blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

quinta-feira, maio 31, 2007

Eu hoje acordei assim...


Angelina Jolie

... muito boas dicas do estimado Réprobo para o texto longuíssimo sobre a ira que um dia escreverei. Desta vez, quero relacionar com o Freud. Tive uma paixão muito grande por um irado, mas depois percebi que era uma espécie de psicopata e perdi o interesse. E Rui, perguntas bem sobre Roma: "como dar boas cenas a um rapazola e como tornar credível que os outros generais se lhe submetam?" Pois é. E aquele sotaque posh? Ninguém acredita no miúdo, é uma maçada. Naquela altura então, tudo o que tivesse menos de cinquenta anos praticamente não existia na vida política. Eu gosto de Octávio. É uma das minhas personagens favoritas.

quarta-feira, maio 30, 2007

Muitos parabéns!



Ao Almocreve das Petas no seu quarto blogoaniversário!

terça-feira, maio 29, 2007

Caracóis, sandálias e traições (3)



Quem será o Daniel Cerqueira na lista de actores no genérico? Péssimo dia a começar com um sonho com Níobe. Voreno recebe Mémio que se queixa de uma ofensa de Quinto Bubo ao sobrinho de 12 anos. "The boy was paid", insiste Voreno. Pode ser, mas Mémio tem razão. O rapaz, além de familiar, é propriedade dele, e se não pediu autorização... Tito Pulo tenta interferir. Não estará Pulo - forte e com bom coração, que bela mistura - demasiado inteligente nesta segunda temporada? Não digo que não fosse, mas pode ser impressão minha. Entretanto, Octávia fuma erva com uma amiga muito afectada, Jocasta, que diz a Átia que a Macedónia, para onde irá com Marco António é um sítio pavoroso. Átia trata de convencer Marco António de que a Gália é um sítio melhor para irem. E não estará Átia mais badochinha? Parece estar com aquela flacidez tão típica da decadência moral. Agripa chega com uma frase de Octávio e a notícia de que reuniu dez mil homens. Octávia nem acredita: "My little brother..." A cena entre Servilia e o rapaz incumbido da tarefa de envenenar Átia revela que ali não há nobreza. O rapaz, além de exigir mais dinheiro, chama Servilia pelo nome próprio e ainda exige um beijo, a grandessíssima lata, mas o pior é que passa impune. Cássio e Bruto na Bitínia. Tito Pulo e a mulher deixam o Aventino e encontram Lídia, filha de Voreno, que lhes diz que as crianças estão vivas, bastardo incluído. Cícero foge, não sem antes deixar um discurso e alguém a pagar pelas suas palavras. Átia janta sozinha e lá vai a caçarola com o guisado de ganso cheio de um veneno muito azul...

segunda-feira, maio 28, 2007

Ninho de cucos (90)



Obrigada, Sofia!

domingo, maio 27, 2007

Caracóis, sandálias e traições (2)



Houve várias coisas magníficas neste episódio: a cabeça de Erastes Fulmen atirada para debaixo de um móvel qualquer, tum, tum; Octávio exige o dinheiro que lhe foi deixado por César, para que possa pagar os 75 denários a cada plebeu; Voreno que não se suicida porque Dis é que sabe quando chegou a sua hora; Marco António a delegar em Voreno a responsabilidade pela crise no Aventino; outra vez a cabeça de Fulmen a apodrecer, cheia de moscas e Tito Pulo a dizer a Marco António que Voreno sempre que olha para aquilo fica mais consolado (eu por acaso percebo, tem graça); Tito pulo pede a Voreno que não ande a dizer que é filho de Hades porque os deuses não gostam dessas coisas (ah, pois não gostam, não); Servília diz a Cícero que Bruto deve voltar a Roma, mas Cícero - que mal tratado é na série, como um cobarde repugnante - diz que é melhor não; Octávio, farto de esperar por Marco António, pede um empréstimo de três milhões de denários e entra na vida política, e a sua decisão enfurece Marco António - Átia escolhe não apoiar o filho (este comportamento de Átia merece reflexão); finalmente, na caravana de Octávio, de partida para a Campânia, encontramos os filhos de Voreno, bastardo incluído. São várias coisas magníficas, como vêem, mas depois há duas extraordinárias: o par de estalos de Cleópatra a Marco António e uma cena brevíssima com uns criminosos no Aventino a torturar outros criminosos metendo-os nuns sacos e mergulhando-os na água de uma fonte (antes de chegar a trégua sagrada). Sobre esta cena dos sacos, lembro-me de um castigo que consistia em meter o culpado de algum crime num saco de sarapilheira na amena companhia de um macaco, um galo e uma serpente e atirá-lo ao Tibre. Se sobrevivesse, tudo bem, se não, então era porque Dis não queria mesmo que continuasse a sua vida de ladroagem e crime. Mas tenho de verificar. Nesta cena, só vi serpentes mas o princípio era o mesmo. O par de estalos é soberbo. Nota máxima para a execução técnica logo seguida de nota máxima para a coreografia. Parte de trás da mão primeiro com uma medida de força suficiente para marcar uma posição e desarmar Marco António, e regresso com a palma da mesma mão no outro lado da cara com a mesma medida de força. Em não mais de três segundos, a questão fica resolvida sem dramas desnecessários, justificações ou lamentações. Trás, trás e pronto. "It is not allowed to touch."
Caracóis, sandálias e traições (1): actualizado.
Coisas que melhoram algumas vidas (71)




Os olhos das heroínas


Imagino Ofélia, Julieta, Catherine Earnshaw, Dulcineia, Scarlett O’Hara e tantas outras heroínas românticas da literatura e do cinema como mulheres pálidas, frágeis e olheirentas. Pois o excesso de sofrimento amoroso pode hoje em dia ser muito bem disfarçado com maquilhagem sofisticada. As heroínas modernas, por vezes mais excessivas do que as suas antecessoras, podem usar magníficos anti-cernes e fazer de conta que são seres frios e racionais. Ora, entre os correctores mais sofisticados do mercado - como, por exemplo, o Diorskin Sculpt Lifting Smoothing, da Christian Dior, um corrector muito suave e eficaz, que se aplica como um lip gloss com uma minúscula esponja - existe o Ferrari dos correctores, o melhor amigo das mulheres com olheiras, talvez o mais caro, mas também superluxuoso: chama-se Touche Éclat e é da Yves Saint Laurent. A diferença está na textura do creme, finíssimo e de imediata absorção e no tipo de pincel, que permite uma aplicação doseada e eficaz. Com uma óptima base por cima e um pouco de blush, ninguém diria que sofre, que se preocupa, que passa por momentos de profunda tristeza. Viva a maquilhagem de luxo!

Publicado na Tabu (Cinco Sentidos), a 17-02-07. Dedicado à Margot.
The Last Knit (via João Miranda)

Metabloggers do it better (57)
Blockbomba: Blood Diamond (uma chatice violenta insuportável que vi até ao fim por culpa deste deus). Marie Antoinette (ou eu ando um bocado maçada ou trata-se de outra chatice lenta, embora colorida e muito bem filmada, ainda por cima com sapatos divinais. Marie Antoinette pode ter tido uma vida curta, mas foi com certeza uma belíssima vida). The Last King Of Scotland (completamente boring).
Awardemos, pois então!



Ao Human Computer, ao Prazeres do Diabo, ao Impensável e ao Anarcoconservador agradeço o award e passo-o desde já aos seguintes blogues:

- O Jansenista;
- Combustões;
- F, World;
- Pastoral Portuguesa;
- Tradução Simultânea.

(São apenas cinco entre muitos, estando a maior parte incluídos na minha lista. Escolher só cinco é mesmo uma loucura, mas enfim.)

sábado, maio 26, 2007

Muitos parabéns!



Ao blogue Bicho Carpinteiro pelo segundo blogoaniversário!
Metabloggers do it better (56)
Eu hoje acordei assim...


Ginger Rogers

... o ministro Mário Lino é uma personagem muito curiosa. Tenho várias coisas a dizer: 1) aquilo foi antes do almoço? 2) o Bloco Central dá exemplos com doenças terminais? 3) e fala francês? 4) há uma terra em Portugal chamada Poceirão? 6) cuja população pergunta - e muito bem! - qual é a diferença entre fazer o novo aeroporto ali ou na Ota, deserto por deserto? 6) gosto do Poceirão, sinceramente, muito gosto em conhecer 7) porque é que o ministro Mário Lino quer que o aeroporto seja na Ota? 8) adoro o verbo "dinamitar", em boa hora recuperado por Almeida Santos, pois imagino uma daquelas geringonças com uma alavanca que se empurra para baixo e depois um som do género cabuuum, que coisa maravilhosamente arcaica 9) e depois Sá Fernandes, que não é aparentado de Mário Lino, mas de certa forma até podia ser, a apresentar as suas contas hilariantes na televisão até 15 de Julho. Não sei se aguento tanta coisa. Sou capaz de me "refugiar numa nuvem de tédio" como uma personagem doce de um romance.

sexta-feira, maio 25, 2007

O regime de Sócrates
de Vasco Pulido Valente, Público

Uma quinta-feira, à hora do almoço, o dr. Fernando Charrua entrou no gabinete de um colega, onde estava um grupo a conversar, e disse uma graçola sobre a licenciatura de Sócrates, que, em certas versões, é hoje promovida a "insulto". Um dos presentes resolveu diligentemente denunciar a graçola (ou o "insulto") à directora da DREN. Na segunda-feira seguinte, quando chegou ao trabalho, Fernando Charrua descobriu que tinha o computador "bloqueado", que lhe tinham lido o e-mail e que a directora, Margarida Moreira, lhe queria falar. Para quê? Para o suspender sine die, sem forma de inquérito, e para o prevenir (se "prevenir" é a palavra) de que seria sujeito a um processo disciplinar com a participação do Ministério Público. Fora o vexame e o dinheiro que já gastou com advogados, Fernando Charrua cumpre agora a "pena" num liceu do Porto. O "caso Charrua" não é um acidente. O que se passou não se passaria sem um conjunto de condições prévias. Primeiro, que a denúncia fosse considerada na DREN um acto meritório ou, pelo menos, recomendável. Segundo, que o denunciante contasse com a benevolência e a colaboração da dr.ª Margarida Moreira. E, terceiro, que a dr.ª Margarida Moreira julgasse agradar aos seus próprios superiores, perseguindo a dissidência política ou a sombra dela. Numa repartição normal os funcionários não se andam mutuamente a denunciar, nem os directores toleram a denúncia como método de "vigilância". Até porque a moral comum considera abjecta a figura do denunciante e a do polícia que age por denúncia. O que sucedeu na DREN é um sinal da profunda perversão do regime.

Perante isto, Sócrates, com imensa bondade, assegurou à Pátria a liberdade de expressão e o prof. Cavaco, do lugar etéreo onde subiu, espera que o "mal-entendido" (repito: o "mal-entendido") se esclareça. Não chega. Ninguém se lembraria, como ninguém de facto se lembrou, de acusar (ou de punir) alguém por uma graçola ou um "insulto" a outro primeiro-ministro. O crescente autoritarismo do poder e o extravagante culto da pessoa de Sócrates, que o Governo promove e alimenta, é que pouco a pouco criaram o clima em que se vive e que inspirou o "caso Charrua". Escrevi aqui há meses que bastava ouvir o dr. Augusto Santos Silva (com quem, aliás, Margarida Moreira colaborou) para temer o pior. A história da prepotência e do arbítrio não começou na DREN, não vai acabar na DREN e com certeza que não se limita à DREN.
Eu hoje acordei assim...


Kate Moss

... a ver se escrevo um longuíssimo texto sobre a ira. E preguiça não é mau (eu própria, assim de repente...), já a acédia é mortífera e, por acaso, um pecado também particularmente chato. E que belo sítio para o repasto jansenístico! Já que abandonámos a ideia do repasto virtual, passemos ao Bairro Alto, pois então. Mas nada de gula. Se bem que diz que já não é um pecado capital. Tenho de estudar isso bem, porque se em vez de gula tivermos uma perturbação alimentar (dá imenso jeito!), o grupo de jansenistas vai mesmo ter de experimentar todos os pratos do restaurante, sem excepção.

quinta-feira, maio 24, 2007

Bomba de Ouro: "The pursuit of love in a cold climate", título da Ieda, uma bela homenagem.
Uns sobre outros: "Marriage is an adventure, like going to war." G. K. Chesterton
Eu hoje acordei assim...


Ava Gardner

... a respeito do casamento tenho uma coisa a dizer: casa quem quer e quem pode. Há pessoas que não têm dinheiro para casar e até gostavam, e há outras ainda que nunca se depararam com essa oportunidade. Sempre que alguém me diz que vai no terceiro ou no quarto casamento e tem filhos de todos, eu acho lindamente. Convém ainda não esquecer que andamos por cá na pior das hipóteses uns cinquenta anos. Na melhor uns noventa e tais! Em ambos os casos é tempo de vida. Dá para uns quantos casamentos e um bando de filhos... Mas fora de brincadeiras, respeito as pessoas que se casam porque acreditam ou porque estão apaixonadas, mas sobretudo porque não têm medo do compromisso. Mas que fobia é essa, senhoras e senhores? O casamento não é nenhum papão! É um compromisso sério, claro, mas não é nenhum bicho de sete cabeças, que coisa! E se não resultar e cada um for para seu lado? Pois é muito triste (sobretudo se houver filhos pequenos), mas pronto, a vida é mesmo assim. A menos que queiram ficar em casa a olhar para a parede. Nesse caso, já se sabe: nada arriscar para nada sofrer mas (julgo eu) muito a perder. Evidentemente, cada um faz o que quer. Há no entanto por vezes uma ideia de que o divórcio resolve tudo ou é uma boa solução ou é a única solução; pois suponho que depende muito das pessoas e que cada caso é um caso. Não sou uma entusiasta do divórcio nem nada que se pareça. Mas admito que talvez perceba melhor quem se casa e se divorcia do que quem nunca arrisca ou nunca acredita.

quarta-feira, maio 23, 2007

Dos Antigos


Minerva and the Muses, Hans Rottenhammer, 1603, Nürnberg, Germanisches Nationalmuseum

terça-feira, maio 22, 2007

A punição à distância

Hoje em dia, para muitos, a frase «a inveja é um pecado mortal» não tem nenhum significado e isso por um motivo, no meu entender, essencial: banalizámos a inveja ao associá-la a situações triviais do quotidiano e retirámos-lhe a gravidade que tem. Tantas vezes ouvimos que querer ter um par de sapatos igual ao da vizinha era um sinal de inveja, que acabámos por aceitar a frivolidade como uma espécie de substituição do conhecimento de séculos; muito resumidamente, a inveja destrói a vida das pessoas.

De todos pecados mortais, a inveja talvez seja o mais complexo porque embora não seja completamente independente da existência do objecto invejado, depende sobretudo do sujeito invejoso. Ou seja, o invejoso ao mesmo tempo precisa e não precisa do outro para viver no seu processo auto-destrutivo, mas cujas intenções profundas consistem na eliminação do outro, do invejado (sempre que este é de carne e osso, o que nem sempre acontece). O invejoso vive todos os momentos da sua amargurada vida a olhar para o lado mesmo que ao lado nada encontre. O que não está lá é sempre preenchido por imagens de nunca admitida comparação consigo próprio. O discurso da inveja vive de paralelos recorrentes e inclui ataques à credibilidade do invejado, ao modo de vida do invejado, às escolhas do invejado, a tudo e mais alguma coisa do invejado. O invejoso nunca confessa que acredita que é muitíssimo melhor do que o outro; que só não está naquela posição porque não está disposto a fazer tudo o que afirma a pés juntos que o outro tem de ter feito para ali chegar e - o mais importante - que, mais do que tomar o seu lugar, pretende a sua aniquilação. As palavras podem parecer excessivas para os que se habituaram a interpretar a inveja como um pormenor ou um defeito de carácter, uma questão que se resume a uma vontade de ter um par de sapatos igual ao da vizinha. Para outros, estarei a ser demasiado branda.

Somos muitas vezes confrontados com comentários do horripilante estilo: «Z é muito mais inteligente que A, mas, coitado, como não tem os amigos certos, ninguém o convida para escrever nos jornais» ou «se B não fosse filha de quem é não tinha conseguido subir na carreira tão depressa» ou ainda «se X não fosse um homem bonito, os erros que comete não lhe seriam perdoados». A estrutura conspirativa e paranóica, comum no discurso do invejoso, tem como objectivo descredibilizar o outro, o qual, para o invejoso, não pode ser simplesmente original, alegre, ter talento, ser trabalhador, nem pensar pela sua própria cabeça. Assim, para o invejoso, a ilusão da proximidade é muitíssimo importante. Mesmo que nunca chegue sequer a ver o seu alvo, o invejoso precisa de acreditar que aquela pessoa está ali ao lado, pertence ao seu círculo, ao seu meio e que é, na verdade, como ele. Para a comparação ser possível, precisa de se convencer de que está ao mesmo nível do outro, sendo paradoxalmente uma vítima das circunstâncias, das possibilidades, das oportunidades, da família, dos amigos, do cão, do gato e do periquito. O invejoso nivela sempre - naturalmente por baixo, pois nivelar é isso mesmo - de forma a manter a ilusão de proximidade e o consequente discurso comparativo, baseado em eternas justificações.

Henry Fairlie, em The Seven Deadly Sins Today, resume numa frase o problema principal da inveja na modernidade: «A noção de que somos todos iguais foi corrompida pela noção de que somos todos idênticos» (p. 63). A vida em liberdade e democracia tem destas coisas desagradáveis: aumenta o número de invejosos. A existência da distinção, da excelência, da bondade no mundo tão livre quanto tantas vezes medíocre, é encarada com desconfiança, mas também com grande sofrimento. O invejoso sofre constantemente; sofre por tudo e por nada; sofre sempre que alguém (seja quem for) faz aquilo que reclama ser um qualquer estranho direito seu. Mas nesse momento é punido: o seu maior sofrimento é em si mesmo a sua maior punição. Quando o invejoso é obsessivo, a punição é tremenda: o tempo passa e o invejoso passa a ter um lugar cativo como eterno espectador da vida alheia. Todos os dias, o invejoso é forçado a lembrar-se da sua própria mediocridade. Na sua comparação diária é inevitavelmente confrontado com o seu medíocre fracasso: aquele que não implica sequer uma tentativa. É por isso muito importante que o invejado nunca perca um segundo da sua vida com o invejoso (nos casos em que tal seria possível), sob pena de quebrar um procedimento útil: o da punição à distância.

E o que tem isto a ver com a blogosfera lusitana? Tudo.

Texto publicado na Atlântico de Setembro de 2006.
Bom dia, estimado Réprobo: as coisas a que me refiro aqui e que podem melhorar algumas vidas não são os pecados mortais - nenhum deles, nem mesmo a ira que acredito possa ter por vezes alguns resultados menos maus, podem melhorar seja o que for - mas os livrinhos sobre os mesmos. Sobre a inveja tenho uma opinião que não é negociável. Já escrevi sobre o assunto, e vou pespegar aqui o texto.
Ninho de cucos (89)

The Daily Kitten.

Obrigada, Fernanda!

segunda-feira, maio 21, 2007

Grécia no seu melhor (4)



Obrigada, Ricardo!

domingo, maio 20, 2007

Grécia no seu melhor (3)

Grécia no seu melhor (2)

Grécia no seu melhor (1)

"Dance? Did you say dance?"

Eu hoje acordei assim...


Diane Lane

... com três certezas: não vou votar nem em António Costa, nem em Fernando Negrão e ainda menos em Sá Fernandes (embora não possa votar menos nuns do que noutros, bem sei, mas imaginemos que sim). E sei lá se no dia 15 de Julho estou cá! Ninguém sabe se está ou não. E este não é cá em Lisboa. Não pretendo ser mórbida mas vamos lá a ver the big picture. O dia está lindo com chuva e vento e frio e na grafonola está uma versão dos Pink Martini do tema Never on Sunday, seguido logo em baixo da versão de Nana Mouskouri: ap'to paráthiro mou stélno éna, dúo kai tría kai téssera filiá... Bem me parecia que tinha sido uma excelente aquisição. Quanto ao .pdf, pareceu-me que Martha Nussbaum acrescentou algo importante ao argumento de Peter Singer: não é suficiente não infligirmos sofrimento nos animais - temos a obrigação de os proteger, conhecendo e respeitando as especificidades de cada espécie.

sábado, maio 19, 2007

Coisas que melhoram algumas vidas (70)

Envy, Pride, Greed, Gluttony, Sloth, Lust, Anger.
Dos Antigos

Isn't my heart holy, more full of life's beauty,
since I fell in love? Why did you like me more
when I was prouder and wilder, more full
of words, yet emptier?

Well, the crowd likes whatever sells in the
marketplace; and no one but a slave
appreciates violent men. Only those who
are themselves godlike believe in the gods.

Human Applause, Friedrich Hölderlin
Eu hoje acordei assim...


Natalie Portman

... está hoje uma certa aragem que me agrada. Se bem que também aprecie o sol abrasador, aquele estado de tempo que imobiliza qualquer alma por mais frenética que seja. Aliás, se pensar uns minutos sobre o clima, reparo que a meteorologia não me afecta. Gosto de sol, de frio, de chuva, de vento; não é por estar uma coisa ou outra que vou acordar melhor ou pior. Vivo completamente em paz e harmonia com a temperatura do ar. Desde ontem que toca na grafonola do bomba o tema Surannée de que falei aqui. Graças à simpatia de estranhos, pude pôr a tocar esta canção lindíssima e melancólica - querem ver que chegou a hora de uma certa melancolia? Não, é só por causa da melodia e das vozes maravilhosas de Jane Birkin e de Françoise Hardy. E que YouTubes esplêndidos! Fico sempre contente quando alguém gosta da música, é curioso. Confrade Jansenista, já viu isto? Ainda não li. E o que pensa disto? Entretanto, apareceu a palavra vinho em hebraico, que é quaquer coisa como yah-yeen (escrito assim só para que se perceba a sonoridade), e pela primeira vez me pareceu haver uma relação com línguas mais conhecidas, nomeadamente com o oinos grego e o uinos latino. Haja líquidos que nos unam linguisticamente. E a graça que tem aquela impossibilidade em hebraico de ser formal, de tratar seja quem for por você. Nem Deus.

sexta-feira, maio 18, 2007



E urge fazer a etimologia de hipocrisia. Ora de hupokrisis...
Peter Singer (3)

Peter Singer (2)

Peter Singer (1)

Seis minutos e 34 minutos sobre Sein und Zeit

Oito minutos e 56 segundos sobre Martin Heidegger

quinta-feira, maio 17, 2007

Eu hoje acordei assim...


Naomi Watts

... só um momento!

quarta-feira, maio 16, 2007

FALAR DE BLOGUES

17 de Maio, às 19 horas, na livraria Almedina, Atrium Saldanha, Lisboa

Há cronistas que têm blogues. Porquê? O que acrescenta o blogue à crónica na imprensa e ao comentário na televisão?

Abrupto, José Pacheco Pereira
Bicho Carpinteiro, José Medeiros Ferreira
Bomba Inteligente, Carla Quevedo
Glória Fácil, Fernanda Câncio

terça-feira, maio 15, 2007

Caracóis, sandálias e traições (1)



Extraordinário começo da segunda temporada. O ambiente é escuro e teatral, o que marca uma diferença com a primeira série mais luminosa. Este primeiro episódio da segunda temporada parece na verdade ser o último da primeira. Júlio César jaz morto no Senado, Bruto está muito tremeliques depois de matar César e nem as palavras de orgulho da mãe o confortam. Posca chora a morte do amo e Voreno a da mulher. Excelente cena a de António com Átia, em que esta lhe diz que devia ter lutado com as próprias mãos para vingar César e lhe faz uma cena de ciúmes entretanto, quase a despropósito como só o ciúme se revela. E que maçada ter de levar Calpúrnia atrás! Átia esplendorosa como sempre. Em testamento, César deixa tudo a Octávio, que adopta depois de morto (mas que bela ideia). Ninguém vai para Norte nada. Átia é operemptória: "Antony, we stay". Tito Pulo no céu, Lúcio Voreno no inferno. Tito Pulo acalma Voreno dizendo que se não matou um animal, então a maldição não é válida. Entretanto, nem prostitutas nem actores nem comerciantes sujos podem assistir ao funeral de César. Bons tempos em que se percebia tudo isto só de olhar para as pessoas! Duas cuspidelas em Servillia parecem-me o mínimo. Marco António sabe que há que despachar Bruto para que o testamento de César se cumpra, do mal o menos. Vai conseguir livrar-se de Bruto e de Cássio, mas Servillia tem de ficar. Voltando a Erastes Fulmen no seu antro de criminosos: "We observe the fucking decency!" Revolta-se contra o espectáculo demagógico de Marco António no funeral de César. Voreno descobre quem levou os filhos e perante as palavras de Fulmen faz a única coisa que pode ser feita. Grande final de episódio com Lúcio Voreno a levar na mão a cabeça do assassino com um olhar de cólera impossível de não admirar. Havaianas também são sandálias! E jump aboard, Sofia!
Isto agora fica aqui porque é lindíssimo

Full many a gem of purest ray serene
The dark unfathom'd caves of ocean bear:
Full many a flower is born to blush unseen,
And waste its sweetness on the desert air.

de Elegy Written in a Country Churchyard, Thomas Gray
Eu hoje acordei assim...


Natalie Portman

... o dia está lindo, os passarinhos chilreiam, a visibilidade é razoável, mas há um ventinho muito ligeiro um bocado frio. Os ingleses é que falam do tempo durante horas a fio. Curioso nem sempre parecerem ter o que falar com uma literatura tão importante e vasta. O clima é um tema, I suppose. Gosto desta fotografia de Natalie Portman exibindo um cabelão e um folhareco inocente que parece acentuar um olhar vivo, embora também inocente. É bom ser inocente. Também me impressionei quando ouvi na televisão esta notícia, mas não quis ver as imagens. Ouvi o texto várias vezes ontem e, ao contrário da cara f. (cuja atitude compreendo perfeitamente), fiz os possíveis e os impossíveis para não ver. Os níveis de tolerância - que consiste em falar a respeito de assuntos do género, leia-se, brutalidade sobre mulheres e crianças - atingiram em mim os mais baixos de sempre. E nem sequer podemos dizer que foram animais os que cometeram semelhante acto de barbárie contra a rapariga, Dua Khalil Aswad, porque os animais não fazem essas coisas, obviamente. A propósito, bela frase, estimado Réprobo! E depois é também óbvio que a religião neste caso pesa muito - e esta é uma religião de violência e de morte. Mas não posso falar disto porque me enervo logo de manhã e depois o dia fica mais curto. Prefiro dizer que pus ali ao lado na grafonola o mesmo tema cantado por uma mulher e por um homem. Chama-se Dio come ti amo. São interpretações diferentes, mas ambas muito bonitas. E caro Exactor, o Deus naquela história magnífica contada por Amos Oz diz que não é religioso (porque a religião é algo que pertence aos homens), mas eu (por oposição nada menos que natural) há muito que estou interessada numa religião. Em duas, para ser mais precisa.

segunda-feira, maio 14, 2007

Metabloggers do it better (55)

Pois tudo é efémero, sim. E a consciência disso, claro. E deitarmo-nos com poucos pertences, naturalmente. Mas, para mim, que pouquíssimo ou nada disso sei, o apagamento em questão é crime blogosférico, caro e estimado Confrade Jansenista.
Metabloggers do it better (54)

O meu ponto é precisamente que ninguém sabe se diz tudo. Mesmo aqueles que acreditam que o dizem. Mas há quem nos blogues diga tudo, embora ninguém acredite que aquilo possa ser tudo o que o outro tem para dizer - é que depois tem de haver quem acredite que o outro disse mesmo tudo. A vida - além de breve - é tão difícil, diabos... Ah, e nada me parece menos eficaz do que um blogue que desata a dizer tudo, e que se alonga nessa acumulação de desabafos. Talvez criar a ilusão de que se disse tudo seja a chave do diarismo exibicionista. Ou não, claro, claro.
Bom em todas as línguas

"Hoje lembro-me de uma velha história em que um dos personagens - de Jerusalém, está claro, de que outro sítio poderia ser? - está sentado num café em frente de um velho com quem entabula conversa. Ora, o velho é Deus em pessoa. Bem, o personagem não acredita logo, mas, após alguns sinais inconfundíveis, convence-se de que quem se senta do outro lado da mesa é Deus. E tem uma pergunta a fazer-Lhe, uma pergunta crucial, sem dúvida. «Querido Deus, por favor, diz-me de uma vez por todas: qual é a fé verdadeira? A católica romana, a protestante, talvez a judaica, acaso a muçulmana? Qual fé é a verdadeira?» E nesta história, Deus responde: «Para te dizer a verdade, meu filho, não sou religioso, nunca o fui, nem sequer estou interessado na religião.»"

Amos Oz, Contra o fanatismo, tradução de Henrique Tavares e Castro, Edições Asa/Público, Lisboa, 2007, pp. 75-76.
Eu hoje acordei assim...


Marilyn Monroe

... encontrei nas minas um livro pequenino de Amos Oz, Contra o Fanatismo, e comovi-me com o último texto, o único aliás que li desse livro e também do autor, que desconhecia. Tenho de pôr aqui uma citação que substitui perfeitamente qualquer tipo de comentário. No outro dia, depois de ter visto uma entrevista na televisão a um embaixador, fiquei a pensar que nunca poderia ser duas coisas na vida: diplomata e política. A primeira porque teria de reproduzir a opinião vigente, enchendo sempre o discurso com informações irrelevantes e a segunda porque teria de ter uma flexibilidade de opinião e uma capacidade extraordinária de adaptação à mudança, coisa que me falta, confesso. Mudando de assuntos, Freud (são 24 volumes, tenham lá paciência) diz que o mais interessante de tudo é o ego. Concordo, claro. No ego estão as conclusões, as falhas ou o que vai restando, o que sobrevive. E mudando mais uma vez, belíssimo relato, caras Miss Woody e Miss Allen.

domingo, maio 13, 2007

Caprichos

Flowerbomb by Viktor & Rolf
"É importante saber que a CEE é má na cama"



Felizes da Fé, 1990. Obrigada, Rui! És o meu amigo de Esquerda favorito.
Metabloggers do it better (53)

Quanto a este parágrafo "E mesmo que os consideremos como um substituto do diarismo, os blogs são pouco eficazes. Por um motivo simples: podemos dizer tudo a um diário, mas dificilmente diremos tudo um blog", só uma observação: como é que sabe?

sexta-feira, maio 11, 2007

Eu hoje acordei assim...


Catherine Zeta-Jones

... a segunda fase da exploração mineira foi terminada! Viva! Agora falta a terceira e última... Pode demorar um mês ou seis meses, já sei que é melhor não fazer grandes previsões. Entretanto, um destes dias pensei que se tivesse lido Freud com 20 anos, com certeza teria ficado impressionada mas não tinha percebido nem um terço e, sobretudo, não tinha aprendido nada; ou seja, não tinha mudado por causa daquilo que estava a ler precisamente porque o meu entendimento teria sido (não duvido) insuficiente ou superficial. Ainda assim, admito que será arriscado fazer esta espécie de previsão retroactiva, mesmo tendo tido um intenso contacto comigo aos tenros 20 anos de idade. Leio no Almocreve que Sigmund Freud fez anos no dia 6 de Maio. Celebro hoje o aniversário, paciência. Terá ido parar ao Inferno do inconsciente? Muitos parabéns, Mestre. E espero que a estadia na Corte tenha sido nada menos que magnífica! Estimado Jansenista, quanto ao termo de Franz Boas, teriofilia, que classifica a admiração pelos bichos, só posso dizer que é óptimo. A filia mantém-se, mas estabelece-se a diferença entre zoo (ai, a transliteração disto agora... zoon?) e teras, entre animal e besta. Não, não se trata de gostar de gatinhos, mas de tarântulas, cobras, crocodilos etc. Zoolatria era só uma provocação típica de quem gosta de inventar palavras (e de quem adora o seu bicho mais próximo). Além de que latrévo (lê-se como está escrito), em grego moderno, tem um significado muito ligeirinho, e é um verbo de uso corrente (nós também dizemos coisas um tanto estranhas como "adoro-te"). Já nem a adoração é o que era. E claro que os gostos se discutem, maravilhoso Réprobo! Anda uma pessoa aqui há mais de quatro anos... Mas será o assunto em causa - à excepção do Coelho à Caçador (que por acaso é mais uma referência na minha infância) - uma questão de gosto?

quinta-feira, maio 10, 2007

Ninho de cucos (88)



Thank you, major! Tenho umas belíssimas fotografias do gato Varandas para pespegar aqui mal consiga ter uns minutos de descanso. Até já!

quarta-feira, maio 09, 2007

Eu hoje acordei assim...


Dita von Teese

... estive a pensar em qual seria o meu prato favorito de sempre e cheguei à conclusão de que será Coelho à Caçador. Não deixa de ser irónico, logo o título contendo uma actividade que desaprovo, mas a vida é mesmo assim: irónica e contraditória. Detesto foie gras, que sorte! O estimado zoolatra não se importará de desfazer esse equívoco? A zoofilia (ou latria) pode não implicar o vegetarianismo, mas por acaso até gostava que implicasse...

terça-feira, maio 08, 2007

Dos Antigos

Les Amours de Pâris et d'Hélène, Jacques-Louis David, 1788, oil on canvas, 1,46 m x 1,81 m
Caracóis, sandálias e traições outra vez: caríssimos companheiros destas coisas - Ana Cláudia Vicente, Luís Carmelo, Luís e BilidaQuid - só para dizer que a segunda temporada de Rome estreia no dia 14 de Maio, na RTP 2, às 22h45. Conversamos?

segunda-feira, maio 07, 2007

On the radio: o Nuno Infante do Carmo propôs-me que escolhesse algumas canções de que gosto e que fazem assim parte da minha vida, e falasse um bocadinho sobre elas. O resultado da conversa pode hoje ser ouvido hoje, no Rádio Clube Português, no programa Banda Sonora, das dez à meia-noite. Com muita música à mistura. Obrigada pelo convite!
Eu hoje acordei assim...


Eva Herzigova

... a brindar ao dinossauro Abrupto por cumprir quatro anos e um dia na blogosfera. Muitos parabéns!

domingo, maio 06, 2007

Nature, The Gentlest Mother
by Emily Dickinson

Nature the gentlest mother is,
Impatient of no child,
The feeblest of the waywardest.
Her admonition mild

In forest and the hill
By traveller be heard,
Restraining rampant squirrel
Or too impetuous bird.

How fair her conversation
A summer afternoon,
Her household her assembly;
And when the sun go down,

Her voice among the aisles
Incite the timid prayer
Of the minutest cricket,
The most unworthy flower.

When all the children sleep,
She turns as long away
As will suffice to light her lamps,
Then bending from the sky

With infinite affection
An infiniter care,
Her golden finger on her lip,
Wills silence everywhere.
Já estava com saudades

Diz o estimadíssimo Jansenista que ontem acordei ambígua. Talvez. Desde que aprendi a viver com a ambiguidade, descansei e, ao descansar, explorei várias possibilidades de a vida ter ainda mais graça. (Além disso li no Freud que as pessoas que não toleram a ambiguidade são neuróticas, e antes a ambiguidade do que a neurose, que me perdoem os Antigos.) Mas basta de introduções que mais parecem interlúdios e vamos ao que interessa: os direitos dos animais. Uma coisa óbvia para começar: os seres humanos têm autoconsciência ou consciência de si, os animais não. Esta evidência tem servido como a desculpa perfeita para cometermos atrocidades como: 1) experiências em animais que implicam tortura e morte dos mesmos; 2) extinção de espécies; 3) impunidade relativamente ao modo cruel como são tratados os animais não humanos em geral. A espécie humana não é igual à espécie não humana, mas essa diferença não pode implicar o domínio de uma espécie sobre a outra. Penso que "diferença" é aqui (bem como noutros casos) a palavra crucial. Como é podemos pedir contas a um crocodilo? Se não tem autoconsciência, como pode ser responsabilizado por comer a perninha de alguém que o ataca ou mesmo de quem está sentado na margem de um riacho qualquer? A diferença tem também servido para desculpas do género "os animais não sofrem como nós". Como é que podemos ter a certeza disso? Se dou uma palmada ao gato Varandas porque fez um chichi em sítio indevido, ele encolhe-se todo. Isto o que é? Agora imaginemos coelhos e ratos torturados em laboratório. Como é possível que não sofram? O sofrimento será de facto necessário?

Quanto à comida - e tenho pensado no assunto - tenho pena de não conseguir ser vegetariana, mas gostava sinceramente de ser (e ainda hei-de conseguir). Mais uma vez, ao contrário dos animais não humanos, nós temos a capacidade de escolha entre comermos bichinhos ou não; os bichinhos não têm essa capacidade: por exemplo, os peixes alimentam-se de peixes, e no outro dia vi um documentário em que macacos comiam outros macacos seus rivais mas do mesmo grupo. O facto de não nos alimentarmos de carne humana só reforça a diferença entre os bichos e nós. isso significa que nós podemos não fazer o que eles não podem deixar de fazer.

Quando digo que sou 100% pró-bicho, embora a designação seja galhofeira, não estou a brincar. Quando digo que gosto das carteiras da Hermés, também não estou a brincar: sim, são bonitas, mas a parte séria e verdadeira e não popular é que não as quero nem me interessam sequer (só para efeitos de piada). Sou obviamente contra as touradas, não compreendo a caça à raposa por mais que ma queiram explicar, a caça à baleia é outra coisa para mim totalmente incompreensível, enfim. Não se entenda que estou a ser paternalista com os animais, não é isso. Julgo apenas que os animais têm direito a viver em paz.

sábado, maio 05, 2007

Ninho de cucos (87)

Metabloggers do it better (52)

Um leitor escreveu-me a dizer que acha mal que eu fume no blogue. Teve muita graça.
Eu hoje acordei assim...


Drew Barrymore

... ah, extraordinária fotografia! Desfocada, suada, estafada. A cantar still kissin' after all these years (é caso para fazer escrever o desejo mais engraçado que temos: boa continuação!). Agora percebo que nos fixámos - todos, no mundo inteiro, sobretudo o Ocidental - no complexo de Édipo propriamente dito mas não na sua resolução. Como é que a coisa se ultrapassa, como é que se resolve? Tem de haver um desgosto. Não sei se será o primeiro desgosto, mas é um dos primeiros, que encontra consolo ou resolução na identificação (gosto de utilizar esta palavra no sítio certo) no objecto amado ou no anterior rival (pai ou mãe, dependendo do género da criança, embora a coisa pareça um bocado difusa no início, segundo explica Freud). é como se o amor pelo pai ou pela mãe se transformasse numa bela amizade. Mas há casos em que essa identificação não acontece ou acontece de uma maneira menos conhecida. E ontem foi um dia muito activo. Mais ou menos a meio, assisti a uma conversa sobre os direitos dos animais. Contaram-se duas histórias que ilustram muito bem o preconceito que existe em relação à protecção dos animais. Uma delas tinha a ver com crocodilos. Uma população algures andava a dizimar os bichinhos para vender a pele para fazer carteiras (para a Hermés, se calhar, são divinas) e sapatos e essas coisas, até que um dia uma sociedade protectora tentou convencer os habitantes a pararem com aquilo. Eles responderam que paravam com aquilo no dia em que os crocodilos parassem de comer pernas e braços humanos. Eu não achei graça à história, confesso, e por uma razão muito simples: nós não somos como os crocodilos nem os crocodilos são como nós. Esta evidência implica o seguinte: os crocodilos atacam porque é essa a sua natureza. Será da nossa natureza matar crocodilos para fazer carteiras, por muito divinais que sejam (e que são, não nego)? Podem responder que sim, mas - reparem - não estão a responder bem. Eu, por exemplo, nem ninguém da minha família (embora não responda pelos amigos) quer participar numa caça ao crocodilo, coitadinho do bicho. Por outro lado duvido que haja crocodilos que perante qualquer mãozinha humana dentro de água não a queiram abocanhar. É diferente, por isso me perturba esta necessidade de acharmos que é tudo igual, que deve ser tratado de maneira igual, que bichos e gente é a mesma coisa, quando não é. (Esta última frase podia ser utilizada por aqueles que não defendem os animais.) E depois mais uma coisa: que raio de história é esta de atacarem tão assanhadamente os que defendem a moral e a virtude (em geral, pronto)? Começo a achar uns chatos aqueles que reivindicam a toda a hora o seu direito a não sei o quê. Tanto individualismo vai acabar por nos matar. De tédio.

sexta-feira, maio 04, 2007

Eu hoje acordei assim...


Mila Jovovich

... apesar de tanta proibição, continuo a fumar no blogue, e ainda a pensar no consciente, no pré-consciente e no inconsciente, e em como passamos afinal do terceiro para o primeiro ou, pelo menos, para o segundo. Segundo percebo, há um inconsciente que tem hipótese de se tornar consciente (a maravilhosa libertação! a suprema angústia! o tremendo sofrimento!) e um inconsciente que não tem hipótese de nada porque é... recalcado. É fascinante que se arranje um conceito tão complexo para algo que não apresenta nenhuma possibilidade de ser conhecido como tal. E se em vez de inconsciente lhe chamássemos espírito ou ideia? Mas ao fazermos isso, já estaríamos a associá-lo a outra coisa qualquer, a torná-lo um bocadinho menos inconsciente. Será? Eu amo o Freud. Há sempre a possibilidade de esta frase ser falsa, mas não o que sinto: isso é sempre verdadeiro, embora só muito raramente seja possível de ser dito, menos de ser partilhado e ainda menos de ser compreendido. Isto é sempre a descer... Muito a propósito vem esta pergunta das extintas Spice Girls: who do you think you are? Uma resposta minimamente honesta seria: não sei. Mas ainda assim supõe-se que haja 50% de possibilidades de sabermos, o que é também no mínimo ridículo. Mas há pessoas que sabem responder muito bem a esta pergunta. Pois é dessas que devemos fugir a sete pés. Quem é que quer lidar com loucos com consciência de si? Entretanto, dizia eu, no blogue fumo. Na vida não virtual é que nunca fumei.

quinta-feira, maio 03, 2007

Eu hoje acordei assim...


Mila Jovovich

quarta-feira, maio 02, 2007

XVII. Conversion
by William Wordsworth

Prompt transformation works the novel Lore;
The Council closed, the Priest in full career
Rides forth, an armed man, and hurls a spear
To desecrate the Fane which heretofore
He served in folly. Woden falls, and Thor
Is overturned; the mace, in battle heaved
(So might they dream) till victory was achieved,
Drops, and the God himself is seen no more.
Temple and Altar sink, to hide their shame
Amid oblivious weeds. "O come to me,
Ye heavy laden!" such the inviting voice
Heard near fresh streams; and thousands who rejoice
In the new Rite, the pledge of sanctity,
Shall, by regenerate life, the promise claim.

terça-feira, maio 01, 2007

Argentina no seu melhor (5)

Argentina no seu melhor (4)

Argentina no seu melhor (3)

Argentina no seu melhor (2)

Argentina no seu melhor

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