blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

terça-feira, agosto 29, 2006

Estado em que se encontra este blogue

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Monica Bellucci

A segunda fase da exploração mineira segue a toda a velocidade. Até daqui a uns dias!
Soprano Talk (7)

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Ben Kingsley as Himself e Lauren Bacall as Herself. Bem me tinha parecido que no Vesuvio se andava a comer muito mal e que Artie Bucco era um belo chato de galochas que espantava a clientela. Belo episódio.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Bom em todas as línguas

MUSIQUE GRECQUE

Tant que cette musique durera
nous serons dignes de l'amour d'Hélène de Troie.
Tant que cette musique durera
nous serons dignes d'avoir trouvé la mort à Arbèles.
Tant que cette musique durera
nous sons croirons au libre arbitre,
cette illusion de chaque instant.
Tant que cette musique durera
nous serons la parole et l'épée.
Tant que cette musique durera
nous serons dignes de l'acajou et du cristal,
de la neige et du marbre.
Tant que cette musique durera
nous serons dignes des choses communes
qui ne le sont guère aujourd'hui.
Tant que cette musique durera
nous serons la flèche dans l'air.
Tant que cette musique durera
nous croirons en la miséricorde du loup
et en la justice des justes.
Tant que cette musique durera
nous mériterons ta grande voix, Walt Whitman.
Tant que cette musique durera
nous mériterons d'avoir vu, du haut d'un sommet.
la terre promise.

Jorge Luis Borges, Oeuvres Complètes II, Éditions Gallimard, 1999, p. 958.
Dos Antigos: quando escrevi este post, um amável leitor disse-me: "Tão simples como aquele momento em que Édipo soube que tinha morto o pai." Ando a pensar nisto há um tempo. Concordo assim-assim, que é como quem diz: depende. Parecia tudo bastante simples até Édipo conhecer a verdade sobre o seu destino, desencadeando a violência bem conhecida: suicídio de Jocasta, cegueira auto-infligida. Mas até àquele momento, as coisas eram relativamente simples (nota importante pouco depois do início do post e entre parêntesis: não podemos esquecer a economia de tempo na peça, que necessariamente leva a que pormenores importantes sejam omitidos. Convém ainda lembrar que se trata de uma tragédia e não de uma notícia). Ao fugir da sua terra natal, para não matar o pai como o oráculo previra, Édipo acaba por matar um viajante numa encruzilhada. Chega a Tebas, responde à pergunta da esfinge, salvando a cidade da peste, e casa com Jocasta, a rainha, acreditando ter escapado ao destino. O momento em que Édipo sabe a verdade é simples, embora não seja fácil. Aquele momento não é complicado (mas, isso sim, difícil), se partirmos do princípio de ser essa a verdade. É como se naquele instante tudo se conjugasse e fosse por isso bom (no itálico leia-se "isto é muito discutível"). O momento da verdade - o momento em que conhecemos, em que sabemos, em que juntamos as peças soltas - é um instante luminoso. Talvez por isso os filósofos sejam os únicos seres nesta terra de facto felizes: felizes porque conhecem ou porque têm a capacidade de conhecer. Mas voltemos a Édipo, que não era filósofo. O amável leitor alertou-me para o seguinte problema: não há provas de ter sido Édipo o autor daquele crime. As testemunhas são frágeis (segundo me lembro, há apenas uma testemunha) e a questão do tempo - entretanto passou muito tempo desde a morte de Laio, embora não pareça - não pode ser esquecida. E é por isso que um dos "assins" dito no início deste post é de concordância: o momento pode não ser nada simples, mas totalmente confuso, apenas o princípio do fim. Talvez seja assim: se é verdade que Édipo matou o pai, o momento é simples, apesar de tudo o que acontece depois, porque é claro; doloroso, mas luminoso, uno, absoluto. Se, pelo contrário, é mentira, o momento é complicado, diabólico, escuríssimo. Resta saber em que acreditamos. E assim temos mais uma divisão do mundo: aqueles que acreditam que Édipo matou o pai e os outros que se convenceram de que tudo não passou de um terrível mal-entendido (os mesmos que duvidam da autoridade dos oráculos). Só posso dizer que tenho dias.

domingo, agosto 27, 2006

Blockbomba: North Country (uma espécie de Norma Rae em versão boazona, mas com um final demasiado a despachar). Inside Man (bom filme). A History of Violence (excelente).
O bomba inteligente feito pelo You Tube©

Terceira (e, por agora, última) série de sketches preferidos de hoje de sempre e, mesmo assim, por ordem de preferência:

1. Very Drunk - The Fast Show.
2. Work Place Wanking - Big Train.
3. G-String - Smack the Pony.
4. Dawn's Doctor Visit - French and Saunders.
5. Dead Parrot - Monty Python.
Modo de vida (continuação): perceber que conhecimento é tranquilidade, alegria e felicidade (só para os terceiro, segundo e primeiro lugares do pódio, respectivamente).
Muitos parabéns! O Blogame Mucho celebrou o seu terceiro aniversário e juntou-se assim à brigada do reumático blogosférico. Continuação de óptimas bloguices desalinhadas e desordenadas, "ao sabor dos humores, das perplexidades e das alegrias" dos seus autores.
Eu hoje acordei assim...

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Kate Moss

... sim, é verdade que tem estado uma ventania doida, mas o que está mesmo é calor. E hoje, que é noite de cerimónia de entrega dos Emmys, cheguei à conclusão de que a maior parte das séries televisivas me aborrece. Não tenho citado nada de Desperate Housewives porque perdi um episódio e deixei de seguir. Esta segunda série é fraca e não sou só eu que acho, porque vejo que quase não tem nomeações (ao contrário do que aconteceu no ano passado). Já gostei mais de House. A segunda série é boa, mas, por vezes, não vejo os episódios até ao fim porque perco o interesse a meio. CSI já desapareceu do meu plano televisivo há muitos meses: uuuuuhhh, boring, tup, tup, tup, tup... A última série de Six Feet Under foi o que se viu (ou não, no meu caso). A série com mais nomeações este ano parece ser 24, mas o problema é que achei a anterior tão delirante que perdi o entusiasmo. Só agora começo a gostar da sexta série de The Sopranos. Mas adorei Rome e aguardo ansiosamente a segunda série e sempre que vou à Fnac, vejo se já saiu a segunda série de Carnivàle. Gostei muito da segunda temporada de Deadwood e gostava de ver a terceira. Agora só há uma série que não perco (já vai na segunda época). Chama-se The Shield. Dessa gosto muito.

sábado, agosto 26, 2006

O bomba inteligente feito pelo You Tube©

Segunda série de sketches preferidos de hoje de sempre e, mesmo assim, por ordem de preferência:

1. Lord of the Rings - French & Saunders.
2. Association Football - Harry Enfield.
3. The Germans - Fawlty Towers.
4. Staring Final - Big Train.
5. Dating Agency Videos - Smack the Pony.
Caprichos

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Chanel com nariz preto

Sem salto é sexy (não passo as sibilantes).
Bomba de Ouro: "Tenho para mim (e agora vão ver que vão ter para vocês também)..." do maradona.
Dos Antigos: Zeus, Hera, Posídon, Deméter, Atena, Hefesto, Ares, Afrodite, Apolo, Ártemis, Hermes e Dioniso. Cada um com o seu name dropping.
Metabloggers do it better (25)

Estão a ver aquela coisa bartheana da escrita que traz um corpo? Pronto: é isso mesmo. Literalmente.
Modo de vida: transformar a dor em conhecimento (só para atletas de alta competição).

sexta-feira, agosto 25, 2006

Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- Pois a-do-rei este post do JMF! Apesar do título e do bold que chamam a atenção para o que queria mesmo dizer (e que repete neste post), não consegui deixar de me concentrar no resto da frase (que podia ser, afinal, qualquer coisa). A possibilidade de fazer piadas (todas giríssimas, nada menos que isso) é infinita: "How exciting! Será que daqui a uns meses podemos falar de corrupção na blogosfera?" ou então "Já era hora de deixarmos de blogar para aquecer!"
- Já tinha gostado muito deste post do Abrupto, mas este é simplesmente maravilhoso. Ficamos a saber que no início da década de 40 se dançava o tango em Portugal, coisa que desconhecia; e, pelo que leio, ficamos também a saber que, por exemplo, Christina Aguilera (deusa), Pussycat Dolls (magrinhas giras) e Madonna (numa performance histórica, em tempos de entusiasmo genuíno) estariam completamente fora de questão.
- Entretanto, como se não tivessemos problemas suficientes, já vi escrito Hezbollah, Hizbollah e agora Hizballah. Assim não dá!
- E o blogue mais divertido e original que apareceu nos últimos tempos chama-se Pessoas que Gostam de Homens com Barba. Um tema sem fim à vista e uma óptima oportunidade para mostrar o Primeiro Barbudo De Todos; na verdade, aquele ao qual suplicamos, sempre com muito prazer (Jupiter et Thétis - ou seja, Zeus e Tétis -, de Ingres). Boas bloguices!

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O bomba inteligente feito pelo You Tube©

Primeira série de sketches preferidos de hoje de sempre e, mesmo assim, por ordem de preferência:

1. Women Know Your Limits - Harry Enfield.
2. Vicky Pollard In Court - Little Britain.
3. Channel 9 TV - The Fast Show.
4. Prima Ballerina Part 1 - French & Saunders.
5. Prima Ballerina Part 2 - French & Saunders.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Eu sabia que isto estava escrito em qualquer sítio (45)

"Penetrar en una novela, género preferido de nuestra época, que se dice atareada, es como penetrar en un salón lleno de personas desconocidas. Oímos y aprendemos sus nombres y gradualmente vamos distinguiendo sus rostros y las almas que los habitan. Hay novelistas que enriquecen esas inherentes molestias con otras que les son peculiares: el caos cronológico, la ardua ambigüedad de los pronombres y aun de los nombres, la confusión, en una misma página o párrafo, del presente y de la memoria. Priscindiendo de tales novedades, o perversiones, felizmente no inevitables, queda un hecho essencial: el más ou menos largo aprendizaje o, si el neologismo es perdonable, aclimatación, que la novela nos exige."

Jorge Luis Borges, Textos Recobrados, 1956-1986, Buenos Aires, Emecé, 2003, pp. 149-150.
The sound of bomba: Borges não gostava de tango. Ou melhor, gostava dos tangos e das milongas anteriores a Gardel. Não gostava de coisas saudosistas, lamechas e que considerava mal escritas (não gostava de lunfardo). Tenho assim um problema para ilustrar musicalmente o dia de hoje (conheço pouco dessa época). Arrisco (não muito, uma vez que não é cantado) a pôr a tocar El Porteñito, na esperança de não se zangar comigo lá no céu onde se encontra. Toca o Cuarteto Cédron.
24 de Agosto de 1899

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Apio verde, Jorge Luis Borges! Se fosse vivo, completaria 107 anos de idade. Aconselho, desde já, a leitura e a audição do dossier Conexiones, no Clarín. Absolutamente comovedor.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Soprano Talk (6)

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"Vito was spotted in a gay bar." Um episódio espantoso. Agora sim: começou a nova série dos Sopranos. Confesso (e é mesmo confessar que quero) que não estava muito entusiasmada com esta série. O problema logo de início com Tony e a sua saída de cena por cerca de três episódios (dois e meio, vá) afastou-me da série. Vi os episódios, mas um bocadinho a bocejar. Até que chegou o quinto e a coisa começou a animar e agora no sexto tudo se conjuga perfeitamente: a questão da homossexualidade de Vito, os problemas de Tony, que aceita e se está nas perfeitas tintas, mas percebe que isso é mau para o negócio - os da velha guarda, os da nova guarda; enfim, só chatos de galochas que querem ver Vito bem morto e enterrado e que não percebem que há coisas mais importantes; sim, os milhões que Vito dava a ganhar a Tony, com o seu empenho e a sua dedicação. T. quer que tudo se mantenha na mesma, claro. Pronto, está bem, so fuckin' what? Mas Sil toca no ponto: T. está sozinho na sua decisão de não liquidar Vito e isso não é bom; pode originar boicotes nas cobranças e nos pagamentos a Soprano. Em suma, perde dinheiro seja qual for a decisão. Entretanto, Vito fugiu e foi parar a New Hampshire a um B&B, numa noite de grande chuvada, vestido com uma gabardina que o faz parecer-se com o capuchinho vermelho. E o mais engraçado de tudo é que, nem com o Soprano gang à perna, Vito deixa de ver as vistas com toda a tranquilidade do mundo. A cena final é deliciosa: Vito entra numa loja de antiguidades e escolhe o objecto mais caro, dizendo que não percebe nada daquilo, e o vendedor responde: "You're a natural."

segunda-feira, agosto 21, 2006

O que é estúpido é mau

O blogue MEC não pertence a Miguel Esteves Cardoso. Quando o blogue apareceu e li no primeiro post a frase, "fascina-me conhecer cada traço novo a cada dia que passa", percebi de imediato que se tratava de um blogue falso, de algum palerma que se estava a aproveitar do nome do escritor para ter visitas (que raio de objectivo!). Achei que o engano seria óbvio, que ninguém ligaria nenhuma e que o blogue depressa cairia no esquecimento. Tal não aconteceu. O blogue foi muito visitado, comentado e - espanto total! - lincado por pessoas que considero inteligentes, mas que se deixaram iludir ou quiseram ser iludidas. Mas as vítimas não têm culpa. Estou certa de que lincaram o blogue por causa do nome, na esperança de ser o verdadeiro e único MEC o seu autor. Concentremo-nos no usurpador: a criatura autora do blogue o que pretenderia? Enganar deliberadamente as pessoas. O problema julgo que ultrapassará muito as questões éticas evidentes de utilizar um nome que não lhe pertence. No último post diz que com o blogue pretendia que o MEC voltasse à blogosfera. Se isso é verdade, descobriu a maneira mais tortuosa e ignóbil de o fazer. É no que dá ser estúpido e ter iniciativa.

domingo, agosto 20, 2006

Soprano Talk (5)

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Directed by Steve Buscemi. Johnny Sacks quer ir ao casamento da filha e para isso paga tudo, até o detector de metais. Carmela está entusiasmada por causa do primeiro dia de T. de volta ao trabalho ("now you go and do those mob things you do", não disse isto, mas pensei). Mr. Muscles leva Tony à psiquiatra. T. para Melfi: "Any chance of a mercy fuck?" Se isto não é estar muito melhor... AJ, inútil, desiste da faculdade. T. volta e o grupo compara cicatrizes. A rosca tem cebola. Já se esqueceram do que Tony gosta ou não gosta? Cambada de incompetentes! Tony diz a Phil que não aceita o favor de liquidar Rusty e Johnny na prisão reclama por lhe terem levado sapatos de verniz: não dá com smoking. Junior no sanatório. No casamento, T. não consegue recusar o pedido de Johnny e pronto: há que liquidar Rusty. Conta a Chris que quer trazer gente de fora e este manifesta-se contra. Johnny Sacks é levado do casamento à força pelos agentes do FBI. Não há mais 15 minutos nenhuns. Johnny desfaz-se em lágrimas à frente da família e dos amigos e isso dá-lhe cabo da reputação (um clássico, portanto). Vito é visto e desaparece. Melfi aconselha T. a ser um bom chefe, o que o leva a dar uma surra no desgraçado Mr. Muscles. Há que recuperar depressa. Depois da sova, Tony vomita sangue.
Post actualizado: Soprano Talk (4).
Adenda brevíssima: tenho pena que só agora tenha utilizado a expressão "tenho para mim". Se o tivesse feito há três posts, nunca lhe teria respondido. Afinal, não é até à próxima retaliação.
Coisas que melhoram algumas vidas (48)

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Pierre Bonnard, Window Opened at Uriage, ca. 1918, oil on canvas, 75 cm (high) x 40 cm (wide), collection Dr. Gustav Rau.

Ver a Colecção Rau, no Museu Nacional de Arte Antiga (almoçar lá também pode melhorar algumas vidas: as mesmas ou outras). Até dia 17 de Setembro.
Bomba de Ouro: "Antes, eu achava que o mais terrível em se relacionar com outras pessoas era simplesmente saber se elas seriam malvadas ou boazinhas - a dúvida! ter de interpretar todos os sinais! - mas, agora, sei que tudo que importa é se a pessoa é burrinha ou não. Cedo ou tarde, todos te fazem sofrer, nem que seja um pouquinho e agradavelmente por, digamos, a demora em trazer quindins de presente, mas humilhante mesmo é sofrer por gente burrinha." Nico Hideyo, no excelente Million Dollar Kiss.

sábado, agosto 19, 2006

The sound of bomba

"Baby, don't you know I'm just human
And I've got thoughts like any other man"

Don't Let Me Be Misunderstood, Santa Esmeralda (para ouvir no máximo)
Eu hoje acordei assim...

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Uma Thurman

... Kill Bill 3 e 4? Quentin?

sexta-feira, agosto 18, 2006

A derrota de Israel
de Vasco Pulido Valente*

Em Israel, a maioria da população não tem a menor dúvida: 70 por cento acham que o Hezbollah ganhou. O Exército libanês não vale nada e o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, já declarou anteontem que não tenciona desarmar ninguém. De resto, quem pode seriamente confiar a vida a soldados da França (5000), da Itália (2000), da Turquia (1200), da Malásia (1000), da Indonésia (850), da Espanha (700), da Finlândia (200) e do Brunei (200)? É desta força heterogénea, estrangeira, incomandável e simbólica que se espera a neutralização do Hezbollah? Uma força que, de resto, não estará no terreno em menos de um ano? E de que vale uma "zona-tampão" porosa como um passador? No fundo, a ingerência internacional e a UNIFIL só servem para enfraquecer Israel, que a opinião do Ocidente abandonou. Como a Intifada e a anterior ocupação do Líbano, a ofensiva contra o Hezbollah não foi "limpa". Por outras palavras, não foi uma guerra de um exército regular contra outro exército regular. Morreram civis. A artilharia e a aviação arrasaram aldeias, cidades, pontes, portos. De longe, de muito longe, o público iletrado e sentimental da Europa e da América via as vítimas, mas não via os foguetões que o Hezbollah escondera nas ruínas. A "barbaridade" de Israel pareceu incontroversa e os "peritos" resolveram invocar o aberrante argumento da "resposta desproporcionada". "Desproporcionada" a quê? À instalação na fronteira de meios suficientes para paralisar e destruir uma boa parte de Israel? À própria sobrevivência de Israel? Nunca houve resposta. O espectáculo do sofrimento chegava para convencer a boa alma do Ocidente. Bush e Blair, sem apoio doméstico e em plena derrota no Afeganistão e no Iraque, recuaram; e da sombra saiu o sinistro Chirac. A Europa e a América decidiram de repente que a pequena querela entre Israel e o Hezbollah (um assunto local) não interessava particularmente ao futuro do mundo. Apesar do 11 de Setembro e de tudo o que a seguir aconteceu, o Ocidente não consegue levar a sério a ameaça do islamismo, como levou a sério a do comunismo. No fundo, o homem comum não acredita que uma civilização fracassada, miserável e medieval possa prevalecer contra a majestade da Europa e da América. Talvez sim. Mas pode, entretanto, empurrar a Europa e a América para um desastre difícil de imaginar e de reparar. Com a derrota de Israel, esse desastre ficou mais próximo.

* bom todos os dias, na edição do Público de hoje.
Eu hoje acordei assim...

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Catherine Deneuve

... só por causa desta imagem, que tenho guardada há uns meses. Não sei de onde a tirei, nem a que filme pertence (se é que pertence a algum filme). Sempre que a mostro a alguém, nunca obtenho a reacção que gostaria: nada menos que de espanto. É verdade que Deneuve está muito composta, com as suas golinhas brancas e o que imagino ser uma camisola preta por cima - mas pode ser um vestido. Tem um ar outonal e colegial e talvez as pessoas a quem tenho mostrado a fotografia gostem de ver mais ombros e maturidade e... não sei. Pois vejo aqui muitas coisas. Para já, o mais importante: uma doçura desinibida, exultante, impúdica. Não sei bem o que isto quer dizer. Vou tentar outra vez: uma doçura que não implica fragilidade nem desespero nem inquietação. Uma doçura tranquila? Depois gosto que esteja um bocadinho olheirenta, um bocadinho despenteada, que haja uma sombra que só a torna ainda mais romântica. É uma fotografia belíssima! Mas o que provoca uma vontade incontrolável de lhe fazer uma festinha na cara (isto às vezes acontece-me perante imagens de grande beleza, passo a excentricidade) é aquela espécie de marca (ou covinha, não é assim que se diz?) no queixo. Aquela marca deixada por um anjo.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Na guerra e no amor vale tudo, excepto para a extrema-esquerda: é certo que quando escrevi este post, já estava com um pé dentro de água (e isto não é um chiste; levo os meus mergulhos muito a sério). Pois reli a sua segunda declaração de amor (se isto não é recíproco...) e confirmei aquilo que me parecera: não considerei as suas questões como algo a responder e com o exemplo da Batalha das Termópilas - sem dúvida de nula relevância para a discussão - pretendia apenas acompanhar a nula relevância de exemplos para a discussão como a guerra do Peloponeso ou a morte de inocentes na guerra. Mas respondendo muito sucintamente às suas questões:

1. sim, precisamente por ser desproporcionada. Mas atenção aos termos "escaramuça de fronteira" e "bombardeamento maciço". É a sua perspectiva. O Hezbollah não protegeu a população, pelo contrário, expô-la aos bombardeamentos. Percebo que veja o Hezbollah como uma organização preocupadíssima com os libaneses, com as mulheres e as crianças. Discordamos de maneira irreconciliável.
2. Note que os crimes de guerra são julgados sempre pelos vencedores e têm muito que se lhe diga. Trata-se de um conceito tão relativo e tão político que apenas esconde a imoralidade do mesmo. Pois se a guerra é um crime, em si mesma desproporcionada etc.

Sei que é cedo na nossa relação, mas vou ter de lhe pedir um tempo. Não me leve a mal se não lhe responder a uma próxima resposta sua (caso assim decida fazer), mas agora vou ter de dar início à segunda fase da exploração mineira. Até à próxima retaliação!
Eu hoje acordei assim...

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Linda Evangelista

... tive um pesadelo com Hugo Chávez. Sonhei que estava doente e que ele vinha de propósito da Venezuela visitar-me, tipo lambe-botas como fez a Fidel Castro. Eu, como não sou Fidel, piorava, entrava em choque anafilático mal o visse e caía para o lado inanimada. Entretanto, entrava o Dr. House e fazia-me uma punção lombar (não há episódio em que o homem não faça uma punção lombar ao doente, é impressionante!) e nada descobria. Chávez sempre à minha cabeceira, a segurar-me na mãozinha e a tirar fotografias comigo e eu já a bater a bota, muito branca com os olhinhos revirados. Recebia telegramas de Lula, de Kirschner e sempre a piorar, sempre a piorar. O Dr. House e a sua equipa finalmente proibiam as visitas e os telegramas e, milagrosamente (ou nem por isso) começava a melhorar. Mas eis se não quando, concedem a Saddam Hussein uma autorização especial para me ir visitar à clínica. Abria já mais os olhos, quando o vejo à minha frente, com muito bom aspecto, bem vestido, bem tratado, com o cabelinho pintado de preto, um brinco! Recaída total, hemorragias internas e externas, as máquinas descontroladas, tudo a apitar e aquele médico louro giro a fazer-me respiração boca-a-boca. De repente, acordo e digo: "Ouça lá, o senhor sabe que eu sou casada?"

quarta-feira, agosto 16, 2006

The sound of bomba

"True love
Oh baby
True love
Oh baby"

True Blue, Madonna
16 de Agosto de 1958

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Happy birthday, Madonna! Love ya!
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- Uma bonita homenagem do maradona à atleta Carolina Klüft (têm de ir para baixo na página).
- Muito bem observado, Eduardo!
- O blogue A Tasca da Cultura acabou. Acho mal, pronto. Completamente de acordo com os pontos de 9 a 13, inclusive. Cheers!
Verdades absolutas que devem ser celebradas: não, não somos todos iguais.
Eu hoje acordei assim...

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Catherine Deneuve

... a pensar no último Of Beauty and Consolation que vi (isto agora é todos os dias!), com Yehudin Menuhin, um entrevistado absolutamente extraordinário. A uma dada altura, o entrevistador faz uma pergunta sobre Israel e Menuhin - judeu, naturalmente - fala sobre o direito de matar. O Estado, o único que tem o direito de matar, entra em conflito com "Não matarás". Menuhin afirmou que, a partir do momento em que se formou o Estado de Israel, os judeus deixaram de cumprir os Dez Mandamentos e perderam a inocência. Julgo que estamos perante um judeu conservador (ou ultra-ortodoxo, não estou certa da designação), que é contra a guerra; que aceita a vontade de Deus: se essa vontade for a de não permanecerem naquele território, pois que assim seja. Isto é muito sério e complexo, não é um disparate como o tornam aqueles que dizem que os judeus que são contra a guerra são anti-semitas (tanta asneira, senhores). Mas, enfim, diz-se também muito por aí que o problema de Israel não é nosso, não nos diz respeito. Há que saber não ouvir o muito que se diz por aí e depende de cada um de nós fazê-lo.

terça-feira, agosto 15, 2006

Eu hoje acordei assim...

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Christy Turlington

... a pensar no último Of Beauty and Consolation que vi, desta vez com o escritor húngaro György Konrád. Desta série de programas, traduzi dois, há cinco ou seis anos. Um deles foi este de que agora falo; o outro foi o último, em que estão todos os participantes reunidos. Ambos foram traduzidos (como a maioria dos programas desta série) sem guião: ou seja, com tudo tirado de ouvido (assim se costumava dizer). Fiz a tradução, não a legendagem, e nunca cheguei a ver o resultado final. O horário impróprio que a SIC escolheu para transmitir a série (entre as duas e as quatro da manhã) e a falta de lembrança para gravar contribuíram para que nunca tivesse visto nada. Agora já fico acordada até mais tarde e tenho um super-gravador de vídeo. A entrevista com Konrád foi profundamente triste. Chorei, claro. Não do princípio ao fim desta vez, mas caíram lágrimas quando Konrád disse que havia limites para contar a sua história de sobrevivência ao Holocausto e que era imperdoável. Simplesmente assim: imperdoável. Nem sequer disse a palavra em inglês, mas balbuciou-a em francês. No contexto da entrevista, há que perceber que Konrád não falava dos que mataram a sua família e os seus amigos, mas de si próprio. Falava de si como sobrevivente aos onze anos (quase doze, corrige a certa altura, como se fizesse diferença); falava da sua experiência como um dos judeus deixados para trás, um dos que não foram escolhidos para morrer. Há limites para falar da sua culpa, assim o entendi. Há também limites para a curiosidade do entrevistador, dos espectadores. A culpa de ter ido para Budapeste, de ter sobrevivido àquele absoluto horror. Konrád insistiu muito e de muitas maneiras no tema da consolação: que não existe. Mas o entrevistador não desistiu e Konrád acabou por dizer algo que me pareceu, de certa forma, um sinal de consolo. Qualquer coisa como, as acções e as respectivas justificações não se perdoam porque não podem ser apagadas nem deixar de existir (ficam congeladas no tempo, afirmou); mas os indivíduos devem ser perdoados, por serem simples pecadores. Mas haverá perdão sem consolação? Talvez.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Estado em que se encontra este blogue

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Christy Turlington

Até logo!

quarta-feira, agosto 09, 2006

Soprano Talk (4)

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Grande episódio. Tony, acordado, não gosta do provérbio. E quem, afinal, o pôs ali? Talvez já lá estivesse. Alguém diz: "Each and every man is judged on his own merit". É uma boa frase, quase parece verdadeira e, em certos casos, até é. Há que acabar com a pílula e promover o Viagra, diz o pastor que visita T., e o negócio do lixo tem a sua própria filosofia: preocupações antigas e modernas demasiado misturadas. Um rapper baleado tem mais sucesso, mas 50 Cent levou nove tiros: este só levou sete. E Paulie, um sacana violento, sem dúvida, tem outra mãe: a tia Dottie, uma trapalhada. Sente-se traído, tadinho, tem problemas de identidade, e por breves instantes sinto pena dele. No fim do episódio, qualquer tipo de compaixão desaparece. A personagem do cientista é curiosa. T. respeita-o e ouve. Bobby Bacala faz o serviço ao colega rapper que quer ser baleado, mas numa zona carnuda, em troca de uns meros sete mil dólares. Tony afirma: "From now on, every day is a gift." Vamos ver o que muda. Tony, neste episódio, melhor que nunca.
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- Caríssimo António Rosa, muito obrigada pela gentileza e pela rapidez na resposta à minha curiosidade. Era o que previa: trouble, trouble, trouble...
- Cara lolita, a proposta de substituição era apenas um gracejo, para eliminar as referências norte-americanas. Estou certa de que teremos muitas oportunidades de discutir o tema (dos poucos que de facto me interessam).
- O Impertinente refere outros nomes como exemplo.
- Ricardo, isto é muito giro! (Sobretudo o videoclip mais recente.)
- Querido sobrinho, estava à espera que mencionasse o momento do choro, para depois lhe dizer que era uma óptima imagem do que Nussbaum contou sobre o pai: com ele aprendeu a enfrentar sem medo as ondas no mar; ou seja, a encarar os obstáculos como inevitáveis, mas também como algo a ultrapassar. Choro-retoque da maquilhagem-continua a gravar e tudo à frente das câmaras. Foi (mais) um momento interessante.
- Sam, é desta que encomendo este livro. Obrigada!
Post actualizado: Soprano Talk (3).
Faltava a cheerleader: não percebo. Pois se estava a falar de amor. Com outra pessoa, naturalmente.
Ninho de cucos (64)

The Record Store Cats (cliquem em cada uma das imagens). The Techno Cat rules, Maria! Obrigada!
Coisas que melhoram algumas vidas (47)

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Não é um pássaro, não é um avião, não é um romance, não é um ensaio. Simplesmente original, delicioso, excelente. Super-Alain de Botton!
A extrema-esquerda confirma o seu amor por mim*: ser ou não necessário elaborar não é uma decisão que lhe pertence. Pois desde a guerra do Peloponeso até aos dias de hoje vai uma grande distância. Escrevi também naquele mesmo post que, infelizmente, já não há campos de batalha. Por exemplo, na Batalha das Termópilas, que terminou com uma (quase literalmente) cereja no topo do bolo - corte da cabeça de Leónidas, devidamente colocada numa estaca na praia, à vista de todos, depois da eliminação da totalidade das tropas gregas -, não houve proporcionalidade (basta que observemos a diferença entre o número das tropas gregas e o das tropas persas, mesmo contando com exageros por parte de Heródoto). A guerra nunca foi proporcional, insisto. Havia honra, respeito pelo inimigo, pelas populações, tréguas para enterrar os soldados mortos (como refere e bem), mas isso acabou há muito. Confunde desproporcionalidade com desonra. Quanto à sua facécia (santinho!), perceberá que respondi com uma pilhéria. Desproporcional não fui.

* mas eu agora tenho de ir ali dar um mergulho na piscina.
Eu hoje acordei assim...

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Kate Moss

... numa recente zanga de antologia, no meio do que se pode chamar uma autêntica escaramuça, chegou-se a um ponto em que os gostos foram invocados; àquele ponto em que vale tudo até arrancar corações à dentada. Aconteceu quando lhe disse que não gosto nada de Clarice Lispector, que me aborrece, pronto. Nunca mais me falou.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Happy bloganniversary to you!

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(Petite peluche en laine en forme de cheval, Hermès)

Miss Pearls faz dois anos de vida na blogosfera (o Xanel Cinco sempre foi Miss Pearls, a verdade é essa). Para hoje, que é pequenino, nada de pérolas, mas um bonito peluche. Muitos beijinhos de parabéns, querida Isabel!
Modo de vida

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Ibañez, no La Nación.
The sound of bomba

"She gets much too hungry
to wait around for dinner at eight"

The Lady is a Tramp, Frank Sinatra with the Red Norvo Quintet

domingo, agosto 06, 2006

Eu hoje acordei assim...

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Christy Turlington

... comovi-me com o programa com Martha Nussbaum. Comover-me é, na verdade, um eufemismo: chorei silenciosamente (as lágrimas a correr pela cara abaixo, sem poder controlar nem querer) desde o momento em que começou a falar sobre a sua infância até ao fim do programa, quando falou da morte da mãe. O programa não foi muito bom por ser surpreendente, mas porque foi intimista ao ponto do absurdo. Nussbaum chegou a falar do DIU deslocado, responsável pela gravidez não planeada. Falou muito de consolação, muito pouco de beleza, quando pelo modo como descreveu a mãe, esta parecia reunir precisamente ambas: era na mãe, a quem se referiu insistentemente como sendo bonita, que procurava (e dela obtinha) consolo. E depois a culpa, a fúria, a criatividade, o pai, a importância de viver uma vida boa, praticando bons actos, com tudo o que isso implica numa espécie de redenção pessoal, de libertação; a determinação, a persistência, a estrutura que permite resisitir a todos os problemas, o trabalho e aquela consciência permanente da inevitável incapacidade (em relação a quase tudo), a única coisa que permite a elevação, talvez mesmo a salvação. Adorei.

sábado, agosto 05, 2006

A quem possa interessar: Martha Nussbaum, em Of Beauty and Consolation, na SIC, às duas da manhã.
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer

- Começo por apresentar um protesto na secretaria da blogosfera: um mês de férias? Seguido? I object! Pronto, a etimologia fica para Setembro. Boas férias!
- De tanto ouvir falar de Baalbek parece que a guerra chegou a França. Ou à blogosfera (e lindas as sabrinas brancas Ferragamo).
- É o que dá concentrarmo-nos no acessório. A bagagem, but of course!
- A-do-rei este post no Postais da Novalis sobre um Mercúrio retrógrado e as suas influências ou ausências nos últimos dias de Julho. Vénus em Escorpião e Marte em Virgem em regime de permanência é bom, mau, assim-assim, não interessa a ninguém?
- Alguém sabe de que clube é o Daniel Oliveira? Estou a pensar em oferecer-lhe uma bandeira.
- Luís, as minhas desculpas, mas terei de invocar a Quinta Emenda. Por questões conjugais da máxima seriedade, não posso pronunciar-me sobre golos de outros clubes, sobretudo desse. Mas posso regozijar-me com este post do Francisco. Ah, a graça, o brilho, o fulgor! Amor, vem ver!
- Tem razão, estimada lolita! Substitua-se serial killer por assassino em série, remetido para Santa Comba Dão. Mas posso pensar noutros exemplos de coerência no mal (também no modus operandi), sem clichés, nem sequer norte-americanos. Caro besugo, não tem nada de pedir desculpas. Como viu, quanto àquela outra questão, obedeci.
- Caríssimo Luís Mourão, é falso que tenha um piercing no nariz, mas é verdadeiro que adorava ter. Obrigada e boa pergunta, sim: "Can I be me?" I can (or may) and I am as we speak.
- Finalmente, A Questão Importantíssima: o que querem os gatos? A Sam deseja-me boa sorte (obrigada!) na investigação e quero dizer-lhe que me deixei de coisas e perguntei ao Varandas. Sugeri mesmo, Sam, aquilo que me disseste em privado e confirma-se. O Varandas, logo após a incómoda pergunta, correu para a zona do Kentucky Fried Friskies e deitou-se à espera. Está provado: os gatos querem comida. Vamos ao teste!

You Are: 30% Dog, 70% Cat

You and cats have a lot in common. You're both smart and in charge - with a good amount of attitude. However, you do have a very playful side that occasionally comes out!

A extrema-esquerda ama-me*

O autor do blogue umblogsobrekleist queixa-se da sua própria construção a respeito de dois posts que leu no blogue da vossa bomba de estimação. Diz então que chamei nomes a Zidane (má bomba, má!) por se ter comportado como um bronco e um animal (outra vez?) ao reagir com violência a palavras, mas que me - e agora cito as suas palavras - "[indigno] contra aqueles que falam em proporcionalidade para pôr em causa a amplitude da resposta israelita às provocações do Hezbollah, e que se sentem chocados por o rapto de dois soldados ter suscitado uma ofensiva que já causou centenas de mortos civis e muitas dezenas de milhares de deslocados". Da cabeçada de Zidane como resposta a um insulto até à guerra dá um passo tão grande que fica suspenso em espargata e isso deve doer. Para voltar a andar, precisa de uma muleta que se chama "proporcionalidade".

Resta-me dizer o óbvio: no post em questão, ao escrever (não gosto de me auto-citar, mas pelos vistos, tem de ser), "[a] actos de guerra responde-se com actos de guerra. Por isso o conceito de desproporcionalidade é mera poeira hipócrita que anda por aí a circular. Servirá afinal muito bem aos que pensam que a guerra é uma brincadeira. A guerra é uma coisa horrível, em si desproporcionada, em que morrem civis" estou a questionar o conceito de desproporcionalidade aplicado à guerra, algo em si mesmo desproporcionado. Os que dizem que uma resposta num contexto de guerra é desproporcional atribuem à guerra um equilíbrio e uma proporção que não tem. Por que razão o fazem? Por desconhecerem uma coisa óbvia? Não posso ser mais clara do que isto.

Se, por exemplo, alguém me insultar e eu responder dando uma cabeçada, já faz sentido falarmos de desproporcionalidade (aliás, seria o mínimo). Repetindo-me, trata-se de responder com um acto violento a meras palavras, por muito desagradáveis que sejam (voltando a Zidane, não nos podemos esquecer que se trata de um jogador profissional, com muitos anos a ouvir insultos e provocações). Vamos imaginar que, sempre que me insultavam na blogosfera, eu vingava-me dando uma cabeçada em cada um que o fizesse. Nessa altura, sim: podiam acusar-me de ser... desmedida.

* mas eu não tenho assim tanto amor para dar.
Post actualizado: Soprano Talk (2).

sexta-feira, agosto 04, 2006

Eu hoje acordei assim...

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Christy Turlington

... preocupada com um recente surto de misoginia espontânea.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Soprano Talk (3)

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Meus queridos companheiros de conversas sopranianas, prometo hoje regularizar a situação. Please bear with me.

Antes de mais, bem-vinda à conversa, Sara! Paulie mispronounced, sim senhora, que bem ouvi. Sugiro outro título para o episódio: "E se Tony piora?" Quero uma lavandaria colombiana! Chris e Bobby aconselham boxe amador ou mais sexo a AJ, para que se deixe de ideias tontas de vingança. Sil o tempo todo: chefe interino; a asma; a bomba da asma a toda a hora; a mulher gananciosa; estava para ser chefe, mas prefere o trabalho de bastidores; e leal com Carmela, o mais importante. Marvin Gaye outra vez na televisão e AJ a falar com quem estava proibido. O encontro entre Carmela e a Dra. Melfi pareceu-me bom. Primeiro o constrangimento natural no supermercado, depois na consulta, o problema dos filhos. Primeiro era fácil mentir-lhes, agora tornaram-se cúmplices. É completamente diferente. Pobre Sil. Os argumentistas e JT a queixar-se: "An entire room full of writers and you did nothing?" Pode perfeitamente ser uma private joke! Chris quer qualquer coisa como "Saw meets Godfather II". Só Meadow Soprano pode achar Vito "inofensivo". Finn em pânico (já não me lembro bem porquê, mas viu o que não devia, não foi?). Paulie acaba por salvar Tony à sua maneira, enfim, curiosa. T. acorda e o dinheiro tem de ser entregue a Carmela o mais depressa possível. Entraram em choque, sim. Carmela percebe e Vito volta a comer.
Coisas que melhoram algumas vidas (46)

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Ibañez logo pela fresca, no La Nación.
Ninho de cucos (63)

O Varandas é um bicho de Outono-Inverno.
Coisas que fazem parte da minha formação musical: a MTV faz 25 anos! E o primeiro vídeo: Aoah, aoah...
Modo de vida: o senso comum não me interessa.
Eu hoje acordei assim...

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Scarlett Johansson

... a pensar nos comentários de ontem de Miguel Sousa Tavares sobre Fidel Castro. MST elogiou Fidel por ser coerente (este tipo de raciocínio não é novo). Há que desmontar a coisa ao estilo socrático. - Porventura consideras a coerência como uma virtude, Calisto? - Sim, porque devemos agir segundo as nossas convicções. - Então se as nossas convicções forem de má índole, ainda te parecerá uma virtude? - O que é mau para uns pode não ser mau para outros. - Então, estás disposto a elogiar um serial killer? - Não, claro que não! - Mas um serial killer é coerente, logo será, segundo dizes, virtuoso. - Não, porque nesse caso trata-se de elogiar a coerência no mal e não no bem e o mal nunca pode ser elogiado. - Mas se é assim, Calisto, o que deve ser elogiado é o bem e não a coerência, se não corremos o risco de confundirmos Ética com Estética e de perpetuarmos o conforto do relativismo.

terça-feira, agosto 01, 2006

Como dizem os gregos: kaló mina! Chegámos àquele mês.
Eu hoje acordei assim...

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Kate Moss

... a primeira fase, de um total de três (ou quatro), da exploração de minas foi concluída.

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