Uma vez que o acontecimento que de facto marcou o ano de 2003 (aqui para nós) foi o aparecimento dos blogues, gostaria de falar um bocadinho sobre os que foram (e são), para mim, os melhores blogues do ano. Para isso - e embora bastasse dizer que se trata de uma selecção feita segundo o meu gosto - gostaria de referir alguns critérios (também pessoais) em que me baseei para fazer essa escolha:
- originalidade;
- assiduidade (actualização quase diária);
- interactividade (sistema de comentários ou resposta a e-mails ou linques para outros blogues);
- lista de linques;
- boa escrita do português;
- simpatia.
É por isso que, para mim (e peço que não me levem a mal todos os outros autores de blogues que conheço e que não conheço e que estimo), o melhor blogue é o Homem a Dias.
Segue uma curtíssima lista dos meus blogues preferidos deste ano. Não estão por nenhuma ordem.
- Contra a Corrente
- A Tasca da Cultura
- Liberdade de Expressão
- Procuro Marido
- A Causa Foi Modificada
- A Praia
- Voz do Deserto
- Modus Vivendi
- Aviz
- Miniscente
- Dicionário do Diabo
- Flor de Obsessão
- Gato Fedorento
- Ponto e Vírgula
- Cruzes Canhoto
O Abrupto parece-me ser um caso à parte. Se esquecermos um começo um tanto ou quanto mestre-escola quando propunha temas do género "objecto em extinção", a coerência política e solidez ideológica do seu autor fizeram do Abrupto um blogue de visita inevitável e, diria mesmo, natural.
Na lista também não incluo os blogues para mim mais influentes. São eles A Coluna Infame e O Meu Pipi. Isto porque o primeiro é o blogue mais importante da blogosfera e o segundo é um livro e sempre o foi mesmo antes de o sabermos.
Agora sim. Que essas garrafas de champanhe sejam bebidas como se não houvesse amanhã. A todos um excelente ano de 2004!
blogue de carla hilário de almeida quevedo bombainteligente@gmail.com
domingo, dezembro 28, 2003
quinta-feira, dezembro 25, 2003
segunda-feira, dezembro 22, 2003
domingo, dezembro 21, 2003
quinta-feira, dezembro 18, 2003
quarta-feira, dezembro 17, 2003
Basta a menina dizer "ai que 'pais Natal' não me soa nada bem" que aparece logo uma catadupa de mensagens com explicações. Obrigada a todos. Cá vai a explicação da cacilda que acaba com todas as dúvidas possíveis e imaginárias.
"Tens toda a razão. Não se percebe o plural "pais natal" porque esse não é o plural correcto. A morfologia e a sintaxe explicam tudo, tudinho! Ora, Pai Natal só há um, como toda a gente sabe, mas pais natais há muitos, e nisto todos concordam. Estamos, pois, perante uma substantivo comum quando falamos do pai natal do Colombo e perante um nome próprio, quando falamos do The One and Only, e, neste caso, nada de pluralizá-lo. No que respeita ao substantivo comum "pai natal", trata-se de uma palavras estruturalmente (ou morfologicamente, como preferires) composta morfo-sintáctica. É composto porque, vê bem, só consegues designar "pai natal" utilizando as duas palavras "pai" e "natal" (se o chamares só de pai, ele não percebe, tal como se o chamares só de natal). Existem, pois, compostos morfo-sintácticos com variadíssimas estruturas (nome + adjectivo (ex: director-geral), nome + complemento preposicional (ex.: chefe de estado) etc.). Este de que falamos tem uma estrutura do tipo nome comum + nome comum... BINGO! Como bons substantivos comuns que são os dois constituintes que formam a palavra-mãe, se falamos de vários, temos de pluralizá-los! Tens alguns exemplos do mesmo género que estão atestados no dicionário ("pai-avô = pais-avôs", "tia-avó = tias-avós" etc.) Pronto, "pais natais"."
"Tens toda a razão. Não se percebe o plural "pais natal" porque esse não é o plural correcto. A morfologia e a sintaxe explicam tudo, tudinho! Ora, Pai Natal só há um, como toda a gente sabe, mas pais natais há muitos, e nisto todos concordam. Estamos, pois, perante uma substantivo comum quando falamos do pai natal do Colombo e perante um nome próprio, quando falamos do The One and Only, e, neste caso, nada de pluralizá-lo. No que respeita ao substantivo comum "pai natal", trata-se de uma palavras estruturalmente (ou morfologicamente, como preferires) composta morfo-sintáctica. É composto porque, vê bem, só consegues designar "pai natal" utilizando as duas palavras "pai" e "natal" (se o chamares só de pai, ele não percebe, tal como se o chamares só de natal). Existem, pois, compostos morfo-sintácticos com variadíssimas estruturas (nome + adjectivo (ex: director-geral), nome + complemento preposicional (ex.: chefe de estado) etc.). Este de que falamos tem uma estrutura do tipo nome comum + nome comum... BINGO! Como bons substantivos comuns que são os dois constituintes que formam a palavra-mãe, se falamos de vários, temos de pluralizá-los! Tens alguns exemplos do mesmo género que estão atestados no dicionário ("pai-avô = pais-avôs", "tia-avó = tias-avós" etc.) Pronto, "pais natais"."
Alguém percebe aquele plural "pais Natal"? Se pensarmos que o Pai Natal é um (aquele, o original, o único) e que o pai natal é alguém que se veste (mascara) de Pai Natal, então qual é o problema do plural "pais natais"? Há Natal, mas também há natais. Pode haver uma regra que desconheço, claro. É que não consigo dormir com esta dúvida. Bom, o e-mail está em cima. Façam favor de o utilizarem.
terça-feira, dezembro 16, 2003
Ontem assisti à exibição do documentário de Teresa Villaverde para Pedro Cabrita Reis. É sempre arriscado ouvir um artista falar do seu trabalho. Nunca se percebe nada. A frase que habitualmente me ocorre quando ouço um fazedor de arte a falar é what the fuck are you talkin' about? Reconheço que é um nadinha bruta, mas tem o mérito de ser sincera (neste caso, julgo que ser sincero vale a pena).
Ora, para minha surpresa, nada disso aconteceu. Pedro Cabrita Reis é um homem com muito boa cabeça (quero dizer pragmático mas tenho um bocadinho de medo), que explica o que lhe vai na alma sabendo que tem à disposição poucas palavras para o fazer. Quando Cabrita Reis disse que "os autores são coisas individuais" sorri porque estranhei a simplicidade da frase dita por um escultor.
A fotografia da Inês Gonçalves é belíssima e o resto é para esquecer.
Ora, para minha surpresa, nada disso aconteceu. Pedro Cabrita Reis é um homem com muito boa cabeça (quero dizer pragmático mas tenho um bocadinho de medo), que explica o que lhe vai na alma sabendo que tem à disposição poucas palavras para o fazer. Quando Cabrita Reis disse que "os autores são coisas individuais" sorri porque estranhei a simplicidade da frase dita por um escultor.
A fotografia da Inês Gonçalves é belíssima e o resto é para esquecer.
domingo, dezembro 14, 2003
Se hoje não é um dia feliz, não sei, sinceramente, o que pode satisfazer as pessoas. Estamos sempre à espera que os maus morram ou sejam apanhados e agora que isso acontece... Bom, mas o que quero mesmo dizer é que as forças da coligação têm lido o bomba inteligente e que desde este post de 13 de Abril - Experimentem lá dizer três vezes seguidas e depressa o seguinte: de Kirkuk a Tikrit. De Kikuk a Tictic; de Kituk a Criccric; de Kikur a Cricri... - que os americanos têm vasculhado todos os buracos da zona. E lá estava o Saddam, num buraco em Kiki... A bolsa com os 25 milhões de dólares pode ser deixada no porteiro. Thanks, guys! Já agora, o outro rapazola, que por esta altura já deve estar com as barbas a limpar o chão, deve estar num buraco qualquer em Kaka. São pessoas muito apegadas às suas terras.
sexta-feira, dezembro 12, 2003
quinta-feira, dezembro 11, 2003
Na SIC, a funcionária pública Conceição Lino dirige a um ritmo de serviços mínimos um programa sobre o humor. Entre o dinossauro Camilo de Oliveira e o muito interessante Bruno Nogueira, temos a mediania insuportável de José Pedro Gomes, o rapaz que ri das próprias piadas e que dá sentido à dita conversa da treta. Fala das classes altas que não pensam (bocejo) e dos 444 médicos que não riram de uma única piada delirante do longuíssimo espectáculo que em tempos apresentou. Salva-me o meu Marido que explica: "O José Pedro Gomes é actor, não é humorista". Sempre o mesmo problema.
quarta-feira, dezembro 10, 2003
O Luís Carmelo, autor de um dos meus blogues favoritos, o Miniscente, na sequência de uma reflexão sobre a blogosfera, pergunta: "(...) uma escrita livre e pessoal, fragmentária e aberta, fortemente intertextual e contaminada, dissociada de um suporte que a tornasse num organismo centrado, tendencialmente estático e alérgica ao interactivo não é, em si, um desafio à própria ordem dominante do quotidiano?"
Essa foi no início a minha ideia, mas agora, passados nove meses de escrita intensiva, já não sei se haverá uma distância assim tão grande, pelo menos no meu caso. E explico porquê. O meu quotidiano não é muito diferente do que aqui escrevo. Esta minha escrita é muito pessoal, livre e interactiva, precisamente como sou no meu dia-a-dia. A questão do anonimato nem sequer faz sentido porque Charlotte agora já é mais um petit nomdo que outra coisa.
A blogosfera pode ser mais bem aproveitada por pessoas que não estão interessadas em revelarem nada delas próprias, mesmo quando assinam com o nome completo, ou por escritores que pretendem experimentar novas coreografias. Para os que gostam da teoria e a querem ver aplicada ou exposta no dia-a-dia e se envolvem em tudo o que escrevem, é provável que o cansaço seja maior ou que seja mais depressa atingido.
A "ordem dominante do quotidiano" de que o Luís fala não é a mesma para todos. A minha ordem ou desordem dominante do meu quotidiano foi o que me permitiu fazer o bomba, que não é nem mais nem menos aquilo (às vezes sim, pronto) que vivo e que sou, com a liberdade incluída, claro. A escrita fragmentária e livre, como diz o Luís, no meu caso é como o meu quotidiano fragmentário e livre.
Mas isto em relação ao bomba. No que diz respeito à blogosfera, as coisas passam-se de maneira diferente. Sempre que percebo que há uma atitude demasiado semelhante a um quotidiano do qual fujo, canso-me. E é nesse sentido que me refiro às estranhas parecenças entre a blogosfera e a vida real; ou melhor, o pior da vida. Ora se fujo a sete pés da mediocridade, por que razão hei-de assistir ao seu aparecimento e à sua exibição na blogosfera? Mas estas pequenas coisas (porque são mesmo pequenas) não têm importância e significam pouco neste "espaço". Tal como o cansaço, que tem apenas de ser encarado como um intervalo, um retomar de fôlego, uma pausa para comer um chocolate. Depois passa e volto a escrever, retomo o meu quotidiano.
Essa foi no início a minha ideia, mas agora, passados nove meses de escrita intensiva, já não sei se haverá uma distância assim tão grande, pelo menos no meu caso. E explico porquê. O meu quotidiano não é muito diferente do que aqui escrevo. Esta minha escrita é muito pessoal, livre e interactiva, precisamente como sou no meu dia-a-dia. A questão do anonimato nem sequer faz sentido porque Charlotte agora já é mais um petit nomdo que outra coisa.
A blogosfera pode ser mais bem aproveitada por pessoas que não estão interessadas em revelarem nada delas próprias, mesmo quando assinam com o nome completo, ou por escritores que pretendem experimentar novas coreografias. Para os que gostam da teoria e a querem ver aplicada ou exposta no dia-a-dia e se envolvem em tudo o que escrevem, é provável que o cansaço seja maior ou que seja mais depressa atingido.
A "ordem dominante do quotidiano" de que o Luís fala não é a mesma para todos. A minha ordem ou desordem dominante do meu quotidiano foi o que me permitiu fazer o bomba, que não é nem mais nem menos aquilo (às vezes sim, pronto) que vivo e que sou, com a liberdade incluída, claro. A escrita fragmentária e livre, como diz o Luís, no meu caso é como o meu quotidiano fragmentário e livre.
Mas isto em relação ao bomba. No que diz respeito à blogosfera, as coisas passam-se de maneira diferente. Sempre que percebo que há uma atitude demasiado semelhante a um quotidiano do qual fujo, canso-me. E é nesse sentido que me refiro às estranhas parecenças entre a blogosfera e a vida real; ou melhor, o pior da vida. Ora se fujo a sete pés da mediocridade, por que razão hei-de assistir ao seu aparecimento e à sua exibição na blogosfera? Mas estas pequenas coisas (porque são mesmo pequenas) não têm importância e significam pouco neste "espaço". Tal como o cansaço, que tem apenas de ser encarado como um intervalo, um retomar de fôlego, uma pausa para comer um chocolate. Depois passa e volto a escrever, retomo o meu quotidiano.
O meu querido amigo Miguel enviou-me este útil dispositivo para blogueadores compulsivos (passo a redundância). Use it!
terça-feira, dezembro 09, 2003
Mas bom filho à casa torna. Isto já dá para continuarmos por aqui durante mais uns meses. Boa Ricardo!
O Retórica e Persuasão está um nadinha farto disto... desmotivado, diz ele. O Terras do Nunca diz que percebe e que blogar é escrever e fartar-se, ler e participar ou não, escrever e fartar-se... O Pedro Caeiro assina em baixo.
Concordo com o que todos dizem. Afinal de contas a blogosfera é um evento social permanente e, como tal, é extremamente cansativo. O que cansa nesta actividade é a conversa permanente com os outros blogues. A interactividade dá cabo disto. Mas se não houver conversa, perde-se uma boa parte do interesse da blogosfera. E assim aproximamo-nos perigosamente de uma situação aporética, que nunca serve para ninguém. Quero acreditar que se dosearmos bem as polémicas, ignorarmos 99,9% das bocas e se fizermos umas férias de vez em quando, a coisa mantém-se. O problema é que não é isso que quero.
Quando blogar for igual a viver, isto deixa de ter piada. Sei que corro o risco de isso me acontecer porque o bomba é o meu diário pessoal, é interactivo (mesmo sem comentários) e muito parecido com o que sou (estou quase a dizer "o bomba inteligente sou eu"... ai, já disse!), mas vou esperar para ver.
Concordo com o que todos dizem. Afinal de contas a blogosfera é um evento social permanente e, como tal, é extremamente cansativo. O que cansa nesta actividade é a conversa permanente com os outros blogues. A interactividade dá cabo disto. Mas se não houver conversa, perde-se uma boa parte do interesse da blogosfera. E assim aproximamo-nos perigosamente de uma situação aporética, que nunca serve para ninguém. Quero acreditar que se dosearmos bem as polémicas, ignorarmos 99,9% das bocas e se fizermos umas férias de vez em quando, a coisa mantém-se. O problema é que não é isso que quero.
Quando blogar for igual a viver, isto deixa de ter piada. Sei que corro o risco de isso me acontecer porque o bomba é o meu diário pessoal, é interactivo (mesmo sem comentários) e muito parecido com o que sou (estou quase a dizer "o bomba inteligente sou eu"... ai, já disse!), mas vou esperar para ver.
Anda uma pessoa a pensar que vai falar num blogue e pumba! tem logo uma alma gémea a antecipar-se. O Memória Virtual é um blogue útil e interessante, que está a reconstituir a história da lusoblogosfera. Parabéns ao Leonel Vicente!
Vinte anos depois de borderline, feels like I'm going to lose my mind, Madonna canta hey, Britney, you say you wanna lose control, come over here I've got something to show you. Não vejo nenhuma diferença de atitude. Madonna continua tão interessante como quando Camille Paglia escreveu: "Madonna is the true feminist. She exposes the puritanism and suffocating ideology of American feminism, which is stuck in an adolescent whining mode. Madonna has taught young women to be fully female and sexual while still excerising control over their lives." E "Madonna has Judy Holliday's wisecracking smart mouth and Joan Crawford's steel will and bossy, circusmaster managerial competence."
Mas Paglia já não gosta de Madonna. Irrita-a a maternidade, as manias do budismo e as letras de chacha (a partir da lamechice da maior parte dos temas de Ray of Light) e, mais recentemente, os livros. Paglia estranhamente não percebe o descontrolo de Madonna (beija Britney e Christina e um dia depois apresenta livros para crianças). A liberdade afectiva que Madonna conseguiu parece-me fundamental nesse processo aparentemente destrambelhado. E nem me parece estranho vindo dessa autoritária do caraças. Agora, Madonna está mais livre para mandar como gosta, sem nada que a prenda; sem nada que a obrigue a reagir (a morte da mãe, a infância difícil, a educação católica, o pai, o ex-marido etc.). Paglia diz que assim não tem interesse; eu gosto ainda mais assim.
Mas Paglia já não gosta de Madonna. Irrita-a a maternidade, as manias do budismo e as letras de chacha (a partir da lamechice da maior parte dos temas de Ray of Light) e, mais recentemente, os livros. Paglia estranhamente não percebe o descontrolo de Madonna (beija Britney e Christina e um dia depois apresenta livros para crianças). A liberdade afectiva que Madonna conseguiu parece-me fundamental nesse processo aparentemente destrambelhado. E nem me parece estranho vindo dessa autoritária do caraças. Agora, Madonna está mais livre para mandar como gosta, sem nada que a prenda; sem nada que a obrigue a reagir (a morte da mãe, a infância difícil, a educação católica, o pai, o ex-marido etc.). Paglia diz que assim não tem interesse; eu gosto ainda mais assim.
domingo, dezembro 07, 2003
Não me interessam as hostes das odes
Nem o encanto das fantasias elegíacas.
Quanto a mim, nos versos tudo deve ser a despropósito,
Não ao modo das outras pessoas.
Se soubéssemos de que porcarias
Crescem os versos sem terem vergonha,
Qual pampilho amarelo nas cercas,
Qual bardana ou celga-brava.
Grito irritado, cheiro do pez fresco,
Misterioso bolor na parede...
E já soa o verso, fogoso, terno,
Para vossa alegria, e minha.
Poemas, Anna Akhmatova, tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev, Relógio D'Água.
Nem o encanto das fantasias elegíacas.
Quanto a mim, nos versos tudo deve ser a despropósito,
Não ao modo das outras pessoas.
Se soubéssemos de que porcarias
Crescem os versos sem terem vergonha,
Qual pampilho amarelo nas cercas,
Qual bardana ou celga-brava.
Grito irritado, cheiro do pez fresco,
Misterioso bolor na parede...
E já soa o verso, fogoso, terno,
Para vossa alegria, e minha.
Poemas, Anna Akhmatova, tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev, Relógio D'Água.
sábado, dezembro 06, 2003
terça-feira, dezembro 02, 2003
Naranjo en flor
de Virgilio e Homero Expósito
Era más blanda que el agua,
que el agua blanda,
era más fresca que el río,
naranjo en flor.
Y en esa calle de estío,
calle perdida,
dejó un pedazo de vida
y se marchó...
Primero hay que saber sufrir,
después amar, después partir
y al fin andar sin pensamiento...
Perfume de naranjo en flor,
promesas vanas de un amor
que se escaparon con el viento.
Después... ¿qué importa el después?
Toda mi vida es el ayer
que me detiene en el pasado,
eterna y vieja juventud
que me ha dejado acobardado
como un pájaro sin luz.
¿Qué le habrán hecho mis manos?
¿Qué le habrán hecho
para dejarme en el pecho
tanto dolor?
Dolor de vieja arboleda,
canción de esquina
con un pedazo de vida,
naranjo en flor.
de Virgilio e Homero Expósito
Era más blanda que el agua,
que el agua blanda,
era más fresca que el río,
naranjo en flor.
Y en esa calle de estío,
calle perdida,
dejó un pedazo de vida
y se marchó...
Primero hay que saber sufrir,
después amar, después partir
y al fin andar sin pensamiento...
Perfume de naranjo en flor,
promesas vanas de un amor
que se escaparon con el viento.
Después... ¿qué importa el después?
Toda mi vida es el ayer
que me detiene en el pasado,
eterna y vieja juventud
que me ha dejado acobardado
como un pájaro sin luz.
¿Qué le habrán hecho mis manos?
¿Qué le habrán hecho
para dejarme en el pecho
tanto dolor?
Dolor de vieja arboleda,
canción de esquina
con un pedazo de vida,
naranjo en flor.
Subscrever:
Mensagens (Atom)