tinha de ser escolhido por causa do seu dedo grande do pé, que era único e especial. Christel riu-se e estava tudo bem encaminhado. Depois foi a vez do argentino Facundo mostrar as suas habilidades, que incluíram umas massagens especiais e uma piada irresistível: "Sabes que estou a ouvir o teu coração?", provoca o argentino. "A sério? E o que diz?", pergunta a boneca suíça. "Fa-cun-do. Fa-cun-do." Não é difícil adivinhar quem foi escolhido.
Publicado na Tabu, 14-10-2006.
Uma mulher
Há mais de um mês que ando a ouvir o mesmo CD (duplo): Erinnerungen, de Zarah Leander. A insistência, uma característica pessoal que sem vergonha revelo, deve-se sobretudo à fabulosa voz desta cantora e actriz nascida na Suécia, em 1907. Zarah Leander desde muito cedo tomou contacto com a língua e a cultura alemãs. O seu professor de piano, durante os primeiros anos de juventude, era de origem germânica, a bisavó era de Hamburgo e o pai estudou música em Leipzig. A pronúncia e a dicção impecáveis levam a que qualquer estudante da língua germânica perceba as letras com facilidade. Um dos temas mais dramáticos tem o seguinte título: "Eine Frau wird erst schön durch die Liebe." Ou seja, numa tradução livre: "Uma mulher torna-se bela por causa do amor". A canção é triunfal e Leander, ao interpretá-la de forma intensa, faz com que até os mais incrédulos recebam de braços abertos um conhecimento inestimável acerca do sexo feminino. Os versos finais, apoteóticos, não deixam margem para dúvidas: "Und sie wünscht das es ewig so bliebe, denn die liebe macht so schön". Mais ou menos: "E ela deseja que assim continue para sempre, porque o amor embeleza". Um hino às mulheres amadas.
Há mais de um mês que ando a ouvir o mesmo CD (duplo): Erinnerungen, de Zarah Leander. A insistência, uma característica pessoal que sem vergonha revelo, deve-se sobretudo à fabulosa voz desta cantora e actriz nascida na Suécia, em 1907. Zarah Leander desde muito cedo tomou contacto com a língua e a cultura alemãs. O seu professor de piano, durante os primeiros anos de juventude, era de origem germânica, a bisavó era de Hamburgo e o pai estudou música em Leipzig. A pronúncia e a dicção impecáveis levam a que qualquer estudante da língua germânica perceba as letras com facilidade. Um dos temas mais dramáticos tem o seguinte título: "Eine Frau wird erst schön durch die Liebe." Ou seja, numa tradução livre: "Uma mulher torna-se bela por causa do amor". A canção é triunfal e Leander, ao interpretá-la de forma intensa, faz com que até os mais incrédulos recebam de braços abertos um conhecimento inestimável acerca do sexo feminino. Os versos finais, apoteóticos, não deixam margem para dúvidas: "Und sie wünscht das es ewig so bliebe, denn die liebe macht so schön". Mais ou menos: "E ela deseja que assim continue para sempre, porque o amor embeleza". Um hino às mulheres amadas.
Publicado na Tabu, 8-12-2006.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Fim de missão
Há dias que eu odeio
Como insultos a que não posso responder
Sem o perigo duma cruel intimidade
Com a mão que lança o pus
Que trabalha ao serviço da infecção
São dias que nunca deviam ter saído
Do mau tempo fixo
Que nos desafia da parede
Dias que nos insultam que nos lançam
As pedras do medo os vidros da mentira
As pequenas moedas da humilhação
Dias que passei no esgoto dos sonhos
Onde o sórdido dá as mãos ao sublime
Onde vi o necessário onde aprendi
Que só entre os homens e por eles
Vale a pena sonhar.
O tempo sujo, Alexandre O'Neill
Há dias que eu odeio
Como insultos a que não posso responder
Sem o perigo duma cruel intimidade
Com a mão que lança o pus
Que trabalha ao serviço da infecção
São dias que nunca deviam ter saído
Do mau tempo fixo
Que nos desafia da parede
Dias que nos insultam que nos lançam
As pedras do medo os vidros da mentira
As pequenas moedas da humilhação
Dias ou janelas sobre o charco
Que se espelha no céu
Dias do dia-a-dia
Comboios que trazem o sono a resmungar para o trabalho
O sono centenário
Mal vestido mal alimentado
Para o trabalho
A martelada na cabeça
A pequena morte maliciosa
Que na espiral das sirenes
Se esconde e assobia
Dias que passei no esgoto dos sonhos
Onde o sórdido dá as mãos ao sublime
Onde vi o necessário onde aprendi
Que só entre os homens e por eles
Vale a pena sonhar.
O tempo sujo, Alexandre O'Neill
Caro Tomás Vasques: acontece que por volta das 10h30 estava sentada ao computador e preparava-me para acordar no blogue. De repente, sinto um abanão na cadeira e não era o Varandas a passar. Ao contrário das muitas reacções que li, não me levantei, nem sequer me mexi. Fiquei à espera que passasse e mal percebi que a casa não me ia cair em cima, abri o blogger. Depois foi só escolher uma fotografia. O ar um bocado parado de Sharon Stone pareceu-me muito bom. Nada de cabelos em pé.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
domingo, fevereiro 11, 2007
sábado, fevereiro 10, 2007
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Festa pré-referendo
E logo ao segundo mês, a segunda melhor coisa a acontecer a Portugal depois do referendo: o regresso dos 2DJ's do C********! (Nuno Miguel Guedes e Zé Diogo Quintela)
O Não e o Sim em Harmonia, na busca de um eterno Oxalá!
Sessão de esclarecimento musical no sítio do costume: Napron, Rua da Barroca, 111, no dia 10 de Fevereiro, a partir da meia-noite.
Com a presença de activistas do Não sabe/Não responde.
2DJ's do C*******! : o voto certo!
E logo ao segundo mês, a segunda melhor coisa a acontecer a Portugal depois do referendo: o regresso dos 2DJ's do C********! (Nuno Miguel Guedes e Zé Diogo Quintela)
O Não e o Sim em Harmonia, na busca de um eterno Oxalá!
Sessão de esclarecimento musical no sítio do costume: Napron, Rua da Barroca, 111, no dia 10 de Fevereiro, a partir da meia-noite.
Com a presença de activistas do Não sabe/Não responde.
2DJ's do C*******! : o voto certo!
Coisas que melhoram algumas vidas (65)
... e saber escrever as primeiras sete (só não consigo tirar uma fotografia decente).
Compreender (ouvindo e não pelas legendas, porque as palavras não têm vogais, o que dificulta muito) algumas palavras desta entrevista a David Ben-Gurion: paz (shah-lohm), eu (ah-nee), também (gahm), o país de Israel (m'dee-nat Israel), Jerusalém (Yeru-shalaym), não (loh), eu falo (m'dah-behr), Albânia (essa é fácil), Golã (essa também se ouve bem)...
... e saber escrever as primeiras sete (só não consigo tirar uma fotografia decente).
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
terça-feira, fevereiro 06, 2007
O João Adelino Faria hoje acordou assim...
Orson Welles
Orson Welles
... pelas onze da manhã, João Adelino Faria tinha, à sua frente, o Paulo Pinto Mascarenhas e a vossa bomba preferida a falar sobre a blogosfera: de onde vem, para onde vai, se está para ficar ou nem por isso. Uma óptima conversa!
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Ninho de cucos (80)
No meio da brincadeira habitual com o laser - ora aponta para a parede, ora para o chão, agora corre para a esquerda, depois salta, depois corre - noto que o Varandas utiliza mais a pata esquerda do que a direita para agarrar aquela luz encarnada. O bicho é ambidextro, mas tem uma tendência para atacar com a pata esquerda. Querem ver que é canhoto?
sábado, fevereiro 03, 2007
Não seja por isso: aqui fica o artigo lúcido e sereno de Esther Mucznik, cuja opinião me interessa.
Referendar o quê?
Esther Mucznik, Público (02-02-2007)
"Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra", ordena o Criador no livro I da Bíblia, o Génesis. Como interpreta o judaísmo esse imperativo, hoje, no momento em que nos preparamos para votar no próximo referendo sobre a despenalização do aborto?
A tradição rabínica não tem uma posição dogmática em relação ao aborto: não o proíbe radicalmente, nem o permite indiscriminadamente. Acima de tudo está a vida da mulher mãe: a sua saúde física e psíquica - o que implica não só as condições que determinaram a gravidez, mas a capacidade e a vontade de gerar e acolher a nova vida. Nesta perspectiva da prioridade da vida da mãe, o aborto não é considerado crime, porque o embrião ou o feto é parte do corpo da mãe e, apesar de ser uma vida em potência, não tem ainda existência própria. Mas se há consenso total na possibilidade e mesmo obrigatoriedade de interromper a gravidez em caso de perigo de vida para a mulher, já os outros condicionalismos são alvo de controvérsia. Porquê? Porque do ponto de vista dos valores éticos judaicos, como o valor supremo da vida e da procriação, o aborto é condenável: não se trata de um simples acto cirúrgico, mas sim do drama de uma vida única e insubstituível que é interrompida no seu início, do surgimento de outro ser a partir do já existente, o aparecimento do futuro a partir do presente. Então deve-se privilegiar o quê? O futuro em potência ou a actualidade do presente, o ser que se anuncia, ou a realidade existente? Posta assim, no geral e no abstracto, esta questão não tem resposta: cada caso é um caso e o judaísmo reconhece que a análise da lei judaica não é unívoca e que a decisão última pertence à mulher e ao casal, depois de aconselhamento médico e, se for o caso, de uma autoridade rabínica, no quadro dos parâmetros éticos e legais do judaísmo.
Sintetizando, os princípios gerais que presidem à questão do aborto na tradição judaica são: 1. o aborto como forma de evitar e fugir à responsabilidade de gerar e criar os filhos está em total oposição aos valores judaicos; 2. apesar de condenável, do ponto de vista ético, o aborto não é considerado crime pelo facto de o feto não ter existência própria; 3. a vida de uma mulher, a sua saúde ou o seu sofrimento são prioritários em relação ao feto, a vida existente tem prioridade em relação à vida em potência; 4. dentro do seu quadro familiar, médico e religioso, a mulher tem a liberdade pessoal de escolha e opção.
Evoco aqui a posição judaica apenas a título de informação e não porque ela tenha algo a ver com este referendo. Com efeito, haverá judeus que votarão "não", outros que votarão "sim". Haverá outros certamente que nem concordarão com a interpretação que acabo de fazer. As convicções religiosas são da consciência individual de cada um e influenciam certamente os crentes no momento do voto, mas, em minha opinião, não são chamadas para o debate neste referendo. Porque me recuso a debater o valor da vida na praça pública e em abstracto; no âmbito do referendo, não quero discutir se a vida começa na concepção, às dez semanas ou à nascença; se a vida é um valor absoluto ou não; se tem mais amor à vida quem defende o "não" ou quem defende o "sim"; detesto a instrumentalização da ciência e das imagens de fetos embrionários, destinada a impressionar as consciências, como se cada mulher não soubesse e sentisse logo nas primeiras semanas que tem uma vida que cresce dentro de si - é obsceno e indecente; detesto também e talvez acima de tudo, a arrogância de muitos defensores do "não", o fanatismo intolerante e iluminado de quem se sente imbuído da missão de salvar o mundo. Faz-me lembrar demasiadas coisas.
Mas a verdade é que detesto também a imagem miserabilista da mulher irresponsável, vítima e humilhada que é fornecida por muitos defensores do "sim", a exibição da agulha do tricô e do raminho de salsa, como troféus do seu sofrimento...; como se hoje o acesso à informação e à contracepção fosse inacessível, como se nada tivesse mudado desde 1983. Devo dizer que não me reconheço em grande parte da argumentação do "não", nem na do "sim". E sei que no momento da decisão, tal como em todas as grandes decisões da vida, estamos sós. Face à nossa consciência e à liberdade que faz de nós seres humanos. O que eu gostava de discutir: a valorização social e o estímulo à maternidade, a protecção à criança e à mãe, as licenças de parto, as creches e os jardins de infância; a informação sobre a contracepção e o planeamento familiar; o apoio e o aconselhamento médico no momento de tomar a decisão de ter ou não ter um filho... Ninguém conseguirá impedir a decisão íntima e por vezes vital de uma mulher de interromper uma gravidez não desejada. Mas se as mulheres sentirem que a maternidade pode ser um factor de realização não apenas pessoal, mas também social; se souberem que não têm de pagar metade do seu salário para infantários de qualidade mais do que duvidosa; se não tiverem de viver dilaceradas entre a impossibilidade de viverem plenamente o seu papel de mães e simultaneamente a sua vida social e profissional, então talvez isso contribua para diminuir - nunca para suprimir - o número de abortos, ou, pelo menos, para estimular e aumentar a confiança na maternidade, que essa sim é uma questão vital nas nossas sociedades do medo.
Dir-se-á que não é isso que está em causa neste referendo. Mas também não é a defesa da vida. O que vai a votos não é a moral, a ética, a religião ou a consciência. Estas questões não são referendáveis. O que vai a votos é uma lei que, a ser aprovada, deixará de considerar um crime a interrupção voluntária da gravidez nas condições da pergunta do referendo. Liberaliza o aborto? Sem dúvida, mas no sentido em que o descriminaliza, não no sentido em que o banaliza. Porque toda a mulher sabe que a decisão de abortar não depende de nenhuma lei. Esta apenas ajudará a tornar mais segura do ponto de vista médico e psicológico a decisão já tomada. Por isso, e apesar da minha opinião não interessar a ninguém, votarei "sim" no próximo referendo.
Eu hoje acordei assim...
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
... como sabem os leitores mais atentos do bomba, nos últimos meses tenho estado nas minas, que é como quem diz, tenho trabalhado numas coisas que eu cá sei. Desses trabalhos de investigação (são vários para coisas diferentes) faz parte a leitura de uma série de livros (da qual não faz parte nenhum dos volumes de Freud). Não me tem custado não mencionar nenhum deles. Ontem, no entanto, desviei-me do meu caminho mineiro e entusiasmei-me com outro livro (que também não tem nada a ver com o Freud). A minha primeira tentação foi a de imediatamente pôr duas ou três citações no blogue, mas não fui capaz. Pela primeira vez, desde que tenho o blogue, não posso falar sobre uma coisa que me apetece. Obrigo-me assim a restringir a minha própria liberdade, porque aquela leitura (e sobretudo o entusiasmo que provocou) concentra os aspectos importantes da minha vida neste momento. Nenhum deles é partilhável.
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Duas máquinas de costura e um fogão
At age 36:
Barthelemy Thimmonier developed the world's first practical sewing machine.
Walter Hunt devised a modern sewing machine.
Benjamin Franklin invented the Franklin stove.
Robert Jarvik invented a pneumatically powered heart.
German chemist Friedrich August Kekule discovered the ring structure of the benzene molecule in a dream.
English navigator George Vancouver explored Vancouver island.
Daqui, via Posto de Escuta.
At age 36:
Barthelemy Thimmonier developed the world's first practical sewing machine.
Walter Hunt devised a modern sewing machine.
Benjamin Franklin invented the Franklin stove.
Robert Jarvik invented a pneumatically powered heart.
German chemist Friedrich August Kekule discovered the ring structure of the benzene molecule in a dream.
English navigator George Vancouver explored Vancouver island.
Daqui, via Posto de Escuta.
Sim
Vasco Pulido Valente, no Público
A actual lei portuguesa sobre o aborto não respeita aquilo a que os partidários do "não" costumam chamar "o valor absoluto da vida": admite o aborto em caso de violação, malformação fetal e grave perigo para a vida ou a saúde física ou psíquica da mãe. A lei que resultará de uma vitória do "sim" também não vai "liberalizar" o aborto ou estabelecer o "aborto a pedido", como por aí se pretende, visto que não o permite a partir das dez semanas de gravidez. Fora isso, e para levar as coisas um pouco mais longe, podemos dizer que a pílula contraceptiva (que, na essência, é uma pílula abortiva) e a "pílula do dia seguinte", que manifestamente o é, deviam ser incluídas na campanha do "não" (como, de resto, acontece na doutrina católica); e que as "dez semanas", um prazo de uma certa arbitrariedade, deviam ser alargadas para, por exemplo, 12 ou 14 ou que fosse. O mal do referendo está, e sempre esteve, no facto de que as pessoas nunca, ou quase nunca, discutem, informada e razoavelmente, os méritos da questão a voto e que depois nunca, ou quase nunca, votam sobre ela. Votam em nome de um princípio religioso, de uma ideologia ou de um sentimento. Se têm "razões", têm "razões" fabricadas para a circunstância, que não se aplicam, ou só com muito boa vontade se aplicam, ao problema em causa. Pior ainda: o motivo mais comum para votar "sim" ou "não" é da relutância (ou o medo) de não seguir o grupo a que imaginariamente se pertence: a Igreja, a direita, a esquerda, a profissão ou a família. A "consciência" de que todos falam, e muita gente exibe, não passa disso. Ou, pelo menos, muitas vezes, não passa disso. De qualquer maneira, e apesar do alarido geral, a pergunta do referendo é limitada e concreta: quer, ou não quer, o eleitorado acabar com o aborto clandestino até às dez semanas de gravidez? Nada mais. O "não", sem defender o regime presente, alega que esta medida irá aumentar e "normalizar" o aborto. E, para evitar esse perigo, aceita que milhares de mulheres paguem um preço de sofrimento e de humilhação (a maioria infelizmente por ignorância e miséria). O "sim" prefere acabar com o mal que vê e pensar depois no mal que vier, se de facto vier. O referendo é um acto político, que se destina a mudar a sociedade (idealmente, para melhor) e não resolver um debate. Claro que, se o "sim" ganhar, o Estado, na prática, "oficializa" o aborto. Mas triste de quem espera do Estado uma fonte de legitimidade moral. Por mim, não espero. E voto "sim".
Vasco Pulido Valente, no Público
A actual lei portuguesa sobre o aborto não respeita aquilo a que os partidários do "não" costumam chamar "o valor absoluto da vida": admite o aborto em caso de violação, malformação fetal e grave perigo para a vida ou a saúde física ou psíquica da mãe. A lei que resultará de uma vitória do "sim" também não vai "liberalizar" o aborto ou estabelecer o "aborto a pedido", como por aí se pretende, visto que não o permite a partir das dez semanas de gravidez. Fora isso, e para levar as coisas um pouco mais longe, podemos dizer que a pílula contraceptiva (que, na essência, é uma pílula abortiva) e a "pílula do dia seguinte", que manifestamente o é, deviam ser incluídas na campanha do "não" (como, de resto, acontece na doutrina católica); e que as "dez semanas", um prazo de uma certa arbitrariedade, deviam ser alargadas para, por exemplo, 12 ou 14 ou que fosse. O mal do referendo está, e sempre esteve, no facto de que as pessoas nunca, ou quase nunca, discutem, informada e razoavelmente, os méritos da questão a voto e que depois nunca, ou quase nunca, votam sobre ela. Votam em nome de um princípio religioso, de uma ideologia ou de um sentimento. Se têm "razões", têm "razões" fabricadas para a circunstância, que não se aplicam, ou só com muito boa vontade se aplicam, ao problema em causa. Pior ainda: o motivo mais comum para votar "sim" ou "não" é da relutância (ou o medo) de não seguir o grupo a que imaginariamente se pertence: a Igreja, a direita, a esquerda, a profissão ou a família. A "consciência" de que todos falam, e muita gente exibe, não passa disso. Ou, pelo menos, muitas vezes, não passa disso. De qualquer maneira, e apesar do alarido geral, a pergunta do referendo é limitada e concreta: quer, ou não quer, o eleitorado acabar com o aborto clandestino até às dez semanas de gravidez? Nada mais. O "não", sem defender o regime presente, alega que esta medida irá aumentar e "normalizar" o aborto. E, para evitar esse perigo, aceita que milhares de mulheres paguem um preço de sofrimento e de humilhação (a maioria infelizmente por ignorância e miséria). O "sim" prefere acabar com o mal que vê e pensar depois no mal que vier, se de facto vier. O referendo é um acto político, que se destina a mudar a sociedade (idealmente, para melhor) e não resolver um debate. Claro que, se o "sim" ganhar, o Estado, na prática, "oficializa" o aborto. Mas triste de quem espera do Estado uma fonte de legitimidade moral. Por mim, não espero. E voto "sim".
Eu hoje acordei assim...
Brigitte Bardot
Brigitte Bardot
... o último texto do segundo volume dos Textos essenciais da psicanálise acaba assim: "Se os senhores querem saber mais a respeito da feminilidade, estudem as experiências da vossa própria vida, ou dediquem-se aos poetas, ou esperem até que a ciência vos possa dar uma informação mais profunda e coerente." Cá está! No fim da conferência sobre a feminilidade, em 1933, após dissertar longamente sobre a inveja do pénis e o complexo de castração, Freud deita a toalha no chão, quase parece pedir que o perdoem por ter aborrecido as pessoas que o ouviram a repetir a sua teoria. Naquela frase, leio qualquer coisa como: "Tenham lá paciência, desculpem qualquer coisinha, mas a questão resolve-se no terreno, experimentando e lendo os relatos ficcionais das experiências dos outros. Ah, e depois a ciência há-de resolver o que falta". Uma maravilha.
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Caro FJV, demorar is not an option. Não sei escrever Francisco, mas sei escrever José (ou Iosef) e, já agora, Moisés (ou Moshé). O primeiro em cima e o segundo em baixo, a ler da direita para a esquerda). A fotografia, da minha autoria, é aquele susto a que já habituei os estimados leitores do bomba. Como sempre, a intenção é boa. O que faria se não fosse...
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