blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
quarta-feira, janeiro 31, 2007
Eu hoje acordei assim...
... No final de cada ano, assiste-se na blogosfera lusitana à nomeação dos melhores blogues. Há diferenças subtis no modo como as escolhas são apresentadas: uns preferem destacar os seus blogues preferidos com humor e originalidade; outros premeiam os seus favoritos a sério, outros mais a brincar; uns promovem concursos, e outros ainda, autoritários, apresentam a lista dos seus melhores blogues do ano como sendo a lista dos melhores blogues do ano para todos, sem direito a reclamações. Não tenho nada contra nenhum dos estilos de selecção ou de destaque de blogues, mas confesso que prefiro - de longe - a primeira opção: distinguir os blogues preferidos do ano de uma maneira descontraída. Este ano, contudo, aconteceu uma coisa diferente: gostei muito de muitos blogues, mas gostei ainda mais de um entre todos aqueles de que gostei muito. Estou certa de que nenhum me levará a mal. O meu blogue preferido em 2006 chama-se... (O melhor blogue continua na Atlântico de Fevereiro)
terça-feira, janeiro 30, 2007
A reconciliação
E é verdade que "You are who you are / and I wouldn't want to change a thing". Já não me custa.
Escrevi o texto publicado em baixo também depois de ter visto o documentário I'm Going To Tell You A Secret, que contém imagens do concerto em Lisboa, a que assisti. Já na altura, tinha tido um desgosto a assistir ao vivo à exposição da costela leftard de Madonna. Mas no documentário há uma cena que me traumatizou: Michael Moore a assistir a um concerto e a cantora a agradecer publicamente a sua presença. Vamos lá a ver, uma coisa é cantar "hanky panky / nothing like a good spanky", outra completamente diferente é ser íntima da extrema-esquerda! Mas fã que é fã aguenta tudo, faz um grandessíssimo denial do que não gosta e saboreia todo o resto. Na altura, não fui capaz de negar, mas não publiquei o texto no blogue. Agora percebo que me queria reconciliar logo a seguir. É isso que agora quero fazer.
O DVD de Confessions é muitíssimo bom. O concerto não deixa de ter a xaropada da propaganda anti-Bush e a imbecilidade de sobrepôr imagens de Ratzinger com as de membros do Ku Klux Klan (ai, uma recaída na reconciliação!), mas tem outras coisas e quase todas magníficas, como por exemplo, uma mistura brilhante de Music com Disco Inferno e Where's The Party:
logo seguida de Erotic (aquele fatinho colado branco podia dar tão mau resultado, ainda por cima com sapatos):
E é verdade que "You are who you are / and I wouldn't want to change a thing". Já não me custa.
A barriga de Madonna
Numa visita ao madonnalicious, vi uma fotografia de Madonna que me impressionou: vestida com um maillot lilás muito suado, a cantora, de perfil, exibia uma barriga saliente. Apesar da extraordinária forma física de sempre, magra, musculada e firme, a barriga lá estava. Fiz refresh na página. Podia ser um problema de má configuração ou no carregamento das imagens, quem sabe se no próprio computador. Mas não, era mesmo assim: a barriga lá estava, repito.
Recostei-me na cadeira, baixei a cabeça como uma criança e incapaz de quaisquer esforços no sentido de impedir que a frase "a Madonna tem barriga" saísse da minha boca, senti um desalento próprio de quem espera sempre a mais absoluta perfeição daqueles que ama. Amar Madonna pode ser uma ideia um pouco vaga, pouco credível, no mínimo estranha; mas o amor é irracional, sobretudo aquele que sentimos por quem não conhecemos. Não falo de um amor físico nem de um amor amoroso, nem sequer de um amor amiguinho. Falo, sim, de um amor admirado, sempre pasmado, surpreendido. Falo por mim, claro, mas não seria despropositado (não excessivamente, pelo menos) afirmar que as mulheres da minha geração - mesmo aquelas que nunca se interessaram por Madonna - lhe devem alguma coisa: desde as madeixas louras ou os corpetes de renda e cetim, em casos de grau quase zero de influência, à atitude de desafio permanente, associada à disciplina e à concentração, nos casos de influência aguda.
Recostei-me na cadeira, baixei a cabeça como uma criança e incapaz de quaisquer esforços no sentido de impedir que a frase "a Madonna tem barriga" saísse da minha boca, senti um desalento próprio de quem espera sempre a mais absoluta perfeição daqueles que ama. Amar Madonna pode ser uma ideia um pouco vaga, pouco credível, no mínimo estranha; mas o amor é irracional, sobretudo aquele que sentimos por quem não conhecemos. Não falo de um amor físico nem de um amor amoroso, nem sequer de um amor amiguinho. Falo, sim, de um amor admirado, sempre pasmado, surpreendido. Falo por mim, claro, mas não seria despropositado (não excessivamente, pelo menos) afirmar que as mulheres da minha geração - mesmo aquelas que nunca se interessaram por Madonna - lhe devem alguma coisa: desde as madeixas louras ou os corpetes de renda e cetim, em casos de grau quase zero de influência, à atitude de desafio permanente, associada à disciplina e à concentração, nos casos de influência aguda.
Mas um amor admirado não é totalmente irracional. Madonna é admirável por muitas razões, que não passam necessariamente pela riqueza acumulada ao longo dos anos. Refiro-me ao enriquecimento financeiro porque se trata de uma característica que a maioria sobrevaloriza, retirando-lhe assim o mérito que, neste caso (como noutros idênticos), de facto tem.
Nem sempre a solidão na infância e na adolescência produzem maus resultados. Madonna era uma rapariga simples, órfã de mãe, que cresceu num lar atribulado, com muitos irmãos e um pai distante. É ainda sobejamente conhecida a história da chegada de Madonna a Nova Iorque, nos finais dos anos 70, com um punhado de dólares no bolso e os primeiros tempos passados na miséria num apartamento degradado da cidade. Madonna representa o sonho americano, aquele que é para os ultrapassados padrões europeus, uma espécie de pesadelo: a possibilidade de "vencer na vida" num espaço democrático e livre e, como tal, selvaticamente competitivo, em que o talento, o mérito e o trabalho são recompensados. Nem sempre acontecerá assim, mas as possibilidades são muitas. Também não podemos esquecer o elemento do acaso, que pode ter surgido no início da carreira de Madonna. Mas vinte anos de carreira não são apenas obra da sorte.
Em Bedtime Stories, co-produzido por Babyface, com uma sonoridade muito soul, no tema Survival, Madonna explica um modo de vida pouco preocupado com a virtude: "I'll never be an angel / I'll never be a saint, it's true / I'm too busy surviving". O instinto apuradíssimo (diria sofisticado, embora entre parêntesis) de sobrevivência é uma das características mais interessantes da sua ascensão e da manutenção da sua carreira. Sem esse ânimo - que é declaradamente sexual e por isso muito incómodo - a sua capacidade de reinvenção (termo que começou a utilizar pouco depois do nascimento da filha, Lourdes, e que é mencionado pela primeira vez na Drowned World Tour) seria muito mais diminuta (arrisco esta espécie de previsão retroactiva). Mas não é apenas de ânimo que vivem as grandes estrelas, sobretudo aquelas com um poder de influência tão vasto e intenso como Madonna. A energia de Madonna é controlada, disciplinada, concentrada e, por isso mesmo, poderosa e voraz. Noutro álbum menos interessante, Erotica, de 1992, no tema de abertura com o mesmo nome, Madonna cantava: "I'll give you love / I'll hit you like a truck", mas o livro Sex, que o CD acompanhava, revelou-se incomparavelmente mais atraente do que qualquer tema do álbum, com textos explícitos sobre sexo, fotografias sem roupa, dentro de água, muito acompanhada e em locais de reputação duvidosa. Embora o escândalo seja uma forma garantida de aumentar a conta bancária, se o seu interesse fosse apenas o de ganhar dinheiro (algo que é legítimo), Madonna há muito que teria desaparecido de cena. Tal não aconteceu.
Um ano antes da publicação de Sex, Madonna gravou um documentário intitulado In Bed with Madonna, com imagens da Blond Ambition Tour e dos seus bastidores, em vários países. A importância do documentário é reafirmada na comparação inevitável com o fraquíssimo I'm Going To Tell You A Secret. Madonna demorou dois anos a lançar o DVD no mercado, o que me leva (talvez inocentemente) a acreditar que talvez não estivesse satisfeita com o resultado.
Em Bedtime Stories, co-produzido por Babyface, com uma sonoridade muito soul, no tema Survival, Madonna explica um modo de vida pouco preocupado com a virtude: "I'll never be an angel / I'll never be a saint, it's true / I'm too busy surviving". O instinto apuradíssimo (diria sofisticado, embora entre parêntesis) de sobrevivência é uma das características mais interessantes da sua ascensão e da manutenção da sua carreira. Sem esse ânimo - que é declaradamente sexual e por isso muito incómodo - a sua capacidade de reinvenção (termo que começou a utilizar pouco depois do nascimento da filha, Lourdes, e que é mencionado pela primeira vez na Drowned World Tour) seria muito mais diminuta (arrisco esta espécie de previsão retroactiva). Mas não é apenas de ânimo que vivem as grandes estrelas, sobretudo aquelas com um poder de influência tão vasto e intenso como Madonna. A energia de Madonna é controlada, disciplinada, concentrada e, por isso mesmo, poderosa e voraz. Noutro álbum menos interessante, Erotica, de 1992, no tema de abertura com o mesmo nome, Madonna cantava: "I'll give you love / I'll hit you like a truck", mas o livro Sex, que o CD acompanhava, revelou-se incomparavelmente mais atraente do que qualquer tema do álbum, com textos explícitos sobre sexo, fotografias sem roupa, dentro de água, muito acompanhada e em locais de reputação duvidosa. Embora o escândalo seja uma forma garantida de aumentar a conta bancária, se o seu interesse fosse apenas o de ganhar dinheiro (algo que é legítimo), Madonna há muito que teria desaparecido de cena. Tal não aconteceu.
Um ano antes da publicação de Sex, Madonna gravou um documentário intitulado In Bed with Madonna, com imagens da Blond Ambition Tour e dos seus bastidores, em vários países. A importância do documentário é reafirmada na comparação inevitável com o fraquíssimo I'm Going To Tell You A Secret. Madonna demorou dois anos a lançar o DVD no mercado, o que me leva (talvez inocentemente) a acreditar que talvez não estivesse satisfeita com o resultado.
Entre In Bed with Madonna e I'm Going To Tell You A Secret passaram quase 15 anos. Madonna agora parece ter barriga. A barriga, apesar de natural, pode ser tornada uma metáfora de uma imposição desesperada (embora muito séria) dos limites. Madonna entretanto cresceu, casou, tem dois filhos. Tendo em conta o seu passado, a teoria da criação dos limites, mais uma vez para sobreviver e se adaptar à sua nova condição, não é de menosprezar. Os limites que impôs a si mesma (demasiado extremados) são a sua barriga mental: a aproximação infantil à religião, mais concretamente a uma espécie de misticismo fanático, muito próprio das seitas, mas à moda da Califórnia (a Kabbalah é algo muito complexo, que não se resume a usar uma fitinha encarnada no pulso, nem a visitar o túmulo de Raquel); passando pela visão propagandística de Michael Moore contra Bush e a intervenção dos E.U.A. no Iraque; e pelo anúncio superficial e algo culpado de desejo de paz no mundo, paupérrimo porque vazio e demagógico. Como pode uma fã incondicional reagir perante tamanha desgraça? Como sempre: amando. Ou seja, compreendendo, aceitando e, sobretudo, perdoando.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
domingo, janeiro 28, 2007
sábado, janeiro 27, 2007
Pós-festa: nem um único David Bowiezinho, nadinha de Depeche Mode, para compensar houve uma de Madonna (que aliás não foi pedida por falta de lembrança), Holiday, não houve Santa Esmeralda, o que me obrigou a estar em casa às cinco da manhã a ouvir and I'm just a soul whose intentions are good, e last but not at all least, não houve Crazy, dos Gnarls Barkley, o que compromete a designação do evento que ontem teve lugar no Frágil. Terá sido então uma reunião de pessoas que gostam umas das outras e que se admiram, que escrevem na Revista Altântico, que são muito bem dirigidas pelo seu director, Paulo Pinto Mascarenhas, que por sua vez escrevem nos seus respectivos blogues. Também não podemos considerar o felicíssimo encontro de ontem como uma festa, festa, porque não houve Nuno Miguel Guedes a pôr Oops, I did it again da Britneyzinha. Querido Nuno, a tua ausência foi sentida, todos perguntaram por ti e os dijays ficaram aflitos a pensar que só tinham trazido a britcoisa, à excepção do Eduardo Nogueira Pinto, que levou grande parte do material da lista, bendito seja. Só não houve Funky Town, porque, dado o adiantado da hora, a Polícia podia chegar e levar-nos a todos (hmm, how exciting) para a esquadra, mas houve George Michael, com Father Figure é certo, mas houve; e Deee-Lite também, valha-me Deus, Batukada, onde estavas tu nessa altura? Nuno Costa Santos e Francisco Mendes da Silva, thanks much. E acho que houve Beach Boys, a sério que me pareceu, mas já era tarde e eu sou uma pessoa cada vez mais matinal, que cedo se deita e cedo se ergue. Adorei, diverti-me imenso!
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Eu hoje acordei assim...
Katharine Hepburn (linda fotografia, obrigada!)
Katharine Hepburn (linda fotografia, obrigada!)
... a pensar no presidente israelita, Moshe Katsav. Embora seja suspeito de uma quantidade de crimes, há duas coisas que me ocupam o espírito: 1) não sei se já viram bem, mas o presidente israelita é giríssimo e 2) aquele Moshe quer dizer Moisés, que se escreve assim: mém-shin-hé, com três pontos por baixo do shin, dois em cima e um em baixo. O homem chama-se Moisés e não é angolano. Batukada, tens razão, é deveras dançável. Já estou a ensaiar a coreografia.
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Antefesta: querido Nuno, impensável seria não pedir discos aos dijays, uma actividade that has been going on for years! Dedico-te a bela Rihanna. Talk about, talk about, talk about movin', muitíssimo bem-vindo! Quanto ao early minimalism, err... está bem. Pode passar às 23h30?
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Discos pedidos
No meio de uns mais que lamentáveis sushi e sashimi, a batukada e eu elaborámos uma lista de pedidos aos quatro dijays para a festa de sexta-feira.
Antes de mais, escusam de ir carregados com a britcoisa, podem deixar os disquinhos em casa, à excepção dos Blur, disse a batukada; por mim, os Blur também podem ficar nas pazes dos respectivos lares. Quanto ao resto, cá vai:
- Madonna, Get Into The Groove e Express Yourself, por amor de Deus. O Hung Up não, porque ainda não é um clássico (ou seja, já ninguém aguenta);
- Michael Jackson, tipo tudo, excepto o Heal the World;
- Santa Esmeralda, Please Don't Let Me Be Misunderstood (tema amado por ambas);
- a batukada quer Pixies e The Strokes. Por mim, tudo bem. Vou retocar a maquilhagem nessa altura;
- "os gajos têm de pôr Da Weasel";
- aquela do "godspeed, speed us away". A batukada vai retocar a maquilhagem nessa altura;
- Rod Stewart, tipo tudo também;
- Aquela do "aaaa, aaaa, gotta get myself connected";
- De La Soul, Me, Myself and I, um hino para qualquer blogueador que se preze;
- Deee-Lite, Groove is in the Heart;
- George Michael, Too Funky (a batukada é contra), pode ser o Freedom. Outside também é fixe;
- "De certeza que não pode ser nem umazinha de Smiths?" "Só se for aquela do it's the bomb, the bomb, the bomb that will bring us together";
- opá, Nuno, Marco Paulo não;
- opá, umazinha de Björk, sugeriu a batukada; parece que há uma muito dançante (dixit), qualquer coisa com sensuality. Ai, estas gaiatas...
- Beyoncé, sinceramente não. Já nem eu aguento;
- e um David Bowiezinho?
- Depeche Mode: basicamente, qualquer uma;
- e um Red Hotzinho? "It's my aeroplane..."
- Stevie Wonder, Part-Time Lover;
- Primal Scream, This Velvet Morning (a remistura com a Kate Moss);
- "Uuuu aaa, illusion..." dos Imagination;
- Gnarls Barkley, Crazy: se não puserem esta, não poderá ser considerada uma festa.
De resto, se for preciso alguma coisa, estamos na pista de dança.
Bomba de Ouro: "Suponho que já toda a gente disse tudo o que é humanamente possível dizer sobre o assunto do referendo do dia 11. Cada palavra que se acrescente agora, e já se entrou na pura repetição, afasta mais da realidade e puxa com toda a força para a vacuidade e a ideologia - dos dois lados. E, sobretudo - à medida que crescem as indignações, os delírios de virtude e as acusações sortidas -, ninguém convence ninguém. Se pudesse ser já amanhã..." Paulo Tunhas.
terça-feira, janeiro 23, 2007
Sobre o The sound of bomba: se optar por sim clicar na tecla stop na barra do Explorer, poderá ver e ouvir o vídeo em cima e todos os outros que se encontram neste blogue em paz e sossego. Se optar por não clicar na tecla stop na barra do Explorer, continuará a ouvir a música ao mesmo tempo que vê os vídeos, lê o que escrevo e cito e contempla as imagens. Não paga mais por isso. Adenda: parece que a minha indicação não funciona para todos os browsers. Raios!
Má sorte teres sido tão mal lido
"Complexo de castração e inveja do pénis - Esta convicção é energicamente mantida pelos meninos, é obstinadamente defendida contra as contradições que breve resultam da observação e é abandonada apenas depois de severas lutas internas (o complexo da castração). Os substitutos para esse pénis, que sentem faltar nas mulheres, desempenham importante papel na determinação da forma tomada por muitas perversões.
A convicção de que todos os seres humanos têm a mesma forma (masculina) de órgãos genitais é a primeira das muitas notáveis e importantes teorias sexuais das crianças. De pouco serve para a criança o facto de a ciência da biologia justificar o seu preconceito e ter sido obrigada a reconhecer que o clítoris feminino é como um verdadeiro substituto para o pénis.
As meninas pequenas não recorrem a negações deste tipo quando vêem que os órgãos genitais dos meninos são formados de modo diferente dos seus. Dispõem-se a reconhecê-los imediatamente e são dominadas pela inveja do pénis - inveja que culmina no desejo, tão importante nas suas consequências, de serem elas próprias meninas."
Sigmund Freud, Textos essenciais da psicanálise, a teoria da sexualidade, volume II, tradução de Inês Busse, Publicações Europa-América, 2000, p. 74.
Adenda: estou a ler o terceiro volume em português (já que o comprei), mas entretanto decidi passar a uma coisa a sério.
Eu hoje acordei assim...
Catherine Deneuve
Catherine Deneuve
... esteve muito bem ontem Fátima Campos Ferreira no Prós & Contras sobre o caso da criança amada por todos e a sofrer com isso. Que país tão estranho este, cheio de vaidosos salamaleques, em que um juíz debita o seu currículo em público e com o maior dos desplantes diz que têm muita sorte por o terem no programa, logo ele que recusou todos os outros convites que lhe fizeram. Compreendo a paciência da apresentadora, pois com certeza, o que se pode fazer perante tamanha sobranceria? E, no meio disto tudo, Aidida Porto. Essa mulher tem muita coragem, não vacila, mantém-se firme na sua convicção. Tem uma perspectiva muito pragmática de toda a situação. A sua determinação não é habitual. Isto dá que pensar.
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Blockbomba: Volver (adorei a cena em que a magnífica Penélope Cruz, cheia de sangue no pescoço, responde ao dono do restaurante que não se passa nada, são só coisas de mulheres). You, Me and Dupree (não há nada a fazer: adoro este tipo de filmes).
sábado, janeiro 20, 2007
Epístola para Dédalo
Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.
Fiama Hasse Pais Brandão, 1996
Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.
Fiama Hasse Pais Brandão, 1996
Entrevista à bomba - Take Two: com o Pedro Rolo Duarte, amanhã, às onze da manhã, na Antena Um. A banda sonora é de Seal. A entrevista está disponível online e pode ser ouvida aqui (2007-01-21). No próximo domingo, a blogueadora entrevistada será Miss Pearls.
O referendo
Vasco Pulido Valente, no Público de hoje
Não gosto do referendo e sempre o achei perigoso e nocivo. Primeiro, porque diminuiu e desvaloriza a representação política. Segundo, porque inevitavelmente tende a deturpar o debate e a vontade do eleitorado. Nenhum problema complicado tem uma resposta de "sim" ou "não". E, como não tem, os dois lados de qualquer campanha, como, no caso, a campanha sobre o aborto, acabam por cair na "simplificação terrível" da demagogia. Basta abrir os jornais. José Pinto Ribeiro, por exemplo, disse isto: "Um ovo não tem os mesmos direitos de um frango." Fora o mau gosto, quem falou em frangos? Mas Pinto Ribeiro não foi o único. César das Neves, no seu estilo hiperbólico, avisou que "a vitória do "sim"" torna o aborto tão "normal" como comprar um "telemóvel". Uma ideia que não se distingue pela sua especial humanidade. Gentil Martins quer punir as mulheres que reincidirem em abortar. E até houve um bispo que resolveu comparar o aborto com o enforcamento de Saddam Hussein. Deus lhe perdoe. Significativamente, os grandes militantes do "sim" e do "não" vêm quase todos da classe média. Sucede que, para a classe média, o aborto não é um problema. Conhecendo bem os meios de contracepção e a "pílula do dia seguinte", quase nenhuma mulher (ou casal) da classe média é apanhada (ou apanhado) na necessidade de escolher entre um filho e um aborto. E, se as coisas por negligência ou acidente chegarem ao pior, não recorrem com certeza ao "vão de escada". Não admira, por isso, que vejam no aborto primariamente uma questão moral, de justiça social ou dos direitos da mulher e não hesitem em entrar numa polémica de "intelectuais", abstracta e violenta e, ainda por cima, incompreensível para quem, de facto, aborta. Mas, pior do que o resto, é que, a pretexto de permitir uma decisão directa do "povo", o referendo criou pouco a pouco um confronto azedo entre a Igreja e a esquerda. Ou, se quiserem, entre a esquerda (com o PS à frente) e os católicos. Não se percebe como, apesar da prudência do patriarca, a Igreja se deixou envolver numa causa puramente política, que não contribui para a reafirmação da sua doutrina (e pode, pelo contrário, mostrar o desinteresse do país por ela) e que, ganhe o "sim" ou ganhe o "não", nada, ou quase nada, mudará na prática. Como não se percebe que o PS, excepto por exorcismo, se meta numa querela que só serve para promover o Bloco. A Igreja julga que pode fechar a porta ao aborto e os políticos que se livraram de um grande sarilho. Erro deles. Com o "sim" ou o "não", o referendo é o princípio de uma longa guerra, não é o fim.
Vasco Pulido Valente, no Público de hoje
Não gosto do referendo e sempre o achei perigoso e nocivo. Primeiro, porque diminuiu e desvaloriza a representação política. Segundo, porque inevitavelmente tende a deturpar o debate e a vontade do eleitorado. Nenhum problema complicado tem uma resposta de "sim" ou "não". E, como não tem, os dois lados de qualquer campanha, como, no caso, a campanha sobre o aborto, acabam por cair na "simplificação terrível" da demagogia. Basta abrir os jornais. José Pinto Ribeiro, por exemplo, disse isto: "Um ovo não tem os mesmos direitos de um frango." Fora o mau gosto, quem falou em frangos? Mas Pinto Ribeiro não foi o único. César das Neves, no seu estilo hiperbólico, avisou que "a vitória do "sim"" torna o aborto tão "normal" como comprar um "telemóvel". Uma ideia que não se distingue pela sua especial humanidade. Gentil Martins quer punir as mulheres que reincidirem em abortar. E até houve um bispo que resolveu comparar o aborto com o enforcamento de Saddam Hussein. Deus lhe perdoe. Significativamente, os grandes militantes do "sim" e do "não" vêm quase todos da classe média. Sucede que, para a classe média, o aborto não é um problema. Conhecendo bem os meios de contracepção e a "pílula do dia seguinte", quase nenhuma mulher (ou casal) da classe média é apanhada (ou apanhado) na necessidade de escolher entre um filho e um aborto. E, se as coisas por negligência ou acidente chegarem ao pior, não recorrem com certeza ao "vão de escada". Não admira, por isso, que vejam no aborto primariamente uma questão moral, de justiça social ou dos direitos da mulher e não hesitem em entrar numa polémica de "intelectuais", abstracta e violenta e, ainda por cima, incompreensível para quem, de facto, aborta. Mas, pior do que o resto, é que, a pretexto de permitir uma decisão directa do "povo", o referendo criou pouco a pouco um confronto azedo entre a Igreja e a esquerda. Ou, se quiserem, entre a esquerda (com o PS à frente) e os católicos. Não se percebe como, apesar da prudência do patriarca, a Igreja se deixou envolver numa causa puramente política, que não contribui para a reafirmação da sua doutrina (e pode, pelo contrário, mostrar o desinteresse do país por ela) e que, ganhe o "sim" ou ganhe o "não", nada, ou quase nada, mudará na prática. Como não se percebe que o PS, excepto por exorcismo, se meta numa querela que só serve para promover o Bloco. A Igreja julga que pode fechar a porta ao aborto e os políticos que se livraram de um grande sarilho. Erro deles. Com o "sim" ou o "não", o referendo é o princípio de uma longa guerra, não é o fim.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Ninho de cucos (79)
A única maneira de fazer com que o Varandas se exercite é apontando uma luzinha encarnada para o chão ou para a parede. O gato enlouquece com o movimento daquele ponto brilhante que nunca consegue agarrar. É capaz de correr de um lado para o outro, de saltar, de parecer um gato normal, que brinca e pula e joga à apanhada. No auge da brincadeira, decido virar a luzinha para mim e aponto o pequeno laser ao meu pé. O gato fica transtornado. Deita-se ao lado e mia baixinho, como se estivesse a reclamar. Passa o tempo e não ataca o ponto encarnado agora fixo por cima da pele. Por este exemplo se percebe a boa educação deste animal.
Coisas que melhoram algumas vidas (60)
Em hebraico, há uma partícula de negação - ou uma forma de negativa - que, mais do que "não", significa "não existe". Ehn é habitualmente utilizado logo depois do sujeito e antes de um particípio. Ou seja, a negativa refere-se ao sujeito e não ao verbo. Por exemplo, em vez do costumeiro indo-europeu "eu não falo hebraico", temos qualquer coisa como "eu não existo como falante de hebraico". Além da não existência do sujeito admitida na primeira pessoa, temos a tal questão do tempo verbal, que mais do que um presente, é contínuo; não se fixa numa data.
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Blogosuperparabéns! Ao Berra-Boi, que cumpriu dois anos na blogosfera, e ao blogue O Amigo do Povo, pelo seu primeiro aniversário. Hip, hip, hurray!
Sobre a lei de Talião: mais conhecida por "olho por olho, dente por dente", gostaria de dizer que foi mais ou menos aplicada nos casos de Saddam Hussein e, mais recentemente, de Barzan al-Tikrit e Awad al-Bandar, uma vez que a sentença se refere ao linchamento de 148 pessoas, em Dujail. Infelizmente, nenhum destes homens poderá agora ser punido pela sua responsabilidade no gaseamento dos curdos, na operação de Al-Anfal, em 1988, e, em Halabja, nesse mesmo ano, provocando cerca de 180 mil mortos. Uma pena não terem esperado para os gasear e, assim sim, aplicar devidamente a lei de Talião.
Bomba de Ouro: "Quem nos defende a nós dos nossos próprios defensores?" Tiago Cavaco, Voz do Deserto.
Bom em todas as línguas
"A verdade é que apenas que as crianças com tendência para serem tímidas são afectadas por histórias que não fariam a mínima impressão a outras, e só as crianças com uma pulsão sexual que é excessiva, ou que se desenvolveu prematuramente, ou que se tornou clamorosa devido a demasiadas carícias é que têm tendência para a timidez."
Sigmund Freud, Textos essenciais da psicanálise, a teoria da sexualidade, volume II, tradução de Inês Busse, Publicações Europa-América, 2000, p. 100.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Há festa no Frágil!
ATLÂNTICO
Ano Novo, Atlântico Sempre
Sexta-feira, 26 de Janeiro
venha celebrar o Novo Ano com a revista Atlântico
Dijays: Eduardo Nogueira Pinto, Francisco Mendes da Silva, Nuno Costa Santos e Nuno Miguel Guedes
FRÁGIL - Rua da Atalaia, 126, Bairro Alto, Lisboa
ATLÂNTICO
Ano Novo, Atlântico Sempre
Sexta-feira, 26 de Janeiro
venha celebrar o Novo Ano com a revista Atlântico
Dijays: Eduardo Nogueira Pinto, Francisco Mendes da Silva, Nuno Costa Santos e Nuno Miguel Guedes
FRÁGIL - Rua da Atalaia, 126, Bairro Alto, Lisboa
Eu hoje acordei assim...
Annete Bening
Annete Bening
... a pensar numa frase de Warren Beatty: "One cannot be married to Annete Bening and be humble". Estava muito gira nos Golden Globes, assim como Ellen Pompeo, das mulheres mais giras e com mais pinta que apareceram nos últimos tempos.
terça-feira, janeiro 16, 2007
Entrevista à bomba
Depois do João Gonçalves e do Paulo Pinto Mascarenhas, serei eu a entrevistada do Pedro Rolo Duarte. No domingo, entre as onze e o meio-dia, na Antena Um.
Eu sabia que isto estava escrito em qualquer sítio (50)
"(...) é um facto inegável que a concentração da atenção sobre uma tarefa intelectual e o esforço intelectual produzem em geral e concomitantemente uma excitação sexual tanto em muitos jovens como em adultos. É esta sem dúvida a única base justificável para aquilo que noutros aspectos é a duvidosa prática de atribuir desordens nervosas ao «excesso de trabalho» intelectual."
Sigmund Freud, Textos essenciais da psicanálise, a teoria da sexualidade, volume II, tradução de Inês Busse, Publicações Europa-América, 2000, pp. 82-83.
Eu hoje acordei assim...
Brigitte Bardot
Brigitte Bardot
... é bem certo que não há nada como uma bela infelicidade para unir as pessoas, caro Paulo Tunhas (e o dia que está hoje? um nevoeiro de sonho), uma verdade que torna este país ainda mais incompreensível: cheios de desgraças e nem assim nos unimos. Mas temos esperança na Netcabo ou, melhor ainda, na TVCabo. Já tive esse problema, sim senhor, conheço bem a dança do liga cabo, desliga cabo, depois clique em executar e escreva ipconfig, mas nas últimas semanas, tenho ouvido uma mentira nova (têm com certeza uma lista): "O problema é da zona e o sinal será restabelecido por volta das seis da tarde." Entretanto, são dez da manhã e nem Netcabo, nem nenhum - repito, nenhum - canal de televisão. Resultado: até leio as traduções da Europa-América. São dias a fio nisto. Não sei o que andam a fazer "na zona" que perturba tanto as ligações e durante dias inteiros, mas devo dizer que a dita "zona" fica em plena Lisboa. Parece que temos privilegiado na Trafaria... (Sei perfeitamente qual é o vídeo de que estás a falar do preto com o comprimido, mas não o consigo encontrar, sossega, rapaz!) Mas é também certo que me habituei. A primeira vez que isto aconteceu, gritei: "Seis da tarde? O senhor sabe que horas são?" Mas agora resigno-me e às vezes até acho bem pagar um balúrdio por um serviço de que não usufruo. Aprendi a aceitar que, de vez em quando, existem problemas na "zona".
sábado, janeiro 13, 2007
Bom em todas as línguas
"A vida erótica das mulheres - em parte devido ao efeito paralisante das condições da civilização e em parte devido à sua convencional discrição e insinceridade - continua velada numa obscuridade impenetrável."
Sigmund Freud, Textos essenciais da psicanálise, a teoria da sexualidade, volume II, tradução de Inês Busse, Publicações Europa-América, 2000, p. 33.
Coisas que melhoram algumas vidas (58)
- Um dia lindo ontem, precedido de vários dias lindos e hoje temos a maravilha que se vê. Tenho imensas histórias de terror sobre a Netcabo para partilhar!
- "I had to pay heavily for this bit of good luck." (Se era como um pai....)
- "Amor, vem ouvir uma pessoa que pensa como tu." ("Creo que para ser bueno hay que ser inteligente." Adolfo Bioy Casares)
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Eu hoje acordei assim...
Hilary Swank
... a pensar numa das razões por que a América é um grande país. Ah, a partir dessa zanga histórica, caro Miguel Reis, rolam cabeças e corre muito sangue. Mas simpatizo com a ira de Aquiles, desautorizado e de certa forma abandonado por Agamémnon perante as suas tropas. Aquiles não deixa de ser uma espécie de psicopata, mas ali não houve mariquice, não senhor. E volta, Georges Bataille, que estás perdoado! (A mulher de Bataille deixou-o por Lacan, o que, convenhamos, tem graça.)
Hilary Swank
... a pensar numa das razões por que a América é um grande país. Ah, a partir dessa zanga histórica, caro Miguel Reis, rolam cabeças e corre muito sangue. Mas simpatizo com a ira de Aquiles, desautorizado e de certa forma abandonado por Agamémnon perante as suas tropas. Aquiles não deixa de ser uma espécie de psicopata, mas ali não houve mariquice, não senhor. E volta, Georges Bataille, que estás perdoado! (A mulher de Bataille deixou-o por Lacan, o que, convenhamos, tem graça.)
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Metabloggers do it better (44)
Houve uma altura em que escrevi sobre a prática do insulto na blogosfera. Talvez o facto de ter sido insultada durante três anos tenha influenciado muito do que escrevi a esse respeito. Mas o tempo passa e tenho agora as ideias mais claras. O insulto (leia-se, chamar nomes ao próximo) é uma prática masculina. É uma coisa de homens, que, a ser praticada, então que o seja com a maior selvajaria possível, de preferência num espaço curtíssimo no tempo. É uma forma de equilíbrio como qualquer outra. Mas atenção: não há nada mais desagradável do que ver um homem que foi insultado por outro a fazer queixinhas, a lamuriar-se porque lhe chamaram uns nomes feios. Deixem-se de mariquices! É muito curioso observar que quase não há registo de insultos entre as mulheres. Um óptimo sinal. Querem à força que as mulheres sejam homens, mas não hão-de conseguir! Quando uma mulher insulta um homem, a coisa pode ser engraçada e divertida. Depende do insulto (chamar um nome feio é sempre um disparate, sem o mínimo de graça) e da circunstância, mas pode ser o início de uma bela amizade. A única coisa que me parece absolutamente intolerável e boçal é um homem insultar uma mulher. O que pretendem os homens na blogosfera que insultam mulheres? Que se comportem como homens e os insultem igualmente? Ou estão muito seguros de que não obterão nenhuma resposta, por isso persistem em atacá-las? Já agora: serão os mesmos que se sentem muito ofendidinhos quando são insultados por homens? Será "cobardia" a palavra que me falta? Já não.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Passear pela blogosfera é bom e fazer crescer
Volta muitas vezes e leva-me de noite,
- Começo por ler uma zanga de amor muito divertida, que acaba com um livro a ser atirado à cabeça da amada. E qual era o livro? Cá está. Felizmente não é hardcover! E ainda uma notícia absolutamente extraordinária.
- Great news!
- Livraria fabulosa, indeed. Que saudades...
- Não é uma história muito bonita, é certo, mas - posso? - não se desiluda com os autores de que gosta. Os autores (mesmo aqueles de que mais gostamos, que mais admiramos e com os quais nunca tivemos nenhum contacto) não são nossos amigos.
- Gostaria de responder à primeira pergunta 7- do maradona, em nome do casal e do gato Varandas: gostamos todos muito e ficámos deveras preocupados com a notícia de um surto de tuberculose numa escola na Trafaria. Beijinhos e abraços!
- A definição de "homem sexualmente arrogante" está em que página do Oxford Companion to Estado Civil?
- O Rui Tavares escreve o seguinte: "Entretanto, já morreram mais iraquianos desde a invasão do que aqueles que mataria Saddam Hussein no mesmo período, mesmo no auge da sua actividade sanguinária." Como é que sabe? Fez assim umas contas de cabeça? Os curdos contam?
- Essa lista é quase megalómana! Se bem que Volta é o título de um poema de Kavafis. Bela resolução!
Volta
Volta muitas vezes e leva-me
sensação amada volta e leva-me -
sempre que acorda a memória do corpo,
sensação amada volta e leva-me -
sempre que acorda a memória do corpo,
e o velho desejo de novo corre no meu sangue;
sempre que os lábios e a pele se lembram
e as mãos sentem como se tocassem outra vez.
Volta muitas vezes e leva-me de noite,
sempre que os lábios e a pele se lembram...
Konstandinos Kavafis, 1912, tradução de Carla Hilário Quevedo (2004)
segunda-feira, janeiro 08, 2007
sábado, janeiro 06, 2007
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer
- O tempo vai passando e eu vou perdendo a pouca repugnância que tive quando vi pela primeira vez as imagens de Saddam Hussein com a corda a ser-lhe colocada no pescoço. Não sinto nenhum tipo de compaixão. Ivan, sabes que gosto muito de ti, mas esse texto tem de ser rescrito. Se tu quiseres, claro. Os quatro carrascos têm os gorros pretos porque são precisamente... os carrascos, que nunca têm cara, uma vez que representam o Estado que mata. Não tenho uma vasta experiência em execuções (embora talvez noutra vida...), mas já vi uns filmes. Sabes que houve uma enorme lista de voluntários para ocupar aquele lugar? Mas num aspecto tens razão: os americanos procederam mal, muito mal. Quando não acabaram com Saddam Hussein mal ele saiu do buraco em Tikrit (finalmente sei escrever Tikrit, embora a variação Kiki seja mais do meu agrado). A ingenuidade dos americanos é surpreendente. E se a imagem te impressionou tanto, porque é que a colocaste no blogue? Pronto, está um dia lindo. Basta.
- O Bruno Cardoso Reis defende o seguinte argumento contra a pena de morte: "Sou contra por razões racionais: a falibilidade de qualquer instituição humana, neste caso particularmente irremediável e cruel. Sou contra por razões sociais: é a pena dos mais pobres, dos mais excluídos, dos mais indefesos, dos pior defendidos. Sou contra por razões civilizacionais ou de princípio: cabe ao Estado punir de forma civilizada, se possível e justo regenerar, em todo o caso não vingar de acordo com a "lei" de Talião." Percebo perfeitamente e tem razão. Mas se por hipótese, as coisas corressem todas bem e houvesse "boas defesas", poria a hipótese de ser a favor da pena de morte? Já respondeu que é contra por razões civilizacionais ou de princípio, que respeito e percebo. Acha que uma pessoa que mata outras três, sem ser por legítima defesa, é recuperável?
- O João Miranda escreve o seguinte: "Há uma questão em que tanto os defensores como os opositores à pena de morte deviam estar de acordo. Tanto uns como outros deviam ser pela exibição pública das execuções. Os opositores porque serão os primeiros a desejar que um acto condenável seja exposto e denunciado. E os defensores porque serão os primeiros a reconhecer que se a pena de morte não é condenável então não há motivo para que a sua exibição o seja. No caso dos opositores a ocultação é uma má estratégia, no caso dos defensores a ocultação é hipócrita." Não concordo. Nem tudo o que não é condenável é publicamente exibível. A execução não deve ser pública, porque - embora em muitos países pareça - não estamos na Idade Média. A morte não é um espectáculo (e está um dia tão bonito, meu Deus). À execução devem assistir os familiares das vítimas e pronto. No caso de Saddam (que nem é um caso complicado, não percebo qual é a questão, sinceramente), convenhamos que um estádio de futebol não seria suficiente para receber todas essas pessoas a precisar de consolo. E o consolo, neste caso, não é um acto público.
- O tempo vai passando e eu vou perdendo a pouca repugnância que tive quando vi pela primeira vez as imagens de Saddam Hussein com a corda a ser-lhe colocada no pescoço. Não sinto nenhum tipo de compaixão. Ivan, sabes que gosto muito de ti, mas esse texto tem de ser rescrito. Se tu quiseres, claro. Os quatro carrascos têm os gorros pretos porque são precisamente... os carrascos, que nunca têm cara, uma vez que representam o Estado que mata. Não tenho uma vasta experiência em execuções (embora talvez noutra vida...), mas já vi uns filmes. Sabes que houve uma enorme lista de voluntários para ocupar aquele lugar? Mas num aspecto tens razão: os americanos procederam mal, muito mal. Quando não acabaram com Saddam Hussein mal ele saiu do buraco em Tikrit (finalmente sei escrever Tikrit, embora a variação Kiki seja mais do meu agrado). A ingenuidade dos americanos é surpreendente. E se a imagem te impressionou tanto, porque é que a colocaste no blogue? Pronto, está um dia lindo. Basta.
- O Bruno Cardoso Reis defende o seguinte argumento contra a pena de morte: "Sou contra por razões racionais: a falibilidade de qualquer instituição humana, neste caso particularmente irremediável e cruel. Sou contra por razões sociais: é a pena dos mais pobres, dos mais excluídos, dos mais indefesos, dos pior defendidos. Sou contra por razões civilizacionais ou de princípio: cabe ao Estado punir de forma civilizada, se possível e justo regenerar, em todo o caso não vingar de acordo com a "lei" de Talião." Percebo perfeitamente e tem razão. Mas se por hipótese, as coisas corressem todas bem e houvesse "boas defesas", poria a hipótese de ser a favor da pena de morte? Já respondeu que é contra por razões civilizacionais ou de princípio, que respeito e percebo. Acha que uma pessoa que mata outras três, sem ser por legítima defesa, é recuperável?
- O João Miranda escreve o seguinte: "Há uma questão em que tanto os defensores como os opositores à pena de morte deviam estar de acordo. Tanto uns como outros deviam ser pela exibição pública das execuções. Os opositores porque serão os primeiros a desejar que um acto condenável seja exposto e denunciado. E os defensores porque serão os primeiros a reconhecer que se a pena de morte não é condenável então não há motivo para que a sua exibição o seja. No caso dos opositores a ocultação é uma má estratégia, no caso dos defensores a ocultação é hipócrita." Não concordo. Nem tudo o que não é condenável é publicamente exibível. A execução não deve ser pública, porque - embora em muitos países pareça - não estamos na Idade Média. A morte não é um espectáculo (e está um dia tão bonito, meu Deus). À execução devem assistir os familiares das vítimas e pronto. No caso de Saddam (que nem é um caso complicado, não percebo qual é a questão, sinceramente), convenhamos que um estádio de futebol não seria suficiente para receber todas essas pessoas a precisar de consolo. E o consolo, neste caso, não é um acto público.
sexta-feira, janeiro 05, 2007
Fim de missão
Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
(«Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?»)
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.
Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.
Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.
Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em «grande parva, que ele há tanto homem!»
(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?...)
Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairrosque passa fomeca
mas não perde proa e parlapié...
Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?
Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!
Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.
Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!
E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os teus sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...
Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra morrer?
Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrançais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!
Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...
Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do trabalho.
Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...
Saber viver é vender a alma ao diabo, Alexandre O'Neill
Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
(«Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?»)
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.
Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.
Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.
Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em «grande parva, que ele há tanto homem!»
(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?...)
Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairrosque passa fomeca
mas não perde proa e parlapié...
Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?
Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!
Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.
Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!
E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os teus sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...
Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra morrer?
Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrançais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!
Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...
Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do trabalho.
Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...
Saber viver é vender a alma ao diabo, Alexandre O'Neill
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Conversas deliciosas
"Borges: (...) ¿Sabes quién, he descubierto, era pederasta? Marlowe. En Hero and Leander, cuando describe a la heroína, es moderado, pero al describir minuciosamente al héroe pierde la cabeza.
Bioy: Pues yo también hice un descubrimiento: que la novela es un género para maricones. Cuando uno se pone a describir minuciosamente al héroe se siente maricón."
Na página 298 deste livro extraordinário.
Eu hoje acordei assim...
Uma Thurman
Uma Thurman
... o teu post, darling Miss Pearls, era sobre a velhíssima questão do que é ser bom. (Acredito profundamente que nem todos estamos "à mercê de cairmos na sacanice como modo de estar".) Poderá parecer que esta fotografia de Uma Thurman não tem muito a ver com o tema, mas eu ali só vejo bondade (além de umas magníficas galochas, é certo). Terá sobretudo a ver com o que entendo por ser bom. Quem é bom pratica bons actos de uma maneira muito clara, mas sobretudo firme; e é essa firmeza - uma certa ideia de consistência, permanência, solidez, o que quiseres - que vejo naquele olhar doce e nos braços esticados. Ser bom não tem nada a ver com ser "queridinho", "coitadinho", "humildezinho" e todas essas coisas em -inho, uma espécie de xarope que nos obrigam a tomar em colheres de sopa diárias. Ser bom pode ser, por exemplo, não nos vingarmos de quem tentou prejudicar-nos, mesmo tendo todas as oportunidades do mundo para o fazer. Ser bom significa perdoar (tenho tantas dificuldades neste capítulo, mas estou um bocadinho melhor) mesmo aqueles que enganam deliberadamente o próximo (depende sempre do tipo de engano praticado: há enganos imperdoáveis). Há uma diferença muito grande entre enganar deliberadamente ou sem querer (é agora que escrevo com mágoa que não somos perfeitos e que, por vezes, enganamos involuntariamente). Confesso que não consigo deixar de sentir um certo desprezo por quem se deslumbra com a maldade dos outros ou por quem exalta feitos notoriamente maldosos (calculados ou de vingança mesquinha e rasteira) ou mesmo de pura sacanice, como citas. Fico sempre indisposta e chamo desprezo a essa indisposição física. Não é bom sentir isso, mas não o consigo evitar. Mas concluindo por agora, o nosso caminho é também constituído por desvios. As boas pessoas desviam-se, na grande maioria das vezes, para fazer o bem ao próximo, as outras para sacanear o outro, para o destruir ou simplesmente para o chatear. Ou ainda porque não suportam o outro, que caminha e se desvia ao seu lado, por causa da bondade que lhe reconhecem, mas que odeiam também por saberem que nunca a conseguirão ter. Como se uma boa pessoa fosse... imperdoável aos olhos daqueles que o não são (isto é difícil de explicar, Isabel).
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Dos Antigos: "As células germinais requerem a sua libido, a actividade das suas pulsões de vida, para si próprias, como reserva contra a sua posterior e importante actividade construtiva. (...) Deste modo, a libido das nossas pulsões sexuais iria coincidir com o Eros dos poetas e filósofos, o Eros que mantém unido tudo o que é vivo." (idem, p. 266)
Bom em todas as línguas*
"(...) essas pulsões constituem o grupo das pulsões sexuais. São conservadoras no mesmo sentido em que o são as outras pulsões, na medida em que trazem de volta estádios anteriores da substância viva; mas são conservadoras em grau mais elevado na medida em que são peculiarmente resistentes às influências externas; e são conservadoras ainda noutro sentido, na medida em que preservam a própria vida por um período comparativamente longo. São as verdadeiras pulsões de vida."
Sigmund Freud, Textos essenciais da psicanálise, volume I, tradução de Inês Busse, Publicações Europa-América, 2001, p. 257.
* dedicado aos meus amigos e blogueadores conservadores.
Eu hoje acordei assim...
Angie Dickinson
Angie Dickinson
... Charlotte?
- Eu mesma, Pilar. Long time...
- ... no hear! Bom ano! Mas que posição estranha para falar ao telefone.
- A Pilar acha que é fácil arranjar fotografias de mulheres de beleza estonteante e que, ainda por cima, estejam ao telefone?
- Pois, de facto... Mas está a ligar por causa daquele rapaz, não é? O Franco Atirador.
- Isso mesmo. Sinto o dever moral de intervir.
- Não será antes uma pulsão?
- A Pilar não devia ler tanto o meu blogue, sabe?
- A primeira coisa que o Franco Atirador fez foi cancelar o contrato com a blogoPT. Não há maneira de entrar em contacto com ele.
- E sinais de fumo? Ou enviando um bilhete numa garrafa lançada no Tejo? Pode ser que lá vá parar.
- Experimente, Charlotte...
- Vou escrever o bilhete: "Estimado Tigre, escrever posts longos é falta de educação".
- Só isso?
- Acha pouco?
- Podia dizer-lhe que as pulsões do ego exercem pressão no sentido da morte e que as pulsões sexuais no sentido da vida e que a cunhada de Freud foi sua amante.
- Danado para a brincadeira... Mas o que é que isso tem a ver com o fim inesperado, mas reversível, do Franco Atirador?
- Talvez nada. Mas desde quando isso a impediu de relacionar?
terça-feira, janeiro 02, 2007
Darling Miss Pearls: (estou fora das minas apenas por uns dias...) não me parece que o Dr. Freud (homem maravilhoso) tenha explicado isso bem explicadinho, mas é certo que ainda não acabei a leitura do primeiro volume (agora vou numa parte muito gira em que fala de um paciente que tinha uma obsessão por espremer pontos negros: parece que tem a ver com a masturbação, isto é o máximo). Mas não sei se concordo (ando impossível, desculpa) com a primeira frase. Não sei se estamos todos "à mercê de cair na sacanice como modo de estar", mas o mais importante é a dúvida na segunda. Não sei se perante a oportunidade de cometer a tal sacanice de que falas, quantos daqueles conscientes (ui, conscientes) da sua predisposição (ui, predisposição) para o mal são capazes de facto - perante a possibilidade apresentada à sua frente - de o cometer. Os testes são importantíssimos. Há que testar. Mas há ainda outro problema: os mais lúcidos, os tais "conscientes dessa debilidade" (se a tomarmos como tal), também não estão totalmente livres de fazer o mal. Para fazer o mal não é preciso grande coisa. Praticar o bem é que é difícil.
Adenda: não vale! Herr Doktor Jansenista está muito mais adiantado nas leituras. Mas já estou mesmo no fim deste primeiro volume traduzido pela Europa-América (eu sei). Fascinante, fascinante, uma maravilha, a sério...
A culpa é dos telemóveis com câmara de vídeo, do YouTube e do Jaime Nogueira Pinto: e a corda? Já viram bem a grossura daquela corda? E o nó? Mas que grande nó...
Muitos blogoparabéns! Ao Eduardo Pitta & Friends pelos dois magníficos anos do Da Literatura! Vivas autorais e honorários para começar bem 2007!
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