blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

quinta-feira, agosto 30, 2007

"Ultimamente tenho sentido muita saudade de João Gilberto" Nara Leão

Coisas que melhoram algumas vidas (84)



quarta-feira, agosto 29, 2007

Anna Bessonova (3)

Anna Bessonova (2)

Anna Bessonova

Olga Kapranova

Vera Sessina

terça-feira, agosto 28, 2007

A sétima coisa, sussurrada ao ouvido, foi a seguinte: "Encomendei uma série de livros sobre o Godard e pus tudo no teu cartão, Meu Amor".
Eu hoje acordei assim...


Jean Seberg (muito bem acompanhada)

... pois, Meu Amor, tenho sete coisas para te contar. A primeira é que uma senhora muito simpática me escreveu a dizer que vamos ter Une Femme Est Une Femme, no dia 5 de Setembro, às 19h, na Cinemateca (não é um ciclo, mas já é qualquer coisa); a segunda é que um leitor de uma amabilidade extrema prometeu enviar-me Le Mépris pelo correio; a terceira é que acho que percebo porque é que as pessoas tratam tão mal os animais: não estão habituadas a conviver com eles, a que façam parte do seu quotidiano, a levá-los para ali e para acolá; e, afinal de contas, também não tratam os outros, que são da mesma espécie, muito melhor; a quarta é que sonhei que conhecia o Peter Singer e que lhe falava de um filme muito chato que vi há uns dias chamado Charlotte's Web. A reacção dele não desiludia: "What a big chachada", dizia ele; a quinta é que a grafonola do bomba está outra vez avariada e não tenho tempo agora para resolver o problema, o que é pena porque ontem ouvi uma canção no Weeds que amei e que quero partilhar com o mundo; a sexta é que está um dia de Outono muito razoável, e a sétima vou sussurrar-ta ao ouvido...

segunda-feira, agosto 27, 2007

A barbárie começa em casa

Se houvesse justiça neste mundo, todas as pessoas que abandonam os seus animais de estimação seriam também elas um dia abandonadas na berma de uma estrada. Estarei a ser emocional no meu desejo de reciprocidade na crueldade do acto praticado, mas é preciso notar que uma reciprocidade perfeita nunca seria possível: os seres humanos teriam sempre a capacidade de procurar ajuda e de encontrar uma solução, coisa que os animais naturalmente não têm. Porque é que as pessoas abandonam no Verão os bichos com que brincam durante o resto do ano? Serão as mesmas que abandonam os avós nas urgências dos hospitais? Não me parece haver nenhuma diferença no princípio de indiferença cruel e pura desumanidade tanto nuns como nos outros. Mas voltemos aos animais abandonados: não existe nenhuma razão que leve as pessoas a deixar na rua os bichos que as acompanham. Muito menos «porque vão de férias». Existem locais adequados para receber os animais enquanto os donos estão fora. Também organizações como a União Zoófila e outras associações semelhantes poderão ajudar as famílias a encontrar uma solução. Como é possível sequer pensar em abandonar um membro da família, como é também um cão ou um gato? Talvez haja uma forma de barbárie que desconhecia. Aquela que inclui o abandono de todos os mais próximos que por alguma razão numa altura qualquer não servem. Um crime, digo eu.

Publicado na Tabu, 25-08-2007.
Coisas que melhoram algumas vidas (83)



domingo, agosto 26, 2007

Cena de Bande À Part, de Jean-Luc Godard, 1964



Claro que no futuro ciclo a organizar pelos Caros Senhores da Cinemateca, poderemos todos desfrutar desta cena e de outras do mesmo filme, que por acaso não me lembro nada de ter visto, nem sequer naquele tempo em que via estas coisas.
100% Manolo Blahnik


And Oblige
by Dorothy Parker

When I've made a million dollars—it may take a year or two
At the present rate of speed that things are going—
There are various little matters that are somewhat overdue,
And the prospect, at the moment, isn't glowing;
But as soon as I've a million, as I started in to say,
Life will be, I take it, gloriously happy;
For already I am planning to expend it in a way
That will be, if I may say it, rather snappy.

I will charter me a taxicab of cheery white and brown,
And you'll never catch me glancing at the meter!
And I'll make a little tour of all the milliners in town;
And the question is, Could anything be sweeter?
Just for stamps and lunch and cigarettes, each morn I'll draw a check
For a thousand dollars, payable to bearer,
And you'll hear the pearls a-clanking, as I drape them on my neck.
It occurs to me that little could be fairer.

It is true that a million doesn't take you very far,
And it's hard to find another when you've shot it;
But I'll blow it like the widely known inebriated tar,
For I want to be a good one while I've got it.
So the minute I've a million, I'll go right ahead and spend,
Though it doesn't last me more than over Sunday.
In the meantime, though, I wonder, as a favor to a friend,
Could you let me have a dollar—say, till Monday?

sábado, agosto 25, 2007

Cinquenta e seis segundos de beleza

Dois minutos e 10 segundos de assertividade doce

Três minutos e 29 segundos de melancolia

sexta-feira, agosto 24, 2007


Com certeza já organizaram centenas de milhares de ciclos com e sobre os filmes de Jean-Luc Godard, mas seria possível organizarem só mais um? Ando num corropio muito desagradável à procura de coisas tão simples (no sentido que a palavra não tem de «conhecidas») como Le Mépris, mas parece que não há em dvd ou é difícil ou não sei ou nem sequer me apetece insistir muito porque gostava mesmo era de ver numa sala de cinema. Eu era muito nova quando vi estas coisas - e até vi algumas na Cinemateca, é verdade - além de que nunca fui especialmente cinéfila... Mas isso não significa que passados mais de quinze anos não queira tentar perceber outra vez qualquer coisa que vi e de que até gostei mas que passou e sobre a qual nem sequer parei para reflectir uns cinco minutos que fosse. Vamos fazer assim: se apetecer aos Caros Senhores da Cinemateca fazer outro ciclo Godard, aí estarei todos os dias possíveis com a maior das alegrias e sincera gratidão.

Cordialmente,
Bomba Inteligente
Sete minutos e 22 segundos de Jean-Luc Godard

Não me toques

Ao contrário de povos que rejeitam mesmo a mais irreflectida encostadela de braço, os Portugueses tocam bastante uns nos outros. Embora se tenha verificado um aumento de não-me toques nos últimos anos - certamente por influências externas - a verdade é que nós levamos a vida a invadir o espaço uns dos outros e raramente respeitamos uma distância cortês. Basta que pensemos naqueles que têm por hábito bater-nos no bracinho enquanto falam, obrigando-nos a mudar de posição durante a conversa, não vá a insistência em prender-nos a atenção moer-nos o músculo ou causar-nos uma bela nódoa negra. A melhor defesa com a ansiedade táctil desses interlocutores é pormo-nos de frente e nunca, jamais, em tempo algum, de lado. Perante casos agudos, convém que as mãos fiquem escondidas atrás das costas, ficando os braços quase fora do alcance, mas melhor será deixar a conversa para o telefone. Se bem que falar com esta espécie de «tocadores» profissionais pode tornar-se um pesadelo mesmo à distância. Impossibilitado de bater no bracito do próximo milhares de vezes seguidas, algumas das quais com o cotovelo, o chato de galochas utilizará outras formar de prender a atenção. Talvez utilize expressões como «percebes?» até à exaustão do desgraçado que ouve. Tentará sempre tocar, seja de que maneira for.

De Cinco Sentidos, publicado na Tabu, 18-08-2007.
Bomba de Ouro: "Mas o que realmente me mete impressão é o despudor de quem, alardeando um «coração de esquerda», posiciona a «carteira à direita»; de quem apenas procura, na esquerda, uma via fácil e politicamente correcta para se «aburguesar»; de quem se verga ao valor do dinheiro e questiona o do mérito, porque lhe é, porventura, inacessível." Luar
Slackers: A Hate Song
by Dorothy Parker

I hate Slackers;
They get on my nerves.

There are the Conscientious Objectors.
They are the real German atrocities.
They go around saying, "War is a terrible thing",
As if it were an original line.
They take the war as a personal affront;
They didn't start it—and that lets them out.
They point out how much harder it is
To stay at home and take care of their consciences
Than to go and have some good, clean fun in a nice, comfortable trench.
They explain that it isn't a matter of mere bravery;
They only wish they had the chance to suffer for their convictions—
I hope to God they get their wish!

Then there are the Socialists;
The Professional Bad Sports.
They don't want anybody to have any fun.
If anybody else has more than two dollars,
They consider it a criminal offense.
They look as if the chambermaid forgot to dust them.
There is something about their political views
That makes them wear soiled decolleté shirts,
And they are too full of the spirit of brotherhood
To ask any fellow creature to cut their hair.
They are always telling their troubles to the New Republic;
And are forever blocking the traffic with parades.
If anyone disagrees with them
They immediately go on strike.
They will prove—with a street corner and a soap box—
That the whole darned war was Morgan's fault—
Boy, page an alienist.

There are the Pacifists;
They have chronic stiff necks
From turning the other cheek,
They say they don't believe in war—
As if it were Santa Claus or the Stork.
They will do anything on earth to have peace
Except go out and win it.
Of course they are the only people
Who disapprove of war;
Everybody else thinks it's perfectly great—
The Allies are only fighting
Because it keeps them out in the open air
They know that if we'd all go around wearing lilies,
And simply refusing to fight,
The Kaiser would take his army and go right back home.
It's all wrong, Pershing, it's all wrong.

And then there are the Men of Affairs;
The ones who are too busy to fight.
Business is too good,
And men aren't needed yet, anyway—
Wait till the Germans come over here.
They tell you it would be just their luck
To waste three or four months in a training camp,
And then have peace declared.
It isn't as if they hadn't dependents;
Their wives' relatives can barely buy tires for the Rolls-Royce.
Of course, they may be called in the draft,
But they know they can easily get themselves exempted,
Because they have every symptom of hay fever—
I wish I were head of the draft board!

I hate Slackers;
They get on my nerves.
Eu hoje acordei assim...


Cyd Charisse

... e aí, Brasil! Como é que é?

sexta-feira, agosto 17, 2007

Estado em que se encontra este blogue

Cyd Charisse

Até logo!
The Passionate Freudian to His Love
by Dorothy Parker

Only name the day, and we'll fly away
In the face of old traditions,
To a sheltered spot, by the world forgot,
Where we'll park our inhibitions.
Come and gaze in eyes where the lovelight lies
As it psychoanalyzes,
And when once you glean what your fantasies mean
Life will hold no more surprises.
When you've told your love what you're thinking of
Things will be much more informal;
Through a sunlit land we'll go hand-in-hand,
Drifting gently back to normal.

While the pale moon gleams, we will dream sweet dreams,
And I'll win your admiration,
For it's only fair to admit I'm there
With a mean interpretation.
In the sunrise glow we will whisper low
Of the scenes our dreams have painted,
And when you're advised what they symbolized
We'll begin to feel acquainted.
So we'll gaily float in a slumber boat
Where subconscious waves dash wildly;
In the stars' soft light, we will say good-night—
And "good-night!" will put it mildly.

Our desires shall be from repressions free—
As it's only right to treat them.
To your ego's whims I will sing sweet hymns,
And ad libido repeat them.
With your hand in mine, idly we'll recline
Amid bowers of neuroses,
While the sun seeks rest in the great red west
We will sit and match psychoses.
So come dwell a while on that distant isle
In brilliant tropic weather;
Where a Freud in need is a Freud indeed,
We'll be always Jung together.
Coisas que melhoram algumas vidas (82)

quinta-feira, agosto 16, 2007

A cores



Elvis Presley (8/1/1935-16/8/1977)
A preto e branco

quarta-feira, agosto 15, 2007

Às 20h41: a TVI lá deu a notícia. Mas em menos de um minuto e meio não vá o espectador ficar exausto...
Às 20h33: continua tudo nas tintas para os duzentos mortos no Iraque. Sendo assim, vou lá para dentro. Se houver alguma novidade, chamem-me.
É obsceno: num dia em que morreram duzentas pessoas no Iraque, a SIC dedicou os dez minutos iniciais do noticiário a um documento anónimo sobre a corrupção no futebol. A RTP não. A TVI também não. Mas ainda não falaram do Iraque. Talvez lá para as 21h30 quando não houver mais nada para dizer. E os noticiários já tiverem acabado.
Estado em que se encontra este blogue



A passar por uma crise profunda de Jean-Luc Godardite. Anna Karina e Brice Parain em Vivre sa vie.
Dez minutos e 12 segundos com Jean-Luc Godard

Loretta Young
de Adília Lopes

Nós queremos
doce de chila
nós queremos
doce de chila
vamos todos
para Hollywood
vamos todos
para Hollywood

Preconceitos
prejuízos
(e um sofrimento
atroz)

Mas eu sou
o albatroz

Amor-perfeito
amor-próprio

Pálpebras
pestanas
pestanudas
carnudas
orquídeas

sinais na cara
leques

(Loretta Young, actriz de Hollywood nos anos 30, 40 e 50, proibiu as televisões, em 1971, de retransmitirem qualquer dos seus filmes por achar a sua imagem tão pejorativa que os fans que ainda tinha podiam sentir-se incomodados)

Mímica rica ridícula
de menina mimada mimalha
de menina velha
de vamp do mudo
de filha de polícia de sargento
de pobre de gorda de atrasada
de débil mental de avariada
de tatibitate de totó de cai-cai
de cancan
de Pompadour
de vierge folle
de triste feia (nome de rua de Lisboa)
de cemitério dos Prazeres
de Maria Pia
de Maluquinha de Arroios

O poema (este poema)
à imagem e semelhança
da imagem
e da semelhança
Eu hoje acordei assim...


De Spellbound

... uma pessoa sonha com cada coisa mais esquisita...

terça-feira, agosto 14, 2007

Aviões
de Sophia de Mello Breyner Andresen

Amanhã voltarei ao ritmo solar
No céu azul os aviões passarão
Quasi devagar
Eu hoje acordei assim...


Heidi Klum

... que vídeo extraordinário, caro Búfalo de Água. (Acho que nos devíamos passar a tratar assim: "Caro Cão de Metal, como está? Muito bem, e o Búfalo de Água? Essas férias?") Quanto às 7h34, pois fique o Senhor Búfalo sabendo que há dois tipos de pessoas que acordam cedíssimo: os milionários e os mineiros. Além destes dois tipos de adultos, temos ainda as crianças (quase todas) que querem ver os desenhos animados na televisão. E ontem, mas já pela tardinha, comecei a pensar que Plauto teve uma vida atribulada. Terá sido actor e terá até ganho bastante dinheiro (além de prestígio) como produtor de espectáculos, mas perdeu tudo e acabou na miséria. Escreveu sempre até ao fim da vida e quando morreu, foi-lhe atribuída a autoria de cerca de 130 peças. Todos os anónimos da altura queriam ser confundidos com ele. Mas depois apareceu Varrão que pôs ordem na casa e identificou 21 textos verdadeiros; ou seja, escritos por Plauto. Lembrei-me depois de Epicteto, o mais radical dos estóicos, que escreveu textos tão duros, pregou a inflexibilidade, pôs os objectos e as pessoas ao mesmo nível, e que era escravo. Nem sempre existe uma relação entre a vida dos autores e a sua produção literária ou filosófica. Gente intelectualmente sofisticada pode revelar-se incompetente na sua vida com os outros. Mas a questão não é essa. A questão é que Plauto escolheu um género literário quando não tinha o que comer (a miséria não é comparável à escravidão, mas mesmo assim). Começou a escrever comédias.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Seis minutos e 24 segundos com Anna Karina

" - Tu est infame.
- Moi? Non, je suis une femme"


De Une femme est une femme, Jean-Luc Godard, 1961

domingo, agosto 12, 2007

Dos Antigos


Icarus and Daedalus, Charles Paul Landon, 1799, Musée des Beaux-Arts et de la Dentelle, Alençon
Modo de vida: sou capaz de me esquecer do que as pessoas dizem a respeito dos outros. Com uma certa dificuldade, é certo, mas acabo por não atribuir excessiva importância a disparates que podem surgir em conversas. A oralidade beneficia quem fala e quem ouve. Mas sempre que leio alguma coisa escrita a respeito de outras pessoas e que considero infame nunca mais esqueço. Essa pessoa, autora dessas palavras, fica classificada para sempre. Não há tempo de vida que a mude, nenhuma circunstância que a favoreça, nada que atenue a culpa que lhe atribuo. Não há mesmo nada a fazer.

Adenda: é aquela coisa do verba volant scripta manent, sim.

sábado, agosto 11, 2007

Coisas que melhoram algumas vidas (81)



A propósito do tema suscitado pela Rititi.

Françoise Hardy - L'Amitie

Françoise Hardy - Träume

Streisand & Garland

sexta-feira, agosto 10, 2007

Death of the Fathers, 1. Oysters
by Anne Sexton

Oysters we ate,
sweet blue babies,
twelve eyes looked up at me,
running with lemon and Tabasco.
I was afraid to eat this father-food
and Father laughed and drank down his martini,
clear as tears.
It was a soft medicine
that came from the sea into my mouth,
moist and plump.
I swallowed.
It went down like a large pudding.
Then I ate one o'clock and two o'clock.
Then I laughed and then we laughed
and let me take note -
there was a death,
the death of childhood
there at the Union Oyster House
for I was fifteen
and eating oysters
and the child was defeated.
The woman won.
Dos Modernos


Dishes with Oysters, Fruit, and Wine, Osias Beert the Elder, ca. 1620-1625, oil on panel, 52,9 x 73,4 cm, National Gallery of Art
Oysters
by Anne Stevenson

The fat man laughed because
the restaurant told him to,
because the oysters that slipped
at atrocious expense
through his pinguid lips
were poisonous,
and the hock at his elbow
hardly less,
and the lady, too,
so svelte in the crypt
of her basilisk dress
was dangerous
beyond the laughable.
Wasn’t that diamond
clipped
at her cleavage
an oyster between
white dunes on a beach,
growing luscious on sewage’s
steamy tureen
of barely detectable
radioactive garbage?
The Oyster
by Ogden Nash

The oyster's a confusing suitor
It's masc., and fem., and even neuter.
But whether husband, pal or wife
It leads a painless sort of life.
I'd like to be an oyster, say,
In August, June, July or May
Coisas que melhoram algumas vidas (80)



quinta-feira, agosto 09, 2007

Eu hoje acordei assim...


Monica Bellucci

... por causa de um querido amigo de visita a Lisboa, especialista em astrologia chinesa, tenho andado a ler umas coisas sobre o assunto. O Cão de Metal parece ter uma disposição sobretudo masculina, ou yang, como diz aqui. Que decepção! Anda uma pessoa convencida de que é uma menina amorosa e sensível e doce e yin e... Resta-me a lista de Grandes Cães para me consolar: Brigitte Bardot, Elvis Presley, Sir Winston Churchill, Golda Meir, Yitzhak Rabin, Jane Goodall, Jacques Cousteau and so on and so forth...

quarta-feira, agosto 08, 2007

Ninho de cucos (94)

A cadela Bolota entra pacífica na casa do Varandas (onde por mero acaso moram duas outras criaturas). Penso logo que o gato não vai gostar nada da brincadeira. As horas passam e nem sinal do bichano, que ainda por cima é malcriado e não recebe as visitas. Durante esse tempo penso na questão dos cheiros. Mas então a cadela não percebe que se encontra em território inimigo? E o próprio Varandas estará ainda mais lento do que é hábito para não vir ver o que se passa? A Bolota aproveita o sossego para dormir uma sesta na varanda. Quando acorda, percebe que há comida e... devora uma tigela inteira com os biscoitos do gato! Em estado de choque, vejo que o bichano (mas onde é que o menino esteve durante estas horas todas?) se aproxima. Ai, ai, que o gato não está nada habituado a estas coisas... Temo pela vida da cadela porque o bicho é praticamente zen mas ainda lhe falta um bocadinho assim para levitar, e uma situação desta gravidade pode deitar tudo a perder. Ainda recordo sem saudade o dia em que o Varandas deu uma patada num dos primos e depois se enrolou todo a um canto - numa posição tipo galinha, não sei bem explicar - a roncar. Parecia o motor de um carro muito antigo. Nesse dia terrível, há uns bons anos, o bicho perdeu a cabeça. Desde então nunca mais, mas nunca se sabe. Quando o Varandas chega à varanda e dá de caras com o animal enorme a comer-lhe a comida a primeira reacção que tem é... sentar-se! Sentou-se bem sentadinho, bocejou e depois ficou com aquele ar entre o ensonado e o maçado, muito direito e quieto a olhar. Mal a Bolota acabou de comer, o gato dirigiu-se à tigela e comeu o que sobrava! E depois passaram o resto do tempo numa espécie de convívio indiferente, sem se aproximarem um do outro e sem fazerem nenhuma dessas coisas que eu achava serem habituais.
Sparks - Perfume



Geneviève wears Dior
Margaret wears Trésor
Mary Jo wears Lauren
But you don't wear no perfume

Deborah wears Clinique
Marianne wears Mystique
Judith wears Shalimar
But you don't wear no perfume

That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you

Anna wears CK1
Jeanie wears Opium
Trisha wears No.5
But you don't wear no perfume

Susan wears St. Laurent
Janie wears L'Air du Temps
Kirstin wears Davidoff
But you don't wear no perfume

That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you

The olefactory sense is the sense
that most strongly evokes memories of the past
Well screw the past

That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you

That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you

Geneviève wears Hermès
Annabelle wears Arpège
Betty Lee wears Guérlain
But you don't wear no perfume

Katie wears Giorgio
Lily wears Moschino
Jenna wears Kenneth Cole
But you don't wear no perfume

That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you
That's why I want to spend my life with you

Carol wears Cacharel
Lana wears Tommy Girl
Cynthia wears J'Adore
But you don't wear no perfume

Jennifer wears Céline
Laura wears Armani
Deborah wears Polo Sport
But you don't wear no perfume

Gina wears Vera Wang
Sheila wears Helmut Lang
Dinah wears Oxygene
But you don't wear no perfume

Jody wears Gaultier
Peggy wears Jean Patou
Stella wears Lagerfeld
But you don't wear no perfume

That's why I want to spend my life with you
Eu hoje acordei assim...


Rhona Mitra

... numa magnífica conversa com uma querida amiga, chegamos à conclusão de que o conteúdo está sobrevalorizado. Muito tempo seria poupado se prestássemos mais atenção à forma. A sobrevalorização do conteúdo com certeza surgiu numa época em que foi necessário pedir desculpas por alguma coisa. Deve ter sido numa altura em que o poder estava ocupado por pessoas feias e burras (que deviam ser esbofeteadas à tardinha em praça pública pelo menos uma vez por mês) que impuseram a forma como um aspecto menos importante. Preferir o conteúdo cheira sempre a esturro. As pessoas de bom gosto sabem que a excelente forma é em si o conteúdo perfeito. A conversa continuou por ali fora até que chegámos a outra conclusão: aqueles que mais se angustiam na vida, que carregam um peso desadequado nos ombros, apreciadores de dramas sem fim, que se indignam e esbracejam à mínima contrariedade, nunca experimentaram nada muito sério e grave na vida. Os sofredores profissionais, doentes com uma espécie de dramatismo que é sempre frívolo, são os grandes defensores do conteúdo. São os mesmos que insistem em separar o que não é separável. E, por fim, tudo se liga.

terça-feira, agosto 07, 2007

Muitíssimos parabéns!



Mas sejamos rigorosos: o Miss Pearls cumpre dois anos, mas antes houve um ano de Xanel Cinco que não pode agora ser remetido ao esquecimento. Festejemos tudo e mais alguma coisa! Muitas felicidades e muitos anos de blogovida!
Dentes de leite

The lesson I like best is Literature.
My favourite game is hide and seek.

(Do caderno da quarta classe: Thursday, 11th October 1979)
Eu hoje acordei assim...


Drew Barrymore (1982)

... acordo muito bem disposta a trautear o tema dos The Coasters que ouvem agora no blogue, a pensar que o mundo seria melhor se as pessoas más e estúpidas (passo a redundância) fossem açoitadas em praça pública pelo menos uma vez por semana, e feliz porque as laranjas estão muito razoáveis para fazer um belo sumo, e dou de caras com isto. Dei um grito como Drew Barrymore! O caríssimo Combustões anuncia a sua saída da blogosfera e do País. No meio destas desgraças celebra dois anos de blogue. Haja pelo menos uma coisa decente! Ainda nenhum dos blogueadores que pertence à minha lista (e que por isso me pertence a mim; tenha lá paciência, não nos conhecemos sequer, mas isto é mesmo assim) tinha dito que ia abandonar o País e não sei como reagir à notícia. Faltam-me os antecedentes! Por um lado estou muito feliz por si, por outro acho indecente porque a blogosfera - e o próprio País - é um barco do qual ninguém sai (o País? um barco?), e ainda há um terceiro lado - é verdade - mais ambíguo que me leva a aceitar com relutância a sua decisão (não sabia com certeza que tinha de me consultar) e a agradecer este tempo de convívio inteligente e cultivado, em que o vi defender as suas ideias, argumentando sempre com seriedade e gosto. São raros os blogues que o fazem. Saiba que tenho pena e que conheço pessoas que o podem impedir de sair do País. (pausa dramática) Estou a brincar! Conheço mas não lhes vou dizer nada! Viva o Combustões!

segunda-feira, agosto 06, 2007

Coisas que melhoram algumas vidas (79)

Bombas de Ouro

"Não há amor como o primeiro? Ainda bem." FNV

"As mulheres de Bergman: Harriet Andersson, Ingrid Thulin, Liv Ulmann e Bibi Andersson. Mas sobretudo, a primeira por quem eu me apaixonei: Maj-Britt Nilsson. Cabelo preto, queixo e nariz pontiagudos, ossos largos acima das bochechas e uns pequenos lábios que faziam dela um pequeno pássaro, equipado com uns olhos escuros que feriam." Tiago Galvão

"Indies de direita são mais difíceis de se encontrar do que ornitorrincos sem problemas de confiança." Ieda

"A verdade, tal como foi interpretada pelo senhor José, o meu analista de sonhos (a minha taróloga está em Punta Cana e a necromante foi finalmente internada), é que Shakespeare escreveu Hamlet possuído de irritação." José Bandeira
Metabloggers do it better (62)

domingo, agosto 05, 2007

"Talk to me Harry Winston! Tell me all about it"



Marilyn Monroe (1/6/1926-5/8/1962)
Belíssimos penteados de outrora



Grazie, Rui!
Eu hoje acordei assim...


Rhona Mitra

... na série Boston Legal - juntamente com Weeds (de que estou a gostar) é das únicas coisas que vejo na televisão - Rhona Mitra faz um óptimo papel. Tara Wilson é muito cool, não se deixa perturbar pelas situações mais bizarras, quebra as regras com subtileza, fala pouco mas é intensa, além de ser a única capaz de se relacionar com o infernal Alan Shore (James Spader rules é só o que tenho a dizer). Num dos últimos episódios acusou o namorado de ser um egocêntrico insuportável, fazendo várias investidas apaixonadas mas ao mesmo tempo secas e duríssimas, sem nunca perder a cabeça (uma qualidade que muito aprecio). A estratégia foi de tal maneira eficaz que dei por mim a ter pena do sanguinário Shore, coitadinho, reduzido a pó e nada com tão poucas frases. A economia é tudo.

sábado, agosto 04, 2007

Coisas que melhoram algumas vidas (78)



Sobre Les Sucettes de Serge Gainsbourg

France Gall - Laisse Tomber Les Filles

sexta-feira, agosto 03, 2007

Trust in me... oh, trust in me...



O YouTube é a melhor invenção do século! Eis a entrevista de Márcia Rodrigues ao Embaixador do Irão. A jornalista pode estar assim vestida - como se vestem obrigatoriamente as mulheres naquele país - mas ali não há nenhum tipo de submissão. Continuo a achar que se trata de um caso de excesso de zelo. O caro Dragão sabe que eu sou uma pessoa muito intuitiva? Pois algo vagamente me diz que estamos em campos opostos...
Eu hoje acordei assim...


Brigitte Bardot, Noir et blanc

... muito bem, obrigada. Gostei de ler este post que me levou a este tão verdadeiro. O tempo é ainda muito mais curto do que nós pensamos. Sobre o mesmo tema, também gostei de ler este post do Diogo Belford Henriques que devia escrever muito mais - mas muitíssimo mais - do que escreve. Trezentas e sessenta e quatro vezes mais para ser precisa.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Coisas que melhoram algumas vidas (77)

(Não tenho palavras para agradecer.)
"Et mes épaules?"



Horas e horas à procura de quem terá parodiado aquela cena... e descubro isto.
Eu hoje acordei assim...


Brigitte Bardot e Michel Piccoli em Le Mépris, de Jean-Luc Godard

... esta cena extraordinária foi parodiada (e está a imenso a pedi-las) não me lembro bem por quem. Iria jurar que a dupla French and Saunders se tinha encarregado da tarefa. O meu Marido vota em The Fast Show. Ambos consideramos a hipótese de ter sido em Big Train. Seja como for, o YouTube não esclarece e isto já é coisa para me atormentar o resto do dia e da noite, dependendo da hora a que descubra quem ridicularizou e homenageou uma das melhores cenas de amor de sempre. Por falar em roupa - estava em falar em roupa, não estava? - não vi a entrevista de Márcia Rodrigues ao embaixador do Irão, e por isso não a vi nos preparos de que o Abrupto falou, mas agora, perante a fotografia no Miss Pearls, comecei a pensar no que terá levado a jornalista a optar por tão medonha (já para não dizer quentíssima) indumentária. É evidente que a vestimenta não é medonha (quero com isto dizer que o gosto não importa para o caso); estou apenas a tentar aligeirar a coisa. Mas gostava de perceber os coros de indignação com a escolha de Márcia Rodrigues. Aquilo é o que o Irão é: um país que não respeita as mulheres, em que os homens vivem obcecados com a sexualidade feminina, tanto que as obrigam a tapar as mãos com luvas; e em que a vida de uma mulher não tem absolutamente nenhum valor. Mas voltando a Márcia Rodrigues: sempre me pareceu uma excelente jornalista, imparcial, rigorosa, profissional. Por isso, prefiro tentar perceber a razão da sua escolha a juntar-me a indignações que, como tal, não são nada mais do que emocionais. Parece-me, honestamente, que se trata de um caso de excesso de zelo. A jornalista pode também ter julgado que seria mais fácil que o embaixador dissesse alguma coisa a uma ocidental tapada do que a uma ocidental vestida com umas simples calças e uma blusa e com as mãos à mostra (toda a gente sabe que mãos à mostra é meio caminho andado para a bandalheira total). Ali não é a jornalista que interessa, mas o troglodita que tem à frente, representante em Portugal de um país que anunciou que pretende varrer Israel do mapa. Existe uma terceira possibilidade e que é a de Márcia Rodrigues ter sido inspirada por um espírito CNNiano, em que as jornalistas fazem este tipo de coisas. Só que habitualmente se encontram em países que obrigam àquele código de vestuário. Aposto em excesso de zelo, mas podemos sempre enviar um e-mail a Márcia Rodrigues a perguntar-lhe porque é que foi assim vestida. Seja como for, confio no discernimento da jornalista.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Metabloggers do it better (61)
Eu hoje acordei assim...


Dakota Fanning

... decidi que Agosto é um mês tão bom para regredir como qualquer outro. Infelizmente, por falta de fotografias, não poderei regredir todos os dias. Não faz mal. Talvez essa impossibilidade seja a salvação deste blogue num momento em que me apetece voltar a uma altura importante da vida: a infância. E o que será um Shoe-aholic Weekend? Um fim-de-semana com sapatos de manhã à noite? Num congresso sobre sapatos? Desde que vi Death Proof resolvi que o melhor do mundo é andar descalça. Talvez o meu gosto recente pelas sabrinas fosse um sinal disso mesmo: um passo dado (no pun intended) no sentido de tirar os sapatos com a maior das facilidades. Agradeço a sugestão, caro Exactor. Pela descrição que faz - sangue, combates, trágico e poder - é completamente my kind of thing. E hoje está um clima muitíssimo mais civilizado. É pena. Eu gosto da selvajaria dos quarenta graus.

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