blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Rádio Blogue: Hillary Clinton
Sejamos francos: o problema de Hillary Clinton é ser mulher. E não se trata de ser um panzer como Angela Merkl, por exemplo. Estamos a falar de uma pessoa que perante o anúncio mundial da traição do marido, Bill Clinton, na altura Presidente dos Estados Unidos da América, tem uma reacção tipicamente feminina: perdoa o marido e afirma em alto e bom som que não o tenciona abandonar. Esta decisão implica custos elevados num mundo constituído não por famílias mas por indivíduos, e que depressa condena decisões conservadoras como esta. Numa época em que a mulher não tem nada que ser mulher de ninguém, a democrata Clinton optou publicamente por não deixar de o ser. Este pormenor decisivo não abona a seu favor, porque a apresenta ao eleitorado como um ser feminino convencional. Ser uma mulher com atitudes clássicas e ter ambição política parecem ser dois modos de vida muito dificilmente conciliáveis. Será um bocadinho como querer ter tudo, intolerável mesmo na terra da liberdade, da oportunidade e da busca da felicidade, em que de facto há a possibilidade de ter tudo. Mas não para Hillary Clinton. Porque é que uma mulher na liderança assusta? Terá uma mulher de abdicar da sua condição feminina para ser considerada capaz de ocupar um cargo de poder?
Sejamos francos: o problema de Hillary Clinton é ser mulher. E não se trata de ser um panzer como Angela Merkl, por exemplo. Estamos a falar de uma pessoa que perante o anúncio mundial da traição do marido, Bill Clinton, na altura Presidente dos Estados Unidos da América, tem uma reacção tipicamente feminina: perdoa o marido e afirma em alto e bom som que não o tenciona abandonar. Esta decisão implica custos elevados num mundo constituído não por famílias mas por indivíduos, e que depressa condena decisões conservadoras como esta. Numa época em que a mulher não tem nada que ser mulher de ninguém, a democrata Clinton optou publicamente por não deixar de o ser. Este pormenor decisivo não abona a seu favor, porque a apresenta ao eleitorado como um ser feminino convencional. Ser uma mulher com atitudes clássicas e ter ambição política parecem ser dois modos de vida muito dificilmente conciliáveis. Será um bocadinho como querer ter tudo, intolerável mesmo na terra da liberdade, da oportunidade e da busca da felicidade, em que de facto há a possibilidade de ter tudo. Mas não para Hillary Clinton. Porque é que uma mulher na liderança assusta? Terá uma mulher de abdicar da sua condição feminina para ser considerada capaz de ocupar um cargo de poder?
Publicado hoje no Meia-Hora. Deixe os seus comentários através do número 21 351 05 90. A sua voz vai para o ar na Rádio Europa à sexta-feira, às 10h45 e ao domingo, às 14h15. Pode também comentar por escrito no Jazza-me Muito.
Os motivos de interesse nos Óscares: o vestido da noite é o Jean Paul Gaultier da extraordinária Marion Cottilard, seguido de um Valentino belíssimo usado por Calista Flockhart, um John Galliano encarnado vestido por Heidi Klum e um Balenciaga na semi-deusa Nicole Kidman (que não anda: paira). Sempre fabulosa Penelope Cruz. Sempre giras Diane Lane e Laura Linney. Javier Bardem e Viggo Mortensen no que quiserem, francamente.
Tivesse destruído ele
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 23-02-08.
Antes de morrer, Vladimir Nabokov deixou um pedido à mulher que destruísse o seu último manuscrito. Não, não é pedido que se faça a ninguém e talvez por saber isto a mulher do escritor, Vera, fez aquilo que tipicamente se faz em casos bicudos como este: deixou o tempo passar. Quando a própria faleceu, a batata quente passou para o filho, Dmitri Nabokov, alegadamente a única pessoa neste planeta que leu The Original of Laura, título atribuído à obra. Ora, o filho, entretanto com 71 anos, também não sabe o que fazer com aquele legado: destruir conforme o desejo expresso ou não, eis a questão. Mas a questão é perversa e o único culpado da situação é o manipulador Vladimir Nabokov. A obra literária tem um autor, mas será ele o proprietário absoluto da sua criação? Como conjugar a arte com o direito à propriedade exclusiva, neste caso limitando o acesso ao texto e impedindo a sua interpretação? O tema foi amplamente debatido na imprensa, e Ron Rosenbaum, na Slate, chegou a pedir a intervenção dos leitores no sentido de impedir Dmitri de fazer algum disparate (ou seja, cumprir a vontade do pai). Agora que a publicidade está toda feita, publique-se e depressa.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 23-02-08.
domingo, fevereiro 24, 2008
À especial atenção do Ricardo e do Alberto
(O actor genial desta cena memorável de Singin' In The Rain chama-se Donald O'Connor. E continuo orgulhosamente só a detestar Ricky Gervais.)
(O actor genial desta cena memorável de Singin' In The Rain chama-se Donald O'Connor. E continuo orgulhosamente só a detestar Ricky Gervais.)
O homem que só queria ler em paz e sossego
Seguindo a dica da Helena fui pesquisar o episódio de Twilight Zone de que me falou. Time Enough At Last é uma história fantástica sobre um leitor, Henry Beamis, que ninguém deixa que se dedique à sua actividade mais querida: ler, precisamente. A ver a segunda parte e o final do episódio, claro. Vale muito a pena. Obrigada!
Seguindo a dica da Helena fui pesquisar o episódio de Twilight Zone de que me falou. Time Enough At Last é uma história fantástica sobre um leitor, Henry Beamis, que ninguém deixa que se dedique à sua actividade mais querida: ler, precisamente. A ver a segunda parte e o final do episódio, claro. Vale muito a pena. Obrigada!
sábado, fevereiro 23, 2008
Eu hoje acordei assim...
Scarlett Johansson (fotografia roubada ao Vida Breve)
... ui, que estou atrasada para o almoço!
Scarlett Johansson (fotografia roubada ao Vida Breve)
... ui, que estou atrasada para o almoço!
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Bomba de Ouro: "Onde há números e sobretudo quando se vem com a conversa dos números é certo e sabido que temos gato escondido com rabo de fora e a verdade é que em Portugal como em França há, de facto, uma crise instalada mas que nada tem a ver com miséria económica. Longe disso. A crise na edição de livros está na falta de talento, na fraca exigência dos leitores que engolem Coelho ou Angot como se fossem livros, quero dizer, aparentemente são livros, tudo indica que o são excepto para alguém que saiba ler. E é esta verdade seca e bruta que divide o mundo da leitura em dois." Fátima Rolo Duarte, pois claro.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Brushing up my Shakespeare (6)
Sonnet CV
Let not my love be call'd idolatry,
Nor my beloved as an idol show,
Since all alike my songs and praises be
To one, of one, still such, and ever so.
Kind is my love to-day, to-morrow kind,
Still constant in a wondrous excellence;
Therefore my verse to constancy confined,
One thing expressing, leaves out difference.
'Fair, kind and true' is all my argument,
'Fair, kind, and true' varying to other words;
And in this change is my invention spent,
Three themes in one, which wondrous scope affords.
Sonnet CV
Let not my love be call'd idolatry,
Nor my beloved as an idol show,
Since all alike my songs and praises be
To one, of one, still such, and ever so.
Kind is my love to-day, to-morrow kind,
Still constant in a wondrous excellence;
Therefore my verse to constancy confined,
One thing expressing, leaves out difference.
'Fair, kind and true' is all my argument,
'Fair, kind, and true' varying to other words;
And in this change is my invention spent,
Three themes in one, which wondrous scope affords.
'Fair, kind, and true,' have often lived alone,
Which three till now never kept seat in one.
terça-feira, fevereiro 19, 2008
Projecto para o futuro
(O que vêem na imagem em cima, mais concretamente na segunda coluna a contar da direita, é o mais importante na língua hebraica: a raíz dos verbos, que nos permite reconhecer uma série de palavras cujo significado ignoramos. É uma espécie de chave. Um dia falo sobre isto. Agora já é tarde e amanhã tenho de acordar assim.)
Eu hoje acordei assim...
Valeria Mazza
... não, não vi a entrevista ao Primeiro de Portugal. Tenho as minhas prioridades, a minha rotina, e o serão televisivo de segunda-feira é o único decente de toda a semana: The Closer sobreposto com House (obriga a que o episódio seja gravado), logo seguido de Boston Legal (que está a aparvalhar outra vez com a presença daquele totó botoxado do Tom Selleck, com falas dignas de uma criança de quinze anos: "deixei a minha mulher há uma hora", por favor!). Tinham de o entrevistar a uma segunda? Não podia ser à terça ou ao domingo, vá?
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Bomba de Ouro: "Rabi – Não sei explicar, adoro a palavra rabi. Lá na minha rua (na Margem) utilizava-se muito, em contextos como: "Já alguma vez tinhas pensado, Rabi?" "Népia, Rabi, nunca pensei". Enfim." batukada, claro.
Muitos séculos de melodrama
É comum ouvirmos de casais desavindos queixas amorosas do género «não somos capazes de viver um com o outro, mas também não conseguimos viver um sem o outro». Esta revelação de incapacidade de relacionamento está muito longe de ser novidade. Basta lermos a frase em Ovídio: «Assim, nem sem ti nem contigo sou capaz de viver» (Amores, III, 11b, 7, tradução de Carlos Ascenso André). Rapidamente imaginamos a novela sofredora, as separações seguidas de reconciliações por sua vez seguidas mais uma vez por separações. Pensando bem, talvez a perfeita relação sado-masoquista seja aquela que se resume a esta frase. A incerteza é fundamental para manter uma ilusão de paixão, como se estar completamente apaixonado por outra pessoa precisasse da instabilidade para confirmar o sentimento. Gostar muito de alguém não depende de ambiguidades, dúvidas nem desequilíbrios emocionais. Mas não há nada a fazer, a natureza humana é complexa, não é? Pois se até os U2 cantam «I can’t live with or without you» em alto e bom som…
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 16-02-08.
É comum ouvirmos de casais desavindos queixas amorosas do género «não somos capazes de viver um com o outro, mas também não conseguimos viver um sem o outro». Esta revelação de incapacidade de relacionamento está muito longe de ser novidade. Basta lermos a frase em Ovídio: «Assim, nem sem ti nem contigo sou capaz de viver» (Amores, III, 11b, 7, tradução de Carlos Ascenso André). Rapidamente imaginamos a novela sofredora, as separações seguidas de reconciliações por sua vez seguidas mais uma vez por separações. Pensando bem, talvez a perfeita relação sado-masoquista seja aquela que se resume a esta frase. A incerteza é fundamental para manter uma ilusão de paixão, como se estar completamente apaixonado por outra pessoa precisasse da instabilidade para confirmar o sentimento. Gostar muito de alguém não depende de ambiguidades, dúvidas nem desequilíbrios emocionais. Mas não há nada a fazer, a natureza humana é complexa, não é? Pois se até os U2 cantam «I can’t live with or without you» em alto e bom som…
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 16-02-08.
Provérbios do nosso descontentamento
"Quem anda à chuva molha-se" é um dos nossos piores provérbios. Imagino sempre o pior de quem o profere e o melhor da vítima do moralismo bacoco (passo a redundância), que, muito satisfeita, canta e dança como Gene Kelly em Singin' In The Rain. "Andar à chuva" significa, neste contexto proverbial, provocar uma situação a evitar porque as consequências são evidentemente as piores. Hm, e os chapéus-de-chuva? E as impecáveis e impermeáveis gabardinas? E as galochas de alta-costura? Há quem ande à chuva mais protegido, outros preferem tapar a cabeça cm um jornal e outros ainda enfrentam as tempestades com a certeza de que um banho quentinho os espera no fim da travessia marítima. A expressão que acompanha este provérbio (ou que por vezes o substitui) é a sobejamente conhecida "estava-se mesmo a ver". Em Portugal, temos um vidente em cada esquina! Mas até os nossos videntes são especiais: falo daqueles que sabem que tudo aconteceu depois de tudo ter de facto acontecido. São os mesmos que têm o conhecimento adquirido do género "quem anda à chuva molha-se", mesmo que nunca tenham sequer posto o pé fora de casa, quanto mais chapinhado alegremente na via pública em pleno temporal.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-07.
"Quem anda à chuva molha-se" é um dos nossos piores provérbios. Imagino sempre o pior de quem o profere e o melhor da vítima do moralismo bacoco (passo a redundância), que, muito satisfeita, canta e dança como Gene Kelly em Singin' In The Rain. "Andar à chuva" significa, neste contexto proverbial, provocar uma situação a evitar porque as consequências são evidentemente as piores. Hm, e os chapéus-de-chuva? E as impecáveis e impermeáveis gabardinas? E as galochas de alta-costura? Há quem ande à chuva mais protegido, outros preferem tapar a cabeça cm um jornal e outros ainda enfrentam as tempestades com a certeza de que um banho quentinho os espera no fim da travessia marítima. A expressão que acompanha este provérbio (ou que por vezes o substitui) é a sobejamente conhecida "estava-se mesmo a ver". Em Portugal, temos um vidente em cada esquina! Mas até os nossos videntes são especiais: falo daqueles que sabem que tudo aconteceu depois de tudo ter de facto acontecido. São os mesmos que têm o conhecimento adquirido do género "quem anda à chuva molha-se", mesmo que nunca tenham sequer posto o pé fora de casa, quanto mais chapinhado alegremente na via pública em pleno temporal.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-07.
domingo, fevereiro 17, 2008
Alain de Botton sobre Sócrates
Óptimas imagens de Atenas (ah, tantas saudades) e um início completamente ao meu gosto: "Sócrates era muito feio". A ver a segunda parte e a terceira também.
Óptimas imagens de Atenas (ah, tantas saudades) e um início completamente ao meu gosto: "Sócrates era muito feio". A ver a segunda parte e a terceira também.
Alain de Botton sobre Séneca (3)
Terceiro conselho: perceber que não controlamos nada, que a Fortuna faz o que tem a fazer e que é independente de nós. Sim, mas mesmo que aceitemos que tudo pode correr mal e que estejamos preparados para o pior, não me parece bom que não soframos quando o mal acontece. Perante a perda de um ente querido (seguindo mais uma vez um exemplo dado nesta parte do documentário), mesmo sabendo que essa perda é inevitável, não sofrer é um sinal de desumanidade.
Terceiro conselho: perceber que não controlamos nada, que a Fortuna faz o que tem a fazer e que é independente de nós. Sim, mas mesmo que aceitemos que tudo pode correr mal e que estejamos preparados para o pior, não me parece bom que não soframos quando o mal acontece. Perante a perda de um ente querido (seguindo mais uma vez um exemplo dado nesta parte do documentário), mesmo sabendo que essa perda é inevitável, não sofrer é um sinal de desumanidade.
Alain de Botton sobre Séneca (2)
Segundo conselho: reflectir sobre todas as coisas que podem correr mal para poder viver com serenidade o dia em que tudo realmente corre mal. Mas a pergunta a fazer aos que pensam que têm o dom de controlar o destino, a surpresa, a frustração - e os outros, a questão é essa - é who the hell do you think you are?
Segundo conselho: reflectir sobre todas as coisas que podem correr mal para poder viver com serenidade o dia em que tudo realmente corre mal. Mas a pergunta a fazer aos que pensam que têm o dom de controlar o destino, a surpresa, a frustração - e os outros, a questão é essa - é who the hell do you think you are?
Alain de Botton sobre Séneca (1)
Primeiro conselho: ser menos optimista, reduzir as expectativas que temos em relação aos outros para não nos desiludirmos nem termos crises de ira. É então possível concluir daqui que Séneca acreditava que quem tem expectativas, de certa forma, está certo, o que não é de todo verdade. Quem espera que os outros conduzam bem (mantendo o exemplo apresentado por Allain de Botton) e nunca cometam erros está a dizer de si próprio que tem uma condução irrepreensível e nunca erra, e que, por isso mesmo, tem toda a razão em não aceitar que os outros guiem mal. Mas assim as suas expectativas são simplesmente irrealizáveis. Como tal, porquê tê-las? Freud responderá melhor a esta pergunta.
Primeiro conselho: ser menos optimista, reduzir as expectativas que temos em relação aos outros para não nos desiludirmos nem termos crises de ira. É então possível concluir daqui que Séneca acreditava que quem tem expectativas, de certa forma, está certo, o que não é de todo verdade. Quem espera que os outros conduzam bem (mantendo o exemplo apresentado por Allain de Botton) e nunca cometam erros está a dizer de si próprio que tem uma condução irrepreensível e nunca erra, e que, por isso mesmo, tem toda a razão em não aceitar que os outros guiem mal. Mas assim as suas expectativas são simplesmente irrealizáveis. Como tal, porquê tê-las? Freud responderá melhor a esta pergunta.
Eu hoje acordei assim...
Milla Jovovich
Milla Jovovich
... está a chover, a visibilidade é fraca, mas estes pormenores não tornam este dia num dia feio, muito pelo contrário. A água é precisa (muito necessária, aliás, como bem sabem os que seguem o bomba) e uma certa nebulosidade também nem sempre é má. Este blogue já cresceu o suficiente para aceitar o lusco-fusco; que é como quem diz, a ambiguidade. Mas coisa gira, mesmo muito gira, é a escolha de palavras da Fátima e da Fátima Júnior. Uma beleza!
sábado, fevereiro 16, 2008
Séneca, sempre©
"Observações sobre os costumes, sobre os deveres, é possível fazê-las de um modo geral e por escrito; são conselhos que se podem dar não só a ausentes, como até à posteridade. Mas a maneira e a ocasião de tomar uma decisão concreta, isso ninguém pode aconselhá-lo à distância, é forçoso deliberar em face das próprias circunstâncias. Para captar a oportunidade no momento justo é preciso não só estar presente, como estar atento. Põe-te, por conseguinte na expectativa, e assim que surpreenderes a oportunidade agarra-a com toda a rapidez, com toda a energia, e liberta-te definitivamente desses teus falaciosos deveres! Repara bem no conselho que te dou: em meu entender tens de libertar-te desse tipo de vida, ou de deixar a vida, sem mais. Mas penso também que deves proceder gradualmente, que é preferível desatar do que cortar os laços em que, para teu mal, te enredaste, na condição, porém, de estares disposto a cortá-los se não houver maneira alguma de os desatar." Cartas a Lucílio, I, 22, 2-4.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Eu hoje acordei assim...
Elle McPherson
Elle McPherson
... a pensar numa coisa importantíssima e também que 1) gostei de Californication, embora tenha ficado com uma sensação muito estranha de been there, done that and got a life; 2) adorei o episódio em que Sherlock Holmes aparece no consultório do Dr. Watson três anos depois de ter sido dado como morto na Suíça (chorei baba e ranho, claro). Três anos passaram e o homem regressa ao trabalho como se nada fosse e nem um beijinho, um abraço, uma lágrima ao canto do olho, nada; os festejos resumem-se a uma taça de champanhe trazida pela Mrs. Hudson e só quando o caso é resolvido. Percebo mas está mal, que diabo! Um pouco mais de afectividade, por favor; e 3) a pensar que gosto muito de um tom de cinzento metalizado ou muito claro, quase brilhante, que lembra uma luz de hospital.
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Especial Dia de São Valentim: "I think men who have a pierced ear are better prepared for marriage. They've experienced pain and bought jewelry." Rita Rudner
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Bomba-correio
Um magnífico contributo da Sofia para a série E o que eu gosto de sapateado, senhores! Obrigada!
Um magnífico contributo da Sofia para a série E o que eu gosto de sapateado, senhores! Obrigada!
Gostar de homens©
Bom fato + belíssima pulseira + mulher 17 anos mais nova + bomb, bomb, bomb Iran + cicatrizes + coragem em tempo de guerra + idade de Reagan quando foi Presidente = o meu candidato. (Fazendo um pouco de astrologia eleitoral, diria que se a final do campeonato for disputada entre Hillary Clinton e McCain, ganha McCain, mas se for Obama vs. McCain não é nada improvável que Obama saia vencedor. A ver vamos.)
You Are Scissors |
Sharp and brilliant, you can solve almost any problem with that big brain of yours. People fear your cutting comments - and your wit is famous for being both funny and cruel. Deep down, you tend to be in the middle of an emotional storm. Your own complexity disturbs you. You are too smart for your own good. Slow down a little - or you're likely to hurt yourself. |
terça-feira, fevereiro 12, 2008
- Coisa: em grego pragma.
- Eu: em grego ego.
- Inconsciente: em freudiano id.
- Pesadelo: em inglês nightmare.
- Aporia: em português, sem solução à vista.
- Hipérbole: o que seria de mim sem ela?
- Galhofa: porque soa tão bem que dá vontade de rir.
- Autoridade: em latim auctoritas.
- Saudade: em alemão Sehnsucht.
- Verdade: em grego alitheia.
- Bondade: subvalorizada quando pouco é mais importante.
- Totó: uma palavra que dispensa tanta outras.
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
Dever de cuidado
Não sou jurista nem advogada nem magistrada nem juíza nem alguma vez sequer pus o pé nalguma faculdade de Direito. Não trato as leis por tu – longe disso, por favor! – e só não as ignoro profundamente porque há uns senhores de farda azul e óculos escuros que depois me levam para um sitio frio e me obrigam a usar um casaco com capuz enorme. No entanto, não queria deixar de chamar a atenção para um belíssimo e inspirador conceito jurídico: o dever de cuidado. Todos sabemos que as nossas acções têm consequências. Sempre que os efeitos dessas acções não são danosos, não faz sentido falarmos de falta de cuidado. Mas se as consequências de uma acção ou omissão forem nefastas para outros, então teremos de pensar não na intenção com que tal acto foi praticado, mas no seu resultado, no desfecho daquela acção em particular. Quantas vezes ouvimos dizer que não houve má intenção por parte de fulano quando disse aquilo ou de sicrana quando fez ou não fez o outro? Perante resultados claramente desastrosos não é assim tão difícil descobrir o culpado. Temos a obrigação de saber que temos de ter cuidado com os outros.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-08.
Não sou jurista nem advogada nem magistrada nem juíza nem alguma vez sequer pus o pé nalguma faculdade de Direito. Não trato as leis por tu – longe disso, por favor! – e só não as ignoro profundamente porque há uns senhores de farda azul e óculos escuros que depois me levam para um sitio frio e me obrigam a usar um casaco com capuz enorme. No entanto, não queria deixar de chamar a atenção para um belíssimo e inspirador conceito jurídico: o dever de cuidado. Todos sabemos que as nossas acções têm consequências. Sempre que os efeitos dessas acções não são danosos, não faz sentido falarmos de falta de cuidado. Mas se as consequências de uma acção ou omissão forem nefastas para outros, então teremos de pensar não na intenção com que tal acto foi praticado, mas no seu resultado, no desfecho daquela acção em particular. Quantas vezes ouvimos dizer que não houve má intenção por parte de fulano quando disse aquilo ou de sicrana quando fez ou não fez o outro? Perante resultados claramente desastrosos não é assim tão difícil descobrir o culpado. Temos a obrigação de saber que temos de ter cuidado com os outros.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-08.
A ler: o comentário d'O Exactor sobre tão importante dever.
Ser adulto
Em que momento podemos afirmar que somos adultos sem corrermos o risco de alguém com mais autoridade ou conhecimento de causa nos contradizer? «Quando somos independentes», responde a senhora de chapéu lilás sentada na segunda fila, muito bem. «Quando somos responsáveis por outros», exclama um senhor exaltado, mas não é caso para tanto. «Quando queremos estar longe do que cheira mal», responde uma menina demasiado pequenina para entrar neste debate. Todas as respostas estão correctas mas a última está um bocadinho mais correcta do que as anteriores, obrigada, agora vá brincar com os seus amigos. Pois afastarmo-nos de locais com intenso cheiro a enxofre é aconselhável, mas é normal haver gente nesses locais que nunca dá pelo pivete. «Não me cheira a nada», insistem connosco sempre que perguntamos se a canalização funciona. Naquele preciso instante somos testados. Teremos crescido ou não? Se inspirando o fedor repetirmos em voz baixa que podia ser pior, a prova não é superada. Mas se percebermos que aquele bairro não é o nosso e nos despedirmos com um sorriso, então começa a maravilhosa vida adulta. No dia em que não duvidamos de que virar as costas é a resposta certa.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-08.
Em que momento podemos afirmar que somos adultos sem corrermos o risco de alguém com mais autoridade ou conhecimento de causa nos contradizer? «Quando somos independentes», responde a senhora de chapéu lilás sentada na segunda fila, muito bem. «Quando somos responsáveis por outros», exclama um senhor exaltado, mas não é caso para tanto. «Quando queremos estar longe do que cheira mal», responde uma menina demasiado pequenina para entrar neste debate. Todas as respostas estão correctas mas a última está um bocadinho mais correcta do que as anteriores, obrigada, agora vá brincar com os seus amigos. Pois afastarmo-nos de locais com intenso cheiro a enxofre é aconselhável, mas é normal haver gente nesses locais que nunca dá pelo pivete. «Não me cheira a nada», insistem connosco sempre que perguntamos se a canalização funciona. Naquele preciso instante somos testados. Teremos crescido ou não? Se inspirando o fedor repetirmos em voz baixa que podia ser pior, a prova não é superada. Mas se percebermos que aquele bairro não é o nosso e nos despedirmos com um sorriso, então começa a maravilhosa vida adulta. No dia em que não duvidamos de que virar as costas é a resposta certa.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 9-02-08.
domingo, fevereiro 10, 2008
sábado, fevereiro 09, 2008
Eu hoje acordei assim...
Elizabeth Shue
Elizabeth Shue
... depois de namorar os candidatos democratas, passando por uma paixão por Barack Obama (até descobrir aquele pormenor da educação islâmica, tenham lá paciência, mas não dá; além disso, é o candidato do Daniel Oliveira, o que me parece um sinal de alarme evidente) e por uma aproximação a Hillary Clinton (que ontem percebi tratar-se de uma aproximação por afinidade onomástica, pois Hilário é Hillary, claro), decidi assentar nesta vida loca de amores e paixonetas e aceitei a proposta de casamento de John McCain. Na verdade, era inevitável: por muito que admire os candidatos democratas (que bom seria que os nossos tivessem um décimo da sua qualidade), um herói de guerra é uma pessoa a sério. John McCain a Presidente!
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Eu hoje acordei assim...
Naomi Watts (fotografia de Ben Watts)
Naomi Watts (fotografia de Ben Watts)
... ontem a série de anúncios nos vários intervalos de House fazia prever nova sobreposição entre o final do episódio e o início de Boston Legal. Mas tal não aconteceu, which is really nice. Mal House acabou na Fox, mudei logo para a Fox Crime, e que alegria ao deparar-me com os dois ou três anúncios da praxe que antecediam Boston Legal! Muito bem, Fox!
segunda-feira, fevereiro 04, 2008
Dois só para o tango
Garry Willis pergunta com muita pertinência no The New York Times se, no caso de Hillary vencer as eleições, os americanos não terão elegido dois presidentes em vez de um. Não parece possível pensar em Bill Clinton como alguém que se resigna a obrigações protocolares. Mas a verdade é que não imaginamos como desempenhará as suas funções, pois a situação será nova para todos. Por outro lado, Hillary teve uma presença activa durante a presidência de Bill e menos não podemos esperar do seu marido. Poder-se-ia pensar que duas cabeças executivas são sempre melhores a pensar do que uma. No entanto, a história ensina-nos que a divisão do poder e da responsabilidade é mais que desaconselhável. Nem sequer é preciso lembrar os triunviratos romanos e o derramamento de sangue que provocaram para concordarmos que se trata de uma péssima ideia. Pensemos, por exemplo, no presidente George W. Bush, que tem como vice-presidente Dick Cheney, um homem com uma liberdade de acção muito maior do que a habitual neste cargo. Será de prever que com ainda maior à-vontade Hillary dê cobertura às iniciativas do marido. E se depois der para o torto, de quem é a culpa?
Garry Willis pergunta com muita pertinência no The New York Times se, no caso de Hillary vencer as eleições, os americanos não terão elegido dois presidentes em vez de um. Não parece possível pensar em Bill Clinton como alguém que se resigna a obrigações protocolares. Mas a verdade é que não imaginamos como desempenhará as suas funções, pois a situação será nova para todos. Por outro lado, Hillary teve uma presença activa durante a presidência de Bill e menos não podemos esperar do seu marido. Poder-se-ia pensar que duas cabeças executivas são sempre melhores a pensar do que uma. No entanto, a história ensina-nos que a divisão do poder e da responsabilidade é mais que desaconselhável. Nem sequer é preciso lembrar os triunviratos romanos e o derramamento de sangue que provocaram para concordarmos que se trata de uma péssima ideia. Pensemos, por exemplo, no presidente George W. Bush, que tem como vice-presidente Dick Cheney, um homem com uma liberdade de acção muito maior do que a habitual neste cargo. Será de prever que com ainda maior à-vontade Hillary dê cobertura às iniciativas do marido. E se depois der para o torto, de quem é a culpa?
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 2-02-08.
domingo, fevereiro 03, 2008
Obrigada, Maria!
Fui ontem apresentada a Dylan Moran, muito gosto. Mais uma série de dez partes no bomba, desta vez do espectáculo de stand-up comedy com o sugestivo nome Monster. Dediquem um bocado do vosso dia a ver tudo, vale mesmo muito a pena. Aqui fica o resto: segunda parte; terceira, quarta, quinta, sexta, sétima, oitava, nona e décima. Enjoy!
Fui ontem apresentada a Dylan Moran, muito gosto. Mais uma série de dez partes no bomba, desta vez do espectáculo de stand-up comedy com o sugestivo nome Monster. Dediquem um bocado do vosso dia a ver tudo, vale mesmo muito a pena. Aqui fica o resto: segunda parte; terceira, quarta, quinta, sexta, sétima, oitava, nona e décima. Enjoy!
Bomba de Ouro: "E se há mulheres que só tendem a ver defeitos na beleza alheia e não conseguem de forma alguma esconder os resquícios do Pecado Capital da Inveja, outras há que não pretendem — nem lhes interessa o contrário — ver mais do que as qualidades. Por este grupo nutro a maior admiração e o mais elevado respeito. Revelam confiança, maturidade e fair-play. E claro está, geralmente também são giras: física ou espiritualmente. Ou com um bocado de sorte, as duas coisas juntas." Pedro Duarte Bento.
Eu hoje acordei assim...
Grace Kelly
Grace Kelly
... à medida que o tempo passa vou tendo menos antipatia por Hillary Clinton. Ela foi a principal impulsionadora da carreira do marido, aliás tal como Cristina Kirchner. Falando com amigos argentinos sobre o casal Kirchner, fiquei a saber que nunca tinham ouvido falar do marido, Nestor, até este aparecer associado a Cristina, ela sim com uma longa carreira política e figura muitíssimo conhecida na Argentina. Por isso, comentários machistas vindos tanto de homens como de mulheres a respeito da importância e da vida destas mulheres - que têm de facto uma vida, ao contrário desses medíocres observadores - me repugnam. Servem para classificar os seus autores, e que não são poucos. A falta que faz uma vida própria.
sábado, fevereiro 02, 2008
É isto: "When one tries to rise above Nature one is liable to fall below it. The highest type of man may revert to the animal if he leaves the straight road of destiny." Sherlock Holmes, em The Adventure of the Creeping Man.
Estado em que se encontra este blogue: em perfeita sintonia com a intensa vida literária de Buenos Aires.
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Eu hoje acordei assim...
... De vez em quando aparecem nos blogues lusos umas lamúrias escritas aqui e além: a blogosfera dantes é que era boa; havia muita polémica; agora ninguém linca ninguém; os mais antigos calaram-se; não há discussão e nem sequer conversa; e mesmo os blogues que aparecem de novo lincam pouco. Resumindo, para muitos a brincadeira terá perdido a graça. Resta tentar perceber para quem, porquê e o que se passou entretanto. (Giros, totós e feios continua na Atlântico de Fevereiro)
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