blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

quarta-feira, abril 30, 2003

Ontem vi o filme My Big Fat Greek Wedding, e sim, já sei que quase um ano depois de ter estreado (por mim, sacrifico de bom grado a actualidade pelo conforto do meu lar). Gostei muito, até me comovi. A família Portokalos (de laranja portokáli e não de cor de laranja portokalí, como tão bem explica o pai da noiva) é deliciosa: uma mãe controladora e amorosa, um pai com ar de durão, mas manipulável e sensível, uma avó que ainda vive na turcocracia, tios e primos que não acabam e muita, muita comida. Adorei a mania do pai em tornar gregas todas as palavras que existem: "Miller? That word is Greek! It comes from milo, which means apple."

Agora já sabem o meu terrível segredo, o meu calcanhar de Aquiles. Se quiserem saber porque é que a palavra estória é ofensiva ou qual é a etimologia de homossexualidade (é que anda por aí muita gente enganada) e de entusiasmo ou de qualquer outra palavra (daqui para a frente adoptarei o sistema do pai da Nia Vardalos), escrevam para bombainteligente@hotmail.com. Efxaristw kai filákia yia óllous.

terça-feira, abril 29, 2003

Memories

Ai Pedro, não me lembres dessa época gloriosa da Moderna; carros, jóias, casacos de peles a rodos. E pensar que tudo acabou. Saudades...
Tenho andado preocupada com os anúncios a perfumes que se multiplicam nesta época que antecede o Verão. Qualquer pessoa minimamente saudável responderia a este comentário com um sólido getalife!, mas eu insisto. E sim, é verdade que tento não sair de casa.

Os anúncios a perfumes são do menos imaginativos que há, rivalizando com os anúncios a detergentes para a roupa e a pensos higiénicos. Há um anúncio a um detergente que é particularmente irritante e nos mostra a reunião de cerca de dez donas de casa e os seus testemunhos acerca da puta da brancura e mais não sei o quê após terem usado o dito produto, até essa altura desconhecido para todas (ye, right...). A cara de espanto das senhoras ao verem que afinal se trata do rasquíssimo Xau é de pôr os cabelos em pé e a estocada final está no gesto de ganância de uma dona de casa a arrastar a embalagem na sua direcção, num acto explícito de "eu quero um Xau só para mim". Esforcei-me por construir uma frase que contivesse as palavras "entusiasmo" e "detergente". Felizmente desisti a tempo.

Mas voltando ao que importa: os anúncios a perfumes. A Montblanc lançou recentemente um perfume com o péssimo nome Presence d' une femme. A Montblanc faz lindas e boas canetas, para que é que se mete a fazer o que não sabe? É caso para dizer "stick to what you know best". O anúncio é de fugir: plano do frasco seguido de plano do frasco um bocadinho maior e depois o nome do perfume. No anúncio ao novo perfume da Lacoste, vemos uma pseudo-ninfeta a dançar em cima de uma mesa posta e uma criança (que estraga a figura da ninfeta pura) à espreita. Se o efeito de usar o perfume é aquele, eu passo. O Giorgio Armani tem um perfume chamado Sensi e por isso, nada melhor do que pôr uma morena gira a roçar-se em cima de uma mesa a fingir luxúria. Not! E por fim, a Chanel. Quando a Chanel deixa de saber fazer anúncios, está tudo perdido no reino dos perfumes. No início, tudo corre muito bem: uma rapariga linda, bons olhos, Veneza, cor. Depois de planos rápidos da cara da menina e da de um suposto galã, a câmara subitamente afasta-se e percebemos que estão ambos numa gôndola veneziana e que ela está a beijar... o gondoleiro! O perfume chama-se Chance. Nem a Chanel sabe o que as mulheres querem.

segunda-feira, abril 28, 2003

Imagem da semana: os polícias da esquadra do Rato parecem strippers do Chippendales! (Pedi autorização ao meu marido para dizer isto, porque já não tenho ida.., tempo para rebeldias.)
Iupi! Há mais um pastilhador na blogosfera (seremos milhões!). É o Hank Chinaski e o blogue chama-se Mustang. Bem-vindo, Hank!

domingo, abril 27, 2003

Última hora da correspondente da SRA, em Pequim

Engenhoso e imaginativo o novo slogan para o combate à SARS, acabadinho de aparecer no CCTV 9 (canal chinês em inglês): SARS significa Sense Action Responsibility Success e promete.

E por falar em copiar, desta feita menos copiosamente do que no exemplo anterior, eis que chegaram ao mercado as máscaras... falsas. Tudo aldabrado lá por dentro, muitas fibras e nada de filtros. Foram apreendidas aos milhares. Esperemos que tenha melhor sorte o desinfectante "84", recomendado pelo jornal do Partido. Resta saber 84 quê...

Nani, no meio deles todos
Correspondente em Pequim

A minha amiga Nani resolveu ir fazer pesquisa para a tese de mestrado na China, mais concretamente em Pequim, onde viveu durante dois anos, sabe Deus também porquê. Os meus amigos são pouco patriotas; gostam muito do burgo mas em pequeníssimas doses gastas em férias do Natal e alguns dias na Páscoa (a Nani nem isso!). Embora a Nani não consiga ver o blogue em Pequim (sim, meus amigos, os chineses têm um sistema eficaz de censura na Internet: bloqueiam o acesso a quase tudo), pedi-lhe para ser a correspondente do bomba em Pequim. E a Nani aceitou! Já sabem que quaisquer perguntas sobre o que se passa em na China poderão ser enviadas para bombainteligente@hotmail.com. Estas serão de imediato reenviadas para a correspondente do bomba. Apresento-vos o primeiro relato delicioso da minha amiga mais querida de quem tenho muitas saudades.

Sobre a SRA
De todas as grandes revoluções que se anunciam por causa do "bicho", a mais inesperada e menos comentada é a de uma China desinfectada e limpinha, exalando um novo perfume a incenso, lexívia e vinagre. Primavera-Verão 2003. Ruas desertas, lojas às moscas, espectáculos cancelados, restaurantes fechados, tudo metido em casinha ao telefone e na Internet. Sem a mais pequena ideia de quando é que isto vai voltar ao normal.

É mais uma experiência, sponsored by the PRC. Está tudo suspenso, os rumores são cada vez mais imaginativos - fechar as janelas porque de noite vêm aí os aviões despejar desinfectante - e os chineses tornaram-se, de repente, um povo céptico.

A debandada começou pelos estudantes - alguns programas de intercâmbio americanos deram 48 horas aos alunos para deixar o país e apesar de outros não terem obrigado a malta a pôr-se a caminho, cortaram-lhes a bolsa. Agora também os estrangeiros que trabalham se estão a concentrar no aeroporto - voos cheios e em número reduzido... Outros, aproveitam a vulture culture e esperam pacientemente que vaguem alguns lugares...

Enfim, andávamos todos muito distraídos com a guerra do Iraque, com a incrível abertura na cobertura mediática e afinal a mentira morava ao lado... O impacto da SARS vai ser impressionante e desde Tiananmen 89 não se assistia a semelhante crise.

A última novidade é a construção de um hospital para os doentes em 5 dias e 5 noites a norte de Pequim... Não, não estou com febre.... Ao que parece o estaleiro está cheio de cartazes bem ao estilo da Revolução Cultural a incitar a malta ao trabalho. Guiness à vista, pois claro.

As notícias saem em catadupa e é bem possível que muitos países sigam o exemplo da Coreia do Sul e Taiwan e ponham qualquer alma proveniente de sítios infectados em quarentena!! Quarentena por quarentena fico em Pequim, onde tenho os meus livrinhos e fotocópias! Não esquecer que depois da decisão da OMS, qualquer um de nós aqui tem um estatuto muito perto de persona non grata...

Noutro dia li um artigo interessantíssimo sobre a dificuldade acrescida de comunicar com asiáticos com máscara e a sugestão que os chins - especialmente de Hong Kong, gente mais séria e contida - passem a utilizar mais o body language! Chinos latinos à espreita. Também havia quem defendesse a necessidade urgente de se começar a arranjar máscaras com sorrisos pintados para aliviar a visão de guerra química que se vive por estes lados. Linda a capa do Economist, com um Mao de máscara.

Muitos beijinhos do epicentro da epidemia.
Nani, no meio deles todos

sábado, abril 26, 2003

Estou furiosa! O Nuno Centeio, do Espigas, anunciou antes de mim o blogue dos quatro magníficos: Gato Fedorento. Estou quase tão chateada como se visse o Nuno numa festa com um vestido igual ao meu.

sexta-feira, abril 25, 2003

A Fátima Campos Ferreira entrevista o Manuel Alegre e chama-lhe o poeta (aaargh) da liberdade: "Quando o Manuel Alegre diz a palavra liberdade, parece que soa de uma maneira diferente..." Enrolará o Manuel Alegre a língua no erre e alongará o a? Demorar-se-á dramaticamente na sílaba final? Acompanhará a palavra de um gesto como o alçar do braço direito (ou do esquerdo, nunca sei), depositando os olhos semicerrados no céu?
O José Alberto Carvalho disse o seguinte no telejornal: "... a pneuomonia atípica ou Síndrome Respiratória Aguda, agora no feminino..." Agora no feminino? Desde quando é que síndrome foi masculino? Esta doença esta a ser benéfica para a língua portuguesa.
MTV: You sort of put youself on the shrink's couch with this album.
Madonna: I'm not into shrinks. Waste of time.

Nothing Fails

I'm in love with you, you silly thing
Anyone can see
What is it with you, you silly thing
Just take it from me

It was not a chance meeting
Feel my heart beating
You're the one

You could take all this, take it away
I'd still have it all
'Cause I've climbed the tree of life
And that is why, no longer scared if I fall

When I get lost in space
I can return to this place
'Cause, you're the one

Nothing fails
No more fears
Nothing fails
You washed away my tears
Nothing fails
No more fears
Nothing fails
Nothing fails

I'm not religious
But I feel so moved
Makes me want to pray
Pray you'll always be here

I'm not religious
But I feel such love
Makes me want to pray

When I get lost in space
I can return to this place
'Cause you're the one

I'm not religious
But I feel so moved
I'm not religious
Makes me wanna pray
I'm not religious
But I feel so moved
I'm not religious
Makes me want to pray

Nothing fails
No more fears
Nothing fails
You washed away my tears
Nothing fails
No more fears
Nothing fails
Começo este dia da Liberdade a concordar totalmente com o que escreveu o Pedro Mexia, no que diz respeito aos xiitas: "Se não fossem os americanos, os xiitas continuariam sem sangrar anualmente por um bigodudo medieval qualquer. Há trinta anos que não se podiam chicotear e anavalhar nas ruas, por causa do bigodudo de Bagdade. Agora podem. Graças a Bush. Mal-agradecidos." Tens toda a razão, Pedro. Não há nada pior que a ingratidão.

quinta-feira, abril 24, 2003

Nunca tive dores de cabeça em vint... em trin... em sejam quantos forem anos de existência. É verdade: nunca. A desculpa clássica do "ai, querido, hoje não que me dói a cabeça" não pegaria se alguma vez a quisesse empregar, porque sempre me gabei de tal feito: "Eu? Dores de cabeça? Que disparate! Isso é para flores de estufa!" Até ao dia de hoje: as veias laterais da cabeça a latejar, uma vontade incontrolável de vomitar, uma intolerância total à luz e a qualquer ruído, incluíndo os miados do gato. Durou cerca de três horas e o diagnóstico veio pelo telefone - cefaleia oftálmica. Aaaaaargh! Odeio quebrar a rotina...
Quatro da manhã, Lisboa.

- Carlos, amor! Acorda! Não vais acreditar. Tive quatro estrelas na votação do blogo!
- Que bom, amor...
- Passei a estar entre os blogues considerados óptimos! Mas porquê?
- Porque és óptima...
- Não adormeças! Vem ver! Mas o meu blogue não tem nada. Nem sequer comentários! Nem imagens, nem... nada! Ai que nervos!
- Amor, amanhã vejo...
- Estou vaidosa! Vou ficar (ainda mais) insuportável! Vou gritar para a varanda!
- Está bem, amor...
Do I have to change my name? Will it get me far?

quarta-feira, abril 23, 2003

Há mais dois mecoblogues (como diz o Cruzes Canhoto) na blogosfera. São eles o do brilhante umbigoniilista e o da genial triciclofeliz, que ainda por cima têm os nicknames mais interessantes do mundo virtual (inteiro, claro!).
Tanto pedi, tanto pedi... que o Cláudio Téllez arranjou um teste "religioso" e, como bónus, um teste para sabermos em que filósofo mais nos reconhecemos. Quanto ao segundo teste - o do filósofo - tudo bem: primeiro, Platão (certo); segundo, Aristóteles (correcto); e terceiro Hegel (não me incomoda). Já quanto ao da religiosidade, a coisa pia mais fino. Chego a meio do teste e desatam a fazer perguntas sobre o aborto, a homossexualidade, o divórcio... O resultado foi vergonhoso! Só o direi a quem me pedir muito, muito e para isso terá de enviar um e-mail para bombainteligente@hotmail.com.
O Tiago Cavaco decidiu ajudar-me na minha demanda religiosa, acto que desde já lhe agradeço. Li com muita atenção (imprimi e tudo!) as páginas recomendadas sobre Blaise Pascal. A ideia da aposta de Deus não me era totalmente desconhecida, mas agora percebo que, segundo Pascal, temos quatro hipóteses:

- acredito em Deus e Deus existe: ganho infinito;
- acredito em Deus e Deus não existe: nenhuma perda;
- não acredito em Deus e Deus existe: perda infinita;
- não acredito em Deus e Deus não existe: nem ganho nem perda.

Agrada-me a lógica do raciocínio associada à questão da fé. Mas o meu problema não está em acreditar ou não em Deus: acredito em Deus. O meu problema é a chatice da igreja, o pavor dos sermões, a seca das missas. E um Religious Compass, não haverá por aí?

terça-feira, abril 22, 2003

No blogo, o bomba inteligente está hoje sujeito a votação. Ai que nervos! Não querem ir lá pôr a bolinha nas cinco estrelas? Vá lá...
Apressei-me a ler o artigo do João Pereira Coutinho em O Independente, cujo tema da coluna "Cão" é o livro do Luís Osório; uma conversa entre o pai homossexual e doente de sida há 20 anos e o filho Luís. Quando ouvi falar deste livro, a palavra que me ocorreu para o classificar foi "parasitismo". O JPC escreveu um texto muito bom sobre isso e outras coisas, do qual transcrevo aquela que me parece ser a frase mais elegantemente incisiva e devastadora: "Na verdade, o gesto de Luís Osório é perfeitamente compreensível nos tempos que correm porque, na sua evidente prostituição sentimental, ele é um espelho perfeito dos tempos que passam: uma época em que o fardo do anonimato, preço real das sociedades modernas, exige de nós um esforço hercúleo para emergir da sombra e expressar, sem freio e sem "tabus", os fantamas, as inquietações e as sujidades todas que nos pululam a alma."
Crise religiosa

Agora que se aproxima a data do meu casamento oficial, assalta-me uma dúvida que nunca pensei ter: não me apetece casar pela igreja. Aborrece-me sobretudo a figura do padre e o sermão; chateiam-me os conselhos que insistirá em dar-nos. A verdade é que a minha educação católica estagnou quando sai do colégio e não me parece certo que agora, passados tantos anos, retorne a algo que abandonei. Não me parece certo, não... não me apetece. Esta atitude fez-me pensar que talvez esteja a passar por uma crise não espiritual porque acredito em Deus mas religiosa. E começo a perder noites de sono a pensar no assunto. Um amigo até já me emprestou um livro de introdução ao Judaísmo. Mas uma rapariga que se preze tem de ter dúvidas a assaltar-lhe o espírito. Ninguém tem por aí um teste "religioso" que me possa facultar alguma paz?
Ontem foi um dia de grande stress. Um trabalho acerca do conceito de autoridade para os Antigos (prometo que não vos maço com as conclusões fascinantes a que cheguei) afastou-me do convívio na blogosfera. Admito que tive saudades. Ainda vou a tempo de dizer uma coisa? O Fernando Rocha é igual ao Axel mas para pior.

domingo, abril 20, 2003

O Maradona não concorda com a ideia de a Síria ser a próxima a receber a visita das bombas inteligentes e acha que a Arábia Saudita deverá ser the next in line. Pronto, maradoninha, fazemos da Síria a Grande Palestina, está bem?
E às pessoas que vão para a porta da Judiciária gritar pelo Carlos Cruz só tenho uma coisa a dizer: getalife!

sábado, abril 19, 2003

"Estás enganado e és estúpido, Alvim!"

Esta frase foi dita no novo programa da SIC Radical, O Perfeito Anormal, pelo Nuno Markl ao Fernando Alvim. Dos dois apresentadores deste programa de humor, o que dá o nome ao programa é, com certeza, o Fernando Alvim, que deve ser bom rapaz, mas que não faz a mais pequena ideia do que está a fazer. Posso dizer que gostei do programa, sobretudo de duas coisas: da forma como os membros do público eram convidados a participar - Alvim e Markl iam gritando VOCÊ! e apontando para o escolhido, enquanto o palco girava - e do sketch dos talentosos Zé Diogo Quintela e Ricardo Araújo Pereira, intitulado "O Abominável Homem das Neves". Passo a transcrever a passagem mais engraçada do diálogo entre o jornalista (Zé Diogo) e o Abominável Homem das Neves (Ricardo).

(o Abominável queixa-se da ausência de subsídios do Estado)

Zé Diogo Jornalista: Calculo que não ajude o problema das girafas?
Ricardo "Quico" Abominável: Quais girafas?
ZDJ: As girafas da montanha.
RQA: Não há girafas na montanha.
ZDJ: Não?
RQA: O que há é muita dificuldade em uma pessoa fazer a sua carreira.
(...)
ZDJ: E a questão das girafas?
RQA: Mas que girafas? Em 35 anos que trabalho na neve nunca vi uma girafa... o que vi foi gente que quer trabalhar...

Teve tanta piada que experimentei o mesmo friozinho na barriga que sinto quando vejo o Fawlty Towers ou o Black Adder. Haverá uma espécie de prazer físico no humor?
Estive a ler os escritos do blogue Mukankala. Gostei muito! Não há nada mais engraçado e inteligente do que rirmos de nós próprios. Bem-vindo, Nuno!

sexta-feira, abril 18, 2003

Canção Asereje versão guerra:

Abuabu abu dabi saddam saddam saddam saddamshalabi kirkuk a carlos fino a tiktik titi
saddam saddam iraqueiraque bagdade damasco e síriri ri ri e a síria e tikri cricri
e uma kalashnikov de ouro de ouro e quero e quero e quero la la la la e tik tiki kiki...
Também quero uma kalashnikov com banho de ouro!
De Kuku a Kiki... Espero que na Síria também haja cidades maravilhosas como estas.
Durantes as minhas inspecções aos outros blogues (tipo Charlotte Blix), vi que o Cruzes Canhoto tem uma nova lista intitulada "Seita do MEC". Que honra! Obrigada, Cruzes. Se quiseres acrescentar mais quatro blogues de pastilhadores à lista, eles são o Tradução Simultânea, o Sem Querer Penso, o Diários de Madrid e o novíssimo e divertido blogue da minha querida amiga papoila, de seu nome O Belogue da Papoila. Miguel! A culpa é tua!

quinta-feira, abril 17, 2003

Não, não é um teste político. Divirtam-se!
Podem continuar a entupir a minha caixa de correio que não me importo: bombainteligente@hotmail.com
À ganância, resolvi fazer o teste "político" sugerido pelo Valete Frates e o resultado foi o seguinte: "NW-You would feel most at home in the Northwest region. You advocate a large degree of economic and personal freedom. Your neighbors include folks like Ayn Rand, Jesse Ventura, Milton Friedman, and Drew Carey, and may refer to themselves as "classical liberals," "libertarians," "market liberals," "old whigs," "objectivists," "propertarians," "agorists," or "anarcho-capitalist."" Ó diabo... Anarco-capitalista? Velha peruca? Objectivista? Não faço mais testes!
Vejo que o Liberdade de Expressão segue a linha do "a Síria está a pedi-las".

Sinal horário
São 23:50 em Lisboa, 1:50 em Damasco.


(Tem muita graça, João Miranda)
Esta história dos testes tem graça. A verdade é que já toda a gente fez o teste sugerido no Liberdade de Expressão. O Intermitente até arranjou um mini-teste para sabermos afinal o que somos (claramente libertária no meu caso, mas a favor dos impostos, nada de confusões). A primeira vez que fiz o teste do Political Compass, há cerca de um ano, indicado pelo Miguel Esteves Cardoso no Pastilhas, fiquei exactamente no meio do quadro. Ou seja, não era nada! Agora que me encontrei (leia-se, agora que aprendi a manipular os resultados...) já posso domir descansada.

quarta-feira, abril 16, 2003

No jornal argentino Âmbito Financeiro, podemos ler a seguinte piada:

Depois de um fortíssimo bombardeamento dos americanos sobre Bagdade, os ministros iraquianos que sobreviveram ao ataque convocam os seis sósias de Saddam e dizem-lhes: "Temos uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que o nosso líder Saddam Hussein sobreviveu ao ataque." Os sósias festejam e perguntam: "E qual é a má notícia, então?" Os ministros respondem: "A má notícia é que perdeu o braço direito."
Aula de ginástica

Hoje, 10h15, Lisboa.

- Perna direita para cima! E estica e flecte!
- [Esta cabra da Mafalda tem 40 anos e está impecável. Ainda bem que escolhi esta professora. Pode ser que quando lá chegue, daqui a 20 anos... pronto, daqui a dez...]
- Agora a esquerda! Ana! O que está a fazer?
- [Não está a fazer a ponta dum corno. Estas gajas vêm para aqui para se verem ao espelho.]
- Agora as duas pernas!
- [As duas? Caraças... isto é tipo "agora sem mãos".]
- Sofia! Está a fazer outra coisa! Assim as que estão atrás de si fazem igual!
- [Individualista esta Sofia... vou nomeá-la como fazem no Big Brother.]
- Sintam a música a falar!
- [Mau... como é que a música fala? Será que tenho de apresentar a giraça da Mafalda à minha cabeleireira? Tanta gente com tanto em comum...]
- Carla?

terça-feira, abril 15, 2003

Lembram-se de ter aqui recomendado o blogue do Nuno Miguel Guedes? Não? Agora também não podem ver a mensagem porque a apaguei! Adoro as possibilidades do edit e do delete. O blogue do Nuno chama-se Tradução Simultânea e, só com dois posts, já se tornou de leitura obrigatória.

segunda-feira, abril 14, 2003

"Go home, humanshields!"

O Zé Diogo enviou-me um e-mail com a seguinte pergunta: Um escudo humano que não tenha morrido poderá afirmar que levou a sua missão a bom termo?

Obrigada, meu querido Zé Diogo, por tocares no assunto mais misterioso desta guerra. Quando se começou a falar dos escudos humanos, julguei que se tratava de uma nova espécie de mártires, de pessoas que iam morrer juntamente com os civis, ou melhor, que iam morrer em vez dos civis, ou que se tratava de um grupo de estrangeiros dissuasor de bombardeamentos em determinadas zonas. Como se zonas de civis + escudos humanos estivessem mais a salvo do que zonas só de civis...

Mas, com o passar dos tempos, a minha definição de escudo humano mudou. Um escudo humano é um gajo ou uma gaja sem nadinha para fazer, com espírito de turista, alma de pacifista, ex-hippie, adolescente ou com idade acima dos 50 anos e, sobretudo, alguém que está completamente enganado. Há uns dias, o maradona contou-me que viu na TVI (mais um canal de referência) uma reportagem em que um escudo humano de 18 anos dizia: "Mãe, não te preocupes comigo, porque as bombas dos americanos não erram o alvo e estamos todos no outro lado da cidade, a salvo."

A definição renovada de escudo humano é, assim, indissociável de acontecimentos como o acima descrito e das imagens inolvidáveis de crianças, mulheres e homens feridos nos hospitais ou sem vida entre os escombros. Onde estavam os escudos humanos que deveriam ter protegido aquelas pessoas?

Segundo a primeira e ingénua definição é óbvio que os escudos humanos falharam e não cumpriram a sua missão de proteger os civis das bombas e de morrerem por eles. Mas basta mudar de definição e temos uma resposta completamente diferente: não falharam porque não sabiam ao que iam e, então, o escudo humano torna-se a personagem trágica desta guerra e, por isso mesmo, anacrónica.
A Causa Foi (Mais Uma Vez) Modificada

O blogue do Maradona tem outra imagem porque aquele fundo preto e aquelas letrinhas amarelas impediam as pessoas de lerem as maravilhas que o rapaz escreve. Gosto do fundo e o Maradona também devia gostar porque é de azul argentino (ou quase)! Com o template antigo, nunca saberia que o Maradona tinha ido à ModaLisboa e nunca lhe poderia dizer que foi porque não esteve na quinta-feira, no Frágil. Parece haver uma relação directa entre os dois eventos.

domingo, abril 13, 2003

Experimentem lá dizer três vezes seguidas e depressa o seguinte: de Kirkuk a Tikrit.

De Kikuk a Tictic
De Kituk a Criccric
De Kikur a Cricri...
Não, não fui à ModaLisboa, tudo porque na quinta-feira fui ao Frágil assistir ao stand-up da dupla Zé Diogo Quintela e Ricardo de Araújo Pereira. Tenho a certeza de que a ModaLisboa não teria o interesse da noite de quinta e, por isso, fechei-me em casa, de onde só sairei amanhã.

sábado, abril 12, 2003

O meu amigo Leonardo vive na Suíça, em Genebra, sabe Deus porquê. Ontem conversámos ao telefone.

- Leonardo, fiz um blogue!
- Fizeste um blogue a quem?
- ...
- Estou?
- Nada. Já é a segunda vez que me fazem essa pergunta.
- Mas para que serve um blogue?
- Para que serve... olha, para me divertir.
- Sim, mas qual é a função?
- Função, servir, utilidade! Não te sabia assim tão prático.
- O que queres dizer com isso?
- Que estás um chato.
- Mas então escreves sobre a tua vida, é isso?
- Mais ou menos... sim, é uma espécie de diário.
- Pois, é como deixares voluntariamente uma cassete de home vídeo porno em cima da mesa do café.
Os Marretas falaram do bomba inteligente. Agradeço o elogio, a simpatia, a gentileza.

Quanto à existência (ou não) de gajas simultaneamente boas e inteligentes, só posso contar-vos uma história. Há cinco anos, quando conheci o meu actual marido, ele tratava-me por porta-aviões. Graças a esta guerra, recuperámos essa ideia há anos perdida e agora, em vez de me tratar por amor, querida e afins, trata-me por Truman. Ainda hoje ouvi um "Truman, estás pronta?" No outro dia, até estivemos a ver na SIC Notícias um documentário sobre mim: sofisticada e imponente, em actividade constante, rodeada de brinquedos tecnológicos e cheia de normas para um funcionamento perfeito.

O comentário do Animal faz-me lembrar aquela coisa do "pero que las hay, las hay". Animal, é obrigatório que saias mais de casa.

Com este post dou por terminadas quaisquer exibições explícitas de vaidade (sim, serão mais discretas de futuro). Começo a não suportar-me...

sexta-feira, abril 11, 2003

Há mais duas companheiras de pastilhas na blogosfera: a lena e a ana albergaria. Bem-vindas!
O Fumaças incluiu o bomba inteligente na lista de blogues imprescindíveis do momento, destaque e elogio que agradeço. No entanto, reparo que ainda nesse grupo figura o Prazer Inculto, facto que me perturbou. Terá sido um equívoco?

quinta-feira, abril 10, 2003

Hoje fui cortar o cabelo, coisa que desde miúda odeio fazer. Só já não choro porque me fica mal. Mas hoje foi diferente porque tive direito a estagiárias à minha volta a fazerem perguntas, enquanto a cabeleireira-mestra me cortava o cabelo. Após inúmeras explicações acerca do modo de cortar a direito (ai), escortanhar (ugh!), escadear (argh!) e de considerações técnicas acerca das tesouras a utilizar para cada tipo de corte e de cabelo, a cabeleireira-mestra virou-se para o grupo esbugalhado e, como se fosse uma espécie de pitonisa, lançou: "Vocês têm de sentir o coração do cabelo." Pensei em Wittgenstein, no significado das palavras, nos disparates que dizemos a toda a hora.
Há três momentos na cobertura desta guerra de que não me consigo esquecer e que passo a contar.

No primeiro, estava eu numa dessas noites de insónia, decidi ligar para a RTP1 para ver "como estava a guerra" (como se isto fosse uma espécie de canal 43 com Big Brother 24 horas por dia). Eram sete da manhã em Bagdade e os tanques, com os jornalistas da CNN imbuídos, entravam no sul do Iraque em direcção à capital. O jornalista de serviço era o estafado José Rodrigues dos Santos. As imagens captadas pelas câmaras CNNianas não eram muito nítidas: manchas castanhas, umas móveis, outras nem por isso, o céu e pouco mais. A uma dada altura, a 7.ª Cavalaria pára. José Rodrigues dos Santos pergunta a um outro jornalista que está em estúdio a que se deve essa paragem. E começam as interpretações: ou para abastecimento ou porque o que se parece com uma cabana no meio do deserto é um bunker cheio de ameaçadores soldados iraquianos e é preciso fazer qualquer coisa como lançar um míssil em movimento. De repente, o imbuído vira a câmara para o conjunto de pontos pretos que se movimentam ao lado do suposto bunker. JRS entra em histeria: "É um conjunto de militares iraquianos acocorados! Estamos a assistir à primeira rendição em directo!" JRS continua a insistir naquilo que quer ver até que chega o momento da verdade através de um auricular ou de um ecrã de computador: "Bom... segundo informações da CNN, trata-se de uma cabana de beduínos e o que vemos em movimento é um rebanho de cabras..."

Nessa mesma madrugada, JRS também viu um elefante a dirigir-se a um tanque Abraham, momento este que considero ser o segundo.

O terceiro momento foi protagonizado pelo Dr. Miguel Beleza, pessoa inteligente e lúcida, que tem a capacidade de pôr as coisas nos seus devidos lugares. Em entrevista à Alberta ou à Fátima no Jornal 2 afirmou o seguinte, relativamente aos 75 biliões de dólares gastos com a guerra: "75 biliões de dólares para os Estados Unidos não são nada. Olhe, é o que vai custar o Euro 2004."
Hoje, pelas 23h30, no Frágil em Lisboa, os stand-up comedians Zé Diogo Quintela e Ricardo de Araújo Pereira vão apresentar, entre outros números hilariantes, o seu já célebre "Especial Pedofilia". Imperdível.

quarta-feira, abril 09, 2003

Para não sentir que estou a fazer a festa, a lançar os foguetes e a recolher as canas, enviem os vossos comentários para bombainteligente@hotmail.com
O Fumaças incluiu o bomba inteligente na lista intitulada "Os Nossos". Parece-me que estou em muito boa companhia. Obrigada!
Pastilhas

Há quatro pastilhadores que entraram na blogosfera: Maradona, Macguffin, John DiFool e eu. Miguel, criaste quatro monstros!
O meu marido pergunta se a estátua que estão a tentar derrubar em Bagdade é do Saddam ou de algum sósia... (Se isto não é um génio, o que é?)
Disfarçada de rabo de cavalo e de calças de ganga assisti ontem, no Lux, à apresentação do Livro Major Alverca, de Rui Zink e Manuel João Ramos, sob o mote "A Guerra é nossa! Viva o V Império!" Imediatamente antes de os autores começarem a falar, entrou o impecavelmente vestido Vilhena, que se sentou... ao meu lado! Como acho que qualquer coisa que esta gente diga tem graça, passo a reproduzir a conversa que tivemos:

Vilhena: Isto aqui é uma boite?
Eu (a tremer de tanta emoção): É...
Vilhena: Parece que transformaram estes armazéns todos em boites.

A apresentação teve direito a performance e tudo, com GI Action Men de metralhadoras em punho. Até houve uma alma mais exaltada que se pôs aos pontapés aos pobres dos bonequinhos. Mas os ditos resistiram e continuaram incessantemente a disparar rajadas de metralhadora. Estes brinquedos de hoje em dia têm uma resistência. São bons materiais.
O Liberdade de Expressão concorda que a Síria está a pedi-las. Adoro que concordem comigo. E a lista aumenta: Síria, Possidónio Cachapa, Arábia Saudita, Irão...
Bem-vindo, maradona!

O maradona tem um blogue e chama-se A Causa Foi Modificada. O maradona pode escrever o que quiser, porque raramente se engana e, ainda por cima, tem muita graça. O rapaz é um talento. Um grande beijinho para ti.

terça-feira, abril 08, 2003

Já que a história sobre os rabanetes foi tão bem recebida (obrigada por me terem entupido a caixa de correio com elogios), vou contar mais uma história de supermercado. Há uns dois anos, o meu marido e eu fizemos uma descoberta única no Pingo Doce ao lado de casa: gin Beefeater a 900 escudos. Tendo em conta que o preço deste gin é de, pelo menos, o dobro, decidimos fazer um saque (mas aos poucos) das garrafas. Só contámos o nosso segredo a dois amigos que participaram connosco na dita pilhagem. Chegámos a esconder as garrafas atrás de outras insuspeitas como as de vodka (por serem mais altas) ou mesmo a mudá-las de secção e de as colocar atrás das garrafas de vinho verde (outro nicho de mercado) para as podermos levar mais tarde. Resultado: o Pingo Doce nunca mais teve Beefeater.
Leio também no Cruzes Canhoto um comentário à minha ideia da semana (a Síria está a pedi-las), a que acho muita graça! Ainda no outro dia, em conversa com o meu amigo Zé Diogo, concluíamos que as pessoas de esquerda não têm humor (salvo raríssimas excepções que podem ser contadas pelos dedos de uma mão). Zé Diogo! Agora temos o Cruzes que acaba de entrar para esse grupo restrito (não creio que a ideia agrade ao canhoto) de gente de esquerda com graça.

A ideia do Irão é boa, sim senhor. Mas julgo que a Arábia Saudita vai depois da Síria. Se a Condoleeza quiser...

Não, não. O meu género não é dar "pontápés nos tintins", porque, muito embora seja um ataque de precisão, me parece um bocadinho primitivo e pouco adequado às novas tecnologias.

Vejo, ainda, que o Cruzes me incluiu na lista "aliança de fachos". Hm... é verdade que nutro simpatia pelos fachos, mas considero-me mais uma desalinhada de direita. Podes criar uma lista só para mim?

Os meus agradecimentos também ao Cruzes Canhoto pela simpatia com que me recebeu na blogosfera.
Agradecimentos

Vejo hoje que o Pedro Mexia deu as boas-vindas ao bomba inteligente na Coluna Infame. Ainda ontem, vi na MTV (esse canal de referência) um teledisco de uma banda de nome Good Charlotte. A filha mais velha da princesa Carolina do Mónaco também se chama Charlotte. Enfim, Charlottes por todo o lado a invadir o planeta.

Também o querido Valete Frates falou do bomba como um "blogue de qualidade", elogio que agradeço. E sim, pelo que leio no blogue do Valete, temos opiniões bastante semelhantes sobre a vida.

Vejo ainda no Intermitente que o bomba figura na lista de blogues interessantes. Obrigada, Miguel! O mesmo se passa no Liberdade de Expressão. Obrigada, João Miranda!

Os meus agradecimentos a todos pela gentileza com que me receberam na blogosfera.

domingo, abril 06, 2003

Os stand-up comedians Zé Diogo Quintela e Ricardo de Araújo Pereira vão apresentar, entre outros números hilariantes, o seu já célebre "Especial Pedofilia", na quinta-feira, dia 10 de Abril, às 23h30, no Frágil, em Lisboa. Imperdível.
Ideia da semana: a Síria está a pedi-las!
What's up with that?

Na TVI, está um jornalista Nuno Carvalho, em Bagdade, com um pano palestino enrolado ao pescoço. O jornalista claramente não percebe o significado do paninho. Será que pensa que está giro?
Uma das actividades menos interessantes desta vida é ir ao supermercado. Mas hoje aconteceu-me uma coisa engraçada. Quando a rapariga da caixa acabou de fazer a conta, virou o mostrador na minha direcção e disse: "São 680 euros..." Como acho que nunca é nada comigo, limitei-me a responder: "É uma senhora conta..." Onde fui eu buscar tal frase? Num brevíssimo momento de pânico bem disfarçado, decido confirmar os dados no mostrador. Indico de imediato o culpado: "Rabanetes a 544 euros?" Mas há coisa mais divertida do que estar vivo?
O Pedro Robalo elogiou-me no seu blogue, de nome o complot. O elogio do Pedro tem um valor acrescentado porque, como o próprio diz, não me conhece. Talvez seja mais fácil elogiarmos os nossos amigos. Ou talvez não...
Pensar pela própria cabeça

Costumam dizer que duas cabeças pensam melhor do que uma, que quantas mais cabeças a pensar melhor e coisas do género. Depende das cabeças. Se tivermos o Miguel Ângelo dos Delfins, o Luís Osório e o Vasco Pulido Valente a pensar em conjunto, talvez este último desapareça misteriosamente logo no início da reunião, ou nem sequer apareça... E como há mais Miguéis Ângelos e Luíses Osórios do que Vascos Pulidos Valentes, isto leva-me a concluir que Kant tinha razão quando escolheu a máxima "pensar por si" como a primeira das três máximas do entendimento humano comum. "Pensar por si" é pensar "livre de preconceito". Ainda segundo Kant, na Crítica da Faculdade do Juízo, o preconceito é uma razão passiva e o maior preconceito "é representar a natureza como não submetida a regras que o entendimento pela própria lei essencial lhe põe no fundamento" e acrescenta: "isto é superstição. Libertação da superstição chama-se esclarecimento."

Mas como é que nos livramos desse conhecimento passivo? Do preconceito? Do prae-iudicium? De uma decisão preconcebida? Julgo que o bom caminho para começar a pensar pela própria cabeça é não ter medo de errar e estar atento a quem sabe.

sexta-feira, abril 04, 2003

Superfesta

Ontem, os Manéis (Manuel Alves e José Manuel Gonçalves) inauguraram a nova loja - fantástica - na Rua Serpa Pinto, 15, no Chiado. Imensas tias giraças e manequins, catadupas de fotógrafos do social e actores. Não exactamente "the scumb of the earth", mas quase... A festa continuou na Bica do Sapato, sem fotógrafos, para o social não ser apanhado a fazer figuras tristes.

Hoje, durante todo o dia, tem-me assaltado a imagem da Mónica Penaguião a fazer a espargata! Isto é gente de muitas coreografias. Também me lembro de um rapaz de boné azul, ansioso por ser confundido com o José Castelo Branco; de comer um D. Rodrigo magnífico e de uma miúda gira com ares de eslava, mas muito portuguesa, que perguntava à saudável (sem ironias) Sofia Aparício: "Onde compraste esse vestido?" e de ouvir a manequim a responder: "Na Zara." Mais uma história maravilhosa que me ficou na cabeça...

Prometo que o próximo post será sobre Kant.
Os meus queridos amigos John DiFool e Macguffin falaram de mim e do bomba inteligente nos respectivos blogues. Até fiquei de lagrimita ao canto do olho... comovida... Beijinhos para ambos!

quinta-feira, abril 03, 2003

Pergunta proibida da semana e, muito provavelmente, do ano: como vai a tese?
E aos escudos humanos só tenho uma coisa a dizer: getalife!
Peter Arnett: diferenças entre liberdade e lealdade

Ainda ontem na SIC Notícias à tarde, num programa democrático de nome Opinião Pública, assisti (durante cinco minutos) à defesa deste jornalista e da liberdade de imprensa pela Diana Adringa. Previsível. Ao que parece, o Daily Mirror contratou Peter Arnett, com certeza para cobrir histórias do género "Os Sósias De Saddam", "A CIA Sabe Que Saddam morreu Mas Não Conta A Ninguém", and so on, and so on... Ainda na SIC, há uns dias, ouvi o comentário que passo a transcrever do Rodrigo de Carvalho ao Luís Costa Ribas, a propósito de eventuais "pressões exteriores" no despedimento do jornalista do canal NBC: "Ó Luís, agora tens de ter cuidado com o que dizes." Resposta do Luís: "Pois, mas duvido que a SIC cedesse a tais pressões." O jogo de faz-de-conta teve graça: "Vá lá! E se nós fossemos a NBC e tu fosses o Peter Arnett..." O Luís Ribas há muito que está na América, mas que eu saiba não é americano e, como consequência, ninguém o convidou para dizer coisa nenhuma. Assim sendo, o Luís Ribas é capaz de ter razão: a SIC não cede a pressões. Porque não tem a mínima importância.

Pressionado ou não, o canal NBC fez o que devia: despedir um jornalista que quebrou uma regra sagrada, sobretudo em tempo de guerra. Peter Arnett deixou-se levar pelas vítimas iraquianas e não se coibiu de as louvar, afirmando mesmo que os americanos "tinham de rever os planos de ataque porque não tinham contado com a resistência iraquiana". Dizer publicamente ao inimigo "keep up the good work!" não me parece ser uma atitude de jornalista isento, de repórter de guerra, que tem o dever de informar do que se passa no campo de batalha e arredores. Mas, se calhar, enganei-me: o homem trabalhava para a Al-Jazeera? E o que é que a liberdade tem a ver com isto? Liberdade significa ser traidor e não sofrer as consequências? Será que os jornalistas estão isentos de defender princípios básicos?

Julgo que o despedimento é merecido, e penso que Arnett o devia esperar (senão não teria feito aquele pedido de desculpas tipo "aiaiaiai, que vou ser posto a andar").

quarta-feira, abril 02, 2003

As bombas inteligentes não são estúpidas; são bombas que aprendem.
Colin Powell, 1991 (segundo me informou a minha querida Ana Albergaria) e Nuno Rogeiro, 2003

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