blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com

segunda-feira, junho 30, 2003

Leio regularmente o Socio[B]logue, o Jaquinzinhos, o Mata-Mouros e o Mar Salgado. Mas já disse que leio tudo, não disse?
Um sentido agradecimento ao Nelson do blogue A Espada Relativa, que me tem aturado a infonabice. Já tentei fazer aqui um jogo de cores, mas deu asneira. Fico-me pela mudança no tipo de letra.
Gosto do conceito de fake song do Liam Lynch.

domingo, junho 29, 2003

O sempre gentil Pedro de Almeida Cabral escreveu-me numa mensagem que gostaria de saber o étimo de nistagmos e explica: "Nistagmos é o nome de uma doença congénita que faz com que o globo ocular não se consiga fixar num ponto só. Deste modo, os olhos tremem ligeiramente na horizontal ou na vertical conforme os casos. É uma doença incurável e não se sabe a sua origem. (...) Como já adivinhou, tenho essa doença, embora num grau muito diminuto mas que, mesmo assim, me incomoda ligeiramente. Para mim, saber a origem da palavra que a designa é saber um pouco mais de mim mesmo."

A ideia de que a etimologia nos pode ajudar a saber o que somos é muito bonita, Pedro, mas para responder a esta questão, vejo-me obrigada a fazer fliques-flaques à rectaguarda e terminar com um mortal empranchado. Não sei se o conseguirei ajudar (a merda do grego não explica tudo). Nistazo significa ter sono e é uma palavra antiga (aparece em Xenofonte e em Platão). Andei a pensar no que teria isso a ver com o nistagmos de que falou. Bem, com o sono vem a incapacidade de concentração (primeiro flique-flaque); o cabecear (segundo); os olhos a fechar (terceiro) e o quase adormecer (quarto). Associar tremer e cabecear de sono não me choca (mortal empranchado).
O meu marido chamou-me assim para ver imagens do gay parade: "Querida, vem ver as bichas." E eu que tinha um adereço perfeito para este evento - uma agenda Moleskine púrpura.
Acaba de acontecer o que mais temia: um leitor enviou-me um e-mail gentilíssimo a dizer que não percebeu um boi (outra expressão a explorar) do meu post sobre o grego e o latim. Pronto. Macei uma pessoa e isso chega-me. Descanse o leitor que para a semana tenho duas festas!
Lá pedi a Única emprestada a um amigo para ler a entrevista do Pipi e poder provar por A mais B (whatever that means) que se trata do douto Vasco Graça Moura. Afinal, podia ter lido a entrevista uncut publicada pelo querido do Paulo. Vejo que na lista de boatos sobre a identidade do Pipi não está o nome que sugeri. E com razão. É que o Pipi diz a uma dada altura: "O Pipi continua humilde." E a rapaziada do Linhas de Esquerda que me deu um prémio por essa sugestão? Não devolvo nada.
7000! Estou aqui! Muda o vestido, mas não muda a pessoa. E, por favor, não me confundam com o Pedro Lomba, esse navel-hater. O Pedro é um menino. (Pede-se uma interpretação literal desta frase.)
O querido latinista ilustre, a quem faço uma vénia de respeito e de admiração, não responde à minha pergunta aborrecida sobre a terminação -ador, que poderia significar aquele que faz alguma coisa e se teria algo a ver com o actor (oris) latino. A sua resposta de especialista serviria para esclarecer a dúvida reinante na blogosfera entre os termos blogador, bloguista e blogueiro para descrever os que por cá andam e que por cá escrevem.

Aproveito para dizer que o grego é grego e mainada. O grego antigo e o grego moderno são diferentes porque a língua evolui, desenvolve-se, muda; mas são ambas grego. O latim e o italiano são línguas diferentes (sendo o italiano a língua que mais se aproxima do latim) com nomes diferentes.

O grego adaptou muitos vocábulos do latim e o latim do grego. A palavra grega dokimantér (o "nt" inicial utilizado pelo latinista lê-se "d", uma oclusiva que os gregos não têm) vem do francês documentaire, ao contrário do substantivo documento ou do verbo documentar que chegam ao grego por via do italiano. Porquê? Não sei. A palavra documentário não existia em grego nem em latim, dado que se trata da descrição de uma realidade recente. Mas o latino doceo (verbo que significa ensinar, demonstrar) teve mais sucesso do que o grego didasko. Passou para várias línguas (veja-se o inglês documentary e o alemão Dokumentar) e o grego aproveitou.

Quanto à passagem de oôn para augo e de hydor para neró falarei mais tarde. Só um comentário por agora: as palavras não se trocam; mudam, sofrem influências, mas não me parece que se substituam.
É impressão minha ou está tudo em casa a blogar? E se hoje a blogosfera se tornasse uma espécie de chat gigante?
O Projecto respondeu-me antes mesmo de eu reler o post sobre a arte inicial e acrescentar algo à provocação final. Ufa. Bom, mas se o incomoda ver a arquitectura associada à engenharia e vista como uma coisa só, pronto. Está bem.
Não, não me esqueci. O Projecto pediu-me muito para dizer o étimo de arquitectura (e pedir muito significa perguntar, Lourenço) e passo então a explicá-lo da forma mais sucinta possível para não maçar as pessoas.

Arqui ou arxi significa o primeiro; o começo; o início e o vocábulo está relacionado com o verbo arxo (este "o" é um omega), que terá evoluído para arxizo. Texné significa arte, sendo que arte tem um significado diferente para os gregos. Vemos a palavra texné (na verdade, texní, embora este "i" final se leia "e") em técnica, por exemplo. Ou seja, a arte para os gregos (a palavra mantém-se em grego moderno) é um modo de fazer alguma coisa. Ou seja, por exemplo, Homero tem arte, mas o rapsodo não tem. Quem faz é quem tem arte, não quem fala sobre os que fazem. No final do Íon, Sócrates diz ao arrasado rapsodo: "Consente, então, Íon o título mais belo: reconheceres que és divino e que não há arte nos teus elogios a Homero." (A tradução é de Victor Jabouille.)

Entretanto perdi-me a reler o Íon. Arquitectura poderá significar a arte inicial. Mas isso era na altura em que os arquitectos eram engenheiros, matemáticos, filósofos etc.
Quero começar o dia por resaudar a Susana do extinto A Psicossomática. O blogue da Susana chama-se A Carta Roubada e entra directamente para a primeira fase da ronda dos blogues diária.

sábado, junho 28, 2003

O grande querido Manuel Falcão - que gostava do bomba mesmo antes de ligar o nome à pessoa - chegou à blogosfera com o seu A Esquina Do Rio. Mas olha que escrever blogue não é nada politicamente correcto. Bem-vindo!
Quando vi a palavra "blogueador" no Pastilhas, pensei que, de facto, era uma boa ideia para nos descrever. Mas tem um problema: as três vogais seguidas (uea) parecem-me afastá-la para sempre do português. Hm...
Não chego para as encomendas. Chegaram muitos e-mails. A uns responderei em privado, a outros publicamente. Deixem-me lá pesquisar umas coisitas (e apanhar mais um bocado de sol) que já cá volto.
Como qualquer obsessivo, tentei fazer algo de que gosto muito: uma lista. Neste caso, uma lista de blogues. E sofri. Porque dos três ou quatro que leio sempre salto para os 20 que também leio sempre e desses para os 40 que neles são referenciados, and so on.

Desde que surgiu a listas de frescos do blogo, a minha vida ficou mais organizada, mas continuo a ler tudo. Por isso, optei por fazer uma única ligação ao blogo; à blogosfera propriamente dita. E, sim, também leio os periféricos, a triciclofeliz e o umbigoniilista e mais e mais e mais. E o que releio? É que nem fazem ideia...
Querido Pedro, no que diz respeito a vestidos, parece-me que tu farás muito mais sucesso do que eu.

sexta-feira, junho 27, 2003

Quero agradecer a todos os blogadores que me tentaram ajudar nesta tarefa hercúlea de escolher um vestido novo - ao Cruzes Canhoto, ao De Direita; ao Picuinhices, ao Intermitente; ao Tudo Menos Política e ao Voz do Deserto. Mas foi o Hugo - esse grande querido que devia ter um blogue e não tem - que disse o que eu queria ouvir: "Suits you." Um sentido obrigada.
Putaquepariu! Pronto, desabafei. Odeio mudanças. Ainda odeio mais as que não são por vontade própria (que são poucas). Mas quando a mudança se instala deixa de o ser. Passa a ser o hábito, o dia-a-dia, a rotina, o previsível, e eu gosto disso. Agora o bomba inteligente tem este aspecto.

Podia fazer imensos trocadilhos com o que aconteceu hoje: o bomba ficou doente; entrou um bicho no bomba e coisas do género. Mas para tornar a coisa mais suave (depois dos cinco valiuns que tomei não podia ser de outra maneira), julgo que o melhor é dizer que troquei o meu Christian Lacroix de cores berrantes por um sofisticado Chanel.
O quê? Já estamos em sexta-feira? Como consegui estar tanto tempo sem escrever nada no blogue? Odeio distracções.

terça-feira, junho 24, 2003

O blogue O Projecto faz-me uma grande vénia. Não me ponham ainda mais insuportável do que já sou! Mas gostei. Uma vénia é sempre bonito de se ver. E não, não vos vou impingir a maçada do étimo de arquitectura. Só se não souberem e me pedirem muito.

Nas minhas pesquisas no Blogo, descobri o Antestreia e fiquei muito sensibilizada porque não é todos os dias que vemos "antestreia" escrito correctamente. São estas pequeninas coisas que me tocam e que me alegram. Bem-vindos à blogosfera!
De repente, apetece-me ligar o Fora da Lei e o 7000 Nomes ao Beco das Imagens.
O Picuinhices enviou-me um e-mail com uma explicação fundamental para o facto de não haver necessidade de aportuguesar as palavras post e link: quando existem equivalentes em português não é preciso aportuguesar nada. Está certo.

Olá, Charlotte

O Picuinhices não deixou de ser sensível ao seu apelo de grafar postar e linkar. Dado que na equipa do Picuinhices só temos picuinhas, preferimos utilizar o português. Assim, a post preferimos entrada e a link, ligação.
Depois de ler o excelente artigo do Frederico Lourenço sobre a Ilíada, na Revista Os Meus Livros, fiquei com uma ligeira sensação de que me ando a enganar. Será a Ilíada uma obra de muito interesse? É que tirando os cantos I, IX, XXII e XXIV não estou a ver. Mas se o Frederico o escreve, aceito de olhos vendados. Afinal de contas, não passo de uma Charlotte-vai-com-as-outras.

segunda-feira, junho 23, 2003

Ideia da semana: o Pipi é o Vasco Graça Moura.
Num inquérito feito pela SIC Mulher, 57,6% dos espectadores contactados disseram que só valeria a pena ver uma peça encenada pela Crinabel se o texto fosse interessante. Ou seja, 57,6% de filhos da mãe. Mas a resposta não tardou e os dois representantes da Crinabel leram, no estúdio, um excerto do Happy Days, de Beckett. A Lia Gama deve estar furiosa.
O meu amigo Hugo disse-me que não tinha um blogue porque tem espírito mais de voyeur do que de exibicionista. Pois já eu me vejo como uma espécie de mirone de gabardina, sempre a ver e sempre com vontade de se exibir.
Aceitam-se contributos para a discussão sobre o que é ser uma boa pessoa em bombainteligente@hotmail.com. É que estou a demorar um bocadinho a descalçar a bota (leia-se: estou a ler The Good Apprentice, da Iris Murdoch, a ver se aprendo alguma coisa).
Sobre a festa de ontem (e juro que assim concluo) as últimas duas palavras: Pedro Rolo Duarte.
E, finalmente, o mais importante da festa de ontem: conheci a Clara Macedo Cabral.
Sobre a festa de ontem, ainda um brevíssimo diálogo:

Rapaz entusiasta: Ó Zambujal, como estás, pá? Este é que é um bom malandro.
Mário Zambujal: Esse livro persegue-me...
Sobre a festa de agora, só uma palavra: Vera Roquette.

domingo, junho 22, 2003

Desde o início do bomba que uso as palavras blogue e blogosfera como se estivessem registadas no Dicionário da Academia. São palavras novas de uma realidade nova. Nada de extraordinário. Felicito desde já o Picuinhices que fez uma recolha exaustiva destes termos novos. Aproveito a referência ao Picuinhices para lhe dizer que gostaria de ver o mesmo para as palavras post e link. Tenho alguma dificuldade em aportuguesar post por poste ter uma grafia igual à de uma palavra já existente em português e não saber que volta dar-lhe. Quero muito usar linque em vez de link porque já pensei muitas vezes na grafia desta palavra e gosto dela, embora a ache ousada (pensando bem, talvez nem tanto).

Para aquele que tem um blogue ou que o utiliza ou que o lê, prefiro o termo blogador, por analogia a salvador (aquele que salva) ou o já célebre estofador (aquele que estofa) ou estufador (aquele que estufa) ou ainda - como preferi desde o surgimento do Pastilhas - pastilhador (aquele que frequenta, utiliza ou escreve e participa no Pastilhas) e não pastilhento, porque me faz lembrar pestilento ou até fedorento, embora com certeza haverá uma explicação morfológica para o meu desconfiar. Ó latinista, terá este sufixo alguma coisa a ver o actor (oris) latino? Ou seja, aquele que faz alguma coisa? E terá tudo isto a ver com o poiew grego que vemos nas palavras poesia (algo feito ou obra feita) e poeta (aquele que faz)?

Gosto muito da capacidade do grego moderno em absorver termos novos. Por exemplo, em grego moderno não havia uma palavra para estacionar (coisa que duvido, mas enfim), por isso nada melhor do que pegar no inglês to park e conjugar o verbo como se fosse grego: parkaro, parkarei, parkareis... Não percebo as reservas em inventar palavras, expressões ou em se aceitar algo que é tão antigo como o mundo: há palavras novas todos os dias; o que não há todos os dias é sentidos novos para palavras antigas, nem construções sintácticas novas. Mas esta é outra conversa.

sábado, junho 21, 2003

O Pedro Lomba voltou à blogosfera com uma Flor de Obsessão. Viva! Tanta coisa para ler, tanto sol para apanhar e tantas festas para ir, meu Deus!

sexta-feira, junho 20, 2003

Ainda antes do esperadíssimo post sobre a bondade (esperado por mim própria, entenda-se), fica a referência ao 7000 Nomes, que também estava na festa do Frágil. E o que estavas tu a fazer lá em cima, quase às seis da manhã, meu grande malandro? No domingo lá estaremos caídos na festa da querida Adriana. Festas! Festas! Festas!
Não tenho tido tempo para nada. Entre a praia e as festarolas, a Iris Murdoch e o Homero (bocejo para este último) e a blogosfera pejada de escritos novos e interessantes, vejo-me impossibilitada de escrever tudo o que queria. Se calhar, melhor.

Mas gostava, por exemplo, de me demorar em descrições pormenorizadas da festa divertidíssima do aniversário do Frágil, na quarta-feira, em que, num momento de inspiração dei por mim a explicar desta forma o que era o Frágil a uns rapazes ingleses que tentavam estabelecer contacto com as nativas (a minha amiga Marta e eu): "This is a gay bar. Well, you're English, right? Then you've come to the right place." Depois disto, o mais novito tentou a todo o custo fazer com que eu engolisse as minhas palavras (que expressão tão engraçada), utilizando para isso a táctica da asneira. Em cada frase que proferia, lá vinha um mínimo de fuck yeah, motherfucker a potes e cheguei mesmo a ouvir um cocksucker daquela boquita imberbe. Lá tive de desferir o golpe de misericórdia: "Just because you say motherfucker all the time, that doesn't make you less gay."

Mas os momentos mais hilariantes pertencem ao meu marido, claro. E quem não quiser ler nada acerca da vida privada, que mude agora de blogue. A reacção do meu marido a este tipo de situações é sempre certa e brilhante. Senão vejamos. Quando viu os rapazes a quererem meter conversa, aproximou-se, apresentou-se e disse: "Look, this woman (apontando para mim), NO!; this woman (apontando para a Marta), maybe." Ficou logo tudo esclarecido.

A festa prolongou-se até de manhã, com inúmeras peripécias que aqui serão omitidas (todos em coro agora: oooooooooohhhhh!). O próximo post será sobre a eterna questão do que é ser uma boa pessoa.

quinta-feira, junho 19, 2003

Tenho tido alguma dificuldade em acompanhar o crescimento da blogosfera. Nesta expansão bloguista tenho contado com a preciosa ajuda da lista de blogues actualizados do Blogo, que me tem realmente facilitado a vida nesta blogosfera renovada.

Gostaria de dar um beijo de boas-vindas ao Aviz, que citou Borges e Joyce; aos 12 escritores do Desejo Casar (desculpem, rapazes, mas estou particularmente impressionada com a qualidade dos posts da Clara Macedo Cabral. Para ela, dois beijos); à redacção do Thomaz vs. Cunhal que promete esclarecimento, ao Da Província (e mais um beijo pelos simpáticos e-mails); ao Via da Verdade, que é um blogue de estudo e por isso interessante; ao blogue A Minha Pilinha por explorar questões que interessam a todas e a muitos; ao excelente Desactualizado e Desinteressante e ao genial Latinista Ilustre.

Ao Pedro Mexia e o seu Dicionário do Diabo queria dar um grande beijo de reboas-vindas! Já eram grandes as saudades.
Quero agradecer os e-mails gentis com as sugestões de nomes para a filha da Carolina. Destaco a Inês do Zé Diogo, a Catarina do Tudo Menos Política, a Mariana Sofia da colega do Tudo Menos Política (é suburbano-chique; um novíssimo estilo), a Beatriz da Tânia e a Maria Alice do smaug the dragon (um e-mailador profissional, pelo que tenho lido noutros blogues). Mas quem ganhou foi o Hugo - que ainda não tem um blogue - que sugeriu Rosa. A Rosa chega em Novembro.

terça-feira, junho 17, 2003

As minhas duas sugestões de nomes para a filha da Carolina - Júlia e Maria Helena - foram chumbadas. Aceitam-se sugestões em bombainteligente@hotmail.com. Mas não me entupam a caixa de correio com Cátias Vanessas, por favor.
Vejo com estranheza no SIC Notícias, a reportagem sobre a apresentação do novo livro do Mário Soares, no Lux. Para quando a apresentação do novo CD de José Cid no Palácio da Ajuda?

segunda-feira, junho 16, 2003

Na tal caixa de correio tinha também uma mensagem do Carlos e do Caetano ou do Caetano e do Carlos (Caetano + Carlos = Carlos... ou a Caetano. Uf... temos um problema, rapazes) e anunciava a chegada do blogue Conta Corrente. Neste blogue, discute-se a vida por uma perspectiva que preocupa todos: a contabilidade. Também a piadola resultante da contabilidade criativa (a expressão é dos Cecês) dos autores me comoveu: "No mundo há três tipos de contabilistas: os que sabem contar e os que não sabem." Bem-vindos à blogosfera!
Num momento de interrupção no trabalho chatérrimo de hoje, liguei o computador e abri a minha caixa de correio electrónica. Tinha uma mensagem dos meus queridos psicossomáticos, Susana, Diogo e Heitor, a anunciar o fim d' A Psicossomática, um dos meus blogues de eleição. Desculpem o egoismo, mas além de não saber agora que blogue ler primeiro, tenho mais um problema com o artigo que escrevi sobre a blogosfera (sono) e que abre, triunfante, precisamente com... os psis. &%$/#$%&/&$%&%$#?&% é o que tenho a dizer aos cabrões do blogger (ainda não acredito que não vou, pelos menos, poder ler os magníficos posts antigos; isto sim, dói um bocado) e aos professores do não-sei-quê-não-podem-não-devem-e-tal. Seis, doze, vinte e quatro chuaques para os meus lindosespertoseacimadetudopsis. Peço-vos que reconsiderem, que tenham paciência, e que voltem.
Há mais dois pastilhadores nos terrenos vastos da blogosfera: a Azul (bravo!) e o Stephen King (muito bom!). Bem-vindos!
Hoje é um dos dias mais importantes do ano: Bloomsday! No dia 16 de Junho, James Joyce teve o seu primeiro encontro com Nora Barnacle. Ulysses passa-se no dia 16 de Junho; um dia genial. Yes.

domingo, junho 15, 2003

Saí de casa com três problemas na mala. Felizmente, o segundo foi resolvido pelo João Miranda. Ufa... Estava mesmo a pedir a lacónica resposta "não é possível". Obrigada pelo desenvolvimento.

E o que é ser uma boa pessoa? Ando há anos a pensar nisto. Aceitam-se sugestões para bombainteligente@hotmail.com. Julgo que é uma pessoa que faz o bem e que é reconhecido por isso. Mas penso que é também alguém que elimina o mal; que o põe de lado quando o reconhece. No meio disto tudo há um exercício da verdade que é fundamental para se ser uma boa pessoa. Uma boa pessoa confunde-se, por vezes, com uma má pessoa. (Tudo isto precisa de leituras, de sugestões e de desenvolvimento. É um dos meus temas favoritos, ao qual voltarei.)

O poema de Giorgos Seferis que traduzi do grego é belíssimo (não tenho certezas quanto à tradução). Gostaria muito de traduzir um outro que se chama Negação, mas não sou capaz. Este é dedicado ao Modus Vivendi, que anda apaixonado por Ritsos.

Mais um bocadinho
veremos as amendoeiras a florescer
os mármores a brilhar ao sol
o mar a ondular

mais um bocadinho
para nos levantarmos um pouco mais alto.

(Giorgos Seferis, 1932)
Leio no Abrupto algumas considerações sobre o que isto de ter um blogue. Leio, com redobrado interesse, os textos do Miguel, do Ricardo e do João acerca do mesmo tema: os blogues ou a blogosfera.

O que disseram fez-me pensar no que me levou a criar este blogue e para quê. É simples: o Macguffin tinha o seu Contra a Corrente e, entusiasmada, resolvi clicar no banner do blogspot para ver como era. Segui os passos, atribui o nome que o meu marido me andava a chamar (Truman não me parecia um nome tão interessante para blogue), escolhi o template, cujo autor tinha um nome grego e pronto, comecei a escrever. O "para quê" não estava definido, mas julgo que a primeira ideia foi "para me divertir". Depois veio o acolhimento supergentil da blogosfera; o reconhecimento de que o bomba existia. E assim, passei a saber que havia mais três ou quatro leitores dos meus posts e o objectivo multiplicou-se em divertir-me e dizer a verdade sem chatear as pessoas. E assim continuo.

O bomba inteligente é o meu diário selectivo; um diário que dialoga com outros, sobretudo com os que elegeu como aqueles que fazem parte da sua tribo (não é isso que fazemos na vida?). Mas é, sobretudo, um espaço em que faço o que quero, em que digo o que me apetece, tendo sempre consciência de que as minhas palavras podem provocar uma reacção menos agradável. É por isso que a blogosfera é tão estimulante: porque é um conjunto de vozes escritas que reagem quase em tempo de conversa, sendo essa conversa sempre pública; sempre escrita; sempre ouvidalida por quem queremos e por quem não queremos. Isto tem o seu preço, mas nem é assim tão alto como isso. Como acredito que quem diz a verdade não pode ser punido (não pode?), opto por essa via, porque é também o que sou, e julgo que é inevitável mostrarmos o que somos aqui na blogosfera (quanto mais não seja pela escolha das palavras, pela utilização da linguagem). E mostrar aquilo que sou não é revelar a minha vida privada (até traduzi o poema do Kavafis por essa razão).

Finalmente, o encanto da blogosfera é o de esta ser um espaço descomprometido de liberdade de expressão, em que a língua portuguesa é utilizada da maneira mais imaginativa que cada um souber. Não sabia como era e agora, como diz o outro (ou numa adaptação do que diz o outro), "estou maravilhada".

quinta-feira, junho 12, 2003

Ainda no burgo e de partida para praias paradisíacas, não resisto a transcrever a melhor intervenção de sempre da minha vida académica. Juro-vos que não é mentira. A pergunta (que não é bem, mas pode ser) foi feita na sequência de outra, em voz baixinha, só para eu (porquê?) ouvir: "O Hamlet é do Shakespeare, não é?" A resposta foi um sílêncio furibundo. Ó Tudo Menos Política! Eu também tenho lá uma colega (ou duas ou milhares) que rivaliza com a tua. Pensavas que era um exclusivo teu?

Seminário de Mestrado na Faculdade de Letras de Lisboa, hoje

- Professor, queria só perguntar uma coisa.
- Diga, diga.
- É que eu não li o livro até ao fim e queria saber como é que isto acaba.

quarta-feira, junho 11, 2003

VERGONHA! Ainda antes de partir para praias desertas e info-excluídas, queria dizer-vos que dois dos melhores textos acerca da crise na blogosfera e do encontro "É a Cultura, Estúpido!" estão nos blogues da tricciclofeliz e do umbigoniilista. Até logo!
O bomba vai a banhos (é favor repetir esta frase três vezes, a ver se conseguem!). Levo na bagagem três problemas para resolver:

1. o que é ser uma boa pessoa;
2. como é possível reconhecer a qualidade na escrita sem haver liberdade de expressão (João Miranda à recepção!);
3. tradução de um poema lindo (poema lindo?) de Seferis, em resposta à quantidade de Ritsos que o Modus Vivendi tem vindo a postar.

Agora vou ali e já venho.

terça-feira, junho 10, 2003

Agora é o meu marido que diz que quer abandonar a blogosfera...
Estou surpreendida e triste e olhem que não suporto surpresas e não sou amiga de tristezas. A Coluna Infame encerrou hoje a sua actividade. Perdemos assim o blogue mais importante da blogosfera. Sem a Coluna nada será como dantes e detesto que assim seja. Os episódios menos bons precipitaram-se e a história acabou mal. Resta-me desejar as maiores felicidades ao Pedro Mexia, ao Pedro Lomba e ao João Pereira Coutinho e esperar que voltem de uma maneira ou de outra. Seis grandes beijos para os infames, de lagrimita ao canto do olho.
Ouvido agora no Absolutely Fabulous (sim, estou a ver a SIC Mulher)

Pats: I have a theory that all English men are gay.
Homem: If only...

segunda-feira, junho 09, 2003

Iupi! Iupi! O Pastilhas é blogue do momento! Esperem lá... mas o Pastilhas não é um blogue... Ou é? Seja como for, óptimo!
Explicação do Conjuntivo de cortesia

(diálogo entre mãe e filha pequenina)

- Mãe, eu quero, eu quero!
- Não se diz "eu quero".
- Mãe, eu gostava muito...

domingo, junho 08, 2003

O espírito da Zazie apoderou-se de mim e, possuída e desvairada, escrevi o post mais aborrecido de sempre do bomba inteligente.

O contador

A curiosidade tem o seu preço. E hoje paguei-o. Queria muito saber quem me vinha visitar e resolvi mudar o contador. Supernaba, apaguei o contador antigo e substituí-o por um novo, em vez de actualizar o antigo. Mas tenho saudades do velhote contador; do que não dizia nada; do que só mostrava as 1500 visitas diárias, as mais de não sei quantas page views. Quero o meu velho contadorzinho de volta! Agora tenho um novito, mais sofisticado e que começou do zero... do nada... como se nunca ninguém tivesse passado por aqui. Ai... estou tão aborrecida... snif...
O Marco Paulo canta no HermanSic. Fugimos para a varanda e escondemo-nos lá até passar.
Mais uma baixa. O Vincent e o r também se fartaram disto e deixaram-nos para aqui largados aos cães (adoro esta expressão, adoro). Eu, que escrevi um texto longo, respeitável e, acima de tudo, extremamente maçador acerca da blogosfera para a Revista Os Meus Livros, vi o dito artigo ficar desactualizado em menos de nada. E só sai em finais de Julho... Faço minhas as palavras do John "Basil Fawlty" Clesse: "Thank you so bloody much!"
Leio, com tristeza, que o João Pereira Coutinho deixará de escrever na Coluna Infame. Compreendo que prefira sair com dignidade a ficar com desprezo. Quero desejar-lhe felicidades e que regresse rapidamente à blogosfera. Não me obriguem a comprar O Independente, por favor! E não se esqueçam de ler o texto magnífico do Miguel Esteves Cardoso sobre o assunto.

sexta-feira, junho 06, 2003

E à Zazie (a única razão por que não há comentários neste blogue) só tenho uma coisa a dizer: getalife!
Sobrevive uma mortal criatura ao Hades e, de repente, aparece numa mansão a arder. Parece que os comentários da Papoila suscitaram as mais variadas reacções, algumas estranhamente despropositadas.

Quanto ao que se está a passar, gostaria de fazer um brevíssimo comentário sobre a questão dos nicks. Na blogosfera, a maior parte das pessoas conhece-me, sabe quem sou. Não me escondo atrás de nenhum nick. Já aqui escrevi o meu nome, mas sinceramente não me parece que seja uma questão importante. Todos os blogues escritos pelas pessoas que vieram do Pastilhas são assinados por nicks, porque a eles nos habituámos durante quase dois anos. E isso não é sinal de desonestidade (sinal de desonestidade é dizer que os Upanishads são um autor com um nome complicado. Se não tivesse sido o Possidónio - e não, já não faço mais links e publicidade ao teu blogue - a escrever isto, acharia que se tratava de uma piada, mas como julgo que uma melancia tem um sentido de humor mais apurado do que este rapaz, entendo que não tenha sido esse o objectivo). Quando houve o encontro do Pastilhas, conhecemo-nos e os nicks passaram a nomes. Não há nada de extraordinário nisto. É mais uma questão convencional do que outra coisa. Ou tradicional, se é que se pode falar de tradição na Internet.

quinta-feira, junho 05, 2003

Acordei mais bem disposta e curiosa por ler o que diziam os blogadores acerca do encontro de ontem. As descrições do Maradona e da Papoila parecem-me muito informativas e engraçadas. Vou para o próximo!
Acabo de ver o filme A Mansão de Rose Red, com argumento do Stephen King. Gostei das primeiras três horas, já a última era escusada.

terça-feira, junho 03, 2003

Soube através da esposa Quezia que o marido Mukankas faz anos hoje. Julgo que ainda vou a tempo de lhe desejar muitas felicidades lalalalala... atchuuuuuuu! Sorry... Parabéns!
Como as crianças estou com uma febre de 39º. Limitada a canja e a chá (iaque!), encontro-me nas mãos de enfermeiro exclusivo (hmmmm...). Isto tudo para vos dizer que não estarei presente no evento magnífico no S. Luiz. Ou seja: buáááááááá! Agradeço ao Pedro Mexia o gentil convite que me fez para participar na mesa redonda de amanhã. E... cofcofcofcof cof cof coooooof... quero desejar um óptimo "É a Cultura" e pedir que contem tudo com pormenores nos respectivos blog... aaaaaaaaatchim! Pronto.
Pronto. Já só faltava o pastilhador carne ter um blogue. Excelente!

segunda-feira, junho 02, 2003

Vamos começar a semana a andar de comboio?
Como imaginava, o almoço na casa do barão foi muitíssimo mais divertido do que a seca da festa dos Globos. Infelizmente, estou proibida pelo meu marido de contar tudo o que vi e de transcrever as conversas maravilhosas que tive e que ouvi. E que remédio tenho eu senão obedecer-lhe sem questionar. Mas não resisto a contar-vos que as amigas da puta da ex-namorada do meu marido passavam pelo sitio onde eu estava, olhavam e iam-se embora. Iam àquele sítio da casa para me verem. Adoro a decadência.

domingo, junho 01, 2003

No blogue Voz do Deserto pode ler-se: "Não conheço pessoalmente o Nelson de Matos nem qualquer dos gatos fedorentos. Mas o apagar de alguns postes por parte do primeiro no contexto da polémica suscita-me comichões éticas."

As comichões do Tiago são perfeitamente justificadas. Não que a experiência pessoal seja condição única para partilhar desse sentimento de desconforto, mas lá que ajuda, ajuda. Passo a explicar. Há uns tempos, o Possidónio Cachapa escreveu um post sobre mim intitulado "Bomba rancorosa" (em que se referiu de facto a mim e não ao blogue). Não sei por que razão o terá feito, uma vez que não conheço a pessoa e não tinha escrito nada contra o senhor (à excepção de umas provocaçõezitas de menor importância há já muito tempo). Na sequência desse post, escrevi a minha resposta aqui no bomba. Qual não é o meu espanto, quando passados uns dias, verifico que o rapaz tinha substituído o que escrevera por uma linhita a perguntar se eu ainda sentia rancor e que ele "já tinha esquecido". Bom, lá tive de apagar parte do texto que tinha publicado aqui e que se referia exclusivamente ao texto publicado no Prazer Inculto. Mesmo o post que ficou agora no bomba não faz sentido porque se refere a outro que já não existe. Uns dias mais tarde, já nem essa linha existia, mas, dessa vez, mesmo coxo, decidi manter o meu parágrafo inicial.

Há, de facto, aqui um problema. As polémicas e os conflitos fazem parte da vida. E também os há por escrito, claro. O facto de podermos aqui alterar o que escrevemos e de porventura nos arrependermos das nossas palavras deve-nos fazer pensar bem no que estamos a dizer. Porque aqui haverá uma resposta perante todos, que poderá ser tanto ou mais violenta do que a provocação inicial. Os posts apagados deixam o outro "a falar sozinho" à frente de toda a gente e quem venha de novo e queira perceber o que se passa tomará partido inevitavelmente de um falso agredido, ou seja, daquele cujo blogue está despido de palavras inflamadas.

Julgo que se trata de uma questão de responsabilidade e de coragem. Quem não tem nem uma nem outra não deve provocar guerras nem participar nelas, para depois não ter de abandonar o campo de batalha moribundo e fazer de conta que nada aconteceu.

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