blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
quarta-feira, junho 30, 2004
terça-feira, junho 29, 2004
Quem corre por quem não gosta cansa-se
A verdadeira liberdade está em bastarmo-nos a nós próprios e, sobretudo, em gostarmos daqueles que não gostam de nós porque não precisamos do seu gosto para nada. Esse gosto que temos pelas pessoas é um gosto que resulta da aceitação da sua existência: as pessoas começam por ser só pessoas. Não há nada para, à partida, não gostar. Não gostar de alguém exige um determinado gasto de energia e por vezes maior do que aquela que dedicamos às pessoas de quem gostamos. Como se esse não gostar fosse mais excitante. Por isso digo-vos, sinceramente, que não há ninguém de quem não goste. Na minha pobre cabeça que não aguenta grande coisa não há espaço para não gostar de uma forma activa. Naturalmente, há coisas na vida de que não gosto, mas não faço desse não gostar um modo de vida.
No entanto, não há nesta recusa ao não gostar uma atitude de grandiosidade da minha parte. Não. Sei perfeitamente que as pessoas que gostam são habitualmente muito mais egoístas, muito mais livres, e não por não gostarem, mas precisamente por gostarem. Como se houvesse uma espécie de escudo que as protege em qualquer ocasião: não faz mal se não gostarem de nós, porque nós (que é o que importa) gostamos sempre mesmo de quem não gosta. E sim, por pura indiferença. E isto é tão verdade que ninguém acredita, porque ninguém gosta de acreditar que pode ser simplesmente dispensado, esquecido. Não gostar convém a muitas pessoas. Não sou capaz de dar assim tanto de mim.
A verdadeira liberdade está em bastarmo-nos a nós próprios e, sobretudo, em gostarmos daqueles que não gostam de nós porque não precisamos do seu gosto para nada. Esse gosto que temos pelas pessoas é um gosto que resulta da aceitação da sua existência: as pessoas começam por ser só pessoas. Não há nada para, à partida, não gostar. Não gostar de alguém exige um determinado gasto de energia e por vezes maior do que aquela que dedicamos às pessoas de quem gostamos. Como se esse não gostar fosse mais excitante. Por isso digo-vos, sinceramente, que não há ninguém de quem não goste. Na minha pobre cabeça que não aguenta grande coisa não há espaço para não gostar de uma forma activa. Naturalmente, há coisas na vida de que não gosto, mas não faço desse não gostar um modo de vida.
No entanto, não há nesta recusa ao não gostar uma atitude de grandiosidade da minha parte. Não. Sei perfeitamente que as pessoas que gostam são habitualmente muito mais egoístas, muito mais livres, e não por não gostarem, mas precisamente por gostarem. Como se houvesse uma espécie de escudo que as protege em qualquer ocasião: não faz mal se não gostarem de nós, porque nós (que é o que importa) gostamos sempre mesmo de quem não gosta. E sim, por pura indiferença. E isto é tão verdade que ninguém acredita, porque ninguém gosta de acreditar que pode ser simplesmente dispensado, esquecido. Não gostar convém a muitas pessoas. Não sou capaz de dar assim tanto de mim.
Mais dois: os blogues Memória Virtual e Respirar o Mesmo Ar fazem hoje um ano. Cutchi cutchi de parabéns!
segunda-feira, junho 28, 2004
Quebrar o silêncio: já ontem Marques Mendes manifestou o seu desagrado por tudo o que se está a passar e JPP não tem feito outra coisa se não falar. Aliás, foi o primeiro a fazê-lo. Penso que o que JPP tem dito (leia-se, escrito no seu blogue) é bastante claro, embora, de facto, não o seja. E precisa?
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer
- Antes de mais, parabéns com beijinhos para o Retórica e Persuasão pelo seu primeiro ano na blogosfera. A grande diferença do blogue do Américo de Sousa está no seu tom irrepreensível, o mais difícil de conseguir num blogue individual (num blogue colectivo é impossível). E depois, sim, admito-o, trata de assuntos que me interessam.
- No Azul Cobalto leio a seguinte frase: "se a lealdade salva, a sinceridade pode matar". Mais uma verdade (quase) absoluta.
- Este miúdo foi de férias, mas não sem antes avisar que o disco do Rodrigo Leão está hoje à venda. Iupi! E mais: parabéns pelo aniversário!
- O lado masculino deste blogue está farto da rapariga loura do anúncio das pastilhas tic-tac. Much ado about nothing no primeiro dia tem graça, mas a toda a hora cansa.
- E, finalmente, uma notícia de grande alegria: estas miúdas giras anunciam a chegada do "primeiro bebé blogosférico". Muitas felicidades para ambos. Snif... Ai, que bonito...
- Antes de mais, parabéns com beijinhos para o Retórica e Persuasão pelo seu primeiro ano na blogosfera. A grande diferença do blogue do Américo de Sousa está no seu tom irrepreensível, o mais difícil de conseguir num blogue individual (num blogue colectivo é impossível). E depois, sim, admito-o, trata de assuntos que me interessam.
- No Azul Cobalto leio a seguinte frase: "se a lealdade salva, a sinceridade pode matar". Mais uma verdade (quase) absoluta.
- Este miúdo foi de férias, mas não sem antes avisar que o disco do Rodrigo Leão está hoje à venda. Iupi! E mais: parabéns pelo aniversário!
- O lado masculino deste blogue está farto da rapariga loura do anúncio das pastilhas tic-tac. Much ado about nothing no primeiro dia tem graça, mas a toda a hora cansa.
- E, finalmente, uma notícia de grande alegria: estas miúdas giras anunciam a chegada do "primeiro bebé blogosférico". Muitas felicidades para ambos. Snif... Ai, que bonito...
domingo, junho 27, 2004
"Uma pessoa comodista nunca pode ser perversa, a não ser na imaginação"
Acabo de ver na 2: a escritora Agustina Bessa-Luís a ser entrevistada por um par de jarras, isto sem ofensa para as jarras que com certeza têm mais capacidade de compreensão do discurso e mais humor. Agustina Bessa-Luís é uma das poucas pessoas brilhantes deste País. Apesar das perguntas tolas e dos comentários no vazio, o brilhantismo da entrevistada fez com que não mudasse de canal. Porque entrevistados destes não aparecem todos os dias e pessoas destas neste mundo (talvez noutro se consiga) ainda menos.
Adenda: parte da entrevista está publicada aqui. Aconselho a leitura apenas das respostas.
Acabo de ver na 2: a escritora Agustina Bessa-Luís a ser entrevistada por um par de jarras, isto sem ofensa para as jarras que com certeza têm mais capacidade de compreensão do discurso e mais humor. Agustina Bessa-Luís é uma das poucas pessoas brilhantes deste País. Apesar das perguntas tolas e dos comentários no vazio, o brilhantismo da entrevistada fez com que não mudasse de canal. Porque entrevistados destes não aparecem todos os dias e pessoas destas neste mundo (talvez noutro se consiga) ainda menos.
Adenda: parte da entrevista está publicada aqui. Aconselho a leitura apenas das respostas.
"My back, my back, my bach"
Do blogue Malícia-de Mulher (agora com um novo look bandeira nacional que lhe fica a matar) recebi um bonito presente: James Joyce a ler uma parte de Finnegans Wake. Só uma coisa destas para me fazer sorrir. Obrigada!
Do blogue Malícia-de Mulher (agora com um novo look bandeira nacional que lhe fica a matar) recebi um bonito presente: James Joyce a ler uma parte de Finnegans Wake. Só uma coisa destas para me fazer sorrir. Obrigada!
Pesadelo
Acordo tarde de propósito, mas nem assim as coisas mudaram. Tenho este defeito terrível de dormir para ver se passa. Enterrar a cabeça na almofada e pensar que amanhã o problema já não existe. Mas eu, mera blogueadora, eleitora, cidadã portuguesa, posso fazê-lo. Gostaria de saber porque é que ninguém da classe política diz nada. É este estado expectante em que o País se encontra que provoca ansiedade e muita angústia. Surgem inúmeras perguntas: Durão Barroso vai ser o próximo Presidente da Comissão Europeia? Que vantagens traz essa nomeação para Portugal? Os interesses da Europa sobrepõem-se de facto aos interesses dos países? Se o candidato possível a Primeiro-Ministro fosse Manuela Ferreira Leite ou Marques Mendes estaríamos tão em pânico como naturalmente estamos com a possibilidade de virmos a ser governados por Santana Lopes? E se o problema é afinal a pessoa que ocupa o cargo de Chefe de Governo, que dá a cara, então não estaremos a entrar em contradição ao recusarmos a ideia de haver eleições antecipadas? E porque é que no meio desta confusão toda me sinto traída? Se calhar não devia, mas sinto, e a culpa é também da suspeita toda que se gerou em torno do caso. Quando as coisas são pouco claras e as pessoas não percebem o que se passa, há que esclarecer tudo o mais depressa possível. Isso até agora não se passou, por "impossibilidade da agenda europeia" (lá estamos nós nas mãos desta gente. Vai ser agora que descubro que não sou federalista). Mas como perceber e aceitar que não nos respondam já?
O tempo passa, ninguém fala, a não ser os jornalistas que especulam. Achei o programa Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, uma vergonha; uma espécie de disputa de porteiras de vassoura na mão ou de vizinhas à janela que contabilizam informações: "pois, mas não achas que quando Durão Barroso foi ter com o Presidente da República, não tinha já o nome do seu sucessor na mão?" O brilho dos olhos no meio da especulação, do que "pode vir por aí", é irresponsável, vaidoso, e desvia o espectador do que de facto interessa: afinal, o que é que se passa? A passagem de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia está a ser traumática. E devia?
Acordo tarde de propósito, mas nem assim as coisas mudaram. Tenho este defeito terrível de dormir para ver se passa. Enterrar a cabeça na almofada e pensar que amanhã o problema já não existe. Mas eu, mera blogueadora, eleitora, cidadã portuguesa, posso fazê-lo. Gostaria de saber porque é que ninguém da classe política diz nada. É este estado expectante em que o País se encontra que provoca ansiedade e muita angústia. Surgem inúmeras perguntas: Durão Barroso vai ser o próximo Presidente da Comissão Europeia? Que vantagens traz essa nomeação para Portugal? Os interesses da Europa sobrepõem-se de facto aos interesses dos países? Se o candidato possível a Primeiro-Ministro fosse Manuela Ferreira Leite ou Marques Mendes estaríamos tão em pânico como naturalmente estamos com a possibilidade de virmos a ser governados por Santana Lopes? E se o problema é afinal a pessoa que ocupa o cargo de Chefe de Governo, que dá a cara, então não estaremos a entrar em contradição ao recusarmos a ideia de haver eleições antecipadas? E porque é que no meio desta confusão toda me sinto traída? Se calhar não devia, mas sinto, e a culpa é também da suspeita toda que se gerou em torno do caso. Quando as coisas são pouco claras e as pessoas não percebem o que se passa, há que esclarecer tudo o mais depressa possível. Isso até agora não se passou, por "impossibilidade da agenda europeia" (lá estamos nós nas mãos desta gente. Vai ser agora que descubro que não sou federalista). Mas como perceber e aceitar que não nos respondam já?
O tempo passa, ninguém fala, a não ser os jornalistas que especulam. Achei o programa Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, uma vergonha; uma espécie de disputa de porteiras de vassoura na mão ou de vizinhas à janela que contabilizam informações: "pois, mas não achas que quando Durão Barroso foi ter com o Presidente da República, não tinha já o nome do seu sucessor na mão?" O brilho dos olhos no meio da especulação, do que "pode vir por aí", é irresponsável, vaidoso, e desvia o espectador do que de facto interessa: afinal, o que é que se passa? A passagem de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia está a ser traumática. E devia?
sábado, junho 26, 2004
Voltemos ao futebol
La partita di pallone
Rita Pavone
C.Rossi - E.Vianello
Perché perché
la domenica mi lasci sempre sola
per andare a vedere la partita
di pallone
perché perché
una volta non ci porti anche me.
Chissà, chissà
se davvero vai a vedere la tua squadra
o se invece tu mi lasci con la scusa
del pallone
chissà, chissà
se mi dici una bugia o la verità.
Ma un giorno ti seguirò
perché ho dei dubbi
che non mi fan dormir.
E se scoprir io potrò
che mi vuoi imbrogliar
da mamma ritornerò.
Perché perché
la domenica mi lasci sempre sola
per andare a vedere la partita
di pallone
perché, perché
una volta non ci porti anche me.
Una volta non ci porti anche me.
La partita di pallone
Rita Pavone
C.Rossi - E.Vianello
Perché perché
la domenica mi lasci sempre sola
per andare a vedere la partita
di pallone
perché perché
una volta non ci porti anche me.
Chissà, chissà
se davvero vai a vedere la tua squadra
o se invece tu mi lasci con la scusa
del pallone
chissà, chissà
se mi dici una bugia o la verità.
Ma un giorno ti seguirò
perché ho dei dubbi
che non mi fan dormir.
E se scoprir io potrò
che mi vuoi imbrogliar
da mamma ritornerò.
Perché perché
la domenica mi lasci sempre sola
per andare a vedere la partita
di pallone
perché, perché
una volta non ci porti anche me.
Una volta non ci porti anche me.
Pergunta do dia: no meio desta situação absolutamente deprimente em que nos encontramos, com a possibilidade de ficarmos sem Primeiro-Ministro e de 1) levarmos com Santana Lopes pela boca abaixo ou 2) arriscarmo-nos a levar outra vez com o PS, quais são afinal os poderes da Comissão Europeia, que, como se fosse uma espécie de headhunter, sonda um primeiro-ministro em funções e o alicia a retirar-se do lugar para o qual foi eleito?
sexta-feira, junho 25, 2004
Euro 2004: vou negar por uns instantes a notícia da possibilidade de termos Pedro Santana Lopes como Primeiro-Ministro (the horror!) para falar da vitória da Grécia, por 1 a 0 à França. Um jogo chatérrimo, um tédio absoluto a confirmar que, na maior parte dos casos, o futebol é uma seca do bacalhau. No meio do tédio lá apareceu o golo grego. Euxaristó Xaristéa! Vamos ficar com a entrada de divisas nas lonas. Olha, paciência. Resta-me lançar o apelo a que pelo menos um adepto grego decida ficar em Portugal e abra um restaurante. Saudades...
E mais parabéns! A Natureza do Mal cumpre também hoje um ano de blogosfera. Gandas beijinhos para vocês que do Mal, felizmente, percebem muito pouco.
quinta-feira, junho 24, 2004
Diz-me por que equipa torces hoje, dir-te-ei quem és: desde que li que a Posh vai para a piscina empinada nuns saltos agulha e passa os dias a beber sangria que fiquei a simpatizar ainda mais com a equipa inglesa. A minha capacidade de meter tudo no mesmo saco Prada é o que se vê. Mas calma! Portugal é o meu País, é a minha equipa, a minha bandeira, o meu estádio, a minha sardinha assada e palminhas, palminhas. Brits, go home!
quarta-feira, junho 23, 2004
Euro 2004: Ana! A França e a Grécia jogam na sexta-feira para que apite o nosso Anders Frisk. Allez Anders!
terça-feira, junho 22, 2004
Esclarecimento: a lista que está em baixo demorou horas a fazer. Sugeri muitas mulheres - Uma Thurman (sempre), Kim Bassinger (LA Confidential), Daryl Hannah (Blade Runner e Kill Bill), Kathleen Turner (Body Heat - obrigada, Luciano!), Angelina Jolie (whenever), Julia Roberts (wherever) - e todas foram chumbadas pelo meu Marido. Havia sempre alguma coisa errada. Da boa da Kathleen na banheira com o William Hurt respondeu que era "demasiado grandota". Olha, Pázinho, mostra-me o teu caixote do lixo!
Coisas importantes II
Picking up where Vieira left off, falemos então de mulheres fabulosas, mais concretamente de actrizes actuais e ainda vivas (porque nunca mais houve nenhuma Natalie Wood - para mim, a mulher mais bela que alguma vez existiu no ecrã) muito, muito belas. Para isso, pedi ajuda a um especialista em mulheres: o meu Marido. Apresento, então, a lista que elaborámos em conjunto.
- Maria Grazia Cucinotta, a Beatrice Russo do Il Postino: bonita e muito boa;
- Jada Pinkett Smith, a Niobe de The Matrix;
- a obviamente estrondosa Monica Bellucci;
- Linda Fiorentino: esta mulher tem o sexo estampado na cara;
- Catherine Zeta-Jones: fantástica no filme dos Coen, Intolerable Cruelty;
- e finalmente, a mulher que considerei a mais bonita do mundo durante muito tempo (e o meu Marido concorda): Gong Li.
Mais há mais: Michelle Pfeiffer (belíssima durante muitos anos); Sharon Stone (mais sexo na cara); Halle Berry, and so on, and so on... Mulheres belíssimas é o que não falta neste mundo. Graças a Deus!
Picking up where Vieira left off, falemos então de mulheres fabulosas, mais concretamente de actrizes actuais e ainda vivas (porque nunca mais houve nenhuma Natalie Wood - para mim, a mulher mais bela que alguma vez existiu no ecrã) muito, muito belas. Para isso, pedi ajuda a um especialista em mulheres: o meu Marido. Apresento, então, a lista que elaborámos em conjunto.
- Maria Grazia Cucinotta, a Beatrice Russo do Il Postino: bonita e muito boa;
- Jada Pinkett Smith, a Niobe de The Matrix;
- a obviamente estrondosa Monica Bellucci;
- Linda Fiorentino: esta mulher tem o sexo estampado na cara;
- Catherine Zeta-Jones: fantástica no filme dos Coen, Intolerable Cruelty;
- e finalmente, a mulher que considerei a mais bonita do mundo durante muito tempo (e o meu Marido concorda): Gong Li.
Mais há mais: Michelle Pfeiffer (belíssima durante muitos anos); Sharon Stone (mais sexo na cara); Halle Berry, and so on, and so on... Mulheres belíssimas é o que não falta neste mundo. Graças a Deus!
Eu sabia que isto estava escrito em qualquer lado (14)
"These chicks don't even know the name of my band / But they're all on me like they wanna hold hands", My Band, D12.
"These chicks don't even know the name of my band / But they're all on me like they wanna hold hands", My Band, D12.
segunda-feira, junho 21, 2004
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer
- Leio no Seta Despedida que o Opiniondesmaker faz hoje um ano. Como não consigo ver a data do primeiro post, acredito na Alexandra e mando daqui um ganda beijinho para o bendito menino!
- Também o Avatares de um Desejo e o Tempo Dual cumprem um ano de blogosfera hoje. Muitos parabéns!
- Esperámos 23 anos pelo verbo "aljubarrotar". Agora que o temos, graças ao Francisco, nunca mais o podemos largar. A manter!
- No meio de gelados de limão com sumos de maracujá e manga e chocolate, conversei com a Rititas e Mr. Pinheiro, vindos de borgas de sardinha e saladinha de pimentos, frescos e bem dispostos. Já conhecia o Mr. Pinheiro, companheiro pastilhador. Fiquei agora a conhecer a encantadora Rita. Bis em Agosto!
- O Alberto mostra-se como é e admite não gostar de iogurtes. A sério? Mas como é isso possível? Nem uns com pedaços de frutos silvestres fantásticos que têm o mesmo sabor há quase 30 anos? Estranho mesmo essas coisas da infância que ainda existem. Quanto a não gostar de Agustina Bessa-Luís, nem sei o que dizer! Shame on you!
- O Malícia-de-Mulher apresenta um site engraçadíssimo de gatos que olham para outros gatos. Ou que olham para qualquer coisa ou para nada.
- O Américo fala dos amigos num texto curto e bonito, sem precisar de muito para dizer as coisas certas.
- E finalmente a verdade revelada: o Senhor Carne é esquizóide. Olha, olha, tell me something new.
- Leio no Seta Despedida que o Opiniondesmaker faz hoje um ano. Como não consigo ver a data do primeiro post, acredito na Alexandra e mando daqui um ganda beijinho para o bendito menino!
- Também o Avatares de um Desejo e o Tempo Dual cumprem um ano de blogosfera hoje. Muitos parabéns!
- Esperámos 23 anos pelo verbo "aljubarrotar". Agora que o temos, graças ao Francisco, nunca mais o podemos largar. A manter!
- No meio de gelados de limão com sumos de maracujá e manga e chocolate, conversei com a Rititas e Mr. Pinheiro, vindos de borgas de sardinha e saladinha de pimentos, frescos e bem dispostos. Já conhecia o Mr. Pinheiro, companheiro pastilhador. Fiquei agora a conhecer a encantadora Rita. Bis em Agosto!
- O Alberto mostra-se como é e admite não gostar de iogurtes. A sério? Mas como é isso possível? Nem uns com pedaços de frutos silvestres fantásticos que têm o mesmo sabor há quase 30 anos? Estranho mesmo essas coisas da infância que ainda existem. Quanto a não gostar de Agustina Bessa-Luís, nem sei o que dizer! Shame on you!
- O Malícia-de-Mulher apresenta um site engraçadíssimo de gatos que olham para outros gatos. Ou que olham para qualquer coisa ou para nada.
- O Américo fala dos amigos num texto curto e bonito, sem precisar de muito para dizer as coisas certas.
- E finalmente a verdade revelada: o Senhor Carne é esquizóide. Olha, olha, tell me something new.
Coisas importantes
Primeiro era Marlon Brando em On the Waterfront. Homem mais interessante no ecrã não houve durante muito, muito, muito tempo. Marlon Brando era de tal maneira intenso na sua exibição de testosterona que nenhuma mulher podia ficar indiferente a tanta heterossexualidade. Quando vi Benicio del Toro, em Traffic, pensei que o carisma tinha finalmente voltado ao ecrã, embora eu tivesse uma paixoneta secreta pelo abrutalhado Harvey Keitel (iniciada no filme Bad Lieutenant, de Abel Ferrara). Brad Pitt (maravilhoso em Meet Joe Black) e George Clooney (na série ER) estão no mesmo degrau que Marlon Brando: no de cima. Ontem, apareceu mais um desses homens: o árbitro Andres Frisk. Não há nenhum jogador que lhe chegue às meias bem puxadas. E um pormenor que me parece engraçado: ontem, o jornalista da TVI dizia que o Presidente da UEFA tinha criticado a actuação de Frisk, classificando-a de "demasiado exuberante". José Mourinho, muito bem, elogiou Frisk e considerou-o um dos melhores árbitros do Campeonato. As gajas giras apoiam sempre as gajas mais giras.
Primeiro era Marlon Brando em On the Waterfront. Homem mais interessante no ecrã não houve durante muito, muito, muito tempo. Marlon Brando era de tal maneira intenso na sua exibição de testosterona que nenhuma mulher podia ficar indiferente a tanta heterossexualidade. Quando vi Benicio del Toro, em Traffic, pensei que o carisma tinha finalmente voltado ao ecrã, embora eu tivesse uma paixoneta secreta pelo abrutalhado Harvey Keitel (iniciada no filme Bad Lieutenant, de Abel Ferrara). Brad Pitt (maravilhoso em Meet Joe Black) e George Clooney (na série ER) estão no mesmo degrau que Marlon Brando: no de cima. Ontem, apareceu mais um desses homens: o árbitro Andres Frisk. Não há nenhum jogador que lhe chegue às meias bem puxadas. E um pormenor que me parece engraçado: ontem, o jornalista da TVI dizia que o Presidente da UEFA tinha criticado a actuação de Frisk, classificando-a de "demasiado exuberante". José Mourinho, muito bem, elogiou Frisk e considerou-o um dos melhores árbitros do Campeonato. As gajas giras apoiam sempre as gajas mais giras.
"There's a certain satisfaction and a little bit of pain*"
Até à data, assisti a três jogos completos do Campeonato Europeu. A saber: Portugal-Grécia (porque foi o primeiro e a curiosidade era muita); Inglaterra-França (porque as hipóteses de ser um jogo excelente eram muitas); e ontem, o nosso Portugal-Espanha. Mas vejo quase sempre os primeiros minutos dos jogos. Passados dois a cinco minutos, vou-me embora, porque o futebol aborrece-me. Ontem, passaram cinco minutos e sentei-me. Aquela equipa não foi a mesma que jogou contra a Grécia, pois não? E muito menos a coisa mole, com pouca força nas canetas que jogou contra a Rússia (deste jogo vi os primeiros 2,5 minutos)? Ontem, aquilo parecia uma equipa... e uma equipa que corria! Fiquei maravilhada e sofri até ao último minuto. Claro que a contribuição do árbitro Andres Frisk (conhecido cá em casa pelo "Engatas") ajudou a que ali ficasse sentadita no sofá, mas disso falarei noutro post. A satisfação real foi dada pelos comentários do José Mourinho (sim, porque eu sou uma intelectual) e disso o maradona já disse o essencial. Finalmente alguém de jeito a comentar um jogo de futebol! Quero dizer... acho, porque futebol é coisa que não vejo. Seja como for, bravo TVI! E é uma satisfação ganhar à Espanha. É sempre uma satisfação ganhar à Espanha, seja lá no que for. É mais forte que nós, pronto. A única coisa que me custa é agora termos de continuar a ouvir os disparates de miúdo mimado do Figo nas conferências de imprensa ("ai se não sei de cinema, não falo de cinema, nha nha nha") - o Eduardo explora bem essa questão teórica -, temos de continuar a levar com os issues de Figo. Olha, paciência. As divisas também não vão entrar no País. Olha, paciência. Vale a pena e o som da televisão pode nessa altura ser posto no mínimo. Quanto ao dinheiro, não podemos perder o que nunca tivemos.
* Erotica, Madonna.
Até à data, assisti a três jogos completos do Campeonato Europeu. A saber: Portugal-Grécia (porque foi o primeiro e a curiosidade era muita); Inglaterra-França (porque as hipóteses de ser um jogo excelente eram muitas); e ontem, o nosso Portugal-Espanha. Mas vejo quase sempre os primeiros minutos dos jogos. Passados dois a cinco minutos, vou-me embora, porque o futebol aborrece-me. Ontem, passaram cinco minutos e sentei-me. Aquela equipa não foi a mesma que jogou contra a Grécia, pois não? E muito menos a coisa mole, com pouca força nas canetas que jogou contra a Rússia (deste jogo vi os primeiros 2,5 minutos)? Ontem, aquilo parecia uma equipa... e uma equipa que corria! Fiquei maravilhada e sofri até ao último minuto. Claro que a contribuição do árbitro Andres Frisk (conhecido cá em casa pelo "Engatas") ajudou a que ali ficasse sentadita no sofá, mas disso falarei noutro post. A satisfação real foi dada pelos comentários do José Mourinho (sim, porque eu sou uma intelectual) e disso o maradona já disse o essencial. Finalmente alguém de jeito a comentar um jogo de futebol! Quero dizer... acho, porque futebol é coisa que não vejo. Seja como for, bravo TVI! E é uma satisfação ganhar à Espanha. É sempre uma satisfação ganhar à Espanha, seja lá no que for. É mais forte que nós, pronto. A única coisa que me custa é agora termos de continuar a ouvir os disparates de miúdo mimado do Figo nas conferências de imprensa ("ai se não sei de cinema, não falo de cinema, nha nha nha") - o Eduardo explora bem essa questão teórica -, temos de continuar a levar com os issues de Figo. Olha, paciência. As divisas também não vão entrar no País. Olha, paciência. Vale a pena e o som da televisão pode nessa altura ser posto no mínimo. Quanto ao dinheiro, não podemos perder o que nunca tivemos.
* Erotica, Madonna.
domingo, junho 20, 2004
Como a mania da perfeição, característica dos virginianos, é afinal culpa dos neurotransmissores
obsessive compulsive
Which Personality Disorder Do You Have?
obsessive compulsive
Which Personality Disorder Do You Have?
sábado, junho 19, 2004
Esther aka Madonna: o Luís oferece-nos uma exposição de fotografias da superdiva, de uma das épocas que mais me agradou: o livro Sex, o vídeo Erotica e depois The Girlie Show. Nas três últimas fotos quase ouço cantar "why is it so hard to love one another, why is it to hard to... love". Muito bom, sobretudo quando cantado numa altura em que mais Cabra não podia ser.
Correcção: enganei-me. Madonna está nas naquelas fotos a cantar "In this life I loved you most of all / What for? / 'Cause now you're gone and I have to ask myself / What for?" dedicada aos amigos que morreram de sida. "Why's it so hard?" é cantada antes.
Correcção: enganei-me. Madonna está nas naquelas fotos a cantar "In this life I loved you most of all / What for? / 'Cause now you're gone and I have to ask myself / What for?" dedicada aos amigos que morreram de sida. "Why's it so hard?" é cantada antes.
sexta-feira, junho 18, 2004
Extra! Extra! Madonna muda de nome para... Rute Maria. Não! Kátia Cristina! Não! Charlotte Quevedo! Rats! Para Esther. Acho bem. Por mim, até pode voltar à infância, que gosto sempre dela. E sempre é melhor Esther do que Artist Formerly Known As Madonna. (Via A Montanha Mágica.)
Diz-me por que equipas torces hoje, dir-te-ei quem és: Portugal... o quê? Não joga hoje? Mas devia! Bom, então pode ser Bulgária e Jamaica... Mas o que foi? Também há camisolas da Jamaica por aí a circular nas feiras, pois há. Então, Dinamarca. E querida Sofia: és Carneiro com ascendente e Vénus em Escorpião, a Samantha do Sex and the City e, muito provavelmente, Alexandre, o Grande.
Bravo! É publicado hoje com o jornal O Independente um livro de uma qualidade e de um cuidado a que, infelizmente, não estamos habituados em Portugal. Trata-se da colecção de crónicas de João Pereira Coutinho, Vida Independente 1998-2003. Já tenho.
quinta-feira, junho 17, 2004
Bom dia?
Bom, nada. Está um calor que não se aguenta. Talvez se ficar absolutamente imóvel durante o dia inteiro consiga sobreviver. O Comprometido Espectador, que completou um ano de blogosfera ontem, anuncia que o blogue acaba. Tá mal! Mas prevê-se uma solução com o assédio do Abramovich da blogosfera. Nem tudo está perdido.
E por falar em iates, também no Mar Salgado leio que o FNV deixará de escrever no blogue. Tenho pena porque o Mar Salgado é dos poucos blogues colectivos, cujos textos de todos os colaboradores sigo com atenção. Tá mal, outra vez. Bom dia, my foot.
Bom, nada. Está um calor que não se aguenta. Talvez se ficar absolutamente imóvel durante o dia inteiro consiga sobreviver. O Comprometido Espectador, que completou um ano de blogosfera ontem, anuncia que o blogue acaba. Tá mal! Mas prevê-se uma solução com o assédio do Abramovich da blogosfera. Nem tudo está perdido.
E por falar em iates, também no Mar Salgado leio que o FNV deixará de escrever no blogue. Tenho pena porque o Mar Salgado é dos poucos blogues colectivos, cujos textos de todos os colaboradores sigo com atenção. Tá mal, outra vez. Bom dia, my foot.
quarta-feira, junho 16, 2004
Porque não há Joyce a mais
- O Quartzo, Feldspato & Mica generosamente publica uma carta quase inédita de James Joyce.
- O maradona recomenda a leitura do Arts & Daily Letters de hoje, sugestão que sigo com alegria.
- A Sofia fala de beijos que levam a que se leiam livros como o Ulysses em dois textos muito bonitos.
- E, last but not at all least, o Aviz comemora hoje o seu primeiro aniversário. Citando Joyce: "Yes".
- O Quartzo, Feldspato & Mica generosamente publica uma carta quase inédita de James Joyce.
- O maradona recomenda a leitura do Arts & Daily Letters de hoje, sugestão que sigo com alegria.
- A Sofia fala de beijos que levam a que se leiam livros como o Ulysses em dois textos muito bonitos.
- E, last but not at all least, o Aviz comemora hoje o seu primeiro aniversário. Citando Joyce: "Yes".
Primeiros parágrafos
Outra coisa que tenho observado é uma espécie de obsessão por primeiros parágrafos. Provavelmente porque a leitura, quando é vazia, se fica por aí. Bom, mas não quero deixar de me associar ao Movimento dos Primeiros Paragrafosos e transcrever na íntegra o melhor primeiro parágrafo do século XX. Porque já sabem o que significa fazer a coisa por menos.
"Stately, plump Buck Mulligan came from the stairhead, bearing a bowl of lather on which a mirror and a razor lay crossed. A yellow dressing-gown, ungirled, was sustained gently behind him by the mild mornig air. He held the bowl aloft and intoned: - Introibo ad altare Dei."
James Joyce, Ulysses.
Outra coisa que tenho observado é uma espécie de obsessão por primeiros parágrafos. Provavelmente porque a leitura, quando é vazia, se fica por aí. Bom, mas não quero deixar de me associar ao Movimento dos Primeiros Paragrafosos e transcrever na íntegra o melhor primeiro parágrafo do século XX. Porque já sabem o que significa fazer a coisa por menos.
"Stately, plump Buck Mulligan came from the stairhead, bearing a bowl of lather on which a mirror and a razor lay crossed. A yellow dressing-gown, ungirled, was sustained gently behind him by the mild mornig air. He held the bowl aloft and intoned: - Introibo ad altare Dei."
James Joyce, Ulysses.
Citar é humano, mas nem por isso nos torna melhores pessoas
É verdade: sou rapariga desconfiada de quem muito cita, e sobretudo de quem muita porcaria cita, descontextualizada, e ainda por cima sem razão aparente. Há, a meu ver, neste caso dois problemas : quem cita e o que cita. Bom, o "quem" é definido ao longo do tempo por esse "o quê". Custa-me a crer que não se perceba que ao citarmos estamos a mostrar um bocadinho do que somos. Não chega, evidentemente. E temos de ter cuidado com as mentiras óbvias, com os casos de fraude. E para isso servem o contexto, as ideias, a coerência, até a originalidade mesmo na citação. E o tempo. Ao longo do tempo vamos percebendo o valor das pessoas. Parece-me normal que assim seja. Citar autores medíocres, acreditar que aquilo é bom, que de certa forma aquele excerto ou aquela frase substituem aquilo que se pensa, mas que não se tem coragem, destreza, talento para escrever, só revela a mediocridade de quem escolhe. É por isso que não me interessa: nem a citação, nem quem o cita. E não me venham com as tretas de "o que é bom para mim, pode não ser bom para ti". Não. O que é brilhante é consensual.
É verdade: sou rapariga desconfiada de quem muito cita, e sobretudo de quem muita porcaria cita, descontextualizada, e ainda por cima sem razão aparente. Há, a meu ver, neste caso dois problemas : quem cita e o que cita. Bom, o "quem" é definido ao longo do tempo por esse "o quê". Custa-me a crer que não se perceba que ao citarmos estamos a mostrar um bocadinho do que somos. Não chega, evidentemente. E temos de ter cuidado com as mentiras óbvias, com os casos de fraude. E para isso servem o contexto, as ideias, a coerência, até a originalidade mesmo na citação. E o tempo. Ao longo do tempo vamos percebendo o valor das pessoas. Parece-me normal que assim seja. Citar autores medíocres, acreditar que aquilo é bom, que de certa forma aquele excerto ou aquela frase substituem aquilo que se pensa, mas que não se tem coragem, destreza, talento para escrever, só revela a mediocridade de quem escolhe. É por isso que não me interessa: nem a citação, nem quem o cita. E não me venham com as tretas de "o que é bom para mim, pode não ser bom para ti". Não. O que é brilhante é consensual.
Joyce por Attridge, Bloom e Nabokov
Ler o Ulysses de James Joyce será tarefa hercúlea, vedada ao comum dos mortais? A verdade é que mesmo que o não seja, a publicidade feita à leitura desta obra não é das mais aliciantes. Basta que olhemos para o programa de Literatura Inglesa para constatarmos a ausência de uma das obras essenciais da literatura mundial. E por quê? Por ser "demasiado difícil", "hermética", "sobrelotada de neologismos" e mesmo "ininteligível". Atribuir culpas ao sistema académico ou à falta de interesse da maior parte dos alunos parece-me dispensável; confesso apenas que gostaria de ter lido o Ulysses mais cedo (li-o quando tinha 30 anos). Mas esse lamento faz parte de uma ansiedade característica de quem acredita que o tempo nunca é suficiente para as coisas importantes.
"I was taught not to like Joyce", afirma Derek Attridge, na introdução à obra Joyce Effects. Na década de 50, este incitamento à condenação do autor devia-se sobretudo a questões de ordem moralizadora, uma vez que Attridge foi educado segundo os valores vitorianos, numa colónia sul-africana. Segundo refere Attridge, D. H. Lawrence era um dos inimigos mais ferozes de Joyce, ao mesmo tempo que se destacava como um dos mais influentes autores do século XX. A opinião de Lawrence teve, sem dúvida, influência sobre a maneira como se estudava Joyce, publicando frases mortíferas como a seguinte: "James Joyce bores me stiff, too terribly would-be and done-on-purpose, utterly without spontaneity of real life." (Joyce Effects, 2)
Mas as coisas mudaram. A proliferação de ensaios sobre a obra de Joyce chega a dificultar a pesquisa, sendo o investigador obrigado a "separar o trigo do joio" e sobretudo a delimitar o corpus da sua busca. A maioria dos textos sobre Joyce e a sua produção literária - e agora voltando a Ulysses - tentam decifrar o texto, por vezes quase dando a sensação de que resolvem os nossos problemas de leitura, revelando-nos as soluções dos múltiplos enigmas propostos por Joyce. Decifrar os puzzles, os neologismos e reconhecer as imensas referências do texto ao universo da literatura é importante para a compreensão do texto, mas de certa forma impede-nos de usufruir da sua beleza e grandiosidade. Derek Attridge comenta precisamente esta questão, referindo-se à sua experiência de leitura e ensino da obra de Joyce: "What I had valued most up to now was explication: the meticulous, ingenious and sometimes inspired deciphering of parallels, allusions, deformations, and parodies. What I found now were ways of thinking of Joyce's texts not as extremely complicated puzzles with no final answers (for I had always found myself resisting conclusions) but as stagings of some of the most fascinating and important properties of language, culture, and the psyche." (Joyce Effects, 6) Attridge é profundamente bartheano no que escreve, senão veja-se o que afirma Roland Barthes em O Prazer do Texto: "Texto de fruição: aquele que coloca em situação de perda, aquele que desconforta (talvez até chegar a um certo aborrecimento), faz vacilar as bases históricas, psicológicas, do leitor, a consistência dos seus gostos, dos seus valores e das suas recordações, faz entrar em crise a sua relação com a linguagem." (57) De Attridge a Barthes e de Barthes a Joyce - associações naturalmente contestáveis.
O prazer na leitura de Ulysses também passa pela descodificação das associações joyceanas porque faz parte de um processo de dar "mais sentido" ao texto, ou seja, faz parte do processo da interpretação. Mas não se concentra no que poderá ser uma dissecação interruptora da fruição literária. Além do mais, essa decifração poderá iludir o leitor quanto à existência de uma solução possível do texto, uma ideia redutora e errada. Derek Attridge afirma o seguinte: "Any critical text which claims to tell you (at last) what a work of Joyce's is 'about', or what its structure, or its moral position, or its symbolic force, 'is', has to be mistrusted, therefore; not because it will not be useful to you in a reading of the work in question, adding to your pleasure as you move toward that impossible goal of total understanding, but because it is making a claim that, taken literally, would exclude all other ways of reading the work, now and the unpredictable future." (The Companion to James Joyce, 3) Se decifrar é interpretar, a leitura de Ulysses (ou de qualquer outra obra) de forma unívoca é necessariamente quimérica e errada.
A teoria da multi-interpretabilidade dos textos defendida por Umberto Eco na Obra Aberta ou por Paul Ricouer em Teoria da Interpretação leva-nos a duas questões fundamentais para Harold Bloom e Vladimir Nabokov: a razão por que lemos e a distinção entre bom e mau leitor. Julgo que estes são temas essenciais para a abordagem de uma obra tão hermética e por isso mesmo "aberta" como o Ulysses de Joyce.
Porque é que lemos? Uma resposta irreflectida e comum seria: para sabermos mais sobre o mundo ou a vida. E que garantia temos que ao lermos a Ilíada saberemos mais sobre a Guerra de Tróia? Quais são afinal as nossas expectativas? Será que as temos conscientemente? Por todas estas perguntas, posso deduzir que a resposta inicial não só é errada como perigosa. Errada porque não há garantias de nada que seja independente de nós e perigosa porque, ao abordarmos a leitura com essas certezas, fazendo todos os possíveis por encaixarmos o que lemos na resposta que demos, sofreremos uma desilusão deslocada - a leitura ficará reduzida a uma leitura. Nabokov pergunta indignado sobre esta questão: "Can we expect to glean information about places and times from a novel?" E dando o exemplo de Bleak House de Dickens, confirma: "And Bleak House, that fantastic romance within a fantastic London, can we call it a study of London a hundred years ago? Certainly not." (Lectures, 1-2)
Para Nabokov, "great novels are great fairy tales." (Lectures, 2) A imaginação com que os romances são escritos deve suscitar a imaginação de quem os lê, embora essa característica importante não seja suficiente para a compreensão das obras. Assim, da leitura como acto de "recolha" de informação passamos à leitura como exercício criativo. A ideia parece-me mais interessante e próxima do que realmente se passa em literatura. Com a leitura de Ulysses não sabemos mais sobre a Dublin do início do século XX, mas imaginamos o estranho Leopold Bloom todo vestido de preto a comprar Sweets of Sin para Molly ou a caminho do funeral de Paddy Dignam. Mas a imaginação não é apenas visual; quanto menos descritivo e "compreensível" for o texto, mais interpretações poderemos ter sobre o mesmo (esta "fórmula" aplica-se na perfeição no caso de Ulysses). A imaginação é fundamental porque, para Nabokov, a literatura é invenção, engano e ilusão. Como tal, nunca deveremos querer "identificar" a realidade na mesma: "We should always remember that the work of art is invariably the creation of a new world, so that the first thing we should do is to study that new world as closely as possible, approaching it as something brand new, having no obvious connections with the worlds we already know. When this new world has been closely studied, then and only then let us examine its links with other worlds, other branches of knowledge." (Lectures, 1) Segundo Nabokov, a literatura é uma coisa e a realidade é outra.
Harold Bloom, em How to Read and Why, apresenta-nos uma teoria contrária à de Nabokov e propõe-nos a seguinte receita: "(...) find what comes near to you that can be put to the use of weighing and considering, and that addresses you as though you share the one nature, free of time?s tyranny." (22) Ou seja, primeiro devemos perceber a nossa proximidade com o texto, pois só poderemos compreendê-lo na medida em que se relaciona com o que somos. Mas Bloom acrescenta: "Ultimately we read - as Bacon, Johnson and Emerson agree - in order to strengthen the self and to learn its authentic interests." (22) Segundo Bloom, lemos para nos aproximarmos da verdade, porque acreditamos que a literatura nos pode mostrar algo que não vemos ou não conseguimos dizer; que nos pode revelar uma verdade sobre nós que de outra forma não conheceríamos. Esta teoria de "auto-melhoramento através da leitura" parece-me também oferecer poucas garantias. Quem me garante que por ler as obras completas de Platão me tornarei mais justa e melhor? E a pergunta desta vez é: lemos para sermos melhores? Bloom na seguinte frase responde que sim: "Self-trust is not an endowment, but is the Second Birth of the mind, which cannot come without years of deep reading." (25) O conhecimento leva ao melhoramento e esse conhecimento só poderá ser obtido através de inúmeras leituras e releituras. E acrescenta: "We read Shakespeare, Dante, Chaucer, Cervantes, Dickens, Proust and all their peers because they more than enlarge life." (28)
Mas será mesmo esta a razão por que lemos? Talvez a pergunta seja à partida errada uma vez que pede uma única resposta. Bloom, ainda sobre o tema, responde-a: "We read deeply for varied reasons, most of them familiar: that we cannot know enough people profoundly enough; that we need to know ourselves better; that we require knowledge; not just of self and others, but of the ways things are. Yet the strongest, most authentic motive for deep reading of the now much abused traditional Canon is the search for a difficult pleasure. (...) a pleasure difficulty seems to me a plausible definition of the Sublime, but a higher pleasure remains the reader's quest." (28-9) Nesta longa citação encontro algumas soluções interessantes: lemos por necessidade, conhecimento dos outros e da realidade e sobretudo por prazer. Julgo que este "prazer difícil" de que fala Bloom está relacionado com uma espécie de revelação que a leitura nos provoca. O prazer da leitura consiste precisamente em compreender o texto. O momento em que todas as razões para ler se conjugam - necessidade, reconhecimento, criação - é um momento revelador (quase uma epifania) em que compreendemos realmente as coisas e julgamos estar perto da verdade. Esse momento é um momento de prazer e é nessa demanda que o bom leitor encontra a sua recompensa.
Nabokov define um bom leitor desta maneira: "(...) the good reader is one who has imagination, memory, a good dictionary, and some artistic sense." (Lectures, 3) Nabokov difere muito de Bloom neste aspecto mas aproximam-se quanto à questão da releitura - Bloom chama deep reading ao rereading nabokoviano. Mas a definição é dada por Nabokov: "Curiously enough, one cannot read a book: one can only reread it. A good reader, a major reader, an active and creative reader is a rereader." (Lectures, 3) A importância da releitura é a mesma para ambos, embora Nabokov tenha uma visão mais pragmática do que Bloom - reler é ler de facto porque não podemos reconhecer os pormenores numa primeira leitura. Bloom e Nabokov partilham de um amor (borgesiano) pela literatura e julgo que é neste amor que reside a distinção entre bom e mau leitor.
Finalmente, Nabokov descreve-nos o grande escritor: "(...) a great writer is always a great enchanter, and it is here that we come to the really exciting part when we try to grasp the individual magic of his genius and to study the style, the imagery, the pattern of his novels or poems." (Lectures, 5-6) Nabokov venerava Joyce e esta descrição de grande escritor como alguém que nos encanta define bem o génio irlandês. Tanto Nabokov com a sua visão técnica (e autoritária) da leitura, como Bloom com a certeza da inutilidade da literatura, estão certos no que dizem e tanto num caso como no outro (mais no caso de Bloom), reconhecemos Jorge Luis Borges.
O conhecimento pode ser adquirido de muitas maneiras: por inteligência, leitura ou entusiasmo. Este último factor de acesso ao conhecimento parece-me fundamental na leitura. Entusiasmo tem significado etimológico de "termos deus dentro de nós" ou estarmos "endeusados". Quando li Ulysses senti esse entusiasmo e essa inspiração que me ajudaram a compreender o texto e a sentir prazer nessa leitura.
Bibliografia: 1, 2, 3 e, claro, 4.
Ler o Ulysses de James Joyce será tarefa hercúlea, vedada ao comum dos mortais? A verdade é que mesmo que o não seja, a publicidade feita à leitura desta obra não é das mais aliciantes. Basta que olhemos para o programa de Literatura Inglesa para constatarmos a ausência de uma das obras essenciais da literatura mundial. E por quê? Por ser "demasiado difícil", "hermética", "sobrelotada de neologismos" e mesmo "ininteligível". Atribuir culpas ao sistema académico ou à falta de interesse da maior parte dos alunos parece-me dispensável; confesso apenas que gostaria de ter lido o Ulysses mais cedo (li-o quando tinha 30 anos). Mas esse lamento faz parte de uma ansiedade característica de quem acredita que o tempo nunca é suficiente para as coisas importantes.
"I was taught not to like Joyce", afirma Derek Attridge, na introdução à obra Joyce Effects. Na década de 50, este incitamento à condenação do autor devia-se sobretudo a questões de ordem moralizadora, uma vez que Attridge foi educado segundo os valores vitorianos, numa colónia sul-africana. Segundo refere Attridge, D. H. Lawrence era um dos inimigos mais ferozes de Joyce, ao mesmo tempo que se destacava como um dos mais influentes autores do século XX. A opinião de Lawrence teve, sem dúvida, influência sobre a maneira como se estudava Joyce, publicando frases mortíferas como a seguinte: "James Joyce bores me stiff, too terribly would-be and done-on-purpose, utterly without spontaneity of real life." (Joyce Effects, 2)
Mas as coisas mudaram. A proliferação de ensaios sobre a obra de Joyce chega a dificultar a pesquisa, sendo o investigador obrigado a "separar o trigo do joio" e sobretudo a delimitar o corpus da sua busca. A maioria dos textos sobre Joyce e a sua produção literária - e agora voltando a Ulysses - tentam decifrar o texto, por vezes quase dando a sensação de que resolvem os nossos problemas de leitura, revelando-nos as soluções dos múltiplos enigmas propostos por Joyce. Decifrar os puzzles, os neologismos e reconhecer as imensas referências do texto ao universo da literatura é importante para a compreensão do texto, mas de certa forma impede-nos de usufruir da sua beleza e grandiosidade. Derek Attridge comenta precisamente esta questão, referindo-se à sua experiência de leitura e ensino da obra de Joyce: "What I had valued most up to now was explication: the meticulous, ingenious and sometimes inspired deciphering of parallels, allusions, deformations, and parodies. What I found now were ways of thinking of Joyce's texts not as extremely complicated puzzles with no final answers (for I had always found myself resisting conclusions) but as stagings of some of the most fascinating and important properties of language, culture, and the psyche." (Joyce Effects, 6) Attridge é profundamente bartheano no que escreve, senão veja-se o que afirma Roland Barthes em O Prazer do Texto: "Texto de fruição: aquele que coloca em situação de perda, aquele que desconforta (talvez até chegar a um certo aborrecimento), faz vacilar as bases históricas, psicológicas, do leitor, a consistência dos seus gostos, dos seus valores e das suas recordações, faz entrar em crise a sua relação com a linguagem." (57) De Attridge a Barthes e de Barthes a Joyce - associações naturalmente contestáveis.
O prazer na leitura de Ulysses também passa pela descodificação das associações joyceanas porque faz parte de um processo de dar "mais sentido" ao texto, ou seja, faz parte do processo da interpretação. Mas não se concentra no que poderá ser uma dissecação interruptora da fruição literária. Além do mais, essa decifração poderá iludir o leitor quanto à existência de uma solução possível do texto, uma ideia redutora e errada. Derek Attridge afirma o seguinte: "Any critical text which claims to tell you (at last) what a work of Joyce's is 'about', or what its structure, or its moral position, or its symbolic force, 'is', has to be mistrusted, therefore; not because it will not be useful to you in a reading of the work in question, adding to your pleasure as you move toward that impossible goal of total understanding, but because it is making a claim that, taken literally, would exclude all other ways of reading the work, now and the unpredictable future." (The Companion to James Joyce, 3) Se decifrar é interpretar, a leitura de Ulysses (ou de qualquer outra obra) de forma unívoca é necessariamente quimérica e errada.
A teoria da multi-interpretabilidade dos textos defendida por Umberto Eco na Obra Aberta ou por Paul Ricouer em Teoria da Interpretação leva-nos a duas questões fundamentais para Harold Bloom e Vladimir Nabokov: a razão por que lemos e a distinção entre bom e mau leitor. Julgo que estes são temas essenciais para a abordagem de uma obra tão hermética e por isso mesmo "aberta" como o Ulysses de Joyce.
Porque é que lemos? Uma resposta irreflectida e comum seria: para sabermos mais sobre o mundo ou a vida. E que garantia temos que ao lermos a Ilíada saberemos mais sobre a Guerra de Tróia? Quais são afinal as nossas expectativas? Será que as temos conscientemente? Por todas estas perguntas, posso deduzir que a resposta inicial não só é errada como perigosa. Errada porque não há garantias de nada que seja independente de nós e perigosa porque, ao abordarmos a leitura com essas certezas, fazendo todos os possíveis por encaixarmos o que lemos na resposta que demos, sofreremos uma desilusão deslocada - a leitura ficará reduzida a uma leitura. Nabokov pergunta indignado sobre esta questão: "Can we expect to glean information about places and times from a novel?" E dando o exemplo de Bleak House de Dickens, confirma: "And Bleak House, that fantastic romance within a fantastic London, can we call it a study of London a hundred years ago? Certainly not." (Lectures, 1-2)
Para Nabokov, "great novels are great fairy tales." (Lectures, 2) A imaginação com que os romances são escritos deve suscitar a imaginação de quem os lê, embora essa característica importante não seja suficiente para a compreensão das obras. Assim, da leitura como acto de "recolha" de informação passamos à leitura como exercício criativo. A ideia parece-me mais interessante e próxima do que realmente se passa em literatura. Com a leitura de Ulysses não sabemos mais sobre a Dublin do início do século XX, mas imaginamos o estranho Leopold Bloom todo vestido de preto a comprar Sweets of Sin para Molly ou a caminho do funeral de Paddy Dignam. Mas a imaginação não é apenas visual; quanto menos descritivo e "compreensível" for o texto, mais interpretações poderemos ter sobre o mesmo (esta "fórmula" aplica-se na perfeição no caso de Ulysses). A imaginação é fundamental porque, para Nabokov, a literatura é invenção, engano e ilusão. Como tal, nunca deveremos querer "identificar" a realidade na mesma: "We should always remember that the work of art is invariably the creation of a new world, so that the first thing we should do is to study that new world as closely as possible, approaching it as something brand new, having no obvious connections with the worlds we already know. When this new world has been closely studied, then and only then let us examine its links with other worlds, other branches of knowledge." (Lectures, 1) Segundo Nabokov, a literatura é uma coisa e a realidade é outra.
Harold Bloom, em How to Read and Why, apresenta-nos uma teoria contrária à de Nabokov e propõe-nos a seguinte receita: "(...) find what comes near to you that can be put to the use of weighing and considering, and that addresses you as though you share the one nature, free of time?s tyranny." (22) Ou seja, primeiro devemos perceber a nossa proximidade com o texto, pois só poderemos compreendê-lo na medida em que se relaciona com o que somos. Mas Bloom acrescenta: "Ultimately we read - as Bacon, Johnson and Emerson agree - in order to strengthen the self and to learn its authentic interests." (22) Segundo Bloom, lemos para nos aproximarmos da verdade, porque acreditamos que a literatura nos pode mostrar algo que não vemos ou não conseguimos dizer; que nos pode revelar uma verdade sobre nós que de outra forma não conheceríamos. Esta teoria de "auto-melhoramento através da leitura" parece-me também oferecer poucas garantias. Quem me garante que por ler as obras completas de Platão me tornarei mais justa e melhor? E a pergunta desta vez é: lemos para sermos melhores? Bloom na seguinte frase responde que sim: "Self-trust is not an endowment, but is the Second Birth of the mind, which cannot come without years of deep reading." (25) O conhecimento leva ao melhoramento e esse conhecimento só poderá ser obtido através de inúmeras leituras e releituras. E acrescenta: "We read Shakespeare, Dante, Chaucer, Cervantes, Dickens, Proust and all their peers because they more than enlarge life." (28)
Mas será mesmo esta a razão por que lemos? Talvez a pergunta seja à partida errada uma vez que pede uma única resposta. Bloom, ainda sobre o tema, responde-a: "We read deeply for varied reasons, most of them familiar: that we cannot know enough people profoundly enough; that we need to know ourselves better; that we require knowledge; not just of self and others, but of the ways things are. Yet the strongest, most authentic motive for deep reading of the now much abused traditional Canon is the search for a difficult pleasure. (...) a pleasure difficulty seems to me a plausible definition of the Sublime, but a higher pleasure remains the reader's quest." (28-9) Nesta longa citação encontro algumas soluções interessantes: lemos por necessidade, conhecimento dos outros e da realidade e sobretudo por prazer. Julgo que este "prazer difícil" de que fala Bloom está relacionado com uma espécie de revelação que a leitura nos provoca. O prazer da leitura consiste precisamente em compreender o texto. O momento em que todas as razões para ler se conjugam - necessidade, reconhecimento, criação - é um momento revelador (quase uma epifania) em que compreendemos realmente as coisas e julgamos estar perto da verdade. Esse momento é um momento de prazer e é nessa demanda que o bom leitor encontra a sua recompensa.
Nabokov define um bom leitor desta maneira: "(...) the good reader is one who has imagination, memory, a good dictionary, and some artistic sense." (Lectures, 3) Nabokov difere muito de Bloom neste aspecto mas aproximam-se quanto à questão da releitura - Bloom chama deep reading ao rereading nabokoviano. Mas a definição é dada por Nabokov: "Curiously enough, one cannot read a book: one can only reread it. A good reader, a major reader, an active and creative reader is a rereader." (Lectures, 3) A importância da releitura é a mesma para ambos, embora Nabokov tenha uma visão mais pragmática do que Bloom - reler é ler de facto porque não podemos reconhecer os pormenores numa primeira leitura. Bloom e Nabokov partilham de um amor (borgesiano) pela literatura e julgo que é neste amor que reside a distinção entre bom e mau leitor.
Finalmente, Nabokov descreve-nos o grande escritor: "(...) a great writer is always a great enchanter, and it is here that we come to the really exciting part when we try to grasp the individual magic of his genius and to study the style, the imagery, the pattern of his novels or poems." (Lectures, 5-6) Nabokov venerava Joyce e esta descrição de grande escritor como alguém que nos encanta define bem o génio irlandês. Tanto Nabokov com a sua visão técnica (e autoritária) da leitura, como Bloom com a certeza da inutilidade da literatura, estão certos no que dizem e tanto num caso como no outro (mais no caso de Bloom), reconhecemos Jorge Luis Borges.
O conhecimento pode ser adquirido de muitas maneiras: por inteligência, leitura ou entusiasmo. Este último factor de acesso ao conhecimento parece-me fundamental na leitura. Entusiasmo tem significado etimológico de "termos deus dentro de nós" ou estarmos "endeusados". Quando li Ulysses senti esse entusiasmo e essa inspiração que me ajudaram a compreender o texto e a sentir prazer nessa leitura.
Bibliografia: 1, 2, 3 e, claro, 4.
Cem vezes Bloomsday
O génio de Joyce não é para ser invejado, nem sequer discutido. Tem de ser venerado, tratado como divino. Temos de lhe lamber as botas depois de morto, caraças! Há lá maior autoridade que essa? Ulysses é o melhor romance do século XX. Eu, que acredito que a literatura não nos modifica, mudei a partir daquela leitura, embora não tenha sido o romance o responsável directo por isso (a ideia de culparmos a arte por aquilo que somos é engraçada, mas não cola). Até dia 31 de Agosto, festeja-se o centenário de Bloomsday. É desta que vou a Dublin.
O génio de Joyce não é para ser invejado, nem sequer discutido. Tem de ser venerado, tratado como divino. Temos de lhe lamber as botas depois de morto, caraças! Há lá maior autoridade que essa? Ulysses é o melhor romance do século XX. Eu, que acredito que a literatura não nos modifica, mudei a partir daquela leitura, embora não tenha sido o romance o responsável directo por isso (a ideia de culparmos a arte por aquilo que somos é engraçada, mas não cola). Até dia 31 de Agosto, festeja-se o centenário de Bloomsday. É desta que vou a Dublin.
terça-feira, junho 15, 2004
segunda-feira, junho 14, 2004
Sobre as poucas coisas que me enervam como se tivesse uma agulha espetada no pulso: a cópia integral de textos escritos por outros blogueadores ou por jornalistas noutros blogues ou jornais. A questão da autoria é muito séria e é muito séria para todos. Nem sequer digo que devia ser, porque simplesmente é. Quem nunca ouviu falar de direitos de autor, que se informe. Quem nunca ouviu falar de plágio, que se informe. Quem nunca ouviu falar de coisas como propriedade intelectual, que se informe. A menos que se conheça muito bem o blogueador, cujos textos são reproduzidos no blogue, será melhor pensar-se duas vezes antes de escarrapachar um texto que é de outra pessoa, como se fosse do blogueador que o transcreve. Mesmo que lá esteja o linque, todos sabemos que as pessoas lêem mal e que podem não perceber quem escreveu aquilo que ali está. Tornem lá isso mais claro. Não controlamos a interpretação do leitor, mas devemos ter todos os cuidados possíveis com o autor. E o mesmo é válido para as ideias alheias que são desenvolvidas noutros blogues. Já que não são criativos, ao menos que sejam honestos.
Diz-me por que equipas torces hoje, dir-te-ei quem és com adenda incluída: Dinamarca e Suécia. Bom, juro que se perderem acabo com isto (o Luís provocou-me).
domingo, junho 13, 2004
Caprichos: gosto de tudo aqui, desde as camisolas com vários tipos de tecido da colecção de Verão aos casacos tipo camisa-de-forças da colecção de Inverno. Giríssimo.
Portugal-1 Grécia-2
Muitos comentários li eu por essa blogosfera fora sobre o jogo de ontem. A maioria com comparações entre os Gregos e figuras da Antiguidade Clássica. Podia ser uma chata do caraças e corrigir essa referências todas, na sua grande maioria mal utilizadas ou lembradas ao lado, como é o caso do comentário do José Mário Silva: "Também ninguém acreditava no regresso de Ulisses a Ítaca. E olhem, a verdade é que o gajo conseguiu voltar." Este ninguém é quem? Aconselho a leitura dos primeiros dez versos da Odisseia. Se tal não for suficiente, então que se leia o verso 76, no Canto I: "Mas nós aqui presentes acordemos o seu regresso". Isto são os deuses a falar. E o que os deuses decidem... Desculpa lá, Zé Mário, a chamada de atenção de óculos na ponta do nariz, mas a piada não funciona quando a "verdade" é outra. Mas um blogue é um blogue é um blogue é um blogue e não é um artigo de responsabilidade assinado alegremente no Expresso pela Clara Ferreira Alves. Além disso está um dia lindo para trabalhar.
O Pedro Oliveira tem razão. Que estúpidos fomos em subestimar os Gregos, que já viram tudo, a quem nada surpreende. E isso foi, para mim que não percebo nada de futebol, o mais engraçado do jogo. Será esse um problema de futebol ou outra coisa? Afinal de contas, o futebol é também uma técnica que se aprende. Não é por acaso que lhe chamam "arte" e aos jogadores "artistas"... Pronto, calma. Há sentimento, paixão, emoção e algo mais (isto para quem goste das gavetinhas dalinianas, para pôr umas coisinhas num sítio e outras noutro). Mas há ainda estratégia, o famoso trabalho de casa - expressão desconhecida do povo até aparecer o José Mourinho - e, no caso dos Gregos, nada a perder. É preciso ter um cuidado especial com gente que parece não ter nada a perder. E não, não vou falar da batalha das Termópilas. Mas fico a morder-me toda por dentro.
Muitos comentários li eu por essa blogosfera fora sobre o jogo de ontem. A maioria com comparações entre os Gregos e figuras da Antiguidade Clássica. Podia ser uma chata do caraças e corrigir essa referências todas, na sua grande maioria mal utilizadas ou lembradas ao lado, como é o caso do comentário do José Mário Silva: "Também ninguém acreditava no regresso de Ulisses a Ítaca. E olhem, a verdade é que o gajo conseguiu voltar." Este ninguém é quem? Aconselho a leitura dos primeiros dez versos da Odisseia. Se tal não for suficiente, então que se leia o verso 76, no Canto I: "Mas nós aqui presentes acordemos o seu regresso". Isto são os deuses a falar. E o que os deuses decidem... Desculpa lá, Zé Mário, a chamada de atenção de óculos na ponta do nariz, mas a piada não funciona quando a "verdade" é outra. Mas um blogue é um blogue é um blogue é um blogue e não é um artigo de responsabilidade assinado alegremente no Expresso pela Clara Ferreira Alves. Além disso está um dia lindo para trabalhar.
O Pedro Oliveira tem razão. Que estúpidos fomos em subestimar os Gregos, que já viram tudo, a quem nada surpreende. E isso foi, para mim que não percebo nada de futebol, o mais engraçado do jogo. Será esse um problema de futebol ou outra coisa? Afinal de contas, o futebol é também uma técnica que se aprende. Não é por acaso que lhe chamam "arte" e aos jogadores "artistas"... Pronto, calma. Há sentimento, paixão, emoção e algo mais (isto para quem goste das gavetinhas dalinianas, para pôr umas coisinhas num sítio e outras noutro). Mas há ainda estratégia, o famoso trabalho de casa - expressão desconhecida do povo até aparecer o José Mourinho - e, no caso dos Gregos, nada a perder. É preciso ter um cuidado especial com gente que parece não ter nada a perder. E não, não vou falar da batalha das Termópilas. Mas fico a morder-me toda por dentro.
sábado, junho 12, 2004
Uma coisa é assinar Charlotte, outra é sê-lo
Via Paragem do Autocarro.
You Are Most Like Samantha!
Which Sex and the City Vixen Are You Most Like? Take This Quiz Right Now!Via Paragem do Autocarro.
sexta-feira, junho 11, 2004
Insultos e bandeiras
O Miguel Esteves Cardoso escreve hoje no DNa um artigo brilhantíssimo (como tudo o que escreve) intitulado "Insultar gregos, espanhóis e russos". Diz o Miguel que não temos palavras para insultar os gregos, os espanhóis e os russos e que está mal porque agora chegou a altura de o fazermos. É o Euro, caramba! E, acrescento, somos os anfitriões! Se não apoiamos Portugal agora quando o faremos? Já que se estorricou o dinheiro, não acham que o mínimo que podemos fazer é efeitar o País de bandeiras? Mas afinal qual é o problema da bandeirinha, que é bonita e tão cheia de história? Percebo que quererem meter-nos a auto-estima a cotonete pelos ouvidos seja enervante e provoque fúria, mas que diabo! Não se trata de auto-estima, mas do mínimo de entusiasmo neste momento social festivo e financeiro!
Bom, limpando a espuma da boca e voltando ao artigo do Miguel, há um bom insulto para os gregos, um bocado forte, mas a ocasião assim o exige. Uma das coisas horríveis que aprendi na Grécia foi a frase gamt'o theós sou, ou seja, "que se foda o teu deus". Parece que coisa pior a um grego não se pode dizer. Não me lembro de nenhum insulto que meta a mãe ao barulho, o que pode ser muito bom (a mãe é demasiado preciosa para a meterem em tais propósitos) ou muito mau (a mãe não interessa para nada ou quem me ensinou esqueceu-se de os referir). Bom, mas mesmo assim, e como aponta muito bem o Miguel, de nada nos vale dizermos essa coisa medonha, porque são os próprios gregos que o dizem e o deus é o mesmo... Enfim, parece que não há saída. Mas há! A bandeira de Portugal já está pendurada na varanda e aí ficará até dia 4 de Julho.
O Miguel Esteves Cardoso escreve hoje no DNa um artigo brilhantíssimo (como tudo o que escreve) intitulado "Insultar gregos, espanhóis e russos". Diz o Miguel que não temos palavras para insultar os gregos, os espanhóis e os russos e que está mal porque agora chegou a altura de o fazermos. É o Euro, caramba! E, acrescento, somos os anfitriões! Se não apoiamos Portugal agora quando o faremos? Já que se estorricou o dinheiro, não acham que o mínimo que podemos fazer é efeitar o País de bandeiras? Mas afinal qual é o problema da bandeirinha, que é bonita e tão cheia de história? Percebo que quererem meter-nos a auto-estima a cotonete pelos ouvidos seja enervante e provoque fúria, mas que diabo! Não se trata de auto-estima, mas do mínimo de entusiasmo neste momento social festivo e financeiro!
Bom, limpando a espuma da boca e voltando ao artigo do Miguel, há um bom insulto para os gregos, um bocado forte, mas a ocasião assim o exige. Uma das coisas horríveis que aprendi na Grécia foi a frase gamt'o theós sou, ou seja, "que se foda o teu deus". Parece que coisa pior a um grego não se pode dizer. Não me lembro de nenhum insulto que meta a mãe ao barulho, o que pode ser muito bom (a mãe é demasiado preciosa para a meterem em tais propósitos) ou muito mau (a mãe não interessa para nada ou quem me ensinou esqueceu-se de os referir). Bom, mas mesmo assim, e como aponta muito bem o Miguel, de nada nos vale dizermos essa coisa medonha, porque são os próprios gregos que o dizem e o deus é o mesmo... Enfim, parece que não há saída. Mas há! A bandeira de Portugal já está pendurada na varanda e aí ficará até dia 4 de Julho.
quarta-feira, junho 09, 2004
Interruptus da interrupção: ontem, a Papoilinha, a Vieirinha, a Batuquinhas e a vossa criada fardada estiveram alegremente num jantar que durou várias horas. Tratou-se de repasto variado, com muitos empregados à nossa volta (sempre a olhar para o relógio a ver quando nos íamos embora). Falámos de inúmeros assuntos: desde a escolha da empregada perfeita e de como isso pode mudar a nossa vida sempre para melhor até às torturas aos iraquianos, a democracia na esquerda e na direita (aqui quase houve guerra) e passando - com a maior brevidade possível, leia-se, para lá de três horas - pela blogosfera, este último tema merecedor de uma análise linguística exaustiva por parte da excelente Batukada. Neste jantar, gostei imenso de conhecer a nossa Vieira do Mar. Finalmente, uma pessoa lúcida, saudável, com bom senso, pés na terra e, ainda por cima, com humor! Ufa! Do jantar, saiu ainda mais uma frase a abandonar, sugerida pela querida Papoila, que aqui deixo: "Quem me conhece sabe que eu..." Pois é... insuportável. Temos de repetir!
segunda-feira, junho 07, 2004
domingo, junho 06, 2004
Etimologia hebdomadária
A palavra para hoje está no meu top ten de preferências: aporia. Quando ouço dizer que "essa é uma questão aporética" (sim, estas frases aparecem no meu dia-a-dia), já sei que o caldo não só está entornado como assim ficará. O "a" inicial faz logo com que uma pessoa desconfie de haver falta de qualquer coisa, como se passa, por exemplo, na palavra acéfalo (à letra, falta de cabeça ou sem cabeça). Ora póros, em grego antigo, significa passagem, estreito, e aparece em Demóstenes com o sentido de "recurso ou meio para arranjar dinheiro". Aporía, em grego antigo, significa literalmente sem passagem. Interessante é verificar que a palavra surge em Tucídides com o significado de pobreza. A filosofia pegou no termo e deu-lhe o sentido de "algo que não tem solução" ou de "uma dificuldade lógica insuperável" (tresanda a desconstrucionismo). Às vezes, uma palavrita resolve muitos dos nossos problemas.
A palavra para hoje está no meu top ten de preferências: aporia. Quando ouço dizer que "essa é uma questão aporética" (sim, estas frases aparecem no meu dia-a-dia), já sei que o caldo não só está entornado como assim ficará. O "a" inicial faz logo com que uma pessoa desconfie de haver falta de qualquer coisa, como se passa, por exemplo, na palavra acéfalo (à letra, falta de cabeça ou sem cabeça). Ora póros, em grego antigo, significa passagem, estreito, e aparece em Demóstenes com o sentido de "recurso ou meio para arranjar dinheiro". Aporía, em grego antigo, significa literalmente sem passagem. Interessante é verificar que a palavra surge em Tucídides com o significado de pobreza. A filosofia pegou no termo e deu-lhe o sentido de "algo que não tem solução" ou de "uma dificuldade lógica insuperável" (tresanda a desconstrucionismo). Às vezes, uma palavrita resolve muitos dos nossos problemas.
sexta-feira, junho 04, 2004
quinta-feira, junho 03, 2004
Passear pela blogosfera é bom e faz crescer
- A Rititi escreveu um texto sobre relógios biológicos no qual, de certa forma, me reconheço. Além disso, os textos da Rititi só revelam como a ortografia correcta pode ser desinteressante. Uma maravilha de blogue.
- O Rodrigo propõe a abolição de poetisa. Hm... Não sei bem o que hei-de fazer. Percebo a intenção, mas (e lá está a adversativa, a malvadona)... O risco de sugerir algo que tem uma resposta evidente é enorme, Rodrigo! E depois? Bom, resta-me escrever um texto sobre a batalha das Termópilas e dissecar aquilo tudo até ao tutano (private joke).
- O Diogo tem a casa dos pais: chama-se No Quinto dos Impérios. E depois tem a casa do amigo, O Acidental, onde fuma, bebe e ouve música em altos berros. Pronto, já posso dormir descansada. Mas não chegues tarde.
- A Vírgula regressou (de vez) e assim bateu todos os recordes de regresso possíveis e imaginários na blogosfera. Hihá!
- O Homem a Dias e o Fora do Mundo andam a dar migalhitas aos pombos (leia-se, à blogosfera, aos amigos e até aos familiares que com tanto gosto os lêem). Estou quase a dizer que é falta de educação estar mais de dois dias sem actualizar o blogue. Olha, já disse.
- O João Mendes Cruz anunciou que o blogue passará a ser uma espécie de expositor de cocó. Não sei se aguentarei muito tempo a escatologia a que nos força. Quero saber da Sara, da fogosa e trintona Lena, do Dr. L, tão amiguinho, das mulheres de fluídos à mostra, de senha na mão, nas farmácias deste País, da senhora sua tia, comentadeira laboriosa e, sobretudo, da senhora sua mãe, coitadinha. Sou egoísta e passo muito tempo em casa. Estimas melhoras na medida do possível.
- A Rititi escreveu um texto sobre relógios biológicos no qual, de certa forma, me reconheço. Além disso, os textos da Rititi só revelam como a ortografia correcta pode ser desinteressante. Uma maravilha de blogue.
- O Rodrigo propõe a abolição de poetisa. Hm... Não sei bem o que hei-de fazer. Percebo a intenção, mas (e lá está a adversativa, a malvadona)... O risco de sugerir algo que tem uma resposta evidente é enorme, Rodrigo! E depois? Bom, resta-me escrever um texto sobre a batalha das Termópilas e dissecar aquilo tudo até ao tutano (private joke).
- O Diogo tem a casa dos pais: chama-se No Quinto dos Impérios. E depois tem a casa do amigo, O Acidental, onde fuma, bebe e ouve música em altos berros. Pronto, já posso dormir descansada. Mas não chegues tarde.
- A Vírgula regressou (de vez) e assim bateu todos os recordes de regresso possíveis e imaginários na blogosfera. Hihá!
- O Homem a Dias e o Fora do Mundo andam a dar migalhitas aos pombos (leia-se, à blogosfera, aos amigos e até aos familiares que com tanto gosto os lêem). Estou quase a dizer que é falta de educação estar mais de dois dias sem actualizar o blogue. Olha, já disse.
- O João Mendes Cruz anunciou que o blogue passará a ser uma espécie de expositor de cocó. Não sei se aguentarei muito tempo a escatologia a que nos força. Quero saber da Sara, da fogosa e trintona Lena, do Dr. L, tão amiguinho, das mulheres de fluídos à mostra, de senha na mão, nas farmácias deste País, da senhora sua tia, comentadeira laboriosa e, sobretudo, da senhora sua mãe, coitadinha. Sou egoísta e passo muito tempo em casa. Estimas melhoras na medida do possível.
quarta-feira, junho 02, 2004
Dacria
Poucas coisas me comovem de facto. A última vez que chorei foi há umas semanas, na biblioteca da faculdade, a ler a descrição da batalha das Termópilas, em The Cambridge Ancient History. E que obra extraordinária! Digna de devoção e de encómios múltiplos. Trata-se de 12 volumes cuidadosamente elaborados, ali ao nosso dispôr, com toda a História da Antiguidade Clássica. Um mimo de coisa. Doze volumes encarnados e pretos, chiquíssimos, com tudo o que precisamos de ler para acordarmos de manhã e darmos os primeiros passos neste mundo de merda. É como se estivesse tudo lá, embora não esteja. É como se eu quisesse que tudo estivesse ali. Mas não está. A ilusão confortável que esta obra-prima da História cria em mim não leva à desilusão inevitável: sei que não está tudo ali, embora goste de pensar que podia estar. E depois há a música do Rodrigo Leão e os poemas do Kavafis e as Críticas de Kant e está tudo bem. Não está é tudo no mesmo sítio e isso provoca um problema de espaço. Preciso de uma casa maior.
A Casa
Letra de Ana Carolina e Rodrigo Leão
Sentir de novo aquela dor
A pouco e pouco respirar
Aquele amor que foi vivido e sentido
Em silêncio como ninguém
Perdoar, como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar, deixar o dia passar devagar
Assim ficar
Sentir de novo aquele amor
A pouco e pouco consolar
Aquela dor que foi vivida e sofrida
Em silêncio
Chegar de novo, sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa sem ter medo
Como ninguém
Encontrar, poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar, saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar, deixar que o tempo te faça voltar
Esperar
Poucas coisas me comovem de facto. A última vez que chorei foi há umas semanas, na biblioteca da faculdade, a ler a descrição da batalha das Termópilas, em The Cambridge Ancient History. E que obra extraordinária! Digna de devoção e de encómios múltiplos. Trata-se de 12 volumes cuidadosamente elaborados, ali ao nosso dispôr, com toda a História da Antiguidade Clássica. Um mimo de coisa. Doze volumes encarnados e pretos, chiquíssimos, com tudo o que precisamos de ler para acordarmos de manhã e darmos os primeiros passos neste mundo de merda. É como se estivesse tudo lá, embora não esteja. É como se eu quisesse que tudo estivesse ali. Mas não está. A ilusão confortável que esta obra-prima da História cria em mim não leva à desilusão inevitável: sei que não está tudo ali, embora goste de pensar que podia estar. E depois há a música do Rodrigo Leão e os poemas do Kavafis e as Críticas de Kant e está tudo bem. Não está é tudo no mesmo sítio e isso provoca um problema de espaço. Preciso de uma casa maior.
A Casa
Letra de Ana Carolina e Rodrigo Leão
Sentir de novo aquela dor
A pouco e pouco respirar
Aquele amor que foi vivido e sentido
Em silêncio como ninguém
Perdoar, como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar, deixar o dia passar devagar
Assim ficar
Sentir de novo aquele amor
A pouco e pouco consolar
Aquela dor que foi vivida e sofrida
Em silêncio
Chegar de novo, sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa sem ter medo
Como ninguém
Encontrar, poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar, saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar, deixar que o tempo te faça voltar
Esperar
terça-feira, junho 01, 2004
Liberdade de Expressão: raios, mas acho mal que o blogue acabe! O João faz o que entende, pois claro, mas tenho mesmo muita pena da sua decisão. O João Miranda é e será sempre (Deus assim o queira e a vida o permita) clarividente, certeiro, inteligente e perfeito. Sim, perfeito. E não estou a exagerar. Sê-lo-á sempre em qualquer sítio que escreva, e que vai desde o bilhete de metro ao jornal que estupidamente ainda não percebeu que o tem de contratar. O problema é só meu que tenho um fraco por blogues individuais. Não faz mal. Agradeço ao João todos os posts que escreveu.
Ditado do dia: "Antes um trolha a babar-se que um anónimo a armar-se". Lá está. É a nossa Estrela do Mar.
Muitos parabéns, querido João!
My Kind of Town
interpretado por Frank Sinatra
Now this could only happen to a guy like me
And only happen in a town like this
So may I say to each of you most gratefully
As I throw each one of you a kiss
This is my kind of town, Chicago is
My kind of town, Chicago is
My kind of people too
People who smile at you
And each time I roam, Chicago is
Calling me home, Chicago is
Why I grin just like a clown
It's my kind of town
My kind of town, Chicago is
My kind of town, Chicago is
My kind of razzmatazz
And it has, all that jazz
And each time I leave, Chicago is
Tuggin' my sleeve, Chicago is
The Wrigley Building, Chicago is
The union stockyard, Chicago is
One town that won't let you down
It's my kind of town
My Kind of Town
interpretado por Frank Sinatra
Now this could only happen to a guy like me
And only happen in a town like this
So may I say to each of you most gratefully
As I throw each one of you a kiss
This is my kind of town, Chicago is
My kind of town, Chicago is
My kind of people too
People who smile at you
And each time I roam, Chicago is
Calling me home, Chicago is
Why I grin just like a clown
It's my kind of town
My kind of town, Chicago is
My kind of town, Chicago is
My kind of razzmatazz
And it has, all that jazz
And each time I leave, Chicago is
Tuggin' my sleeve, Chicago is
The Wrigley Building, Chicago is
The union stockyard, Chicago is
One town that won't let you down
It's my kind of town
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