Etimologia hebdomadária
A palavra para hoje é dentição... não é nada! É gengivas. Não é nada! É nostalgia. Uf... Agora que decidi, cá vai. Nostalgía não é uma palavra antiga, mas nóstos e álgos são. Nóstos significa o regresso a casa ou a viagem e trata-se de um vocábulo que apareceu na Odisseia de Homero, pois onde havia de ser? Álgos, significa dor de alma, desgosto e terá sido Sófocles quem primeiro escreveu a palavra (o que também me parece credível). Algía é o plural do neutro álgos. A nostalgia será a dor pelo regresso a casa. Há quem lhe chame a saudade de casa. É isso, mas mais forte, mais profundo e não só.
blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
domingo, fevereiro 29, 2004
sábado, fevereiro 28, 2004
Concordo com o João Miranda: o melhor jornal que actualmente temos é O Inimigo Público. É um jornal cuidado, muito bem feito, tem cada vez mais piada, muita imaginação e criatividade e está muito bem escrito. Já não passo sem as cartas ao provedor, os textos do Marcos Pombal, as crónicas geniais do Ricardo Araújo Pereira, a tabloidofilia, a banda desenhada do Nuno Markl e as imagens manipuladas que ilustram os artigos. Nunca mais é sexta!
sexta-feira, fevereiro 27, 2004
quinta-feira, fevereiro 26, 2004
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
Devo um post ao Abrupto. Com este meu atraso ando a desenvolver a seguinte teoria: o blogueador que comentar um post com mais de dois dias é um grande malcriado. Hoje tenho desculpa: meti atestado dentário.
Rectificação da actualização da rectificação
Já é a segunda vez que o Macguffin faz referência a uma tal de Perdiz à Fialho desossada. Ora parece-me uma violência insistir nessa tal de perdiz (isto porque gosto muito desses bichos cozinhados). Uma pessoa, mesmo uma Charlotte, não é de ferro!
Já é a segunda vez que o Macguffin faz referência a uma tal de Perdiz à Fialho desossada. Ora parece-me uma violência insistir nessa tal de perdiz (isto porque gosto muito desses bichos cozinhados). Uma pessoa, mesmo uma Charlotte, não é de ferro!
Se há coisa que valorizo é o espírito crítico. É a única protecção que temos da ilusão que a todo o custo nos tentam impor. Parece-me por isso interessante este artigo do Luís Delgado, publicado hoje no Diário de Notícias.
Leio a seguinte mensagem enigmática no Babugem: "D'Angelo, Bilal e agora Amp Fiddler. Para os que sabem o que eu quero dizer." Ó diabo... Só reconheço o primeiro. D'Angelo é o autor do famoso tema Shit, Damn, Motherfucker, incluído no primeiro álbum Brown Sugar, e cuja letra transcrevo:
Why are you sleeping with my woman
Why are you sleeping with my woman
This comes as a total surprise
I just can't believe my eyes
My best friend and my wife
Chorus
Shit, Damn, Motherfucker
Shit, Damn, Motherfucker
Shit, Damn, Motherfucker
Why the both of U's buck-balled naked?
Why the both of U's buck-balled naked?
I tell ya what's on my mind
I'm 'bout to go get my nine
And kill both ya'lls behind
Chorus
Why the both of U's bleeding so much?
Why the both of U's bleeding so much?
Why the both of U's bleeding so much?
Why am I wearin' handcuffs?
Chorus (2x)
D'Angelo ficou-se pelo segundo álbum, Voodoo, e depois desapareceu para grande tristeza minha. Quanto a Bilal e Amp Fiddler, tenho a Fnac e os respectivos sites para ficar a conhecer. Obrigada, Ricardo!
Why are you sleeping with my woman
Why are you sleeping with my woman
This comes as a total surprise
I just can't believe my eyes
My best friend and my wife
Chorus
Shit, Damn, Motherfucker
Shit, Damn, Motherfucker
Shit, Damn, Motherfucker
Why the both of U's buck-balled naked?
Why the both of U's buck-balled naked?
I tell ya what's on my mind
I'm 'bout to go get my nine
And kill both ya'lls behind
Chorus
Why the both of U's bleeding so much?
Why the both of U's bleeding so much?
Why the both of U's bleeding so much?
Why am I wearin' handcuffs?
Chorus (2x)
D'Angelo ficou-se pelo segundo álbum, Voodoo, e depois desapareceu para grande tristeza minha. Quanto a Bilal e Amp Fiddler, tenho a Fnac e os respectivos sites para ficar a conhecer. Obrigada, Ricardo!
Rectificação da rectificação
O Macguffin diz, e muito bem, que no início a Maria Limonada assinava como Azul e daí a confusão. Mas note-se que fui cautelosa no meu post e que nunca referi a associação ao Pastilhas. O Macguffin decidiu fazer literatura e isso não tem nada de mal. Até porque Azuis há muito poucas.
Mas não, não gostei da rábula do MST na gala da TVI! Por amor de Deus, what's there to like? A minha resposta diz apenas respeito à semelhança surpreendente da voz que MST "inventou" para fazer de arrumador. Lembrou-me o Vasco Pulido Valente e isso pareceu-me curioso. Mas não chega para gostar da rábula. Mas que Lost in Translation é chocho, é. Bonito, mas chocho.
O Macguffin diz, e muito bem, que no início a Maria Limonada assinava como Azul e daí a confusão. Mas note-se que fui cautelosa no meu post e que nunca referi a associação ao Pastilhas. O Macguffin decidiu fazer literatura e isso não tem nada de mal. Até porque Azuis há muito poucas.
Mas não, não gostei da rábula do MST na gala da TVI! Por amor de Deus, what's there to like? A minha resposta diz apenas respeito à semelhança surpreendente da voz que MST "inventou" para fazer de arrumador. Lembrou-me o Vasco Pulido Valente e isso pareceu-me curioso. Mas não chega para gostar da rábula. Mas que Lost in Translation é chocho, é. Bonito, mas chocho.
terça-feira, fevereiro 24, 2004
Ontem, se tivesse havido um ataque terrorista na Bica do Sapato a sociedade portuguesa teria hoje acordado de outra maneira:
- com o Herman SIC suspenso;
- sem putativo candidato a Presidente da República;
- sem o proprietário de um magnífico Ferrari que estava estacionado à porta;
- sem várias personalidades carismáticas do mundo criativo da publicidade;
- sem a vossa blogueadora, respectivo Marido e amigos, todos de bigode;
- e sem a receita do estupendo strudel de caça (agora que escrevo isto até me vêm as lágrimas aos olhos... ando uma lamechas... é o Carnaval; fico impossível).
- com o Herman SIC suspenso;
- sem putativo candidato a Presidente da República;
- sem o proprietário de um magnífico Ferrari que estava estacionado à porta;
- sem várias personalidades carismáticas do mundo criativo da publicidade;
- sem a vossa blogueadora, respectivo Marido e amigos, todos de bigode;
- e sem a receita do estupendo strudel de caça (agora que escrevo isto até me vêm as lágrimas aos olhos... ando uma lamechas... é o Carnaval; fico impossível).
Há dois tipos de pessoas que gostam do Carnaval: as bichetes e eu. Muita bicha vi eu ontem, bem vestida, maquilhada e penteada em poses que fariam corar mesmo a alminha mais despudorada da Terra. Ora serve esta introdução para dizer que andei a brincar aos bigodes e às perucas e por isso me atrasei em alguns comentários blogosféricos necessários e sempre pertinentes.
1. O Blogue dos Marretas está de parabéns. Um ano de blogosfera corresponde a uma vida já adulta e é coisa respeitável. Que se prolongue, pelo menos, até à eternidade!
2. A pensar que o meu comentário sobre o Lost in Translation tinha passado despercebido (coisa que me tinha até aborrecido um bocadinho), vejo-me de repente agarrada por uma orelha pelo excelente Alberto Gonçalves que me faz uma pergunta de esfinge: "Carla, se depois disto me disseres que não apreciaste a rábula do MST na TVI, eu juro que volto a ler textos do Pipi em público." Ai. E agora? Digo a verdade ou minto? Errr... arrisco. Eu gostei... do MST, na rábula do arrumador-suicida (como o paninho palestino à volta do pescoço indicava), a imitar a voz do Vasco Pulido Valente. Isso conta como gostar? Não, pois não? Bem me parecia.
3. O Macguffin escreveu que a autora do azul limão seria a nossa Azul do Pastilhas. Chama-se a autora do blogue à recepção para que esclareça afinal a sua identidade.
Adenda: Maria Limonada é o nome da autora do blogue azul limão. Ora, de Azul a Maria Limonada... Fica esclarecidíssimo o equívoco.
4. Não sei se repararam mas o João Pereira Coutinho interrompeu o seu demasiado longo intermezzo. A única vantagem do dito intervalo foi ter aprendido a escrever a palavra intermezzo. Agora que já sei, aproveito para dizer ao João que sei escrever as palavras "pausa", férias", "interrupção" e seus sinónimos em todas as línguas indo-europeias. E nem se atreva a aprender turco, que é uma grande falta de educação.
1. O Blogue dos Marretas está de parabéns. Um ano de blogosfera corresponde a uma vida já adulta e é coisa respeitável. Que se prolongue, pelo menos, até à eternidade!
2. A pensar que o meu comentário sobre o Lost in Translation tinha passado despercebido (coisa que me tinha até aborrecido um bocadinho), vejo-me de repente agarrada por uma orelha pelo excelente Alberto Gonçalves que me faz uma pergunta de esfinge: "Carla, se depois disto me disseres que não apreciaste a rábula do MST na TVI, eu juro que volto a ler textos do Pipi em público." Ai. E agora? Digo a verdade ou minto? Errr... arrisco. Eu gostei... do MST, na rábula do arrumador-suicida (como o paninho palestino à volta do pescoço indicava), a imitar a voz do Vasco Pulido Valente. Isso conta como gostar? Não, pois não? Bem me parecia.
3. O Macguffin escreveu que a autora do azul limão seria a nossa Azul do Pastilhas. Chama-se a autora do blogue à recepção para que esclareça afinal a sua identidade.
Adenda: Maria Limonada é o nome da autora do blogue azul limão. Ora, de Azul a Maria Limonada... Fica esclarecidíssimo o equívoco.
4. Não sei se repararam mas o João Pereira Coutinho interrompeu o seu demasiado longo intermezzo. A única vantagem do dito intervalo foi ter aprendido a escrever a palavra intermezzo. Agora que já sei, aproveito para dizer ao João que sei escrever as palavras "pausa", férias", "interrupção" e seus sinónimos em todas as línguas indo-europeias. E nem se atreva a aprender turco, que é uma grande falta de educação.
segunda-feira, fevereiro 23, 2004
Como boa exibicionista que sou, sei reconhecer uma minha semelhante quando a vejo (nota-se muito a tradução directa do inglês?). A Azul chegou à blogosfera sem pedir licença, pediu um dry martini com duas azeitonas e teclou uns poucos mas muitos prometedores textinhos no seu azul limão. Parece-me que a blogosfera será demasiado pequena para nós as duas. Nesse caso, minha querida, terei de a matar. Um grande beijo de boas-vindas à blogosfera!
Vi Lost in Translation... e... como posso dizer isto sem perder amigos e sem que blogosfera e meia me encha a caixa de correio a insultar-me? Errr... A Scarlett é uma excelente e lindíssima Charlotte, o Bill um magnífico Bob, mas... errr... chocho... como dizer.... engraçado, mas... ou ando a ler demasiadas tragédias... ou já vivi amores muito intensos... ou estou velha... ou teremos Lost in Translation - The Sequel?
domingo, fevereiro 22, 2004
Etimologia hebdomadária
A palavra para hoje é Carnaval. A origem desta palavra é ainda muito discutida (em sítios estranhíssimos onde se discutem estas coisas, tipo no Olimpo), mas julgo que a explicação mais plausível seja esta que agora tentarei dar. Carnaval deriva da expressão latina carnem levare, que terá sido depois modificada para carne, vale, que significará qualquer coisa como "adeus carne", e que anunciava a suspensão de carne devido à Quaresma. Seria nesta altura do ano que os abusos eram tolerados para depois serem suportados o jejum e a abstenção total do período que se seguiria. E estou convencida de que esta é a explicação correcta porque em grego, carne é kreas, o que me parece uma palavra muito próxima do caro, carnis latino.
Passei um Carnaval na ilha de Syros, na Grécia. A cidadezinha tornou-se um verdadeiro local de festas dionisíacas, com algumas manifestações fora do comum. Por exemplo, na terça-feira de Carnaval, os homens desciam a rua principal com umas bolas enormes presas à cintura que batiam uma contra a outra. Tinham a cara tapada e grandes cabeleiras. Ocasionalmente surgia uma rapariga que corria no meio dos homens vestida quase da mesma maneira. Lembro-me de haver muito barulho com todos os habitantes da ilha e os turistas a assistirem àquele ritual estranho. No dia seguinte (quarta-feira de cinzas), os mesmos rapazes e as mesmas raparigas reuniam-se na praça principal e dançavam com os trajes típicos da ilha. As meninas tinham todas um lencinho branco. E assim acabaram as festas dionisíacas e começámos a sofrer. Mais silenciosos mas muito menos divertidos.
A palavra para hoje é Carnaval. A origem desta palavra é ainda muito discutida (em sítios estranhíssimos onde se discutem estas coisas, tipo no Olimpo), mas julgo que a explicação mais plausível seja esta que agora tentarei dar. Carnaval deriva da expressão latina carnem levare, que terá sido depois modificada para carne, vale, que significará qualquer coisa como "adeus carne", e que anunciava a suspensão de carne devido à Quaresma. Seria nesta altura do ano que os abusos eram tolerados para depois serem suportados o jejum e a abstenção total do período que se seguiria. E estou convencida de que esta é a explicação correcta porque em grego, carne é kreas, o que me parece uma palavra muito próxima do caro, carnis latino.
Passei um Carnaval na ilha de Syros, na Grécia. A cidadezinha tornou-se um verdadeiro local de festas dionisíacas, com algumas manifestações fora do comum. Por exemplo, na terça-feira de Carnaval, os homens desciam a rua principal com umas bolas enormes presas à cintura que batiam uma contra a outra. Tinham a cara tapada e grandes cabeleiras. Ocasionalmente surgia uma rapariga que corria no meio dos homens vestida quase da mesma maneira. Lembro-me de haver muito barulho com todos os habitantes da ilha e os turistas a assistirem àquele ritual estranho. No dia seguinte (quarta-feira de cinzas), os mesmos rapazes e as mesmas raparigas reuniam-se na praça principal e dançavam com os trajes típicos da ilha. As meninas tinham todas um lencinho branco. E assim acabaram as festas dionisíacas e começámos a sofrer. Mais silenciosos mas muito menos divertidos.
sábado, fevereiro 21, 2004
A doença mental começa com uma espécie de ventania que não só nos despenteia, como arranca as casas do chão e eleva-as bem alto para depois, quando passar o vento brutal, as deixar cair desamparadas. Estateladas no chão, acabam por restar pedacinhos de coisas outrora bonitas: recordações de viagens, retratos pintados e fotografias de família, fotografias na praia, sofás de pele antiga, escrivaninhas de madeira escura com chaves que nunca fecharam nada, livros, gira-discos velhos e discos de vinil, rádios muito grandes, tábuas de passar a ferro, ferros pesados e lençóis brancos de algodão puro. A ventania passa e tudo o que era precioso fica feio, sujo, desarrumado e partido. E assim aprendemos o sentido da palavra irreversível sem o querermos.
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
O Ministro-Adjunto José Luís Arnaut afirmou o seguinte no noticiário da SIC: "sou absolutamente contra a violência no desporto". Quanto à violência em casa, no carro, na academia, no jornalismo, nas discotecas, nas instituições, nas quintas, nos lares de idosos, na sociologia, na filosofia, nas finanças, e sobretudo, na blogosfera, não vê problema nenhum.
A dignidade na súplica
Nas Troianas de Eurípides (dos três tragediógrafos gregos o que menos gosto), a bela Helena suplica a Menelau que não a mate. E fá-lo da mesma forma que a deusa Tétis, mãe de Aquiles, quando suplica a Zeus que favoreça os Troianos (Il. I 498-502): ajoelhada, abraça os joelhos do suplicado com o braço esquerdo e toca-lhe na barba com a mão direita. E, de repente, a súplica torna-se digna.
Nas Troianas de Eurípides (dos três tragediógrafos gregos o que menos gosto), a bela Helena suplica a Menelau que não a mate. E fá-lo da mesma forma que a deusa Tétis, mãe de Aquiles, quando suplica a Zeus que favoreça os Troianos (Il. I 498-502): ajoelhada, abraça os joelhos do suplicado com o braço esquerdo e toca-lhe na barba com a mão direita. E, de repente, a súplica torna-se digna.
Estou no Frágil com a minha amiga querida que adoro, Ana Carolina. Estou no escritório do Frágil. Sim, porque o Frágil tem um escritório. Julgam que isto é o quê? Um bar. Bom, mas dizia eu, estamos reunidos no Frágil. Agora chegou a Adriana e pronto. Estamos todos. E a felicidade é também isto. E ainda só vou no primeiro Tullamore Dew.
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
Mudar de ideias
O melhor do mundo não são as crianças - é mudar de ideias. Só muda de ideias quem pode e quem tem pouco a perder (o que é o melhor da vida, essa sensação de não ter nada a perder). Só muda de ideias quem é livre. As pessoas coerentes e muito certas inspiram-nos confiança. Não são pessoas que mudem de ideias e que podem ser surpreendentes. Habitualmente, prefiro quem não me supreende. Não é que lide mal com o imprevisto (até porque também o imprevisivel faz parte da vida), mas prefiro a certeza de que o tempo passa como as folhas da árvore de Mimnermo; as folhas que caem sem sobressaltos. Mas até as pessoas coerentes e muito certas mudam de ideias. Talvez mudem precisamente por serem tão certas.
O Pedro Lomba mudou de ideias e onde é que ele pode fazer isso à vontade? Neste lugar estranho e livre: a blogosfera. Apesar dos muitos dilemas, aqui temos a liberdade total de fazermos o que nos dá na real veneta. Se o Pedro quiser apagar o blogue, que o faça. O blogue é dele; não é da blogosfera. Tenho pena, mas aceito. Se o Pedro quiser lá deixar uma fotografia do Nélson Rodrigues, também pode fazê-lo. Se preferir uma fotografia da Sharon Stone, idem. O Pedro mudou de ideias e pode mudar outra vez. Vamos deixá-lo gozar este momento.
O melhor do mundo não são as crianças - é mudar de ideias. Só muda de ideias quem pode e quem tem pouco a perder (o que é o melhor da vida, essa sensação de não ter nada a perder). Só muda de ideias quem é livre. As pessoas coerentes e muito certas inspiram-nos confiança. Não são pessoas que mudem de ideias e que podem ser surpreendentes. Habitualmente, prefiro quem não me supreende. Não é que lide mal com o imprevisto (até porque também o imprevisivel faz parte da vida), mas prefiro a certeza de que o tempo passa como as folhas da árvore de Mimnermo; as folhas que caem sem sobressaltos. Mas até as pessoas coerentes e muito certas mudam de ideias. Talvez mudem precisamente por serem tão certas.
O Pedro Lomba mudou de ideias e onde é que ele pode fazer isso à vontade? Neste lugar estranho e livre: a blogosfera. Apesar dos muitos dilemas, aqui temos a liberdade total de fazermos o que nos dá na real veneta. Se o Pedro quiser apagar o blogue, que o faça. O blogue é dele; não é da blogosfera. Tenho pena, mas aceito. Se o Pedro quiser lá deixar uma fotografia do Nélson Rodrigues, também pode fazê-lo. Se preferir uma fotografia da Sharon Stone, idem. O Pedro mudou de ideias e pode mudar outra vez. Vamos deixá-lo gozar este momento.
Estava para aqui a pensar... e se eu ameaçasse o Pedro Lomba com a leitura em voz alta da obra de Píndaro, numa tradução inglesa muito jeitosa (shoot me!) da Loeb Classics? Será que assim o nosso obsessivo ficava?
terça-feira, fevereiro 17, 2004
Hoje chegou ao bomba alguém que pesquisava no google algo assim: lomba+inteligente. Pronto. O dia já está estragado. :-(
segunda-feira, fevereiro 16, 2004
Mais um texto para o título proposto, desta vez de um blogue cujo nome nunca deixa margem para erro.
O espirro de Telémaco
Texto de Políticos, esses filhos da mãe
Telémaco andava triste. Não conseguia conformar-se com a ideia de se chamar Telémaco. Depois da escola, costumava sentar-se sozinho a contemplar o mar de Jônio, mergulhado no seu angustioso fado. Estes momentos de introspecção só eram cortados pela triste figura do pai a lavrar a areia da praia, fazendo-se passar por maluco, para não ir para a Guerra de Troia. Consta que Ulisses, chegou a meter os papeis como “objector de consciência”, mas Palamede, o Paulo Portas lá do sítio não deixou. E deste modo Ulisses teve mesmo de assentar praça. Com o passar dos anos, a angústia de Telémaco ia aumentando. Não perdoava a Ulisses e a Penélope, aquele triste momento em que o baptizaram com aquele horripilante nome. Os colegas da escola gozavam-no sistematicamente.
Um dia, Ulisses disse que ia comprar cigarros e só voltou passados muitos anos. Durante esse período Telémaco tentou dar a volta à mãe para irem ao registo mudar de nome. Penélope nunca vacilou. Nesse período, Penélope, fez de pai e mãe, lutou pela manutenção de alguma estabilidade no lar, batalhou pela educação do filho, fez de tudo para que nunca faltasse comida na mesa, umas calças Levi's e uns ténis Nike nos pés de Telémaco. Era o mínimo que podia fazer. Que gozassem com o nome do filho, mas já mais fariam pouco da sua indumentária. Penélope chegou a deitar as cartas, para ganhar mais algum. As suas profecias no Tarot tornaram-na famosa. Chegou a fazer programas de televisão.
Durante a ausência do patriarca da família, ouviram dizer a Homero que Ulisses tinha construído um cavalo, lá para os lados de Tróia. Desconfiaram, ele que em casa nunca mexia uma palha. Ainda por cima havia relatos de que em Tróia ia era ser construído um casino. Homero era uma mistura de Camões com Nuno Rogeiro. Descreveu o período em que Ulisses esteve fora como uma grande odisseia, em que este batalhou contra tudo e contra todos para voltar a casa. Invariavelmente perdia-se no caminho. Homero nunca o revelou, mas Ulisses tinha uma fraqueza pelo álcool, sendo esse o verdadeiro motivo da sua desorientação. Eólo ainda o ajudou indicando-lhe o caminho de casa. Pôs-lhe vento de Oeste numa sacola, mas a pinga falava mais forte, e trocou o vento por um tinto da Sicília. Pelo meio engraçou com Calipso, uma deusa jeitosa de uma ilha com o seu nome. Por lá ficou sete anos. Desgraçou-se ainda mais no álcool e nas deusas (mulheres). Mistura explosiva, esta. Entretanto e aproveitando-se da sua beleza, Penélope permitia que meia dúzia de voyueristas aportassem em Ítaca, só para a verem, a troco de alguns cobres, por forma a manter pelo menos aparentemente o seu nível de vida. Alguns iam mais longe e pediam-na em casamento. Penélope que era conta a bigamia, aguardava por uma notícia de Ulisses. Estaria vivo ou morto?
Penélope não gostava do sogro. Começou a fazer-lhe um cachecol, mas durante a noite, desmanchava-o para que não ficasse pronto, e assim não teria que lho oferecer. Por fim Ulisses chegou a casa. Deparou-se com esta cheia de tarados sexuais, desejosos por tomar o seu lugar, ávidos por se deitarem com Penélope. Ulisses passou-se da cabeça. Disfarçou-se de pedinte e fez-se passar por mais um pretendente. Telémaco reconheceu o pai. E apesar de magoado com a graça dada pelos pais, o sangue falou mais alto e decidiu ajudá-lo. Num ápice deram cabo dos tarados todos. Só que estes parecia que se multiplicavam, mais que os vendilhões do templo (um episódio que haveria de acontecer mais tarde com um tal de Emanuel). Então, Penélope farta daquilo tudo, decide que quem descobrisse o código do cartão de crédito de Ulisses se casaria com ela. Todos tentaram e não conseguiram. É então que chega Ulisses disfarçado. Ao mesmo tempo que era gozado, vai clicando no POS e voilá...
Entretanto, Telémaco tinha feito um amigo. Um filho de um rei tailandês que tinha vindo a mando do pai, tentar a sua sorte com Penélope. O Tailandês estava com o vírus da gripe da aves. Por causa disso Telémaco estava engripado. Tinha passado tempo de mais junto do Tailandês. E espirrava, espirrava, espirrava. Telémaco tinha finalmente descoberto que a razão da sua angústia, não era o seu estranho nome, mas sim as dúvidas que tinha em relação à sua orientação sexual. Os deuses finalmente viveram felizes para sempre. Ulisses com Penélope. Telémaco com o Tailandês. Telémaco, o primeiro deus gay da história, continuava a espirrar.
O espirro de Telémaco
Texto de Políticos, esses filhos da mãe
Telémaco andava triste. Não conseguia conformar-se com a ideia de se chamar Telémaco. Depois da escola, costumava sentar-se sozinho a contemplar o mar de Jônio, mergulhado no seu angustioso fado. Estes momentos de introspecção só eram cortados pela triste figura do pai a lavrar a areia da praia, fazendo-se passar por maluco, para não ir para a Guerra de Troia. Consta que Ulisses, chegou a meter os papeis como “objector de consciência”, mas Palamede, o Paulo Portas lá do sítio não deixou. E deste modo Ulisses teve mesmo de assentar praça. Com o passar dos anos, a angústia de Telémaco ia aumentando. Não perdoava a Ulisses e a Penélope, aquele triste momento em que o baptizaram com aquele horripilante nome. Os colegas da escola gozavam-no sistematicamente.
Um dia, Ulisses disse que ia comprar cigarros e só voltou passados muitos anos. Durante esse período Telémaco tentou dar a volta à mãe para irem ao registo mudar de nome. Penélope nunca vacilou. Nesse período, Penélope, fez de pai e mãe, lutou pela manutenção de alguma estabilidade no lar, batalhou pela educação do filho, fez de tudo para que nunca faltasse comida na mesa, umas calças Levi's e uns ténis Nike nos pés de Telémaco. Era o mínimo que podia fazer. Que gozassem com o nome do filho, mas já mais fariam pouco da sua indumentária. Penélope chegou a deitar as cartas, para ganhar mais algum. As suas profecias no Tarot tornaram-na famosa. Chegou a fazer programas de televisão.
Durante a ausência do patriarca da família, ouviram dizer a Homero que Ulisses tinha construído um cavalo, lá para os lados de Tróia. Desconfiaram, ele que em casa nunca mexia uma palha. Ainda por cima havia relatos de que em Tróia ia era ser construído um casino. Homero era uma mistura de Camões com Nuno Rogeiro. Descreveu o período em que Ulisses esteve fora como uma grande odisseia, em que este batalhou contra tudo e contra todos para voltar a casa. Invariavelmente perdia-se no caminho. Homero nunca o revelou, mas Ulisses tinha uma fraqueza pelo álcool, sendo esse o verdadeiro motivo da sua desorientação. Eólo ainda o ajudou indicando-lhe o caminho de casa. Pôs-lhe vento de Oeste numa sacola, mas a pinga falava mais forte, e trocou o vento por um tinto da Sicília. Pelo meio engraçou com Calipso, uma deusa jeitosa de uma ilha com o seu nome. Por lá ficou sete anos. Desgraçou-se ainda mais no álcool e nas deusas (mulheres). Mistura explosiva, esta. Entretanto e aproveitando-se da sua beleza, Penélope permitia que meia dúzia de voyueristas aportassem em Ítaca, só para a verem, a troco de alguns cobres, por forma a manter pelo menos aparentemente o seu nível de vida. Alguns iam mais longe e pediam-na em casamento. Penélope que era conta a bigamia, aguardava por uma notícia de Ulisses. Estaria vivo ou morto?
Penélope não gostava do sogro. Começou a fazer-lhe um cachecol, mas durante a noite, desmanchava-o para que não ficasse pronto, e assim não teria que lho oferecer. Por fim Ulisses chegou a casa. Deparou-se com esta cheia de tarados sexuais, desejosos por tomar o seu lugar, ávidos por se deitarem com Penélope. Ulisses passou-se da cabeça. Disfarçou-se de pedinte e fez-se passar por mais um pretendente. Telémaco reconheceu o pai. E apesar de magoado com a graça dada pelos pais, o sangue falou mais alto e decidiu ajudá-lo. Num ápice deram cabo dos tarados todos. Só que estes parecia que se multiplicavam, mais que os vendilhões do templo (um episódio que haveria de acontecer mais tarde com um tal de Emanuel). Então, Penélope farta daquilo tudo, decide que quem descobrisse o código do cartão de crédito de Ulisses se casaria com ela. Todos tentaram e não conseguiram. É então que chega Ulisses disfarçado. Ao mesmo tempo que era gozado, vai clicando no POS e voilá...
Entretanto, Telémaco tinha feito um amigo. Um filho de um rei tailandês que tinha vindo a mando do pai, tentar a sua sorte com Penélope. O Tailandês estava com o vírus da gripe da aves. Por causa disso Telémaco estava engripado. Tinha passado tempo de mais junto do Tailandês. E espirrava, espirrava, espirrava. Telémaco tinha finalmente descoberto que a razão da sua angústia, não era o seu estranho nome, mas sim as dúvidas que tinha em relação à sua orientação sexual. Os deuses finalmente viveram felizes para sempre. Ulisses com Penélope. Telémaco com o Tailandês. Telémaco, o primeiro deus gay da história, continuava a espirrar.
Embora de férias da Tasca, o Bom Selvagem respondeu ao desafio de hoje e escreveu um texto para o título que propus. Que essa pausa seja proveitosa e, sobretudo, breve.
O espirro de Telémaco
Texto de o Bom Selvagem
Desde que o papá Ulisses se retirara para o holiday luxury island resourt da Circe que o nosso Telémaco (Teté) estava muito magoado, sofria de profundos traumas emocionais que se reflectiam no seu desenvolvimento cognitivo. Odiava sangue e, nas aulas de hecatombes, a única coisa que lhe dava coragem para degolar os animais era a perspectiva de lhes aproveitar as peles para fazer vestidos de senhora. Era humilhado pelo resto da turma e passou a vestir-se de negro a usar piercings na cara e a pintar o cabelo de cores berrantes.
Ficava horas na cozinha a preparar bolinhos que decorava com amoras silvestres, indiferente às orgias e festins de porcos da criação pai postos em espetos e depois comidos alarvemente (sem o uso de talheres!) e às pilhagens da anforeira do pai onde era guardado o melhor vinho melífluo... E a mãe? A Pepi não lhe dava carinho, passava o dia agarrada à máquina de costura a entoar canções do António Calvário, cheia de saudade de Ulisses.
Ora um dia, Teté estava na cozinha a fazer bolinhos de mel para a Pepi. No final resolve polvilhar os bolinhos com açúcar em pó e espirra "ATCCHHUMM" ficando completamente branco de pó, mas não se apercebe porque naquele tempo não havia espelhos. Bom, pelo menos nas cozinhas dos aqueus não. Era proibido. Não pergunte porquê, também não sei.
E depois ele sai da cozinha e tem de passar pela mesa dos convivas que já estavam bem ébrios, montes de anforas espalhadas pelo chão, taras desperdiçadas em vez de irem para o Anforão, e eles cantavam e riam e nisto, vêem o nosso Telémaco e julgam ver o espírito de Ulisses, um fantasma! Fugiram em debandada para grande espanto do atónito Telémaco. Só percebeu o que se passou depois do Ciclopatas (o seu fiel cão zarolho) lhe ter lambido o açúcar da cara com gosto. É evidente que isto é ficção. De facto Telémaco não espirrou naquele momento, andou feito parvinho à procura do pachorrento pai, que lá acabou por voltar a casa e resolver a situação de uma forma bastante mais sanguinária. E tudo por causa de um espirro de Telémaco que não o foi. O destino tem destas coisas.
O espirro de Telémaco
Texto de o Bom Selvagem
Desde que o papá Ulisses se retirara para o holiday luxury island resourt da Circe que o nosso Telémaco (Teté) estava muito magoado, sofria de profundos traumas emocionais que se reflectiam no seu desenvolvimento cognitivo. Odiava sangue e, nas aulas de hecatombes, a única coisa que lhe dava coragem para degolar os animais era a perspectiva de lhes aproveitar as peles para fazer vestidos de senhora. Era humilhado pelo resto da turma e passou a vestir-se de negro a usar piercings na cara e a pintar o cabelo de cores berrantes.
Ficava horas na cozinha a preparar bolinhos que decorava com amoras silvestres, indiferente às orgias e festins de porcos da criação pai postos em espetos e depois comidos alarvemente (sem o uso de talheres!) e às pilhagens da anforeira do pai onde era guardado o melhor vinho melífluo... E a mãe? A Pepi não lhe dava carinho, passava o dia agarrada à máquina de costura a entoar canções do António Calvário, cheia de saudade de Ulisses.
Ora um dia, Teté estava na cozinha a fazer bolinhos de mel para a Pepi. No final resolve polvilhar os bolinhos com açúcar em pó e espirra "ATCCHHUMM" ficando completamente branco de pó, mas não se apercebe porque naquele tempo não havia espelhos. Bom, pelo menos nas cozinhas dos aqueus não. Era proibido. Não pergunte porquê, também não sei.
E depois ele sai da cozinha e tem de passar pela mesa dos convivas que já estavam bem ébrios, montes de anforas espalhadas pelo chão, taras desperdiçadas em vez de irem para o Anforão, e eles cantavam e riam e nisto, vêem o nosso Telémaco e julgam ver o espírito de Ulisses, um fantasma! Fugiram em debandada para grande espanto do atónito Telémaco. Só percebeu o que se passou depois do Ciclopatas (o seu fiel cão zarolho) lhe ter lambido o açúcar da cara com gosto. É evidente que isto é ficção. De facto Telémaco não espirrou naquele momento, andou feito parvinho à procura do pachorrento pai, que lá acabou por voltar a casa e resolver a situação de uma forma bastante mais sanguinária. E tudo por causa de um espirro de Telémaco que não o foi. O destino tem destas coisas.
O espirro de Telémaco
Gosto deste título, embora não tenha texto para ele. Mas não faz mal. Algum blogueador ou leitor poderá preencher essa lacuna e enviar o texto para este título para bombainteligente@hotmail.com. A história: o filho de Ulisses, Telémaco, espirra depois de Penélope predizer o destino dos pretendentes. Penélope ri-se com o espirro que ecoa nas paredes do palácio e toma-o como uma confirmação das suas profecias (Od., XVII, 541-547). Se em vez de o espirro de Telémaco, preferirem o riso de Penélope, estão à vontade.
Gosto deste título, embora não tenha texto para ele. Mas não faz mal. Algum blogueador ou leitor poderá preencher essa lacuna e enviar o texto para este título para bombainteligente@hotmail.com. A história: o filho de Ulisses, Telémaco, espirra depois de Penélope predizer o destino dos pretendentes. Penélope ri-se com o espirro que ecoa nas paredes do palácio e toma-o como uma confirmação das suas profecias (Od., XVII, 541-547). Se em vez de o espirro de Telémaco, preferirem o riso de Penélope, estão à vontade.
domingo, fevereiro 15, 2004
Etimologia hebdomadária
Um leitor do bomba devidamente identificado perguntou-me a etimologia da palavra entusiasmo. Ao fazer esta pergunta, revelou que não é grande leitor do bomba, pois essa explicação está num post datado e 3 de Maio de 2003, ou seja, há uma eternidade e meia. Nessa altura, o pudor era grande e tinha medo de aborrecer as pessoas com estas explicações que não aquecem nem arrefecem. Passado esse tempo todo, o pudor foi-se mas ficaram os dedos para teclar em absoluta liberdade e aborrecer à vontade. E agora, pela segunda vez, a etimologia de entusiasmo! (ouço palmas)
O vocábulo entusiasmo é de origem grega (julgo até que a primeira vez que aparece é em Platão), porque compreende a preposição en, que significa dentro e a palavra theos, deus. Ou seja, o entusiasmo é termos deus em nós, o que me parece uma ideia superior.
Um leitor do bomba devidamente identificado perguntou-me a etimologia da palavra entusiasmo. Ao fazer esta pergunta, revelou que não é grande leitor do bomba, pois essa explicação está num post datado e 3 de Maio de 2003, ou seja, há uma eternidade e meia. Nessa altura, o pudor era grande e tinha medo de aborrecer as pessoas com estas explicações que não aquecem nem arrefecem. Passado esse tempo todo, o pudor foi-se mas ficaram os dedos para teclar em absoluta liberdade e aborrecer à vontade. E agora, pela segunda vez, a etimologia de entusiasmo! (ouço palmas)
O vocábulo entusiasmo é de origem grega (julgo até que a primeira vez que aparece é em Platão), porque compreende a preposição en, que significa dentro e a palavra theos, deus. Ou seja, o entusiasmo é termos deus em nós, o que me parece uma ideia superior.
sábado, fevereiro 14, 2004
Sou rapariga curiosa para conhecer quem aqui escreve. Não todos, claro. A curiosidade tem os seus limites e eu também. Gosto de ver as caras e de trocar umas palavras ao vivo com quem me linca, me envia e-mails com regularidade, com pessoas que aqui escrevem e que assim dão a conhecer um bocadinho do que são. E isso não se vê apenas pelas palavras que escolhem e como as utilizam, mas sobretudo em que momento o fazem e em que tom. Depois temos a interpretação a estragar tudo. Uns acham uma frase insultuosa, outros acham graça; uns pensam que um determinado tom é azedo, outros chamam-lhe ironia; uns não sabem o que fazer da capacidade de análise e de sintese do Liberdade de Expressão, outros (como eu) já não sabem como viver sem esse talento. E isto tudo é giro que se farta. Tudo muito narcísico como convém a quem é muito vaidoso, porque afinal de contas, estamos sempre a falar de nós, mesmo quando falamos dos outros.
A apresentação do livro do Pipi no Porto foi uma ocasião excelente para conhecer alguns blogueadores, cuja escrita sigo e admiro há bastante tempo e para passar mais algum tempo com outros que, entretanto, já fazem parte da minha vida. Pedi que se apresentassem, mesmo que fossem tímidos, porque me parece um desperdício nestas ocasiões não se darem a conhecer. E acederam. Só o Rui do Cataláxia escapou antes de tempo, o maroto. Mas se foi o senhor que me tratou por bomba quando passei, então já sei quem é. Conheci o Cidadão Livre e do Mata-Mouros vieram o LR e o CL, que me perguntaram pelo Pipi, o que é sempre uma primeira abordagem interessante. Tenho pena que o CAA não tenha podido vir. Fazemos outra apresentação no Porto e resolvemos isso. O bicho mau é tudo menos bicho e ainda menos mau (desculpa desmascarar-te desta maneira, mas não resisto). Com que então, “magníficas curvas”? Quel malandre (francês).
O João Miranda foi a primeira pessoa a enviar-me um e-mail de felicitações pelo bomba. O blogue do João Miranda é um dos melhores da blogosfera. A humildade e a descrição impressionam-me sempre porque são duas características que eu gostaria de ter e não tenho. Às vezes, acordo humilde mas nem assim discreta. Gostei muito, muito de conhecer o João Miranda. O mesmo se passou com o Jorge, do Cruzes Canhoto. O Jorge foi o primeiro que se meteu comigo no blogue. Enfim, não há amores como os primeiros.
O Alberto Gonçalves, o melhor homem a dias de Portugal, e o João Pereira Coutinho, o autor do intermezzo mais longo desde o do Pipi, fizeram o favor de me acompanhar na apresentação do livro, algo que a tornou verdadeiramente interessante. Obrigada a ambos. (Sou mais contida em relação ao Alberto e ao João porque gosto tanto deles que corro o risco de fazer comentários superpiegas e lamechas e de tornar este post uma minitelenovela insuportável. Sim, que já é um bocadinho, mas paciência.)
O Senhor Carne e a Papoila já fazem parte da minha vida. Conhecemo-nos nos tempos gloriosos do Pastilhas e somos amigos. Aproveitei para devolver à Papoila umas luvas que ela tinha esquecido em minha casa. Enfim, a lusoblogosfera é afinal um bairro, em que a possibilidade de as pessoas se conhecerem está a pouquíssima distância. Pode parecer sinistro para os mais sinistros. Para mim, é divertido.
A apresentação do livro do Pipi no Porto foi uma ocasião excelente para conhecer alguns blogueadores, cuja escrita sigo e admiro há bastante tempo e para passar mais algum tempo com outros que, entretanto, já fazem parte da minha vida. Pedi que se apresentassem, mesmo que fossem tímidos, porque me parece um desperdício nestas ocasiões não se darem a conhecer. E acederam. Só o Rui do Cataláxia escapou antes de tempo, o maroto. Mas se foi o senhor que me tratou por bomba quando passei, então já sei quem é. Conheci o Cidadão Livre e do Mata-Mouros vieram o LR e o CL, que me perguntaram pelo Pipi, o que é sempre uma primeira abordagem interessante. Tenho pena que o CAA não tenha podido vir. Fazemos outra apresentação no Porto e resolvemos isso. O bicho mau é tudo menos bicho e ainda menos mau (desculpa desmascarar-te desta maneira, mas não resisto). Com que então, “magníficas curvas”? Quel malandre (francês).
O João Miranda foi a primeira pessoa a enviar-me um e-mail de felicitações pelo bomba. O blogue do João Miranda é um dos melhores da blogosfera. A humildade e a descrição impressionam-me sempre porque são duas características que eu gostaria de ter e não tenho. Às vezes, acordo humilde mas nem assim discreta. Gostei muito, muito de conhecer o João Miranda. O mesmo se passou com o Jorge, do Cruzes Canhoto. O Jorge foi o primeiro que se meteu comigo no blogue. Enfim, não há amores como os primeiros.
O Alberto Gonçalves, o melhor homem a dias de Portugal, e o João Pereira Coutinho, o autor do intermezzo mais longo desde o do Pipi, fizeram o favor de me acompanhar na apresentação do livro, algo que a tornou verdadeiramente interessante. Obrigada a ambos. (Sou mais contida em relação ao Alberto e ao João porque gosto tanto deles que corro o risco de fazer comentários superpiegas e lamechas e de tornar este post uma minitelenovela insuportável. Sim, que já é um bocadinho, mas paciência.)
O Senhor Carne e a Papoila já fazem parte da minha vida. Conhecemo-nos nos tempos gloriosos do Pastilhas e somos amigos. Aproveitei para devolver à Papoila umas luvas que ela tinha esquecido em minha casa. Enfim, a lusoblogosfera é afinal um bairro, em que a possibilidade de as pessoas se conhecerem está a pouquíssima distância. Pode parecer sinistro para os mais sinistros. Para mim, é divertido.
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
O último a falar sobre a apresentação do livro do Pipi ontem no Porto é roto (ou, no caso de ser mulher, rota)!
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Excelente o texto do maradona sobre as armas de destruição em massa (Encómios à parte...). A ler com urgência.
terça-feira, fevereiro 10, 2004
O Nuno Guerreiro, autor de um dos blogues mais estimulantes, completos, informativos, generosos e, como se não fosse pouco, graficamente atractivos da blogosfera actual, o Rua da Judiaria, enviou-me uns quantos graffitis que se podem ver nas paredes de Buenos Aires. Obrigada e parabéns pelo fantástico blogue!
1. Estaremos siempre al lado del gobierno, porque si vamos adelante nos coge, y si vamos detrás nos caga.
2. En Argentina tenemos los mejores legisladores que el dinero pueda comprar.
3. Basta ya de realidades, queremos promesas.
4. La patria dejará de ser colonia o moriremos todos perfumados.
5. El país estaba al borde del abismo y con Chupete [De Larua] hemos dado un paso adelante.
6. Algunos nacen con suerte, otros en Argentina.
7. Prohibido robar, el gobierno no admite competencia.
8. La mentira tiene patas cortas, pero en Argentina usa zancos.
9. Este gobierno es como un bikini, nadie sabe como se sostiene pero todos quieren que se caiga.
1. Estaremos siempre al lado del gobierno, porque si vamos adelante nos coge, y si vamos detrás nos caga.
2. En Argentina tenemos los mejores legisladores que el dinero pueda comprar.
3. Basta ya de realidades, queremos promesas.
4. La patria dejará de ser colonia o moriremos todos perfumados.
5. El país estaba al borde del abismo y con Chupete [De Larua] hemos dado un paso adelante.
6. Algunos nacen con suerte, otros en Argentina.
7. Prohibido robar, el gobierno no admite competencia.
8. La mentira tiene patas cortas, pero en Argentina usa zancos.
9. Este gobierno es como un bikini, nadie sabe como se sostiene pero todos quieren que se caiga.
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
Já que o Marcelo Rebelo de Sousa não falou de uma das edições portuguesas mais importantes do ano, falo eu. Trata-se da tradução das Tragédias de Sófocles por Maria Helena da Rocha Pereira, Maria do Céu Fialho e José Ribeiro Ferreira, da editora MinervaCoimbra. Uma beleza de livro. A seguir a esta maravilha, só mesmo a tradução da Ilíada do Frederico Lourenço.
domingo, fevereiro 08, 2004
Candidato a otoverme do ano: tô nem aííí, tô nem aííí, não vem falar dos seus problemas que eu não vou ouvir...
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
A pergunta de hoje é a seguinte: desde quando é que uma guerra se justifica por uma razão?
Adenda: está uma resposta belíssima no Miniscente. A minha resposta é muíto prosaica. Se as armas de destruição em massa existissem (não serem encontradas não significa não existirem), então, para muitos, haveria uma justificação para esta guerra. Perder o tino dá inevitavelmente asneira, como bem se vê.
Adenda: está uma resposta belíssima no Miniscente. A minha resposta é muíto prosaica. Se as armas de destruição em massa existissem (não serem encontradas não significa não existirem), então, para muitos, haveria uma justificação para esta guerra. Perder o tino dá inevitavelmente asneira, como bem se vê.
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
Ridícula esta história do nipplegate. Janet Jackson ficou com a mama direita à vista de todos - sendo este "todos" os cerca de 140 milhões de espectadores do Super Bowl. Parece que não foi propositado (who cares?) e a cantora apressou-se a pedir desculpas pelo sucedido, dizendo que o guarda-roupa funcionou mal. Janet Jackson pediu desculpas por inadvertidamente ter mostrado uma mama, uminha. Não... vá lá. A sério. Uma mama? Ofensiva? Por acaso, a mama era branca, coisa um bocadinho perturbadora, mas daí a ofender... Uma mama à mostra ofensiva no país que é o maior produtor de filmes pornográficos do mundo? Give me a break. Ofensivo foi Janet Jackson ter aceite cantar com Justin Timberlake. Isso sim, lamentável.
Adenda: este tema está desenvolvido, esmiuçado e bem explicado no Posso Ouvir um Disco.
Adenda: este tema está desenvolvido, esmiuçado e bem explicado no Posso Ouvir um Disco.
Joaquim Moreira, o novo advogado do Jorge Ritto, disse hoje três vezes boa tarde às câmaras de televisão. Agora mesmo ouvi-o dizer aos jornalistas: "Gosto muito de toda a gente, mas não falo da minha actividade profissional" e ainda "posso passar?" repetindo a pergunta três vezes. Já está a falar de mais.
terça-feira, fevereiro 03, 2004
Ouvi agora na SIC Notícias o advogado do Jorge Ritto, Rodrigo Santiago, a dizer que o seu cliente devia ter tido a hombridade de lhe comunicar que preferia ter outro advogado. Ora "hombridade" era das poucas palavras que neste caso não podia ser utilizada. Mas Rodrigo Santiago com certeza apercebeu-se da má escolha de vocábulo e apressou-se a introduzir o termo pulhice nas suas declarações.
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
O Luís Carmelo faz uma referência à "gabardina negra" do Pinto da Costa. Gabardina? Se aquilo não é um supercasaco de cabedal, ando enganada há demasiado tempo. Encontro-me entre a desilusão e o alívio. É tremendo o que uma simples insinuação pode fazer.
Adenda: o Luís Carmelo já admitiu o seu desvio de leitura e que, afinal, o que o Pintinho tem é um supercasaco de cabedal, agora cobiçado por todas as mulheres de Portugal e arredores. Resolvida esta questão de importância nacional, continuemos.
Adenda: o Luís Carmelo já admitiu o seu desvio de leitura e que, afinal, o que o Pintinho tem é um supercasaco de cabedal, agora cobiçado por todas as mulheres de Portugal e arredores. Resolvida esta questão de importância nacional, continuemos.
Dedico este post à Teresa, que no outro dia me confessou que adorava estes testes (via Conversa na Travessa).
You're the suggestive grin, mostly used while
flirting and accompanied by the come-hither
look. You're either an attention hog or way too
insecure to not be in the spotlight at all
times. No one can quite tell. Calm down and learn
to be regular, ya perv.
What Kind of Smile are You?
brought to you by Quizilla
You're the suggestive grin, mostly used while
flirting and accompanied by the come-hither
look. You're either an attention hog or way too
insecure to not be in the spotlight at all
times. No one can quite tell. Calm down and learn
to be regular, ya perv.
What Kind of Smile are You?
brought to you by Quizilla
Na quinta-feira de chuva conheci a dulcíssima Vírgula, que me ofereceu um presente delicioso, a Antologia Poética, da argentina Alejandra Pizarnik. Eu também tinha um presente para a Vírgula. O meu era infantil, inútil, enfim. Ficaram logo estabelecidas as nossas diferenças.
O Leitura Partilhada acabou de ler o Ulysses. Não acho que seja uma boa notícia. Quando me dizem que nunca leram o Ulysses fico sempre um bocadinho invejosa. Posso ler muitas vezes, mas nunca nenhuma será como a primeira.
domingo, fevereiro 01, 2004
Etimologia hebdomadária (actualizado)
A palavra para hoje é rapsodo, porque a utilizamos diariamente e é extremamente útil... não, estou a brincar. A palavra para hoje é rapsodo, embora não sirva para nadinha. Os rapsodos eram aqueles rapazes que ganhavam a vida a recitar os poemas homéricos. Sabiam os versos de cor e juntavam-nos uns aos outros, produzindo histórias. Ora rapsodo vem do verbo rápto (este "o" final é um ómega) que significa coser. O rapsodo cosia os versos e repetia-os, algo que nada tinha a ver com a inspiração divina, mas com uma actividade racional (a meu ver bastante óbvia) de memorização.
Já agora, acrescento que rapsódia era precisamente a colecção desses versos épicos recitados pelos rapsodos. Na música, e segundo o dicionário da Academia, a rapsódia é uma composição musical constituída por um encadeamento de trechos escolhidos de diferentes composições.
A palavra para hoje é rapsodo, porque a utilizamos diariamente e é extremamente útil... não, estou a brincar. A palavra para hoje é rapsodo, embora não sirva para nadinha. Os rapsodos eram aqueles rapazes que ganhavam a vida a recitar os poemas homéricos. Sabiam os versos de cor e juntavam-nos uns aos outros, produzindo histórias. Ora rapsodo vem do verbo rápto (este "o" final é um ómega) que significa coser. O rapsodo cosia os versos e repetia-os, algo que nada tinha a ver com a inspiração divina, mas com uma actividade racional (a meu ver bastante óbvia) de memorização.
Já agora, acrescento que rapsódia era precisamente a colecção desses versos épicos recitados pelos rapsodos. Na música, e segundo o dicionário da Academia, a rapsódia é uma composição musical constituída por um encadeamento de trechos escolhidos de diferentes composições.
Ontem, no jogo entre o Sporting e o Porto, o treinador José Mourinho ficou chateado e passou-se. Disse que queria que o Pinto da Costa o deixasse ir embora, porque não suporta mais o futebol português e a roubalheira na arbitragem. Se eu fosse o Pinto da Costa, por muito que precisasse e que gostasse dele, demitia-o. Pronto, mas já sei: não sou o Pinto da Costa. Não sou. Não, não sou. Eu sei que não sou! Se fosse, tinha aquele casaco de cabedal preto até aos pés! Pronto, não sou. Mas despedia-o. De lágrima ao canto do olho, mas corria com ele.
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