blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

quarta-feira, outubro 31, 2007

Be Not Sad
by James Joyce

Be not sad because all men
Prefer a lying clamour before you:
Sweetheart, be at peace again -
Can they dishonour you?

They are sadder than all tears;
Their lives ascend as a continual sigh.
Proudly answer to their tears:
As they deny, deny.
Mães no autocarro

É bem conhecida a frase que diz que quanto mais conhecemos os seres humanos mais gostamos dos animais. Pois após quase três semanas deprimentes passadas de um lado para o outro nos transportes públicos, avanço com a seguinte variante: quanto mais conheço os adultos mais gosto das crianças. Não houve um único dia nestas três semanas de contacto com a vida real – uma profunda chatice sem nenhuma alegria – em que não assistisse a pelo menos uma cena de brutalidade ou má-criação ou chantagem entre mães e filhos. Não que pretenda poupar os pais mas nos autocarros a percentagem de mães com crianças é muitíssimo mais alta. E como se comportam? As mães falam sozinhas com os bebés (com idades entre meses e quatro anos), constantemente dão ordens ou indicações do que a prole deve ou não fazer, e as crianças ouvem, sofrem e choram. Como não há diálogo possível, as mães ameaçam: 1) deixar a criança sozinha no autocarro (frequente); 2) «olha que tu levas uma chapada» (um clássico) e 3) restringir o acesso a uma brincadeira habitual depois da escola. Sempre que uma criança mais reguila protesta, outras mães ou avós naquele espaço tomam de imediato o partido do adulto e insistem as ameaças do costume. É um verdadeiro milagre que estas crianças se tornem adultos com bons princípios e pessoas capazes de sentir compaixão pelo próximo. Quem não é bem tratado muito dificilmente trata bem o próximo.

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 27-10-07.

terça-feira, outubro 30, 2007

Thank you, Jansenista!




(Joyce lê a parte final de Impromptu e todo To the Fathers, de Ulysses, e depois uma parte de muito difícil acesso de Finnegans Wake, que começa com uma frase extraordinária tornada ainda mais bela quando lida pelo autor: "Well, you know or don't you kennet or haven't I told you every telling has a taling and that's the he and the she of it.".)
Página 161


(Descobri esta primeira página manuscrita do Ulysses no Google Images e fui parar aqui.)

Só existe um livro cá em casa: é o Ulysses de James Joyce. Por isso, quando o Eduardo e o Tomás gentilmente me pedem para saber qual é a quinta frase completa na página 161 de um livro ao calhas não sofro, não tenho angústias, pois não há nada a escolher. Cá vai: "Getououthat, you bloody old pedagogue! the editor said in recognition." E passo a cadeia ao maradona florido, à Fernanda Câncio, ao Francisco José Viegas (pode ser de um manual técnico, não faz mal), ao Manuel Alberto Valente (sabemos que não será uma frase de Faulkner) e ao Rui Bebiano (que, graças a Deus, não vai pegar no Corão).

segunda-feira, outubro 29, 2007

Para o caro sobrinho

Eu hoje acordei assim...


Kylie Minogue

... mas agora tenho mesmo de me levantar.

domingo, outubro 28, 2007

Is/Not
by Margaret Atwood

Love is not a profession
genteel or otherwise

sex is not dentistry
the slick filling of aches and cavities

you are not my doctor
you are not my cure,

nobody has that
power, you are merely a fellow/traveller

Give up this medical concern,
buttoned, attentive,

permit yourself anger
and permit me mine

which needs neither
your approval nor your suprise

which does not need to be made legal
which is not against a disease

but against you,
which does not need to be understood

or washed or cauterized,
which needs instead

to be said and said.
Permit me the present tense.

sábado, outubro 27, 2007

Educação musical (4)

Educação musical (3)



(Se bem me lembro estou a repetir-me. Não faz mal, é um fucking clássico.)
Educação musical 2 a)

Educação musical (2)

Educação musical (1)

Eu hoje acordei assim...


Sherilyn Fenn

... Pilar, como está?
- Charlotte! Há tanto tempo!
- É verdade. Sabe que nas minas não há telefone. Não há sequer luz, veja bem!
- Pois se não há luz, como posso ver bem, Charlotte?
- Percebo que se esteja a armar em esperta e engraçada. Tenho aliás uma vasta experiência com criaturas atrevidas, mas repare: a Pilar não está nas minas.
- Tem razão.
- A conversa acaba sempre assim. Parece que precisam de um conflito comigo. Eu já sei que me ama Pilar mas sou casada e tenho dias em que trabalho 18 horas de seguida.
- Ai, Charlotte...
- Compaixão, ouviu? Tenha compaixão!
- Shacaxxaxxafsvsdfthj...
- A Charlotte ouviu isto?
- Ai que são os tais barulhos!
- Shacaxxaxxafsvsdfthj...
- (em uníssono) Pois são!
- Casa Pia, Casa Pia, Casa Pia...
- Charlotte!
- Adoro fazer isto. Sempre que ouço um barulho no telefone digo Casa Pia.
- Charlotte, que disparate!
- Só me faltava inventar uma telefonista com problemas com a liberdade de expressão e funções de super-ego...
- Por falar nisso já viu esta observação inteligente?
- Claro que já vi! Por quem me toma? Se eu fosse uma rapariga grafiteira - que até sou, só não tenho é tempo para andar por aí a pintar paredes - uns minutos antes de o Putin chegar a Portugal tinha pintado um enorme "QUE TE PARIN" lá onde ele esteve hospedado.
- E depois ia presa.
- Tantas fantasias, Pilar...
- E já viu esta observação cândida?
- Claro que já vi! Por quem me toma? A expressão "esquerda democrática" é um oximoro.
- E o que é um oximoro?
- Ai, Pilar, que maçada! Então eu invento-a e não sabe o bê-á-bá, francamente!
- A Charlotte deixou de fazer as etimologias...

sexta-feira, outubro 26, 2007

The Woman Who Could Not Live With Her Faulty Heart
by Margaret Atwood

I do not mean the symbol
of love, a candy shape
to decorate cakes with,
the heart that is supposed
to belong or break;

I mean this lump of muscle
that contracts like a flayed biceps,
purple-blue, with its skin of suet,
its skin of gristle, this isolate,
this caved hermit, unshelled
turtle, this one lungful of blood,
no happy plateful.

All heart float in their own
deep oceans of no light,
wetblack and glimmering,
their four mouths gulping like fish.
Hearts are said to pound:
this is to be expected, the heart's
regular struggle against being drowned.

But most hearts say, I want, I want,
I want, I want. My heart
is more duplicitous,
though no twin as I once thought.
It says, I want, I don't want, I
want, and then a pause.
It forces me to listen,

and at night it is the infra-red
third eye that remains open
while the other two are sleeping
but refuses to say what it has seen.

It is a constant pestering
in my ears, a caught moth, limping drum,
a child's fist beating
itself against the bedsprings:
I want, I don't want.
How can one live with such a heart?

Long ago I gave up singing
to it, it will never be satisfied or lulled.
One night I will say to it:
Heart, be still,
and it will.
Eu hoje acordei assim...


Eva Green

... e Tony Soprano, fartinho de Paulie até à ponta dos cabelos que não tem, a sentir aquele desprezo visceral a que tantos chamam ódio (e bem, agora que penso nisso), a contar que Paulie na juventude até era caladinho, discreto, Gary fucking Cooper...

quinta-feira, outubro 25, 2007

Miss Lloyd has now sent to Miss Green
by Jane Austen

Miss Lloyd has now sent to Miss Green,
As, on opening the box, may be seen,
Some years of a Black Ploughman's Gauze,
To be made up directly, because
Miss Lloyd must in mourning appear
For the death of a Relative dear-
Miss Lloyd must expect to receive
This license to mourn and to grieve,
Complete, 'ere the end of the week-
It is better to write than to speak

terça-feira, outubro 23, 2007

Dos Antigos

Palas Atenea, Gustav Klimt, 1898.
O prazer de $#&%@!

Steven Pinker, Professor de Psicologia em Harvard, é autor de um longo artigo publicado na The New Republic on-line, intitulado «What the F***?». Partindo de uma frase dita por Bono nos Golden Globe Awards em 2003, ao receber um prémio – «This is really, really fucking brilliant» – o autor explora as razões por que existem tabus na linguagem, palavras que não se podem dizer sobretudo publicamente e porque é que reagimos pior a umas do que a outras, como se houvesse uma hierarquia do vitupério. No caso do fucking de Bono, a confusão e a dificuldade é maior porque aquela palavra naquela posição da frase não é propriamente uma asneira, mas uma forma de acentuar neste caso a alegria do momento. Será quando muito um adjectivo de ênfase, mas se o programa não tivesse sido em directo, com certeza haveria um apito por cima. Seria quase impossível traduzir aquele fucking para português. O sentimento de alegria ao receber o prémio isenta Bono de responsabilidade sobre a palavra proferida e que pode nos Estados Unidos – um dos maiores produtores de filmes pornográficos do mundo – chocar os espectadores. Não é um fucking agressivo, dito num contexto de violência, o que causaria problemas mais difíceis. Além de que fuck se tornou uma palavra tão utilizada que é hoje vazia de sentido. De termo obsceno a expressão enfática. Não é um mau destino para uma asneira.

Publicado na Tabu, 20-10-2007.
Eu hoje acordei assim...


Stephanie Seymour

... e mais uma tentativa de ilustração do conceito de proletariado chique...

segunda-feira, outubro 22, 2007

Modo de vida: ""In the spring, at the end of the day, you should smell like dirt." Margaret Atwood
I've a Pain in my Head
by Jane Austen

'I've a pain in my head'
Said the suffering Beckford;
To her Doctor so dread.
'Oh! what shall I take for't?'

Said this Doctor so dread
Whose name it was Newnham.
'For this pain in your head
Ah! What can you do Ma'am?'

Said Miss Beckford, 'Suppose
If you think there's no risk,
I take a good Dose
Of calomel brisk.' -

'What a praise worthy Notion.'
Replied Mr. Newnham.
'You shall have such a potion
And so will I too Ma'am.'

domingo, outubro 21, 2007

"Are you sure you want these people to stay?"

Conversas deliciosas

1 Witch. Where hast thou been, Sister?
2 Witch. Killing swine.

Macbeth, I, 3, 1-2.

sábado, outubro 20, 2007

Três YouTubes de parabéns para cada um dos anos do Jansenista. Muitas felicidades e muitos blogues de vida!


Jill Scott, A Long Walk + Golden


Diana Krall, Peel Me A Grape


Me'shell Ndegéocello, If That's Your Boyfriend (He Wasn't Last Night)
Bomba de Ouro: para a série Mestre Luís Jorge no A Vida Breve.
Metabloggers do it better (69)
"Easy"

Eu hoje acordei assim...


Patricia Arquette

... talvez um dos muitos momentos extraordinários do jogo de râguebi de ontem entre a Argentina e a França que guardarei para sempre na memória será a placagem/falta feita a/sobre Sebastién Chabal por um dos jogadores argentinos mal o francês entrou no jogo. Não tinham passado dois segundos quando Chabal, mal começava a correr agarrado à bola, embateu contra um muro argentino de barretinho e ficou estatelado no chão a queixar-se ai, ai o meu ombro. Teve graça. Mal chegou foi logo ao chão! Um gigante que só mete medo a meninos pequeninos! Bravo, Argentina! A mí me gusta Rodrigo Roncero, qué querés, che?

sexta-feira, outubro 19, 2007

Dale, Puma!


Felipe Contepomi, para a Helena.
Eu hoje acordei assim...


Liv Tyler

... ora sobre o conceito de proletariado chique...

quinta-feira, outubro 18, 2007

Metabloggers do it better (68)*

* Acumula com Bomba de Ouro, apesar (ou talvez por causa) da parte em que se pode ler "por vezes não leio" (o bomba inteligente), e que é como uma faca espetada neste meu desgraçado coração...
More and More
by Margaret Atwood

More and more frequently the edges
of me dissolve and I become
a wish to assimilate the world, including
you, if possible through the skin
like a cool plant's tricks with oxygen
and live by a harmless green burning.

I would not consume
you or ever
finish, you would still be there
surrounding me, complete
as the air.

Unfortunately I don't have leaves.
Instead I have eyes
and teeth and other non-green
things which rule out osmosis.

So be careful, I mean it,
I give you fair warning:

This kind of hunger draws
everything into its own
space; nor can we
talk it all over, have a calm
rational discussion.

There is no reason for this, only
a starved dog's logic about bones.
Eu hoje acordei assim...


(trailer teatral de Le Mépris)

... vi finalmente Le Mépris. Às vezes tenho um certo receio de falar sobre as coisas de que gosto muitíssimo porque acaba por ser uma partilha demasiado pessoal em que parece haver da minha parte uma exigência de reciprocidade. Mas não é assim. Nunca foi, nem nunca será. Quem gosta, gosta, quem não gosta, não gosta. Desprezo é uma obra-prima. Entendo agora melhor a influência de Godard em Tarantino. O filme começa com a mais bela cena de amor de sempre e continua com uma proposta de reescrever um guião baseado na Odisseia, tendo como originalidade uma suposição de Paul (o marido de Camille, BB) de que Penélope não terá sido fiel a Ulisses (uma espécie de interpretação deste género). Mas logo no início, acontece uma coisa que determina todo o comportamente de Camille e que Paul não entende (mas Alberto Moravia conhecia profundamente as mulheres, que medo). Paul incentiva Camille a entrar no carro de Jerry, apesar de ela dizer que não, que prefere ir com ele. Paul não só a abandona como a testa, tratando o amor profundo com desconfiança e desrespeito. A partir daí só pode haver desprezo. Além do mais, Paul demora meia hora até chegar juntos de ambos, precipitando a mesma desconfiança na mulher (a mesma que lhe dedicou), sendo assim o responsável pelo mal-entendido. Ontem amava-te muito, hoje acabou, diz Brigitte Bardot (um bom exemplo de Girl Power, por acaso, embora possa não parecer tal a suavidade; ah, e a maneira dramática como diz "Paul" é uma delícia). Este parece-me o ponto essencial do filme, a razão de ser do título. Mas Le Mépris é todo uma maravilha e o dvd traz extras magníficos como este divertido trailer.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Jansenista, the Great! Completamente Girl Power numa versão prática; Girl Power pós-TLC, irónico (porque é que não telefonas ao Tyrone?) e nobre; e Girl Power numa fasquia alta, mas nem por isso inultrapassável.
Última hora! Jorge Coelho cortou o cabelo! Se seguir a mesma lógica com o cabelo que seguiu com a barba, em breve veremos um novo Paulo Gonzo na Quadratura do Círculo.
Mas isso é um clássico!



Um obra-prima estes versos, pura poesia:

So no
I don't want your number
No I don't wanna give you mine
And no I don't wanna meet you nowhere
No don't want none of your time and no

e tudo calmamente, nada de dramas, nem agressividade sequer. Girl Power de repente tornou-se uma redundância.
Girl Power



O tema Bug-A-Boo, das Destiny's Child - que não hesitaria em traduzir por Chato de Galochas ou Ganda Melga ou.... afinal hesitaria - além de apresentar um tipo de Girl Power mais digno, é divertido e tem dois dos melhores versos da história do hip hop feminino. São eles: "And so what, my momma likes you / What now? I guess you think I will too". Na mouche!
Eu hoje acordei assim...


Milla Jovovich

... tenho andado a pensar que este é um tipo de Girl Power muito chocho, fraquíssimo. Uma série de raparigas doces armadas em más porque é giro e vende, mas que imploram um Say you'll be there tipicamente feminino no seu desgraçadamente pior de há séculos. Será sempre esse o destino das raparigas armadas em más: chorar e pedir, pedir e chorar e rastejar, rastejar, rastejar. Vou pôr outro YouTube de um tipo de Girl Power um pouco mais digno. (Adoro esta fotografia.)

terça-feira, outubro 16, 2007

Helen of Troy Does Countertop Dancing
by Margaret Atwood

The world is full of women
who'd tell me I should be ashamed of myself
if they had the chance. Quit dancing.
Get some self-respect
and a day job.
Right. And minimum wage,
and varicose veins, just standing
in one place for eight hours
behind a glass counter
bundled up to the neck, instead of
naked as a meat sandwich.
Selling gloves, or something.
Instead of what I do sell.
You have to have talent
to peddle a thing so nebulous
and without material form.
Exploited, they'd say. Yes, any way
you cut it, but I've a choice
of how, and I'll take the money.

I do give value.
Like preachers, I sell vision,
like perfume ads, desire
or its facsimile. Like jokes
or war, it's all in the timing.
I sell men back their worse suspicions:
that everything's for sale,
and piecemeal. They gaze at me and see
a chain-saw murder just before it happens,
when thigh, ass, inkblot, crevice, tit, and nipple
are still connected.
Such hatred leaps in them,
my beery worshippers! That, or a bleary
hopeless love. Seeing the rows of heads
and upturned eyes, imploring
but ready to snap at my ankles,
I understand floods and earthquakes, and the urge
to step on ants. I keep the beat,
and dance for them because
they can't. The music smells like foxes,
crisp as heated metal
searing the nostrils
or humid as August, hazy and languorous
as a looted city the day after,
when all the rape's been done
already, and the killing,
and the survivors wander around
looking for garbage
to eat, and there's only a bleak exhaustion.
Speaking of which, it's the smiling
tires me out the most. This, and the pretence
that I can't hear them.
And I can't, because I'm after all
a foreigner to them.
The speech here is all warty gutturals,
obvious as a slab of ham,
but I come from the province of the gods
where meanings are lilting and oblique.
I don't let on to everyone,
but lean close, and I'll whisper:
My mother was raped by a holy swan.
You believe that? You can take me out to dinner.
That's what we tell all the husbands.
There sure are a lot of dangerous birds around.

Not that anyone here
but you would understand.
The rest of them would like to watch me
and feel nothing. Reduce me to components
as in a clock factory or abattoir.
Crush out the mystery.
Wall me up alive
in my own body.
They'd like to see through me,
but nothing is more opaque
than absolute transparency.
Look - my feet don't hit the marble!
Like breath or a balloon, I'm rising,
I hover six inches in the air
in my blazing swan-egg of light.
You think I'm not a goddess?
Try me.
This is a torch song.
Touch me and you'll burn.

segunda-feira, outubro 15, 2007

O logro da saúde

Vivemos numa era em que a hipótese de fazer jejum um dia por semana é encarada com agrado, em que correr duas horas seguidas numa passadeira é considerado normal e em que começar o dia bebendo um copo de água quente com uma rodela de limão é entendido como uma coisa muito saudável. Pois o que é agradável, normal e saudável para uns pode ser simplesmente um sinal de insanidade total para outros. A verdade é que acabamos por dar por adquirida a necessidade de certos cuidados que na maior parte das vezes são inúteis. A histeria com a saúde (ou com a boa forma ou com a beleza ou com o dinheiro, por exemplo) leva a que vivamos a nossa vida com o medo da morte presente em todos os momentos. Além do mais, as preocupações exageradas com a saúde podem levar a um acréscimo de ansiedade, o que, por sua vez, pode levar a uma consulta de psiquiatria. Se no mundo houvesse apenas dois grupos de pessoas diria que um se esforça para enganar a morte ou para a adiar e o outro percebe que muitas coisas que sucedem neste mundo são obra do acaso. Muitos consideram os primeiros como não desistentes, outros apenas como detentores da maior das vaidades: a de julgarem que está ao seu alcance e que depende de si marcar o momento da despedida.

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 13-10-07.
Agradecimento: ao Impensado por ter partido em busca da fonte de uma oração que se julgava ser da autoria de Thomas More, mas que afinal parece pertencer a Thomas H. B. Webb, paz à sua alma. Tomo a liberdade de a reproduzir aqui. É de facto belíssima, muito obrigada.

"Give me a good digestion, Lord, and also something to digest; Give me a healthy body, Lord, and sense to keep it at its best. Give me a healthy mind, good Lord, to keep the good and pure in sight; Which, seeing, sin, is not appalled, but finds a way to set it right. Give me a mind that is not bound, that does not whimper, whine or sigh. Don't let me worry overmuch about the fussy thing called "I." Give me a sense of humor, Lord; give me the grace to see a joke, To get some happiness from life and pass it on to other folk."
Eu hoje acordei assim...


Naomi Watts

... depois de um jogo aborrecido, muito chato, em que me levantei do sofá inúmeras vezes - falo do Inglaterra-França - foi a vez do desgosto causado pela equipa da Argentina ontem, ao perder boludamente contra a África do Sul - mesmo aqueles como eu que nada percebem de râguebi podiam ver muito facilmente que havia uma diferença considerável de tamanho entre os jogadores de ambas as equipas - além de ter sido vergonhosamente roubada. Daqui um bem-haja para o comentador da Sport TV (era um dos jogadores da selecção portuguesa, não era?) que disse muito bem aquilo que pensava e não tem nada que pedir desculpas por isso. Era só o que mais faltava! (Já me estou a enervar e não me posso enervar logo de manhã.) Mas voltando brevemente à equipa francesa, que fique aqui registado para a posteridade que não gosto de Sebastién Chabal. Não tem resistência nenhuma, é forte mas é para cair logo (se bem que me parece boa ideia, by the yes by the no, não deixar que o animal corra), não joga mais de vinte minutos e fica logo cansado, e não suporto a pose de top-model, com o cabelinho para um lado ou para o outro, apanhado pela câmara sempre como se fosse a Claudia Schiffer, qué pelotudo, che!

Nota de tentativa de explicação: pelotudo pode mais ou menos traduzir-se por "idiota" ou "imbecil", enquanto boludo será mais "parvo" ou "tonto". Mas a intensidade com que se dizem tais palavras é determinante (a diferença se calhar entre levar um estalo ou um beijo). Um bocadinho como dizermos "palerma" com doçura ou com desprezo. Ou malákas (uma palavra um bocado feia em grego moderno) para insultar selvaticamente ou para nos referirmos a um amigo. Isto é tudo muito complicado.

domingo, outubro 14, 2007

"E patapúfete!"

"People always talk about all the things they're wrong about"

Girl Power

Três minutos e 33 segundos com Jonny Wilkinson

Metabloggers do it better (67)*

* Acumula com Bomba de Ouro e Modo de vida.

sábado, outubro 13, 2007

Cuore - Rita Pavone

Che m'importa del Mondo - Rita Pavone

My name is Potato - Rita Pavone

Acabar com isto. Depressa.
de Vasco Pulido Valente (no Público de ontem)

No domingo, dia 7, o primeiro-ministro declarou: "O Partido Comunista confunde o direito de se manifestar com o direito de insultar. Não são a mesma coisa." O que será que o primeiro-ministro considera um insulto? Em Montemor-o-Velho, os manifestantes gritavam: "25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!", uma palavra de ordem um pouco arcaica, mas que não pode ofender ninguém, excepto quem queira de facto restaurar a Ditadura, ambição que ninguém suspeita (nem o PC) ao eng. Sócrates. Verdade que também se gritou "mentiroso! mentiroso!". Terá Sócrates interpretado este comentário político à diferença entre o que prometeu e o que fez como um juízo sobre a sua honorabilidade pessoal? De qualquer maneira, parece que a GNR isolou o grupo que protestava do grupo que aplaudia o primeiro-ministro, com uma "fita plástica", e, não se percebe a que título, identificou quem bem lhe apeteceu.

Terça-feira, o primeiro-ministro foi à Covilhã. Na véspera, dois funcionários da PSP à paisana "visitaram" a delegação do Sindicato de Professores da Região Centro, para se informar em pormenor sobre o que o sindicato preparava e para o prevenirem contra o uso de "linguagem" susceptível de "atentar contra a dignidade das pessoas". E, talvez como prova, levaram uma dezena de panfletos. Desta vez, Sócrates só ouviu assobios. Surpreendentemente, o secretário-geral da Fenprof achou necessário esclarecer que "a polícia não batera" (por enquanto?) em nenhum sindicalista.

O primeiro-ministro, como se não soubesse nada do que precede, afecta uma tolerância bem-humorada. "É a festa da democracia", observou ele, "há quem proteste e há quem aplauda". Ou noutra versão: "Há quem proteste e há quem governe." Infelizmente, a Procuradoria-Geral da República anunciou ontem que terminara o inquérito aos protestos contra o Governo durante uma reunião, em Guimarães, do Conselho de Ministros. Se o caso chegar a julgamento, alguns manifestantes correm o risco de ir parar à cadeia ou de pagarem uma multa considerável. Porquê? Porque não pediram a devida licença (eram à volta de 80), porque não se retiraram como a PSP mandou e porque "insultaram" o eng. Sócrates.

Tudo isto obedece obviamente a um plano para suprimir, ou reduzir, a liberdade de expressão e de manifestação, com que o primeiro-ministro nunca se habituou a viver. O dr. Cavaco e o Parlamento tomam uma grave responsabilidade se não puserem expeditivamente fim a esta tentativa de transformar o regime num autoritarismo hipócrita.
"And it's all about timing"

Eu hoje acordei assim...


Catherine Deneuve

... que dia maravilhoso! Ontem vi uns minutos do The Sarah Silverman Program no MTV. Que pena não ter visto o programa completo. Espero que repitam o mais depressa possível. E só uma pergunta: o estimado Combustões ONDE ESTÁ? Já percebi que toda a gente já percebeu ou já sabe perfeitamente o local do mundo onde se encontra, à excepção desta bomba fardada, uma criada/mineira ao Vosso dispôr, que ainda não chegou lá, so sorry. Seja como for, mesmo a quinze mil quilómetros de distância (em que direcção, valha-me Deus?), rebem-vindo à blogosfera! Para terminar, uma oração para saber de cor e salteado. Andei à procura da fonte e não encontrei. "Onde está" parece ser a pergunta deste dia maravilhoso.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Estados em que se encontra este blogue


Eva Green

quinta-feira, outubro 11, 2007

Modo de vida: "Français, encore un effort si vous voulez être républicains." Marquis de Sade

A Hate Song: Actors
by Dorothy Parker

I hate Actors;
They ruin my evenings.

There are the Juveniles;
The Male Ingenues.
They always interpret the rôles of wealthy young sportsmen,
So that they can come running on in white flannels,
Carrying tennis racquets, and wearing spiked shoes.
Whenever the lights go up
They are discovered with their arms around some girl.
They wear their watches and handkerchiefs on their arms,
And they simply couldn't play a scene without their cigarette cases.
They think that the three Greatest Names in American History
Are Hart, Schaffner, and Marx.
They are constantly giving interviews to the Sunday papers
Complaining about the car-loads of mash notes they receive.
They know they have it in them to do something Really Big;
They relate how Belasco told them that they would go far
—I wish they were on their way!

There are the Movie Heroes;
The Boys Who Drove the Wild West Wild.
They are forever fading out into the sunset,
And if they can't pose for a close-up every few feet
They sue the company.
They wear their hair bobbed,
And always look as if they dressed by mail.
They were never known to lose a fight;
The whole troupe of supernumeraries hasn't a chance against them.
They are just bubbling over with animal spirits
—They are continually walking up the side of houses,
Or springing from one galloping horse to another,
Or leaping out of balloons, without parachutes.
And they love to be photographed balancing on one foot
On the extreme edge of the Grand Canyon
—Oh, that I might get behind them, just once!

Then there are the Tragedians;
The Ones Who Made Shakespeare famous.
They are always telling what they used to say to Booth.
And they talk about the old traditions
As if they had collaborated on them.
They make their positively last appearance semi-annually,
And they are just about to go on farewell tour No. 118397, Series H.
They never appear in any rôle
In which they have to wear long trousers.
If they stooped to play in any drama written after 1700,
They know that Art could never be the same.
They are forever striding around the stage in trick tempests,
Wearing aluminum armor, and waving property swords,
And shrieking at Heaven to do its worst
—I wish Heaven would kindly oblige.

And there are the Drawing-Room Stars;
The Ones That Swing a Mean Tea-Cup.
They always appear in those dramas
In which the Big Line is "No cream, please—lemon."
They interpret every emotion
By tapping the left thumb-nail with the cork-tipped cigarette.
They are invariably the best-dressed men on our stage
—Their press-agent says so himself.
They are always standing in the center of the stage
Saying cutting things about marriage;
And they hang around in property moonlight,
Making middle-aged love.
They cherish secret ambitions
To take off their cutaways and play Hamlet:
They know they could be great
If the public would only give them their just due
—If it only would!

I hate Actors;
They ruin my evenings.
Eu hoje acordei assim...


Catherine Deneuve (em 8 Femmes)

... vi ontem finalmente o primeiro episódio da última série de The Sopranos. Ana Cláudia, Luís e Luís, eternos companheiros de Soprano Talk, não sei se estou preparada para falar de Harold Pinter. Mas vou pensar. Talvez mais logo. A maneira como Tony exerce o poder com a autoridade que tem é sempre um óptimo tema para desenvolver. E, Rui, jump aboard! A verdade é que já não tenho a mesma resistência a cenas de brutalidade e violência. Daí a Catherine Deneuve.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Coisas que melhoram* algumas vidas (89)


* nunca se chega tarde ao que vale a pena. Uma maravilha!
Eu hoje acordei assim...


Milla Jovovich

... olheirenta e despenteada e a sério que sonhei que levava comigo numa espécie de carrinho-de-mão as obras completas de Shakespeare, não num só volume mas em vários muito fininhos, e que quando chegava dizia que trazia aquilo tudo porque não sabia que textos íamos ler. Depois tive uma ideia sobre aquele texto com o título extraordinário Misreadings and Slips of the Pen. Muito resumidamente, segundo Freud, enganamo-nos a ler uma palavra porque estamos a pensar noutra que nos impressionou muito e porque a nossa cabeça funciona numa espécie de permanente associação de ideias (eu acho que nem todas, por acaso). Nada de muito novo, parece. Mas o que me interessou do texto foi a ligação que Freud não faz explicitamente entre memória e erro: o engano ou a troca acontece precisamente porque existe memória. Afinal de contas, é preciso haver material de vida suficiente para poder haver associações ou lembranças. Os exemplos apresentados são tão rebuscados que dou por mim a pensar que compreendo uma certa repugnância ao autor, nomeadamente de filósofos que respeito. Mas nada daquilo é mentira nem aldrabice. Freud estava a pensar, estava à procura de alguma coisa, estava a trabalhar. Talvez no que diz respeito a esse tema tão frágil e sensível que é a Psicanálise teorias rebuscadas para casos complexos sejam sempre mais credíveis ou pelo menos mais interessantes. É diferente analisar à lupa casos patológicos, como por exemplo o do homem que tem uma fobia de ratos, ou tentar explicar por que razão lemos Odysee quando está escrito Ostsee. O segundo caso é curioso mas não deixa de ser corriqueiro, menor; um pormenor engraçado. E pormenores engraçados não ligam bem com interpretações complexas, ou ligam? Depende dos pormenores engraçados. Se calhar depende das interpretações complexas, não sei. Porque afinal enganos ou trocas de palavras podem ser resultado de uma espécie de curto-circuíto de sinapses que acontece a toda a hora. Como se a informação não chegasse bem lá onde tem de chegar, só isso. Como se houvesse uma espécie de obstrução no canal informativo. Se assim for, a questão da memória não é relevante para um caso tão... pequenino. Lá está: grandes explicações para coisas de nada...

terça-feira, outubro 09, 2007

Profanação

Doze túmulos no Cemitério Judaico de Lisboa foram vandalizados na passada semana. Nas pedras das lápides foram cravadas suásticas nazis. Os autores, dois «skinheads» de 16 e 24 anos apanhados em flagrante, foram detidos e arriscam uma pena de prisão até dois anos. A profanação de cadáveres e de lugares fúnebres é um crime bastante comum na história do mundo e é sobretudo um crime de ódio racial ou religioso. No entanto, não é conhecido em Portugal outro caso semelhante. Por este acto podemos perceber como o ódio e a cobardia se aproximam, unindo-se nos momentos mais infames. Um cemitério é um local sagrado, um local de reconciliação, de paz. O desprezo dos autores do crime pelos mortos e, neste caso, pela comunidade judaica deve dar que pensar. Embora seja muito complicado perceber as razões do ódio em geral, nomeadamente do anti-semitismo, parece-me claro que um ataque deste teor não se dirige aos mortos mas aos vivos, e que é por isso um parente muito próximo de um acto de terrorismo. O objectivo é o de denegrir os mortos – obviamente indefesos e vulneráveis – aterrorizando os vivos. Devemos estar muito atentos a estes sinais e não pensarmos que se trata de um acto de gente louca. A profanação de túmulos não é uma ofensa menor.

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 5-10-07.

segunda-feira, outubro 08, 2007

by W.B. Yeats

Where, where but here have Pride and Truth,
That long to give themselves for wage,
To shake their wicked sides at youth
Restraining reckless middle-age?
"Tá bem tá, filho"



(Este é um dos meus sketches favoritos do Gato Fedorento. O tema foi desenvolvido no sketch de ontem protagonizado pelo Zé Diogo Quintela com a porteira e o especialista a dizerem o mesmo texto - sobre as acusações recentemente feitas a Kate McCann - utilizando palavras diferentes. Excelente programa!)
Adenda: para compensar, o genérico é excelente.
Um herói forçado



A nova série televisiva Dexter, em exibição no novo canal de televisão FX, não me entusiasmou tanto quanto eu gostaria. Tinha imensas expectativas (já se sabe que é um mau princípio) relativamente a esta série. A ideia de um assassino em série poder comover os espectadores e fazer com que tomem o partido do mais abjecto protagonista esvaiu-se completamente ainda o segundo episódio não tinha terminado. Dexter Morgan é um especialista forense em sangue que trabalha para a Polícia de Miami. Interpretado por Michael C. Hall (que muitos reconhecerão como o David de Six Feet Under), Dexter passa de polícia nas horas de trabalho para assassino em série nas horas vagas, resolvendo pelas suas próprias mãos casos que a Polícia não conseguiu resolver. Como assassino reconhece facilmente outros da mesma espécie e procede àquilo que pode ser entendido como uma vingança, mas que se trata afinal apenas de canalizar um instinto de morte para criaturas que cometeram crimes hediondos. A questão do merecimento deixa de existir a partir do momento em que percebemos os métodos cruéis utilizados por Dexter para aniquilar os criminosos à solta. De aparente justiceiro passa a ser desprezível e tão-somente um homicida como os outros. Os diálogos são lentos, a acção lenta é e o elenco que acompanha Michael C. Hall é muito fraco.

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 5-10-07.
Gostar de homens©

Rodrigo Roncero


Juan Martín Hernández

domingo, outubro 07, 2007

Distorci completamente: pelas duas e picos da manhã terei percebido mal certa frase. Parece cedo mas o estado em que se encontrava este blogue já não era o mais adequado a fixar nuances no discurso. Apresento as minhas desculpas.
Coisas que melhoram algumas vidas (88)

A Drinking Song
by W.B. Yeats

Wine comes in at the mouth
And love comes in at the eye;
That's all we shall know for truth
Before we grow old and die.
I lift the glass to my mouth,
I look at you, and I sigh.
Agora é que é a música favorita de sempre

E só mais uma música preferida de sempre

Outra música preferida de sempre

Uma música preferida de sempre

Eu hoje acordei assim...


Angelina Jolie

... ontem os All Blacks perderam contra a equipa francesa. Foi um dia histórico para o râguebi mundial; os franceses devem estar histéricos e a Nova Zelândia perdida numa enorme tristeza. Eu vi o jogo do princípio ao fim e posso garantir que foi emocionante. Torci os oitenta minutos pelos All Blacks. Nunca vi uma coisa assim. Rapidíssimos, muito fortes, persistentes, davam a ideia de estar todos a pensar exactamente como um só. Pareciam sofisticados, não sei bem explicar. Mas depois aconteceu uma coisa. É sempre assim: de repente, acontece uma coisa... A dada altura, julgo que no segundo tempo, a sorte mudou, entrou um francês careca muito fresquinho que desatou a correr mais rápido do que uma bala e que fez um passe que permitiu à França passar à frente no marcador. Fiquei triste. Os neo-zelandeses no banco tinham os olhinhos demasiado brilhantes para o meu gosto. Então? Eu em casa posso chorar mas a melhor equipa do mundo não, que diabo! Viva os All Blacks!

sábado, outubro 06, 2007

Jansenista!

Mudando de assunto...

Les bonbons de Jacques Brel (1967)

Les bonbons de Jacques Brel (1964)

A Crazed Girl
by W.B. Yeats

That crazed girl improvising her music.
Her poetry, dancing upon the shore,
Her soul in division from itself
Climbing, falling she knew not where,
Hiding amid the cargo of a steamship,
Her knee-cap broken, that girl I declare
A beautiful lofty thing, or a thing
Heroically lost, heroically found.

No matter what disaster occurred
She stood in desperate music wound,
Wound, wound, and she made in her triumph
Where the bales and the baskets lay
No common intelligible sound
But sang, "O sea-starved, hungry sea."
Os momentos finais (gasp!) do Bloguítica no YouTube

Homenagem a George Brassens

Juliette Gréco canta Juliette Gréco

Carla Bruni canta George Brassens

A Coat
by W. B. Yeats

I made my song a coat
Covered with embroideries
Out of old mythologies
From heel to throat;
But he fools caught it,
Wore it in the world's eyes
As though they'd wrought it.
Song, let them take it,
For there's more enterprise
In walking naked.
Eu hoje acordei assim...


Eva Mendes

... um querido amigo de há muito de vez em quando não consegue conter um "a menina não vai escrever isso, pois não?" É adorável. Gosto muito dele. E depois o meu outro muito querido amigo Rui Zink (ainda mais antigo) no outro dia dizia que a direita hoje em dia devia ser de esquerda. Pois numa época de ódio não há nada como a esquerda para ser anti-semita, misógina, homofóbica, conservadora, reaccionária, monárquica (para os apreciadores de Kim Jong-Il), etc. Que maravilha!

sexta-feira, outubro 05, 2007

Uma autora de esquerda, um encenador de direita e quatros músicos espantosos

Metabloggers do it better (66)
Eu hoje acordei assim...


Liv Tyler

... com uma alegria de ser feriado como há muito não me acontecia. Ter hoje um momento para ler finalmente com atenção um texto do Freud cujo título é Misreadings and Slips of the Pen (deve estar traduzido na Psicopatologia da Vida Quotidiana e, Sam, se calhar é coisa para te interessar, depois digo), arrumar papéis, perceber como funciona uma maquineta maravilhosa que comprei, e para ouvir várias vezes ao longo do dia todas as versões do meu tango preferido - leia-se o melhor tango de sempre - Naranjo en Flor. Que boa a versão de Goyeneche! Viva o YouTube, viva, viva, viva...

quinta-feira, outubro 04, 2007

Carlos Gardel

Roberto Goyeneche com Osvaldo Pugliese

Adriana Varela

Eu hoje acordei assim...


Madonna

... ah, a quantidade de coisas que uma pessoa pode fazer em poucas horas, quanto mais em quatro meses. É de espantar por vezes. Apresento as minhas desculpas pelo post críptico (um post críptico pode ser uma falta de educação). Estou nas minas. E como é que o Estimado Confrade conseguiu uma fotografia do meu armário na casa da Recoleta? O Google Earth vai dar cabo da nossa civilização.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Um romance gráfico



Parabéns, Rui!
Metabloggers do it better (65)

Pedro, dá para pertencer aos três grupos ao mesmo tempo?
Asleep
by John Keats

Asleep! O sleep a little while, white pearl!
And let me kneel, and let me pray to thee,
And let me call Heaven's blessing on thine eyes,
And let me breathe into the happy air,
That doth enfold and touch thee all about,
Vows of my slavery, my giving up,
My sudden adoration, my great love!
Metabloggers do it better (64)
Eu hoje acordei assim...


Carmen Electra

... a propósito da última fotografia da trilogia Carmen Electra/imaginário de equitação um leitor atentíssimo do bomba escreve-me que se sentiu decepcionado. Tem razão. A fasquia da segunda imagem só muito dificilmente poderia ser ultrapassada mas em minha defesa reclamo que o chapéu ali é tudo. Só porque o resto é bastante previsível e uma espécie de been there, done that and got a life embora, apesar de tudo, só para uma minoria. Para me redimir do baixão inesperado apresento agora Carmen Electra numa versão discreta. Não faz ideia o estimado leitor da trabalheira que tive para encontrar uma fotografia que pudesse reabilitar (nem que fosse por alguns instantes) a imagem da actriz/modelo/Carmen Bloom. Não que precise de reabilitação nenhuma, era mesmo só o que faltava. Just for the fun of it.

terça-feira, outubro 02, 2007

A Very Short Song
by Dorothy Parker

Once, when I was young and true,
Someone left me sad
Broke my brittle heart in two;
And that is very bad.

Love is for unlucky folk,
Love is but a curse.
Once there was a heart I broke;
And that, I think, is worse.
Eu hoje acordei assim...


Carmen Electra

... o sonho que tive hoje (um pesadelo com um brevissimo momento literário) é incontável por isso prefiro referir-me à série Closer. Ao contrário do decepcionante Dexter, Closer superou as minhas expectativas. A personagem principal é excelente e é mais uma série profundamente feminista (como Weeds, aliás, ou se calhar ainda mais) muito bem feita. Lamentavelmente, Boston Legal aparvalhou na segunda temporada. E logo com a chegada de Rupert Everett, que pena...

segunda-feira, outubro 01, 2007

De que gostam as mulheres?




Assim de repente e pensando num só tema… de homens valentes, destemidos, corajosos; decididos, mas flexíveis; firmes, mas meigos; íntegros, mas brincalhões; inteligentes, mas muitos inteligentes; de vasta cultura e caixa torácica; generosos, supergenerosos, ainda mais generosos, tão, mas tão generosos, que oferecem este mundo e o outro até que a alma lhes doa. Mas talvez resumindo: as mulheres gostam de homens com cara de mau e coração de gatinho. Um momento! Uma senhora na fila de trás levanta-se e indignada afirma que ela própria e a prima de quem é muito amiga nunca gostaram de nada disso, que ambas sempre gostaram de homens com cara de gatinho e coração de mau. E agora? Resta-me apresentar uma prova audiovisual que defenda a minha afirmação: o videoclip do tema «Can't Leave ‘Em Alone», de Ciara, que conta com a participação do gangster/rapper 50 Cent. Desde o início da sua carreira que a imagem de Ciara tem sido sobretudo a de uma rapariga dura e altiva, que pouco sorri e que não está para aturar disparates. Mas eis que a cantora convida 50 Cent e, surpresa das surpresas, apresenta-se no videoclip com uma expressão nunca antes nela vista: derretida, a sorrir envergonhada, com os olhinhos carinhosos a brilhar, sentada com 50 Cent à sua frente, a ronronar que não o consegue deixar em paz. Tão querido o gangster/rapper, um amor.

Publicado na Tabu, de Cinco Sentidos, 29-09-07.
Nas bancas!

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